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Nó Identitário

Estou com uma imensa curiosidade sobre qual será a manifestação dos identitários sobre o imbróglio entre Dudu Milk e Jean Wyllys. Isso porque houve xingamentos homofóbicos e uma clara ofensa, que produziu como resposta um processo por ataques à honra e homofobia. Detalhe: ambos os personagens dessa história são declaradamente gays. Por enquanto só ouvi silêncios…

Peço apenas que, aqueles que estão tentando “passar pano” para as palavras constantes do Tweet do Jean Wyllys (ao lado), imaginem apenas se estas palavras fossem proferidas por Eduardo Bananinha ou Nikolas. Ou seja: como os identitários ou os defensores da causa gay reagiriam à insinuação de que um político declaradamente homossexual toma decisões na arena política motivado por supostos fetiches sexuais? Como reagiriam ao estereótipo do gay descontrolado, reduzido à sua sexualidade (como historicamente se fez com os negros)?

Como vão se posicionar diante da ideia de que os gays, quando assumem postos de poder, agem de forma depravada, tornando-se incapazes de decisões racionais? Esta desumanização dos gays se assemelha à misoginia que considerava as mulheres como incompetentes, por não conseguirem analisar o mundo de forma racional. Também é tão grave quanto aquelas fake news que confundem propositalmente os gays com “tarados” e “pedófilos”. “Ahh, mas ele é gay. Ele pode falar isso”. Não é o que o Dudu achou. Além disso, essa afirmação vai de encontro à ideia de que as ofensas não acontecem pelo seu conteúdo ofensivo, mas tão somente por quem as emite. Ou seja: gays podem xingar e fazer piadas homofóbicas, assim como judeus podem debochar do seu próprio povo, enquanto os negros podem debochar de sua raça. Ou seja: seriam “eleitos”, blindados, capazes de avançar o sinal e cometer ofensas, protegidos pela sua condição. (recomendo um capítulo de Seinfeld onde um dentista se converte ao judaísmo apenas para contar piadas de judeus). É certo aceitar que uma determinada condição se torne um salvo conduto para as ofensas?

“Ahh, mas ele é gay, como poderia ser homofóbico?“, o que faz coro com a ideia de que “negros não podem ser racistas” ou “judeus não podem ser antissemitas” (como disseram do nazi Zelensky). Pois eu convido a escutarem as palavras homofóbicas de um famoso pastor evangélico que contrastam com sua história na homossexualidade enrustida, a qual ganhou as manchetes nas últimas semanas. As defesas feitas ao ex-deputado Jean por parte da esquerda são incompreensíveis para mim. Diante dessa celeuma eu pergunto: um sujeito que atacou a Venezuela em sua luta anti-imperialista, fez a defesa aberta da democracia liberal burguesa, apoiou o apartheid israelense, adotou a retórica do pinkwashing de Israel, atacou o nacionalismo palestino, saiu do país financiado pela Open Society do George Soros e ainda deu uma resposta homofóbica a um governador gay…. ainda pode ser chamado de “esquerda”?

Essa é a grande sinuca de bico do identitarismo: de um lado apoiar um governador gay, anacrônico, bolsonarista e que decidiu manter os monstrengos das escolas cívico-militares, um descarado cabide de empregos para militares da reserva, mas que teve sua honra indiscutivelmente ofendida. Por outro lado, postar-se ao lado de um ícone das lutas dos gays, personagem midiático, auto proclamado de esquerda, vítima de perseguições pelos fascistas do bolsonarismo, auto exilado e financiado pela Open Society do George Soros…. e que cometeu uma ofensa homofóbica grotesca e acima de qualquer questionamento.

E agora? Esquerda ou direita? Progressistas ou conservadores? Fascistas ou progressistas? Devemos olhar para o fato em si ou para as causas que eles defendem? “Caso ou Causa”? É aceitável que esse personagem acusado de homofobia seja contratado pelo governo atual? É justo oferecer a um homofóbico um cargo no governo progressista, que tem um compromisso histórico com as comunidades LGBT? Comprei bastante pipoca para ver como os identitários vão desatar este nó….

