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Messi em Canoas

Nunca desista dos seus sonhos!! Quando Messi quase se naturalizou brasileiro…

Antes de se transferir para o Barcelona o jovem Lionel estudou no colégio Visconde do Rio Branco em Canoas. Nesta ocasião seu pai, Jorge Messi, arrumou um emprego como funcionário estoquista do CEASA enquanto aguardava todos os documentos necessários para viajar à Espanha. Esta viagem tinha como objetivo realizar um tratamento de crescimento para o pequeno Lionel e também para ele se submeter aos testes na escolinha da equipe catalã.

Como era menor de idade, Lionel conseguiu um emprego de meio turno no Carrefour de Canoas, atuando principalmente no setor do frigorífico. Nessa época ele treinava à noite no infantil da ULBRA, mas sob o apelido de “Nanico”. Chegou a ser observado por Felipão – técnico da seleção canarinho – que negociou com seu pai a naturalização do moleque para que pudesse participar das seleções de base do Brasil. Infelizmente, após a concordância de Jorge Messi, Lionel “Nanico” não passou na prova do hino nacional (errou o “se o penhor dessa igualdade” e cantou “se o pior dessa igualdade“…). Por esta razão seu processo de naturalização até hoje tem o carimbo de “pendente”.

Apesar de frustrado, dois meses depois sua documentação ficou pronta e ele foi para a Europa para fazer seu tratamento de crescimento e para jogar nas categorias de base do Barcelona. Lá o “Nanico” virou Messi, conheceu Eto’o e Ronaldinho Bruxo e o resto é história.

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Vitórias e derrotas

Vendo o contraste entre os cânticos anti-Brasil ao redor do Obelisco* e a desabrida torcida dos brasileiros pela Argentina – em nome da latinidade e da Ursal – eu me convenço que a Argentina se comporta eternamente como o irmão caçula do Brasil, sempre nos odiando e nos atacando. A nós cabe a posição do irmão mais velho, que escuta a raiva do maninho com a compreensão de quem está acima desse ódio. Salve a Argentina e Viva Messi!!!

Enquanto isso o viralatismo toma conta das redes sociais. Se não bastasse a declaração falsamente atribuída ao Messi, falando de “simplicidade e humildade” agora aparecem posts ressaltando que ele tem hábitos simples, não faz dancinhas e não pinta o cabelo. Tudo mentira, como pode ser facilmente comprovado com as imagens que rolam por toda a Internet. Mas, como cobrar coerência e racionalidade em um campo tão afeito às paixões?

Não esqueçamos que nos 36 anos de derrotas da seleção argentina Messi foi tratado como lixo também pelos seus próprios compatriotas, que o tratavam como depressivo, “europeu”, arrogante, pouco participativo, apagado, sonolento e “jogador de clube”. Chegou a abandonar sua seleção diante de tantas derrotas. As queixas contra os craques dizem mais das projeções que jogamos sobre eles do que reais falhas em sua performance. Muitos times campeões (lembro do Grêmio dos anos 90) tinham jogadores com problemas de comportamento muito graves, mas que foram esquecidos ou apagados pelas vitórias. Quando se ganha, chegar alcoolizado para treinar passa a ser “atitude administrável”.

Aqui na aldeia o comportamento de boa parte da torcida brasileira – e da crônica esportiva – é suco de viralatismo, uma doença sistêmica que cronicamente acomete o povo brasileiro, e que agora vivencia mais um de seus paroxismos cíclicos. Nesse contexto vemos aparecer o conhecido comportamento macunaímico, que considera o Brasil um país inferior, medíocre, destinado às derrotas, perdedor e fracassado. Existe um interesse do imperialismo – mais ou menos explícito – em desvalorizar o valor e o talento dos brasileiros, seja ao transformá-los em mercenários, seja por tratá-los como irresponsáveis ou mesmo considerando-os taticamente “indisciplinados”. Aliás, esta última crítica transforma os jogadores brancos em “inteligentes”, enquanto os mestiços do Brasil são chamados de “habilidosos”, a mesma crítica que historicamente se fez aos times negros, sejam eles africanos, brasileiros ou colombianos.

A vitória da Argentina teve seus méritos, sem dúvida, mas a histeria de exaltação do Messi e dos demais jogadores, conjugada com as críticas mordazes e destrutivas contra os jogadores brasileiros, são parte desse cenário irracional que sempre ocorre diante das derrotas dramáticas e frustrantes. A vitória da Argentina na final contra a França, com direito a prorrogação e penalidades foi épica e emocionante, porém o jogo não foi uma partida de excelente qualidade – mas em uma final, como exigir isso? Dos seis gols marcados na partida final, metade deles foi de pênalti. O primeiro sequer existiu, enquanto o último foi aquela famosa mão na bola com “braço em posição não natural”. O jogo foi truncado e amarrado, Messi sequer fez uma grande partida (e dele sempre se espera muito). O lance que levou o jogo para prorrogação foi bola na mão, o mesmo tipo de pênalti que foi sonegado ao Brasil, não é?

Não há dúvida que a Argentina é a legítima campeã do torneio, mas ao dizer isso não podemos cair no erro de considerar o Brasil como uma equipe formada por um bando de mercenários pernas de pau. Aliás, ao meu ver nosso time é muito superior ao da Argentina, e a fase de classificação para a Copa deixou isso muito claro. Creio até que a história dessa copa seria completamente diferente se aquele pênalti fosse marcado para o Brasil no jogo contra a Croácia e a penalidade duvidosa marcada sobre Di María não tivesse selado o destino do confronto contra a França; talvez os heróis de hoje seriam outros. Nossa derrota, na prática, dependeu de detalhes, e colocar a culpa apenas na qualidade e no comportamento dos jogadores é profundamente errado e injusto.

