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Censura

Hoje, assistindo o noticiário, escutei de um jornalista de esquerda a ideia de que a liberdade o autoriza pensar, “mas não pode externar“. Ufa… quer dizer que ter pensamentos livres ainda é permitido?? Sim, mas falar o que pensa é “crime de opinião”, por certo…

É esse o pensamento de esquerda? É assim que defendemos a ampla liberdade de expressão? Quem arbitra o que pode ou não ser dito? O Ministro colocado no cargo pelo golpista Temer????

Quando o cortador de pé de maconha voltar suas baterias contra a liberdade de imprensa e contra as esquerdas será que esses liberais de esquerda vão continuar a exaltar o careca dessa forma subserviente e genuflexa como o fazem agora? O PCO é um partido pequeno e foi covardemente atacado pelo ditador de toga, mas nessa ocasião poucos reclamaram. Rui Costa Pimenta foi censurado “preventivamente” em vários canais pelo crime de acertar em quase tudo. O Brasil 247 teve centenas de vídeos censurados, mas afinal foi para combater “fake news”, certo?

Quando os ataques forem contra o governo Lula quem estará a postos para defender a liberdade de expressão? Preciso citar o pastor luterano Martin Niemöller mais uma vez aqui? “Quando os nazistas vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas…” etc.

Pois eu já sei quem estará na defesa da liberdade irrestrita de expressão: o PCO – combatente da primeira hora – mas terá ao seu lado não o conjunto de partidos à esquerda do espectro político, mas a direita mais fascista que temos, porque a esquerda de hoje se junta aos reacionários do judiciário em nome da luta contra o Bolsonaro, como se ele, e não o fascismo que representa, fosse o inimigo. A franja reformista liberal dos nossos dias é o maior exemplo de bundamolismo de que se tem notícia. É triste reconhecer isso quando a luta contra a censura já foi a grande bandeira na minha juventude, e agora esta turma brada aos quatro ventos “Somos contra a censura…. mas depende”.

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Lavajatismo à “gauche”

É inacreditável a persistência do espírito lavajatista no seio da esquerda. A ideia absurda de que se reforça a democracia oferecendo (ou aceitando) poderes absolutos ao judiciário precisa ser extirpada das mentes brasileiras, em especial dos progressistas. Democracia se faz com parlamento e com liberdade irrestrita de expressão.

Onde está na constituição que criticar – até com certa violência verbal – é crime? Qual parte da nossa carta magna fala que não se pode exigir a dissolução do STF? Onde está escrito que o STF regula a liberdade de expressão? Onde, na fala do Rui Costa Pimenta ou do PCO, existe conspiração ou ameaça? Onde está a materialidade de qualquer crime? Onde na constituição de 1988 existe impedimento à livre manifestação de opinião?

Será que está esquerda liberal não percebe o lavajatismo que defende? E, por favor, parem de utilizar como defesa o famigerado “paradoxo da tolerância”. Trata-se de uma tolice criada por um liberal de direita anticomunista – Karl Popper – que usou esse raciocínio para atacar o socialismo. Para ele a censura seria lícita para atacar os válidos e justos anseios populares de equidade e justiça social!!!

Quem defende a atitude do ministro careca não aceita a constituição de 1988!!! Quem aceita censura não é democrata, e quem despreza a democracia e a irrestrita liberdade de expressão é cúmplice do bolsonarismo e do lavajatismo. Não reclamem quando isso se voltar fatalmente contra os pobres, negros e movimentos populares.

Ver tolos no espectro da esquerda liberal aplaudindo a censura do ministro do Temer-PSDB sobre a livre manifestação das opiniões e pontos programáticos do Partido da Causa Operária é uma expressão bem clara das falhas ideológicas que ela carrega. A esquerda precisa ultrapassar sua visão pequeno burguesa punitivista e à reboque de ditadores de toga.

Aliás, nós avisamos isso quando dos ataques ao Monark e ao Daniel. Também foram eles vítimas da ditadura das opiniões criada pelo STF, mas criticar o abuso de autoridade da suprema corte contra eles soava aos ouvidos da esquerda tosca como uma concordância com a visão reacionária e golpista destes personagens da direita. Ao invés de pensar nos princípios a esquerda liberal preferiu adotar o oportunismo suicida, fazendo eco aos ataques contra nossos adversários.

Fomos tolos; a obliteração da liberdade de expressão mais cedo ou mais tarde recairia sobre a esquerda, sobre os socialistas e no colo dos progressistas. Ela está vindo mais cedo do que esperávamos – muitos acreditavam que essa arapuca viria apenas no governo Lula.

