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Ovomaltinos

Boicoto sem dó o futebol europeu e suas máfias. Chega de colonialismo cultural. Para mim, a segundona do campeonato gaúcho tem mais relevância que esse futebol de galáticos milionários. Sem colher de chá para o imperialismo, que empobrece o futebol brasileiro há 50 anos, levando nosso dinheiro e nossos craques.

Pense nisso: na seleção brasileira dos anos 70 todos os jogadores jogavam nos nossos clubes. Hoje em dia…. nenhum. E por que esse futebol europeu é rico? Entre outras coisas, porque nós pagamos para eles, e uma das formas de pagar é assistindo nossos craques jogando por lá. Eles não acompanham o futebol brasileiro, nem sabem que existimos. Conhecem apenas os jogadores. Por que deveríamos aceitar essa imposição e esse colonialismo? Chega de subserviência!!

Abaixo o futebol moderno!!!

* esse recado é para ovomaltinos criados pela avó com leite de pera, na geladeira. Para estes, deixo apenas um recado: “botem uma dentadura no…” e vocês sabem o resto.

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Futebol Moderno

Suspeito que o futebol no Brasil esteja se tornando um claro reflexo da senescência capitalista, como já havia previsto Marx. Primeiro deixou de ser associativo e passou a ser financiado pelas empresas e corporações industriais, através da publicidade nas camisetas e em todas as ações do clube. O sócio e suas mensalidades já não são suficientes para arcar com as despesas do clube, magnificadas dentro de uma bolha nutrida pela relação apaixonada que temos com as agremiações. Depois disso, com o crescimento exponencial dos custos com seus astros e suas arenas modernas, tornou-se dependente de bilionários e investidores, que usam o futebol como trampolim para seus lucros. Muitos destes mecenas futebolísticos são conhecidos por seus negócios escusos em várias áreas, repetindo o que acontecia com o “jogo do bicho” e seus investimentos no Carnaval.

Grandes e tradicionais clubes europeus já são controlados por príncipes Árabes ou novos ricos do leste europeu, cujo dinheiro surgiu do desmantelamento da Europa socialista. No Brasil clubes centenários como Botafogo, Vasco, Coritiba e Bahia já estão sob o controle de magnatas que usam o futebol como negócio; outros, como o Atlético Mineiro e o Santos estão em vias de se tornar. Hoje em dia se discute quem conseguiria escapar da sanha privatista do futebol. As SAFs (Sociedades Anônimas de Futebol) estão se tornando a única saída viável para um esporte que se torna cada vez mais hipertrofiado.

Agora o próprio futebol, em nível internacional, migra para os países da península arábica, criando um polo de futebol midiático, lotado de jogadores ricos, príncipes excêntricos e petrodólares, onde o futebol se torna uma mera renda extra para as atividades de publicidade dos artistas da bola. Hoje os clubes brasileiros estão atolados em dívidas, algumas delas na casa do bilhão de reais, enquanto jogadores medianos tem salários de até 2 milhões mensais, mas ao mesmo tempo em que esse espetáculo de luxo acontece pela TV a classe operária é alijada do show, expulsa dos estádios luxuosos, impossibilitada de torcer pelos seus times dentro do estádio. A gentrificação e a gourmetização tiraram a alma dos clubes, tornando-os um produto de luxo. O esporte mais popular do mundo, está perdendo sua raiz social ao impedir o povo de frequentar os lugares onde o ludopédio é praticado. Os torcedores das classes populares foram expulsos dos estádios, tornados shopping centers para as classes média e alta.

O futebol moderno talvez seja uma das primeiras bolhas a explodir. A conexão do povo com o esporte aos poucos se enfraquece, e a paixão – que se nutre dessa conexão – vai lentamente fenecendo.