Menos, gente. Celebrem a vitória argentina, mas não percam a racionalidade ao exaltar os vencedores, criando sobre eles uma mística fantasiosa enquanto jogam sobre os derrotados causalidades sem sentido.

* Meus amigos argentinos dizem que a rejeição ao Brasil e sua seleção é uma atitude típica dos portenhos, e não dos argentinos em geral. É lá, nos limites que separam a província de Buenos Aires do resto do país, que se escutaram os cânticos de despeito em relação à nossa seleção.

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Emoções estupefacientes

É muito comum ver as análises morais dos jogadores e técnicos serem feitas à posteriori, ou seja, adaptamos os valores morais dos personagens aos fatos depois que estes ocorreram. A vitória ou a derrota nos fazem enxergar a moralidade dos nossos representantes de forma diversa ou mesmo antagônica. Todos se arvoram à condição de “experts” em comportamento humano, e até uma monja – com qualificações desconhecidas no futebol – faz críticas mordazes e severas ao técnico da seleção.

Por isso, somente depois do fracasso, conseguimos observar o quanto Tite é insensível assim como só agora vemos como é absurdo o salário astronômico que nossa neurose paga aos jogadores. Só agora acordamos para a covardia dos nossos diante das decisões em campo. Tudo isso teria sido esquecido bastando para isso acertar dois pênaltis.

Ao mesmo tempo nosso espírito macunaímico descobre em menos de 24 horas declarações impressionantes de humildade que partem de gente como Messi e outros jogadores vencedores, muitas delas criadas pela equipe de relações públicas que os assessoram. Mostramos gestos do craque argentino e os interpretamos como sinais de enfrentamento ao imperialismo, mesmo quando chegam de um craque que vive às custas do dinheiro europeu há 20 anos. Além disso, passamos pano para o deboche que os hermanos submeteram os holandeses após o jogo. “Ahhh, é do jogo…”

Como eu disse, é compreensível é até lícito tentar colocar as derrotas em linhas lógicas de causalidade; achar causas para fatos é um efeito inescapável do crescimento encefálico, do qual não podemos nos livrar. Porém, deixar-se levar pelas emoções depressivas é ficar refém da paixão, a qual não nos permite enxergar uma rota segura de vitórias no futuro. Acreditar que perdemos porque Neymar e os demais jogadores são ricos, e o Marrocos chegou às quartas porque seus jogadores são pobres e patriotas é se perder na superficialidade dos fatos. E as demais explicações (Messi é humilde, Argentina tem raça, Messi é vencedor, Marrocos tem liderança, França só tem sorte, Inglaterra sendo Inglaterra, Croatas tem amor ao seu país, etc.) também são carregadas de emocionalidade e lhes falta conexão com a realidade.

Não cobro racionalidade ao tratar de uma elegia à irracionalidade como é o futebol. Da mesma forma não peço aos amantes que usem a razão quando o fogo das paixões lhes consome os sentidos. Peço apenas calma, em ambas as situações. Muitas tragédias acontecem quando deixamos de lado a maior conquista da nossa trajetória humana: esta fina camada de matéria cinzenta que envolve nosso cérebro e nos confere a razão.

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Neimá

É importante não cair na sedução de misturar os dois temas: a pessoa e o jogador Neymar. Existe, sem dúvida, uma espécie de boicote a Neymar protagonizado pela imprensa (em especial o Casagrande), que insiste nas críticas ao comportamento do jogador, menospreza suas conquistas e ressalta de forma insistente os fracassos nas Copas. Essa rejeição também ocorre por uma parte grande da torcida, em especial a esquerda identitária e festeira, que mistura a figura pública com sua performance futebolística. No caso de Neymar, assim como na vida de muitos heróis e ídolos de muitos aspectos da cultura, há uma mistura entre “autor e obra”, mas sabemos o quanto existe de esforço para denegrir a obra de alguns autores quando sua mensagem interessa à burguesia, ao mesmo tempo que “passamos pano” e esquecemos falhas graves de muitas personalidades quando sua exaltação vai no mesmo sentido dos interesses da classe que está no poder. Sabemos do interesse do imperialismo em destruir ídolos e líderes nacionais, exatamente porque eles funcionam como canalizadores de desejos populares, que via de regra não coincidem com aqueles da burguesia. .

Destruir ídolos populares é um projeto colonialista de destruição dos seus heróis nacionais, através de uma iconoclastia que não surge da humanização desses personagens, mas como uma estratégia muito bem elaborada de “desprezo moralista”, com o claro objetivo de fomentar a dominação comandada pelo imperialismo. A perseguição injusta e covarde contra Lula é o exemplo mais simples e fácil para entender o quanto as grandes potências, interessadas na subserviência nacional, apostam nesta perseguição.

Porém, mesmo sabendo que existe interesse de alguns em atacar aspectos da personalidade Neymar Júnior, ainda acho que é apressado tratá-lo como o melhor jogador de futebol do mundo, acima de Cristiano Ronaldo, Messi, Modric, Lewandowski, Benzema, etc. Acho um exagero, uma “pachecada”, e não o vejo nessa posição. Ele é top 10, por certo, mas não me parece ter atingido o posto de melhor do mundo. Todavia, como dito acima, pode se tornar caso destrua nessa Copa. Messi, ao que tudo indica (escrevo essas palavras logo após a desastrosa estreia da Argentina para a Arábia Saudita), vai fracassar de novo.

Torço por Neymar e pela seleção, e não vou me deixar seduzir pela campanha de desprezo que alguns fazem contra nosso produto mais famoso e valioso.

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