Arquivo da tag: wokismo

Que novidade!!

Precisou os desastes em sequência e a nova eleição de Trump para que acadêmicos decidissem surfar no desastre dos movimentos “woke”. Há mais de uma década que a esquerda revolucionária denuncia que essa “esquerda de costumes” dentro da “esquerda liberal” nada mais é do que uma estratégia da direita para a fragmentação da classe operária, impedindo sua organização. Mais do que distintos, a esquerda anticapitalista e os movimentos identitários são opostos, pois partem de perspectivas que se contrapõe; de um lado as identidades e os sujeitos, enquanto do outro a união da sociedade em torno da luta de classes. É razoável pedir que os identitários encontrem a expressão mais fidedigna de sua visão de mundo na direita liberal, pois seu discurso é mais adaptado a esta vertente do pensamento. Para a esquerda raiz, as lutas antirracista, feminista, anti-xenofobia, etc., não podem ocorrer apartadas da luta de classes e o fim da propriedade privada; não existe possibilidade de vitória por qualquer desses grupos oprimidos que possa vicejar dentro do capitalismo e do imperialismo. 

Deixe um comentário

Arquivado em Ativismo, Pensamentos

Leftismo

Acho curioso que, ao ser perguntado, sempre informo que sou um sujeito de esquerda. Mas isso acontece apenas quando estou no Brasil; se estivesse nos Estados Unidos eu jamais poderia sequer imaginar me associar aos movimentos da esquerda americana. Apesar de entender a dicotomia da política americana – onde um partido único de direita se separa em dois, sendo um chamado “right” e outro “left” – ainda acredito que não existe nada mais reacionário do que ser um “leftist” do partido liberal (democrata) de lá.

Nos Estados Unidos ficou muito evidente a aposta no “fim da história” preconizada por Francis Fukuyama. No ano de 1989, quando o mundo viu caírem os muros que separavam Berlim, o cientista político e economista americano Francis Fukuyama publicava seu famoso artigo com o provocativo nome de “O fim da história?” na revista The National Interest. Nele o economista antevia que a disseminação sem contraposição das democracias liberais e do capitalismo de mercado eram os sinais inequívocos de que estávamos dando um passo definitivo para o progresso econômico e cultural da humanidade, sendo o modelo disseminado pelo Império Americano aquele se seria o fim da nossa busca por um sistema global de justiça social. Três anos mais tarde, Fukuyama publicaria o livro “O fim da História e o Último Homem”, onde explorava com mais profundidade essas ideias.

Por esta razão, o bipartidarismo americano se assenta sobre essa premissa: nenhum dos partidos tem necessidade em debater a estrutura liberal da sociedade, pois se trata de um debate morto, solapado pelo tempo e pelo fracasso do socialismo real. Todavia, para manter a face enganosa de “duas propostas” políticas, dividem-se pelas questões de costumes como aborto, direitos para gays, negros, transexuais, imigrantes, etc. Para qualquer observador atento, fica claro que se trata da mesma proposta capitalista e imperialista que está presente no “ethos” de ambos partidos, o que se pode ver facilmente pela política externa, onde o imperialismo, o apoio a Israel, o incentivo à guerra e o controle do planeta com mãos de ferro são inequívocos pontos de confluência.

Aqui no Brasil é possível ver muitos reflexos do “leftismo” importado dos americanos no debate político contemporâneo. Partidos ditos de esquerda estão apostando muito mais do debate identitário do que no combate ao capitalismo, no imperialismo e suas mazelas. A exemplo do que ocorreu com o partido Democrata, parecem que apostam em pequenas reformas e na representatividade de setores ditos oprimidos para que a base da injustiça social não seja tangenciada. Aqui, suas pautas se expressam no identitarismo e no wokismo que, infelizmente, contaminaram setores significativos dos seus militantes. Para levar adiante suas propostas e sua visão de mundo não se envergonham de estabelecer contatos profundos e íntimos com instituições imperialistas e golpistas, como a CIA, USAID e NED. Os focos principais são as instituições em defesa das mulheres, do antirracismo, as que oferecem apoio à comunidade gay e aos transexuais, financiados pelas onipresentes “Fundação Ford”, “Gates Institute”, “Open Society” e aquelas ligadas aos irmãos Koch.