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Lula e o imperialismo

A chegada do Sergey Lavrov ao Brasil acendeu as sirenes de alerta da direita e daqueles comprometidos com a influência americana no “sul global”. Entretanto, sobraram também algumas críticas da esquerda às declarações “salomônicas” de Lula sobre a guerra na Ucrânia. A declaração de Lula de que “A decisão da guerra foi tomada por dois países” se insere em uma postura diplomática bem clara e evidente dos representantes brasileiros. Por certo que a Rússia, ao invadir a Ucrânia para salvar os russos étnicos do massacre programado no Donbass pelo Batalhão Azov, tem 1% da culpa nessa guerra (que já estava acontecendo há pelo menos oito anos, desde o Euromaidan, e contabilizando já inúmeras vítimas). Os outros 99% da culpa cabem à OTAN, a Zelensky e ao naziterrorismo ucraniano, em especial às milícias do Pravyi Sektor e do Azov. Todavia, mesmo que desgoste os mais afoitos, Lula tem plena razão em se colocar à equidistante nesse conflito. Sua posição de condenar a invasão da Ucrânia pelas tropas russas é protocolar: visa demonstrar sua filiação às normativas mestras da ONU, as quais condenam as invasões de espaço territorial de outros países. Sem essa postura da nossa diplomacia, como criticar as demais ações imperialistas – como as invasões atlantistas no Oriente Médio? Por outro lado, todas as suas atitudes posteriores estão alinhadas com os parceiros dos BRICS e a perspectiva da criação de um novo bloco, que detém 25% do PIB do planeta e 40% de sua população, o que significa um mercado gigantesco e uma perspectiva de crescimento inédita. Também a fala posterior, onde Lula questiona a supremacia do dólar, e mais ainda a eleição de Dilma Rousseff como presidente do banco dos BRICS, desempenham um importante passo no sentido dessa integração e um afastamento significativo dos interesses do FMI e do imperialismo.

Nada me orgulha e estimula mais em “Lula III – o Retorno” do que sua posição anti-imperialista. O apoio aos Brics, em especial às posições de Putin, é o melhor exemplo da postura de enfrentamento ao Império. A formação de um bloco independente da ação predatória do imperialismo nos países satélites passa pelo apoio ao presidente Putin, por mais que sejamos contrários a algumas de suas posições em território russo. A posição legítima e precípua de esquerda é pela autonomia dos países, algo contrário aos interesses da OTAN e dos Estados Unidos. Porém, é assombroso testemunhar que muitos ainda apoiam a posição ucraniana, mesmo à esquerda no espectro político. Ao comprarem a versão do “Putin malvadão” e da “Rússia expansionista” – duas peças descaradas de propaganda imperialista – não tiveram nenhum pudor em oferecer total apoio (ou virar o rosto para não ver) os nazistas da Ucrânia, o Pravyi Sektor, o Batalhão Azov, a exaltação do nazista e antissemita Stefan Bandera, o massacre dos russos étnicos no Donbass, os 14 mil mortos no conflito em Donetsk e Lugansk, o assassinato dos 42 ativistas e sindicalistas (muitos deles queimados vivos) em Odessa e as ameaças da utilização da Ucrânia como base de mísseis contra Moscou pelos nazistas que chegaram ao poder na Ucrânia após o golpe do Euromaidan. Quem, ainda hoje, consegue aceitar a posição da Ucrânia e da OTAN e condenar a ação russa de proteção de sua integridade territorial?

Mais ainda: enquanto aceitam como válidas as críticas contra Putin permitem que os maiores invasores do mundo – os Estados Unidos – venham a pregar “moral de cuecas”. Ver americanos acusando russos de “expansionistas” é mais do que ridículo; é produto de lavagem cerebral, um trabalho produzidos por décadas de invasão nos países do terceiro mundo, produzindo o conhecido “excepcionalismo americano”, que permite que este país realize exatamente o que critica e combate nos outros. Lula percebeu a russofobia que permeia esta guerra e também percebeu o quanto apostar no imperialismo seria contrário aos reais interesses do Brasil, no que diz respeito à sua industrialização, autonomia e na produção de um planeta multilateral. Na verdade, a posição de Lula é quase irretocável, algo característico da sua genialidade política. Acreditar no risco de invasões russas na região é ignorar que a Crimeia não foi anexada, ela votou pelo retorno à Rússia, com mais de 95% de votos favoráveis. A Rússia tão somente protegeu a vontade soberana do povo da Crimeia – uma região historicamente ligada à Rússia, e onde ocorreu a conhecida “Guerra da Crimeia” que envolveu a Rússia czarista contra uma coalisão de países europeus e o Império Otomano. Da mesma maneira, o povo do Donbass também votou de forma massiva, quase 90% de votos, em sua independência da Ucrânia, posteriormente transformada em reunificação com a Rússia.