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Futebol e Capitalismo

A UEFA – Federação Europeia de Futebol – pretende implementar um “teto de gastos” no futebol para estimular a competitividade nos campeonatos do continente. Sei que existe um caráter imperialista nesta medida, mas não há como fugir dessa realidade. Não acredito que o objetivo seja roubar da periferia, até porque precisam dos clubes à margem do futebol europeu para produzir bons jogadores para eles. Entretanto, sei que está medida impactará o futebol do sul global. O que se quer por lá é combater o desnível que está acabando com a disputa. Os resultados escandalosos dos campeonatos italiano e alemão recentes deixaram isso claro, quando clubes ricos ganharam seus campeonatos durante uma década inteira. Isso vai matar o futebol, e o Brasil terá que tomar medidas semelhantes, caso contrário vai morrer.

E vamos vender nossos jogadores mais baratos para a Europa mesmo. Eu, pessoalmente, acho ótimo!!! E vamos pagar menos para os jogadores dos grandes clubes daqui como consequência. Somente os clubes muito ricos poderão continuar com salários estratorféricos, e por isso medidas aqui deverão acontecer no mesmo sentido. Não vejo alternativa; o futebol dentro do capitalismo deixa claro que, se não houver esse fairplay econômico, haverá um aumento da concentração de poder que produzirá a fuga ainda maior de torcedores.

Um fato bizarro ocorreu há poucos dias no jogo do Borussia Dortmund, quando havia a possibidade de ser campeão após 10 anos de vitórias do seu adversário, o Bayern de Munique. Não deu; perderam de novo, mas foi o aplauso da sua torcida no final do jogo o que mais nos chocou, deixando claro que, para os desanimados torcedores de Dortmund, perder para o Bayern está “de boa”, já que é impossível competir com eles. Os clubes rivais históricos já se conformam com a derrota para o adversário mais rico. Não há mais indignação.

A disparidade econômica acabou com o campeonato alemão. O mesmo ocorreu com o Espanhol, onde sabemos que apenas dois times disputam. Na França o PSG empilhou campeonatos nacionais. No Brasil o dinheiro de Palmeiras e Flamengo podem produzir a “espanholização” dos nossos campeonatos, além de soterrar em dívidas times como Vasco da Gama, Coritiba, Atlético e Cruzeiro, etc, a quem só resta se atirar nos braços das SAFs e vender-se ao capitalismo.

Isto já está ocorrendo com o Brasil, e vai piorar se o atual desnível se cristalizar. Se não houver algum tipo de bloqueio dessa disparidade o futebol vai morrer. Sim, pois ninguém vai se interessar por assistir um espetáculo de disputa onde não há emoção alguma, pois o desnível financeiro destrói toda a isonomia.

E mais: reduzir o padrão salarial dos jogadores e demais participantes se tornará mandatório. É impossível manter essa fantasia, mas a própria crise do capitalismo internacional vai dar fim à orgia de salários do futebol. Não há como manter esse universo paralelo…

E isso não é uma profecia funesta; o futebol já está ficando sem graça. Os mesmos clubes ganham tudo. O poder econômico do Brasil diante dos parceiros da América Latina já nos dá há anos disputas finais de Libertadores apenas entre clubes brasileiros. Futebol está dominado pelo poder econômico, que é quem produz essa crise. Os clubes de bilionários, sejam sheiks ou mafiosos do leste europeu, produziram este tipo de desnível na Europa, mas o fenômeno está chegando aqui à galope. As torcidas, ainda intoxicadas por este tipo de vandalismo econômico, ainda não perceberam o quanto isso é destrutivo para a paixão do futebol.

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Veni, vidi, vici 

O caso do Vini Filho eu dedico a toda essa galera que curte “futebol europeu”, que acompanha Xêmpion Lig, que adora citar as escalações dos clubes da Europa, que se liga na carreira do Neymar, do Messi, do Mbapé, que assiste os jogos pela TV e manda dinheiro para esses clubes. Saibam que esses caras do velho mundo desprezam a América Latina, tem nojo dos pretos que jogam em seus clubes, tratam a todos nós – cucarachas – como escravos nas Arenas milionárias onde vão se divertir. Antes as vítimas eram os escravos no Coliseu de Roma, onde o estado oferecia panis et circenses; agora são os pretinhos, mulatos e “macaquicos”, até mesmo os brancos sul-americanos (pretos para eles) que jogam bola para que eles se divirtam.

