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Veni, vidi, vici 

O caso do Vini Filho eu dedico a toda essa galera que curte “futebol europeu”, que acompanha Xêmpion Lig, que adora citar as escalações dos clubes da Europa, que se liga na carreira do Neymar, do Messi, do Mbapé, que assiste os jogos pela TV e manda dinheiro para esses clubes. Saibam que esses caras do velho mundo desprezam a América Latina, tem nojo dos pretos que jogam em seus clubes, tratam a todos nós – cucarachas – como escravos nas Arenas milionárias onde vão se divertir. Antes as vítimas eram os escravos no Coliseu de Roma, onde o estado oferecia panis et circenses; agora são os pretinhos, mulatos e “macaquicos”, até mesmo os brancos sul-americanos (pretos para eles) que jogam bola para que eles se divirtam.

Para vocês, e para toda essa molecada que sonha em jogar na Europa, saibam que é esse preconceito asqueroso que os aguarda. Fiquem ricos como sub cidadãos, como cativos em seus guetos de brasileiros e depois voltem para ganhar dinheiro na raspa de tacho do futebol do Brasil, mas não contem jamais com a minha audiência, meu apoio, minha atenção e minha conivência.

Morte ao futebol moderno, morte às arenas que excluem os pobres e pela volta do futebol do povo. Não precisamos do lixo europeu e do seu racismo asqueroso e fascista.

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Futebol Moderno

Não há como comparar, na atualidade, o futebol europeu com o futebol praticado no resto do mundo. Na condição de tricolor, o jogo do meu Grêmio contra o Real Madrid em 2017 marcou esta diferença, que a partir de então ficou muito clara para mim. Eram (para usar a palavra da moda) patamares diferentes de futebol. No campeonato mundial patrocinado pela FIFA os sul-americanos chegam lá para fazer um “crime”, jogar por uma bola, tentar o milagre, fazer história. Parecemos clubes do interior jogando contra potências futebolísticas da capital. Já os gringos vão fazer compras e curtir os hotéis de luxo das cidades árabes. Estamos muito mais próximos do futebol da Arábia e mesmo da África do que do futebol da Europa. Prova disso é que nas últimas 10 semifinais os clubes da América Latina foram batidos por clubes africanos e de outras praças. O futebol dos anos 80-90 foi último suspiro dessa proximidade; a distância se tornou insuperável pela força do poder econômico; o dinheiro destruiu a competitividade no futebol; um fosso gigantesco se abriu separando o futebol praticado no centro do Imperialismo com aquele da periferia.

Eu sei: os clubes europeus são “legiões estrangeiras” cheios de jogadores da periferia, mas eles apenas arrecadam a mão de obra no sul global; o dinheiro, a organização, os estádios e o marketing é todo deles. Pensem apenas o seguinte: o jogador Neymar ganha sozinho mais do que todos os jogadores do Palmeiras e do Flamengo juntos – que já tem salários obscenos para a realidade do país. Ou seja: ele ganha mais que o plantel inteiro dos dois clubes mais ricos do país. Segundo dados da revista Forbes de 2022, Neymar ganha US$ 55 milhões anuais entre salários e bônus por metas em campo. Por mês arrecada ao redor de US$ 4,5 milhões, o que representa na cotação atual quase R$ 23 milhões. Ainda de acordo com a publicação, Neymar ganha mais US$ 32 milhões por seu trabalho fora de campo, principalmente emprestando seu nome para publicidade de inúmeros produtos. O jogador mais bem pago do Brasil ganha um décimo do que ganha o Neymar. É um poder econômico contra o qual não há como competir.

Com o futebol europeu sendo comprado por bilionários do petróleo ou novos ricos do leste europeu a tendência é que este esporte fique cada vez mais distante do povo. Cada vez mais concentrador de renda – e de títulos – e paulatinamente afastado do trabalhador pobre, o destino desse esporte é se tornar um jogo para as elites, controlado por magnatas, com uma estrutura que visa essencialmente o lucro, na mais acabada perspectiva neoliberal. Enquanto isso, vai se afastando das torcidas, expulsas dos estádios e cada vez mais alienadas das decisões do clube.

O futebol também precisa de uma revolução, para evitar que venha a desaparecer pelo extermínio de sua motivação mais primitiva: a paixão.

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