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Buracos da Memória

Foi o sobrinho de Freud, Edward Louis Bernays, quem dizia no início do século passado que “somos controlados, nossas mentes são moldadas, nossos gostos são formadas e nossas ideias são sugestionadas”. Também foi ele o primeiro que entendeu a importância da propaganda na criação do que passou a ser chamado de “Consenso Manufaturado”, um conceito primeiramente criado por Walter Lippmann em 1922 e posteriormente disseminado pelo intelectual americano Noam Chomsky. Não é admissível desprezar décadas de propaganda violenta que, junto com os aparatos de repressão do Estado, tentam evitar a explosão inevitável da barragem produzida pelas lágrimas de milhões de excluídos pelo capitalismo. Propaganda e Estado policial; Publicidade e Forças armadas a serviço do Império.

Hoje vemos a adesão inacreditável da mídia imperialista da América do Norte, da Europa e até do Brasil (em especial a rede Globo) à luta contra a “ameaça russa”, retirando das tumbas o macarthismo dos anos 50, adaptando-o às exigências das redes sociais e da velocidade da informação. Para tanto, a publicidade oficial das nações ocidentais – movidas pelo interesse americano e pelo acadelamento das nações europeias – tenta nos fazer apagar o passado nazista da Ucrânia – Stepan Bandera, a iconografia nazi, os monumentos, as execuções de judeus, o Batalhão Azov e tantos outros fatos que ligam este governo ao seu passado recente. Toda essa obliteração da memória é construída para justificar a aliança das nações do mundo ao governo golpista de Zelensky, um comediante medíocre, notório corrupto e que nos últimos meses fechou 12 partidos de oposição – incluindo o partido comunista da Ucrânia – usando como desculpa o conflito no Donbass. Imaginem se Vladimir Putin, que é um autoritário direitista, proibisse a existência de partidos da oposição ao seu governo (incluindo aí o Partido Comunista da Federação Russa) usando a mesma desculpa: “Ora, estamos em guerra!!”. Como seria tratado pelo ocidente? Ora, no mínimo “ditador sanguinário”…

A propaganda, usada de forma científica, é uma das mais importantes ferramentas de dominação e isso pode ser atestado facilmente hoje em dia, bastando olhar para os fatos recentes da geopolítica. Os eventos que se seguiram à derrubada das Torres Gêmeas e que culminaram na guerra contra o Iraque são “cases” de propaganda, meticulosamente utilizados para moldar a opinião pública com o objetivo de criar o engajamento de uma nação para a destruição de outra. Milhões de pessoas morreram nessa aventura, e o que se pode observar pelas inúmeras mentiras contadas à época (as armas de destruição em massa, os ataques de Antraz, etc…) é de que havia um esforço de inteligência para que, antes da guerra dos tiros de artilharia, fosse vencida a guerra da opinião pública. Na atual guerra da Ucrânia o mesmo tipo de “guerra midiática” pode ser observada, em especial as fraudes sobre “massacres”, técnica igualmente utilizada na Síria há pouco tempo.

No célebre livro “1984” George Orwell descreve as dezenas de milhares de incineradores chamados “Buraco da Memória” nos corredores do edifício do Ministério da Verdade, onde o protagonista Winston Smith trabalha. Nele são colocados os documentos que não mais interessam ao governo atual, apagando as histórias, relatos e contradições existentes, para não criar constrangimentos para a nova direção do país.

“Destinava-se ao desembaraço de papéis servidos. Aberturas idênticas existiam aos milhares, ou às dezenas de milhares em todo o edifício, não apenas nas salas, como a pequenos intervalos, nos corredores. Por um motivo qualquer, haviam sido apelidados de buracos da memória. Quando se sabia que algum documento devia ser destruído, ou mesmo quando se via um pedaço de papel usado largado no chão, era gesto instintivo, automático, levantar a tampa do mais próximo buraco da memória e jogar o papel dentro dele para que fosse sugado pela corrente de ar morno, até as caldeiras enormes, ocultas nalguma parte, nas entranhas do prédio.” (1984, George Orwell)

Hoje existem milhões desses buracos espalhados por todo o mundo, mas não estão confinados aos prédios de um governo absolutista. Sequer precisam ficar restritos à criações literárias de futuros distópicos. Eles são, em verdade, controlados pelo poder econômico e atendem pelo nome de “imprensa corporativa”, que nos fazem apagar as mazelas e os horrores do passado apenas para que não sirvam de constrangimento para nossos interesses atuais. Claro que através destes buracos não passam apenas o passado obscuro e criminoso de quem agora defendemos; passa também nossa ética, nosso amor à verdade e nossa dignidade.