Para vocês, e para toda essa molecada que sonha em jogar na Europa, saibam que é esse preconceito asqueroso que os aguarda. Fiquem ricos como sub cidadãos, como cativos em seus guetos de brasileiros e depois voltem para ganhar dinheiro na raspa de tacho do futebol do Brasil, mas não contem jamais com a minha audiência, meu apoio, minha atenção e minha conivência.

Morte ao futebol moderno, morte às arenas que excluem os pobres e pela volta do futebol do povo. Não precisamos do lixo europeu e do seu racismo asqueroso e fascista.

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Heróis do Futebol

Ronaldinho Gaúcho, Neymar Jr e Ronaldo Fenômeno

Os heróis culturais do esporte mais popular do planeta, expoentes em seus campos de atuação, são a consequência do sistema que controla o mundo e também esse espetáculo. Desta forma, Neymar jamais teria esse comportamento e essa fortuna se não fosse nutrido por esse maquinaria econômica. Apesar de reconhecer sua importância é forçoso entender que o mundo cria estes heróis com a mesma voracidade que os expurga. E não só no futebol, mas em qualquer área do entretenimento, da vida social e da política. Citando apenas a aldeia, onde estão agora os heróis do golpe midiático antipetista como Moro, Alexandre Cunha, Joaquim Barbosa senão em um merecido ostracismo, após terem sido alçados à condição de personalidades inatacáveis da cultura? Inúteis figuras, agora estão curtindo seus milhões, esquecidos e apagados.

Voltando ao futebol, Neymares, Cristianos, Ronaldos e tantos outros são o resultado da nossa neurose, o produto de uma complexa engenharia de mídia e poder econômico, trabalho de elaborada manipulação dos corações e mentes do mundo inteiro, controlada por gigantescos interesses econômicos e geopolíticos.

Por certo que os jogadores alimentam a cultura do “futebol moderno” – individualista, hipercapitalista, elitista – de forma dialética, mas não são seus causadores, sendo apenas o reflexo de uma estrutura social construída para valorizá-los. Criticar os ídolos é como criticar o policial que usa de sua autoridade delegada para bater em trabalhadores e professores quando, em verdade, eles são apenas os instrumentos de uma política estatal de punição das classes sociais exploradas e oprimidas. Olhar para personalidades fulanizando suas ações é perder deliberadamente a compreensão do todo e deixar de lado a ultraestrutura que os governa.

A figura do policial, do Neymar, da Anitta ou do Bolsonaro, apesar se serem importantes nessa equação, são descartáveis. Ronaldinhos e Pelés se aposentaram e foram trocados por outros, assim como músicos e políticos o são. A estrutura subjacente utiliza esses personagens para que se mantenha como fonte de lucros e poder para a elite invisível que a controla.

Atacar os heróis populares é atacar apenas a pequena parcela visível do iceberg, sem colocar a devida importância no gelo que se esconde abaixo da superfície e que, em verdade, é quem produz a pequena fração que se expõe para fora da água. Neymar é um excelente exemplo de um sujeito inserido nesse contexto, pois seu personagem foi manufaturado pela indústria bilionária do futebol. Os jogadores são proletários – apesar de uma diminuta franja ser muito bem paga – dessa gigantesca fábrica,e não são os responsáveis pela sua criação; apenas colaboram em sua mitologia e na manutenção desse empreendimento.

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Futebol e Identitarismo

Discordo com veemência da ideia, expressa por alguns jornalistas que, usando de profundo oportunismo, divulgaram a ideia de que a saída do Técnico Roger Machado tem a ver com o fato de ser um negro de esquerda, enquanto a volta do técnico Renato está conectada com o fato de ser um branco Bolsonarista, uma tese esdrúxula e vitimista.

