Arquivo da tag: contexto

Contexto

A verdade de uma fala estará sempre na dependência do contexto onde foi dita. Sem isso não há como avaliar seu sentido, pois muitas vezes ela pode querer dizer exatamente o oposto do que está enunciado. Não quero com isso invalidar frases racistas, misóginas e homofóbicas, mas afirmo que é essencial que cada fala seja analisada em seu contexto para, só depois disso, fazermos um juízo. Como diria meu amigo Max, sem o contexto em nossas falas não somos mais que máquinas que falam, criaturas cujas palavras carecem de alma e simbolismo. Sem a linguagem nossas palavras viram meros símbolos operacionais, que apenas nos permitem comunicar como abelhas sinalizando o lugar das flores. Quer um exemplo?

– Quer tomar um sorvete?
– Capaz.

Digam: ela aceitou ou não? Quem é do Rio Grande do Sul sabe que não há como saber. Nosso falar sempre vai depender do contexto, o que inclui a entoação, o olhar e o jeito de dizer. Para formar um juízo sobre uma afirmação qualquer é fundamental saber onde ela está inserida. Vou dar como exemplo uma antiga fala do meu pai, sobre a qual escrevi um texto há mais de dez anos, na qual ele discorria sobre um técnico de futebol. Dizia ele:

– Ele é um excelente técnico, mas pesa contra ele o fato de ser negro.

Então? Essa fala é racista? Seria se o contexto fosse “negros não sabem comandar jogadores e não entendem de tática”. Todavia, o que meu pai estava dizendo era o oposto disso: sua intenção era afirmar que as críticas seriam sempre mais pesadas devido à sua cor. “O fato de ser negro vai fazer com que sofra preconceitos, e seu brilhantismo será eclipsado pela visão racista e retrógrada de parte da sociedade” Como eu sei a verdadeira interpretação? Pelo contexto, por estar presente e por conhecer a fundo o interlocutor. Portanto, uma frase que poderia ser interpretada como racista se fosse recortada e retirada de sua fala era, em verdade, uma crítica à falta de oportunidades para técnicos negros e uma queixa às injustiças com o trabalho das pessoas negras que ocupam estes cargos.

Espero ter sido claro…. (opss!)

Deixe um comentário

Arquivado em Pensamentos

Proteção

Mesmo sem me atrever a justificar as palavras e sorrisos das jovens médicas ao se referirem às crianças vítimas de um raio, eu posso entender que pessoas usem humor quando estão muito angustiadas e nervosas. Em verdade, este é um recurso que eu mesmo muito utilizei.

Lembro de uma parente minha que, quando criança, teve uma crise de gargalhadas ao ser informada da morte do avô. Ela recorda vividamente do profundo pesar pela perda, mas também da sua resposta paradoxal, movida pelo nervosismo do momento. Da mesma forma, muitas crianças choram copiosamente de alegria ao receber um presente ou a visita de uma pessoa querida. Lembro de amigos que, diante da perda iminente de um familiar, faziam piadas ainda na UTI como forma de diluir a angústia da circunstância. Há outro fenômeno muito bem descrito onde meninas vítimas de abusos voltam para casa e lavam a louça, arrumam suas roupas e fazem as lições da escola, agindo de maneira corriqueira como forma de afirmar a si mesmas que o mundo continua girando da mesma maneira, e que a ordem do universo está mantida apesar da tragédia pela qual passaram.

Quando as médicas fizeram piadas em um atendimento de emergência eu imediatamente pensei: “só quem esteve imerso em um plantão de pronto-socorro consegue entender perfeitamente o que ocorreu”. Nesses locais você está conversando com amigos sobre a escalação do seu time para o jogo de domingo e no minuto seguinte aparece um jovem morto em um acidente de motocicleta. Algumas horas mais tarde, logo após comentar sobre a beleza de uma atriz, uma jovem – igualmente bela – aparece baleada, com a vida por um fio. Acidentes com crianças, a toda hora; morte, tristeza, horror e miséria humana. Sair da sala e encontrar os familiares em pânico e tudo o que você tem a dizer é “Sinto muito, fizemos todo o possível, mas…”