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Direito internacional

Existe um clamor da imprensa ocidental que repete de forma circular o discurso sobre o “direito de países soberanos“, etc. A gente escuta e lê isso por todo o lugar, parece que esse tipo de perspectiva se origina de uma fonte única e se espalha por toda parte. Vale lembrar, sobre o tópico do direito internacional, que os Estados Unidos usam a doutrina Monroe, que retira a soberania da América Latina caso, por exemplo, queiram produzir e estocar seu próprio arsenal atômico. A crises dos mísseis no início dos anos 60 foi exatamente sobre essa questão, mas o “excepcionalismo americano” – fruto de uma estúpida autoimagem de superioridade branca ocidental – acredita que o que é válido cá, para os outros não vale. Sobre esse tema vale olhar um vídeo do prof John Mearsheimer.

Dizer que há poucos nazistas na Ucrânia é outra farsa disseminada. Existem inclusive (basta uma simples procura por palavras chave) sites que descrevem os lugares onde estão os principais monumentos nazistas na Ucrânia, incluindo o mais importante deles: Stepan Bandera, nazista ucraniano colaboracionista e implicado no assassinato de milhares de judeus ucranianos.

Sobre a quantidade, na Alemanha nazista o partido de Hitler era minoria – nas eleições teve 28% – mas chegou ao poder. Quando isso ocorre (como no Brasil de agora) é porque o povo foi conivente com os abusos e a retórica do seu líder. Portanto, a Ucrânia é um país nazificado, extremista e fascista. E para quem acha o nome incorreto, por acreditar que o nazismo é um fenômeno apenas alemão, deveria avisar ao Batalhão Azov, ao Pravyy Sektor e mesmo aos neonazis do mundo inteiro – inclusive aqui em Pindorama – para não usarem os uniformes do Hugo Boss, a iconografia, a suástica e o “heil”. Spoiler: eles não vão topar.

Claro que um governo nazista, ameaçando colocar mísseis nucleares em seu país após um golpe de estado é uma ameaça direta à Federação Russa. Para entender isso, basta conhecer um pouquinho só da história russa para perceber que eles jamais poderiam permitir essa afronta, pois ela significa uma “national security threat”, inadmissível pelos russos. A Rússia, desde muito tempo, foi invadida por Napoleão Bonaparte, por 16 nações durante a Guerra Civil e depois por Hitler. Imaginar que esta ação é uma maluquice do Putin é burrice e falta de noção. Hoje, mais de 82% dos russos apoiam Putin em suas ações nesta guerra; até seus adversários comunas estão cerrando fileiras com seu líder.

Não é lícito basear estas escolhas por julgamentos “morais” ou por uma noção republicana de “direito”; não se pode permitir uma gigantesca ingenuidade como essa. Tudo é feito com base no poder. Caso o “direito” reinasse, Israel sequer existiria, visto ser uma aberração jurídica desde sua criação. Sequer um país institucionalmente racista poderia ser aceito. Não existe país com mais condenações do que Israel, e porque nada acontece? Porque os Estados Unidos bancam cada uma e todas as suas atrocidades. Também o mundo interromperia as invasões americanas no Iraque, na Líbia, no Vietnã, na Coreia, no Afeganistão, no Panamá, na Palestina (através de seu enclave Israel), etc por serem todas afrontosas à soberania dos povos.

A questão russa é sua sobrevivência e por isso não pode permitir que uma estrutura inimiga e violenta como a OTAN coloque armamento destrutivo em suas fronteiras. A Rússia sabe muito bem com quem está lidando: o Império da Destruição, que deseja dividir o mundo em republiquetas controláveis e não suporta o gigantismo de concorrentes como Rússia, China e Brasil. Numa nação minúscula como a Geórgia bastaria um golpe de Estado (como houve na Ucrânia, que não é pequena) para o tirano da vez, um fantoche americano como o Zelensky, apertar um botão a mando dos Estados Unidos e iniciar uma guerra nuclear, ou usar dessa posição estratégica para chantagear a Rússia. A ação russa de agora pode até afrontar o direito internacional (como qualquer ação americana), mas é justa.