Maradona era um reconhecido admirador de Fidel e Che. Alguém em sã consciência acredita que, se estivesse jogando hoje, seria vetado no Grêmio (ou qualquer outro clube) por ser comuna? Sério?

A demissão do Roger não teve nada a ver com a política do país, mas com os resultados do time. 1 ponto conquistado em 12 disputados na série B faz qualquer técnico cair. Talvez a volta de Renato tenha a ver com a política do Clube, mas esta é outra história. Renato é bolsonarista assim como Felipão, Felipe Melo ou Neymar, mas também 80% dos jogadores de futebol. No universo do futebol exaltamos Casagrande e Juninho Paulista que possuem uma postura progressista e de esquerda, mas são claramente envolvidos por uma multidão de pobres tornados ricos, direitistas e alienados.

O futebol morreu mesmo, mas não tem nada a ver com Bolsonaro. Esse esporte como manifestação popular morreu há uns 30 anos com a gourmetização do esporte bretão, quando fizemos arenas “shopping center” – onde pobre não pode entrar – quando acabaram os campos de várzea e quando o sonho dos jogadores brasileiros se tornou fugir do país e virar milionário na Europa.

O futebol moderno é uma merda, mas Bolsonaro não tem nada a ver com sua aparição tétrica. Renato Portaluppi foi trazido de volta por ser maior mito do clube, por ser um ídolo e pelo pensamento mágico da chegada de “salvadores da pátria”, fato que acontece em qualquer clube de futebol. Roger foi contratado por ser um excelente técnico, e não por ser um cidadão exemplar, negro e de esquerda. Misturar estes elementos é oportunismo e vitimismo tipicamente identitário.

Sou gremista, comunista, antirracista e conheço o Roger pessoalmente. Ele é um sujeito diferenciado dentro do futebol, um cara que pensa, reflete, analisa e tem crítica. Mas foi demitido por falta de resultados, inobstante seu caráter exemplar. Renato foi chamado por ser um mito, apesar de ser um bolsonarista com cérebro de amendoim.

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Futebol raiz

Sou do tempo em que jogador de futebol usava chuteira preta, jogava bola e fazia gols por nós. Nunca soube nome de suas namoradas nem mesmo se eram casados. Hoje o futebol é apenas a vitrine para seus verdadeiros negócios. No futebol – mas também em outros esportes – o gol, o drible, a firula, a vitória e a taça no armário são apenas elementos que ajudam o “esportista personagem” a fechar contatos de barbeador, cerveja ou desodorante.

Bernie McLaren, entrevista ao semanário “Sports in the Wire”, Edimburgo, pág. 135

Bernie McLaren é um renomado jornalista escocês especializado em futebol. Escreve em vários jornais escoceses sobre os campeonatos locais e internacionais. Tem dois livros sobre o esporte: “Sports in the Wire” e “Celtics – a Resistance Symbol”, onde mostra a história do clube escocês e suas origens na resistência de católicos e imigrantes irlandeses. Também nesse livro ele descreve a incrível conexão entre a torcida do Celtics e a luta pela liberdade da Palestina. Uma das mais tocantes partes do livro se relaciona à demonstração protagonizada em 18 de agosto de 2016 em um protesto pró-Palestina durante a partida contra o time israelense Hapoel Beer Sheeva, na primeira fase de classificação para a Liga dos Campeões, no estádio Celtic Park, em Glasgow. Membros da torcida organizada do time escocês, a Green Brigade, levaram para o estádio milhares de bandeiras da Palestina, associando-se a outras organizações de direitos humanos no posicionamento político pelo reconhecimento do Estado palestino, que tem seu território ocupado por Israel desde 1948. Mora em Glasgow e é casado com a jornalista Melinda Abraham.

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