Pois agora como vamos defender a plena garantia da constituição e a defesa da liberdade de expressão se anteriormente tivemos uma posição oportunista, acreditando numa diferença visceral entre Bolsonaro e o ministro do Temer? Colocar este ministro – ou o judiciário – como escudo de defesa da democracia é um erro, principalmente pela história de ataques a democracia que o STF sempre teve. Eles foram peça essencial em todos os golpes contra a democracia no Brasil. Apoiaram o golpe de 64, a deposição absurda de Dilma, o impedimento de Lula ser ministro e a sua prisão ilegal, inconstitucional e cruel. É um erro confiar num poder não eleito, em especial no ministro que só chegou a esta posição por um golpe de estado juridico-midiático.

Precisamos renovar o pensamento de esquerda, livrando-nos do ranço violento, antidemocrático, punitivista e inconstitucional. Estaremos incondicionalmente ao lado do PCO e com o direito irrevogável de livre expressão.

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Hegemonia das Ruas

Essa foi a manifestação do professor Luis Felipe Miguel da UnB, sociólogo da esquerda liberal: “Há setores da esquerda que são presas de um tipo de machismo discursivo que equivale “violência” e “revolução”. Os neostalinistas ficam nas palavras, o PCO vai às vias de fato. Mas não tem nada de revolucionário nesta violência. É só uma compensação psicanalítica vulgar pela própria impotência.”

Desta vez estou em pleno desacordo.

O PCO – um partido diminuto e marxista – ganhou as manchetes do Brasil inteiro por fazer o que deveria ter sido feito em 2013: expulsar a direita das manifestações. Precisou ser feito por um grupo de corajosos que não se deixaram seduzir pela ideia de “frente ampla”. Existe uma confusão bem clara aqui: tirar a direita golpista das manifestações NÃO É o mesmo que afastá-la institucionalmente dos debates no congresso e no senado.

Que os líderes do PSDB se juntem nas votações pelo impeachment, tudo bem, mas não podemos permitir que eles sejam a VOZ DAS RUAS. O que estava em jogo era a HEGEMONIA das passeatas, e a infiltração da direita foi claramente planejada. Basta ver que foram às ruas fazendo provocações apenas grupos LGBT do PSDB, para colocar na esquerda a pecha de “homofóbicos”.

E mais: quanto tempo ainda vamos cair na falcatrua dos “black blocks”. Algumas fotos mostram claramente a incompetência dos farsantes de mimetizar um ativista. Usando botas da polícia e incapazes de fazer um simples símbolo de anarquia? Sério que vamos insistir em dar palanque para este tipo de armação velha, antiquada e espertinha, que visa apenas insuflar o terror no povo mais ignorante para colocá-los contra os movimentos de esquerda?

Acreditar que vamos fazer DE NOVO a mesma conciliação de 2013 e esperar resultados diferentes é ridículo. Pensem como seriam recebidos os grupos de direita nas manifestações do Chile ou da Colômbia. O PSDB é a fonte de onde surgiu o golpismo do Brasil, ou esquecemos todos do emblemático discurso de Aécio Neves negando a possibilidade de Dilma governar? Tudo começou com o PSDB, e ainda hoje eles apoiaram 92% das pautas apresentadas por Bolsonaro!!!! Como podemos aceitar a BASE DE APOIO de Bolsonaro como protagonista deste tipo de manifestação?????

Quem pode aceitar que o movimento das RUAS permita a infiltração de golpistas – que só estão lá para que esqueçamos a sua participação nos golpes e para posarem de “moderninhos” e democratas? Acha mesmo que é possível dialogar com os mesmos fascistas que espancam estudantes, professores, alunos e que roubam o dinheiro da merenda? Que tipo de civilidade subserviente é essa? Quantos tapas na cara é preciso que a gente tome até se dar conta que pedir para que parem não basta? Sim, precisamos ser “estratégicos e racionais” e retirar das ruas os grupos que tentam roubar o protagonismo das manifestações. Precisamos expulsar das manifestações os grupos que querem excluir o nome de Lula e levar o verde e amarelo dos conservadores para manchar a hegemonia vermelha. Precisamos retirar de nossas marchas os grupos que querem passar pano para as votações de desmonte do Estado que protagonizam no Congresso. Este sim é o exemplo mais claro de ENERGIA e RACIONALIDADE na construção de um movimento de rua forte e coeso.

Agora a esquerda liberal decide que temos que “juntas esforços” para derrubar Bolsonaro, como se ele fosse o problema!!! Bolsonaro é o SINTOMA de um golpe da direita para o desmonte do estado brasileiro e a manutenção do país como quintal do império. A infiltração da direita nos movimentos lhes garantiria legitimidade para colocar-se contra Bolsonaro e poder impulsionar o fascistinha do Leite, Dória, Huck ou mesmo Moro. E isso sendo feito pela nossa covardia em delimitar territórios.

Sobre a frase usada pelo cientista político Luis Felipe Miguel chamando as manifestações do PCO de “compensação psicanalítica vulgar sobre a própria impotência”…. talvez fosse mais justo dizer que os discursos que tentam normalizar e justificar a impotência e/ou a inação sejam, em verdade, a compensação discursiva e psicológica da covardia e da incapacidade de agir.

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