Se Lula não conseguir se livrar dessa armadilha o seu governo será inexoravelmente controlado pela esta direita mascarada de progressista, da mesma forma como estes grupos controlam o governo americano agora.

Deixe um comentário

Arquivado em Causa Operária, Política

A arena moral das esquerdas

Wokismo é um neologismo (e um anglicismo horroroso) que pode ser traduzido como “alerta”, “acordado” ou “consciente” e começou a ser utilizada no enfrentamento dos negros contra o racismo, mas passou também a designar as políticas progressistas que tratam de gênero, identidade e orientação sexuais, assim como os direitos trans. Apesar de sua aparência progressista é um movimento conservador, cujas disseminação e alastramento ocorreram por obra da CIA e do partido Democrata americano, que o exportam para várias partes do mundo com o objetivo de sabotar a união popular, dividir a luta proletária e fragmentar a frente anti imperialista e anti capitalista.

O wokismo foi motor das primaveras árabes, sendo utilizado no Irã (aproveitando-se de uma tragédia recente), em Israel (no pinkwashing) e no Afeganistão (onde garantir escola às meninas é mais importante do que desfazer a rede de prostituição e pedofilia acobertada pela invasão do exército yankee) fazendo o colonialismo genocida ser vendido como “defesa dos direitos humanos e pela diversidade”, mesmo que sua ação destruidora contenha apenas morte e submissão.

Não é por acaso o esforço e a quantidade imensa de dinheiro que o IREE, NED, irmãos Koch, Open Society de George Soros e outros órgãos do imperialismo empregam na captação, treinamento e formação de quadros oriundos de movimentos identitários. Também é prática frequente atacar pensadores progressistas e do campo da esquerda revolucionária através de seus códigos morais rígidos, produzindo cancelamentos e linchamentos de reputação. Como exemplo recente do significado amplo do wokismo podemos citar as críticas mordazes ao intelectual Boaventura Souza Santos encontradas no Twitter. Ele é um dos raros intelectuais europeus que se posicionou abertamente contra as ações do “Otanistão“, acusando o imperialismo americano de patrocinar a guerra fratricida na Ucrânia…

…. mas, “infelizmente não passa de um machista. Afinal, não cita mulheres em seus trabalhos, ou pelo menos não as cita na quantidade que deveria, segundo nossos critérios. Cancelem-no. Apaguem suas palavras”. Desta forma, sua importante voz contra o imperialismo assassino e armamentista é eclipsado por uma crítica moral sobre sua relação com a produção intelectual feminina.

Plim!! Ponto para o Tio Sam!!!

Cabe sempre lembrar que combater o identitarismo e o wokismo não significa desprezar as lutas anti racistas, anti machistas, contra a transfobia e a misoginia, dramas que ainda são prevalentes em nossa sociedade. Muito pelo contrário, significa reforçá-las e acrescentar a elas um claro elemento de enfrentamento à gênese dessas chagas sociais: a expropriação do trabalho pelo capital.

O combate a estes “mísseis imperialistas” jogados por drones de propaganda no seio da esquerda, travestidos de diversidade, é uma obrigação da esquerda raiz, e um objetivo claro para todos aqueles que desejam a unificação dos trabalhadores. Lutas identitárias sem consciência de classe são artifícios divisionistas que, ao fim e ao cabo, fazem um branco miserável e explorado ser odiado por um negro, ambos em igual condição depauperada e vítimas da mesma sociedade desigual, desumana e capitalista. Desunidos e fragmentados em infinitas identidades serão, por certo, muito mais facilmente controlados.

Deixe um comentário

Arquivado em Causa Operária, Política