O clima é sempre de tensão. Diante desse cenário de hecatombe iminente usamos de estratégias para salvaguardar nossa sanidade mental. Não há como absorver as mortes que nos cercam como elas verdadeiramente são: a partida de alguém cercado de afetos, memórias, vivências; a viagem sem volta de pessoas que amam e foram amadas. Para nos proteger dessa carga nos escondemos na frieza, no distanciamento, no isolamento afetivo – e no humor. Sem isso nossas emoções são destruídas e não é possível sobreviver. Quem trabalhou em PS, ou mesmo como psicanalista, sabe o quanto o espírito pode ficar em frangalhos depois de ver ou escutar certas histórias de morte, dor e sofrimento.

Nestes ambientes contar piadas e usar o humor é uma estratégia que sempre utilizamos. E vejam, não se trata das piadas que usam do deboche ou do escárnio com a dor alheia, mas de perceber o lado engraçado das situações, tirando da cena trágica seu aspecto bufão e cômico. Quem já passou por esse tipo de vida sabe o quanto esse artifício pode ser um alivio para as almas tensionadas pelo ambiente dramático onde se encontram.

Há também outro fenômeno que merece uma análise: um plantão de emergência é um ambiente muito masculino, de muita testosterona. Fragilidades emocionais, choro, pesar, etc. não são bem vindos. É preciso mostrar dureza diante da morte ou das tragédias. É necessário ter fibra, força, resistência emocional e frieza. Não se aceita que os profissionais sejam fracos ou demonstrem suas emoções. Talvez as meninas quisessem chorar diante da tragédia com as crianças, mas esta porta estava fechada.

Lembro de uma doula me contando de suas primeiras experiências em sala de parto. Depois de um trabalho de parto longo e desafiante a médica indicou uma cesariana de urgência. A criança nasceu com pouca vitalidade e foi direto para a UTI. A doula, angustiada, foi para a sala de conforto médico e começou a rezar. Quando foi avisada que a criança estava se recuperando teve uma compulsiva crise de choro e alívio. Nesse instante a obstetra adentrou a sala e, com seu jaleco coberto de sangue, disse a ela:

– Obstetrícia é assim, minha filha. Se não tiver nervos de aço não pode trabalhar com partos. Pense bem se é isso que você quer fazer.

Deu meia volta e saiu da sala, deixando a doula sozinha em seu pranto.

Portanto, entender os gracejos trocados entre os plantonistas é apenas uma obrigação de quem já usou desse recurso muitas vezes. Não vejo desrespeito nas palavras das meninas, apenas medo e angústia. Nossa leitura de suas ações precisa ser mais humana também, percebendo em suas atitudes o uso de recursos comuns diante de tragédias cotidianas. E, repito, não se trata de justificar tais ações, mas colocá-las no devido lugar: ações de proteção do ego, mecanismos de isolamento afetivo para suportar as perdas e dramas dessa atividade profissional.

Por outro lado, fica evidente que as ações de ambas só se tornaram escandalosas por terem sido publicadas. Se minhas piadas, contadas em família enquanto tomo café da tarde, fossem gravadas e publicadas não haveria tempo suficiente no planeta Terra para cumprir a minha pena. A diferença é o contexto no qual foram ditas, onde as pessoas conhecem minha forma de ser e entendem o sentido último do gracejo. Entretanto, colocadas nas redes sociais as circunstâncias se perdem, o ambiente que as circunda não pode ser visto, o que ocorreu há 5 minutos não será jamais conhecido e sobrarão apenas as palavras e risadas isoladas do contexto que as produziu.

Não é justo julgar duas meninas recém formadas da forma cruel como testemunhei nos últimos dias. Entretanto, a atitude delas servirá para refletirmos sobre nossa compulsão em publicar qualquer tolice que tenha sido dita. Existem coisas que é melhor jamais serem publicadas, e esse caso é um excelente exemplo. E eu posso afirmar isso por experiência própria.

