Sempre foi minha ideia de que não se faz bom combate ao uso de drogas com proibição. Isso se chama “proibicionismo” e não funciona no nível subjetivo. Não funciona agora – mesmo com todo dinheiro investido – assim como não funcionou há 100 anos com a “lei seca” nos Estados Unidos, que só criou “mercado paralelo” e produziu milionários (como os Kennedy) que exploravam o tráfico. Teve que ser abandonada logo depois. Da mesma forma proibir maconha é inútil e só serve para eliminar pretos e pobres e para enriquecer traficantes e políticos corruptos.
Outra coisa: não é a droga que vai fazer uma criança fracassar na vida, é o contrário. É uma vida fracassada e cheia de dores morais que vai levar um sujeito às drogas. Droga não é a origem do mal… É CONSEQUÊNCIA. A guerra às drogas é o ato desesperado de “tirar o sofá da sala”, trocando o resultado por sua causa. Este tipo de ato não produz nenhum benefício social. Não interrompe o uso e só coloca jovens pobres na cadeia onde farão a faculdade do crime. Em suma: uma perda de tempo e recursos que poderiam ser usados na prevenção.
É qual a prevenção? A resposta curta é acabar com o capitalismo, um sistema econômico que sobrevive do consumo de inutilidades (ou produtos para o desejo infinito, e não para reais necessidades) e que torna doentes e fracassados aqueles que não podem consumir. A droga se torna uma válvula de escape natural.
A resposta mais longa é parar com o estímulo à todas as drogas – sim, os remédios inclusive – dos quais as sociedades atuais se tornaram dependentes. Hoje se morre MUITO mais de ansiolíticos e antidepressivos do que de maconha e cocaína. MUITO MAIS. Por ano são 200 mil pacientes que morrem pelos efeitos colaterais de remédios prescritos, apenas nos Estados Unidos, e isso é muita gente!!! Essa medicina tecnocrática, drogal e intervencionista já é a terceira causa de morte entre os americanos, atrás apenas de doenças cardíacas e câncer.
Precisamos combater a CULTURA DA DROGA, que nos faz acreditar que a cura da angústia se vende em pílulas ou injeções. Qual a possibilidade de um adolescente não se drogar se desde a mais tenra infância ele é ensinado de que “para cada sintoma corresponde uma droga que se compra na farmácia”?
Ora… quando a adolescência e suas dúvidas e angústias começarem a doer de verdade (quem já não sentiu na pele essas dores?) ele vai procurar uma droga que lhe produza alívio; na farmácia ou na esquina. Como convencê-lo a não se drogar se a sua vida inteira houve estímulo para colocar nas drogas a solução dos dilemas????