Deixe um comentário

Arquivado em Histórias Pessoais, Pensamentos

Arte

Eu não entendo absolutamente nada de música, inobstante gostar de ler comentários, resenhas e críticas musicais. Música é arte e arte é objeto de interpretação, que usa de valores culturais misturados com questões absolutamente subjetivas. Percebi também que a explicação da arte – a sua contextualização geográfica, temporal, cultural, etc – me permite entender a obra e o artista, o que humaniza seu trabalho e me torna próximo de suas ideias e propostas. Muito do que existe codificado em uma obra tem a ver com seu tempo, o lugar onde foi feita e os dramas existenciais que permeavam a vida do artista. A respeito disso eu recomendo um livrinho maravilhoso chamado “Uma Recordação de Infância de Leonardo da Vinci” escrito por Sigmund Freud.

Arte é, no meu modesto ver, a produção simbólica que pretende transmitir uma mensagem para alguém. Essa mensagem pode chegar direta através dos sentidos e produzir impacto nas emoções. Nesse conceito, ela se assemelha ao sexo. O sexo mescla elementos universais – os conceitos culturais de sensualidade e beleza – com aqueles elementos subjetivos, ligados ao inconsciente, únicos e pessoais. Uma mulher (ou homem) vai nos atrair por estas vias da mesma forma como uma obra de arte vai nos atingir pelos caminhos do inconsciente.

Dizer “detesto essa cantora” diz muito de quem a odeia tanto quanto descreve características de quem a admira, mas não existe muita razão para que esta afirmação seja levada muito adiante, porque inevitavelmente ela vai esbarrar no muro das “razões não-sabidas” que governam nossas escolhas. Quando chegamos neste estrato do inconsciente, onde a razão não consegue alcançar, podemos usar sem pudor a expressão “gosto não se discute”. Dá mesma forma o amor; onde puder ser explicado já não será amor.

Escrevo isso porque essa semana eu li uma crítica ao novo trabalho de Anitta. Achei curiosa porque parece existir uma tendência de não apenas valorizar os contextos das obras artísticas (a vida pregressa do artista, suas origens, sua luta, a conquista de um lugar ao sol, a família, os amores, as tretas, a exaltação de seus luxos, seus escândalos, etc), mas torná-los tão relevantes a ponto de ocuparem um lugar mais significativo do que a obra em si. O articulista – que é músico – dizia que “é importante entender a beleza histórica e sociológica do samba baiano industrializado do É o Tchan“. Também falava de sua revolta às “críticas direcionadas ao trabalho de artistas nacionais e pelo fato de que uma crítica a alguém que vem das camadas mais populares (gente de origem humilde) não vai mudar a realidade“. Dizia (e aqui percebi seu ponto principal) que “criticar Anitta e Pablo não conquistará mais ouvintes para o seu próprio trabalho e apenas produzirá uma inevitável antipatia“.

Entendo todos esses argumentos, considero-os relevantes e respeitáveis. Todavia, a simples existência de explicações da obra desses artistas pelo viés extra-musical – as vendas, o mercado, a origem humilde, o espaço, o significado cultural – demonstra que a arte que eles fazem é algo profundamente questionável, a ponto de ser necessário buscar em elementos alheios à música uma explicação que justifique a importância que lhes é oferecida. Estas explicações tentam focar no autor, tornando-o mais importante do que sua própria obra, invertendo as polaridades do que significa uma produção artística. Aliás, trata-se de uma tendência marcante nas críticas contemporâneas e ponto central da cultura do cancelamento, onde as ideias e o trabalho de um artista são menos importantes do que aquilo que ELE é – ou o que nos parece ser.

Eu assisti o clipe da Anitta, quase inteiro. Achei sofrível. A música poderia ter sido composta por um robô. Anitta tenta atingir o mercado latino, por claras razões comerciais, mas todos os cantores populares fazem isso desde que tenham pervasividade suficiente para esta empreitada, Não que isso seja errado, mas percebe-se a música mais como um produto de mercado e vendas, e menos como uma expressão artística. O clipe é uma sequência previsível de simulações de posições sexuais, repleto de caras e bocas. Mas eu não entendo de música, e não entendo o mercado fonográfico. Sei apenas que não gostei e talvez isso tenha a ver com elementos subjetivos que sequer eu tenho acesso. Talvez eu seja careta e tenha dificuldade de admitir. É possível que minha rejeição seja porque sou velho e tenha a mente calcificada, mas eu lembro que sou da geração dos anos 60-70, e que esta geração de agora tem muito mais pessoas caretas e moralistas do que na minha época. De qualquer maneira, esta é apenas uma visão bem pessoal, sem qualquer relevância maior.

Também não consigo escutar Pablo Vittar, porque acho que seu falsete é insuportável e desafinado. Todavia, reconheço sua importância para a visibilidade trans (e eu nem sei se ela é trans ou drag), para as comunidades queer e pela sua história de luta por um “lugar ao sol” no cenário musical. E não apenas na arte, mas também em qualquer campo de atividade humana. Porém… como bem disse o articulista, quem ousa criticar estes ícones de origem humilde e orientação sexual não hegemônica sem angariar antipatia imediata e sem ser taxado de preconceituoso?

Porém, quando a questão é a música – seu valor intrínseco e sua relevância como mensagem – eu creio que não podemos permitir que as questões não-musicais assumam prevalência sobre o objeto principal da análise. Todos os elementos contextuais do artista não deveriam ser mais relevantes do que o produto de seu trabalho, caso contrário estaremos subvertendo o elemento primordial da arte.

E vejam, eu concordo com a tese central: a Anitta não é culpada e nossas baterias não deveriam ser direcionadas contra ela, que é apenas um produto numa prateleira de consumo livre; compra quem quer. Cancelar Pablo ou Anitta, ou fazer campanha (como o crítico musical Régis Tadeu faz) me parece muito mais despeito do que rigor estético. Coisa de gente que estufa o peito para dizer que não assiste BBB, como se isso fosse garantia de erudição.

Todavia, o que me chama a atenção – e reconheço minha ignorância no tema – é debater Anitta e Pablo Vittar colocando sua produção musical como elemento secundário, enquanto aceitamos como valor (em demasia, creio) as suas personas artísticas, seja a ascensão social de uma menina de periferia, seja o espaço conquistado por uma artista queer. Suas artes sucumbem diante da mitologia criada ao redor deles. Parece que estamos dizendo: “Quem se importa que a música seja ruim e o clipe uma apelação grosseira? Olha só essa menina pobre brasileira de periferia conquistando o mundo!!!!”

Sobre o flood de votos para a Anitta, ou ser a mais escutada na plataforma Spotify, creio que existem dois elementos a serem levados em consideração:

1- Curiosidade. “Putz, todo mundo está falando, vou ver o que é“. Foi o que me moveu, até porque eu nunca escutei uma música da Anitta e sequer sei qual seu estilo. Essa música “Envolver” é funk?

Abrir foto

2- Pachecada. “Vamos dar uma força para esta brasileira lutadora”. Eu lembro que um jornal de Porto Alegre reverberou uma enquete internacional sobre qual seria o mais belo monumento do mundo. Havia um explícito incentivo para que os brasileiros votassem no Cristo Redentor, não porque considerassem o mais bonito, mas para garantir uma maior visibilidade para as coisas do Brasil e incentivar o turismo. Pois a notícia acabou chegando na cidade com o pitoresco nome de “Anta Gorda”, situada no interior do RS – perto de Guaporé, Dr. Ricardo, Arvorezinha – e houve um movimento para votar na “estátua da Anta”, que fica na entrada da cidade, com o objetivo de exaltar o município. Evidentemente que não ganhou, mas seria engraçado ver a anta ser a escolhida.

PS: no Jornal Nacional eles explicaram que a música foi lançada há 4 meses, mas só depois que o clip foi mostrado – com coreografia(?) criada por Anitta – a música viralizou. Acho que aqui está o segredo: não é uma música; é um trailer de filme soft-porn.

Deixe um comentário

Arquivado em Pensamentos

O Pote Cheio

O futebol não ocorre num vácuo social e não pode ser isolado do circuito simbólico onde está inserido. A violência nos estádios é a encenação desta cultura, assim como as lutas de gladiadores eram para a sociedade romana. Como válvula de escape das frustrações, ele será um dos primeiros sinalizadores de situações limítrofes. O futebol é depositário e disseminador dos valores culturais, mas também da nossa neurose social.

Os surtos de violência de torcedores que agora ocorrem em vários pontos do país são reflexos de uma conjuntura social que está doente. Entender estas manifestações como “fatos isolados” é ignorar o grande contexto e perder de vista que, o que vemos agora, é tão somente a manifestação local de uma enfermidade sistêmica que se abate sobre toda a sociedade.

Claro, a imprensa agora bate na tecla da necessidade de “punição exemplar” aos criminosos, sem perceber que, sem tratar a doença de base, este fenômeno tende a se repetir. Os que hoje agridem e apedrejam são aqueles sujeitos que depositam no futebol as suas frustrações e martírios, transformando o time adversário nos representantes de suas mazelas pessoais cotidianas. As manifestações violentas que agora vem à tona nada mais são do que o espelho de uma sociedade no seu limite, a água que transborda pela última gota que cai sobre um pote cheio.

Não é o futebol que se enfermou, somos todos nós…

Deixe um comentário

Arquivado em Violência

Sobre o humor

É curioso ver o quanto o humor é atacado nos tempos atuais, em especial porque em tempos de identitarismos e de cancelamentos os próprios humoristas tiveram que refrear sua propensão a fazer piadas sobre tudo e todos. A grande queixa é que o humor “pode ferir as pessoas” e os humoristas não deveriam fazer de sua arte uma arma para gerar sofrimento, exclusão, preconceito e divisões.

Parece justo, desde que se entenda a diferença entre piada e “humor bullying”. Existe entre elas uma diferença muito grande que poucas pessoas – até mesmo por oportunismo – se negam a ver. É possível – e eu diria, é necessário – fazer piada com QUALQUER coisa. Sim, inclusive mortes de crianças, câncer, tragédias e até abusos, desde que o texto do gracejo respeite o CONTEXTO. A piada não pode ser o veículo que carrega o preconceito. Ela não pode ser usada para que uma mensagem obtusa, excludente ou claramente ofensiva seja levada adiante sem pagar o preço de uma posição aberta e estampada. “Ah, relaxa, é só uma piada”, frequentemente é usado para esconder uma manifestação de puro racismo, sexismo, lgbtfobia, preconceito de classe, etc. O humor não deveria se prestar para isso, mas para quebrar a arrogância que cada um constrói sobre si mesmo ou o grupo ao qual pertence.

O HUMOR É SAGRADO e eu não acho que existam etnias, gêneros, comportamentos ou orientações sexuais que possam exigir isenção à acidez natural e benéfica de uma piada. Um chiste humaniza a todos nós, mostrando nossas quedas, falhas, desacertos e aspectos ridículos. Nos reinos antigos o Menestrel tinha pleno direito de fazer gracejos com o Rei e sua família, porque assim humanizado o povo se sentia mais próximo dele – e assim podia ser mais facilmente manipulado e roubado.

Portanto, creio ser importante garantir o direito à piada, ao gracejo e ao humor… sobre QUALQUER coisa, sem limites (a não ser os legais, se houver) e sem censura. Como diria um famoso piadista americano quando perguntado se era possível fazer piada com “câncer infantil”, sua resposta foi excelente: “Claro que pode, mas é melhor que seja muito boa”. Ele dizia que tocar em um ponto tão delicado como este para fazer humor é possível, mas é importante que a qualidade da piada e seu contexto sejam tão bons a ponto de romper a barreira que naturalmente usamos para nos defender destes temas.

Aliás, para mim um dos piores tipos de exclusão em um grupo é saber que meus iguais se negam a fazer gracejos a meu respeito apenas porque acham que minha condição – seja ela qual for – me impediria de rir de mim mesmo.

Deixe um comentário

Arquivado em Pensamentos