O que dizer de pessoas que dizem que o Donbass foi invadido pelo exército da Rússia??? De onde tiram essas informações??? Não havia tropas russas regulares no Donbass até o início da guerra. E quando dizem “invadiram antes de qualquer tentativa de negociar …” só dá para responder meu Deus!!! Foram oito anos de negociação e 14.000 mortos pelos nazistas ucranianos!!!! Até quando a Rússia deveria esperar para resgatar seus cidadãos????

A ideia de que a Ucrânia não é nazista faz tanto sentido como alguém em 1939 dizer que a Alemanha não era nazista, já que eles não passavam de uma minoria e que Hitler era um grande patriota. A Ucrânia se nazificou de forma perigosa e insidiosa. Sim nazista, e não há como esconder. A prisão dos nazistas escondidos como ratos em Mariupol ainda vai revelar muito mais do que já sabemos sobre o regime de tortura, racismo e opressão que era imposto pela OTAN através do seu presidente fantoche.

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Notícias da Guerra

Pelo que escutei hoje as tropas do exército vermelho estão a 15 km da Praça Maidan. Creio que Putin está esperando um aceno de Zelensky, e por isso a chegada a Kiev parece progredir em câmara lenta. Mas concordo com John Mearsheimer: “se for necessário – na perspectiva russa – os exércitos entram em Kiev e colocam tudo abaixo”. E isso está no DNA de um país que passou por invasões e ameaças durante séculos. Putin não vai deixar um novo Fuhrer se criar na casa ao lado.

É só uma questão de tempo a queda de Kiev, mas creio que a Rússia se preparou muito para as sanções. Putin sempre teve isso no horizonte. Para a Rússia a questão da Ucrânia é uma ameaça à sobrevivência da nação russa, e por isso o arsenal nuclear foi colocado em alerta máximo. Como disse o professor John Mearsheimer (veja aqui sua excelente análise), não havia escolha a não ser a invasão e a destruição do arsenal militar da Ucrânia. E sobre as sanções… quem vai perder mais? A Europa ou a Rússia? Se estas sanções não derrubaram Cuba, Nicarágua, Coreia do Norte ou Irã, porque iriam derrubar a Rússia?? É apenas um castigo cruel dos feitores americanos punindo o que acreditam ser seus vassalos rebeldes.

Por outro lado, ainda vejo pessoas insistindo em debater a crise do leste europeu pelas lentes da “esquerda x direita”. Ora gente… são dois governos de direita se digladiando ferozmente!!! Não podemos entrar nessa fantasia de direita contra esquerda. Essa guerra não tem nada a ver com essas ideologias. A Ucrânia seria igualmente invadida se fosse comunista e estivesse ameaçando a Rússia dessa forma.

“Ah, mas não havia sinal algum de que a Ucrânia seria uma ameaça à Rússia. Por que a OTAN haveria de invadir ou ameaçar um país gigante como a Rússia?”

Ora, basta perguntar para Napoleão, as dez nações que invadiram a Rússia durante a Guerra Civil para auxiliar os mencheviques contrarrevolucionários. Podemos também perguntar quais os planos de Hitler e porque desfez o pacto Molotov-Ribbentrop para dominar os recursos – em especial o petróleo – da Rússia.

Se não fosse para ameaçar a Rússia, qual seria a razão de expandir as fronteiras da OTAN? Se não fosse para cutucar o urso no olho, porque as ameaças? Por que Zelensky falou explicitamente em colocar armas nucleares da OTAN em seu território? Por que a idolatria a figuras como Stepan Bandera, um colaboracionista nazi, e os símbolos do III Reich que enfeitam até os shoppings de Kiev?

E por que agora passamos a falar de “expansionismo russo” se jamais usamos este termos para as mais de duzentas invasões americanas nos últimos 70 anos? Quando os gringos invadiram o Panamá e sequestraram seu presidente, chamamos a isso de “expansionismo americano”? Por que – mais uma vez – dois pesos e duas medidas?

A Rússia não vai anexar a Ucrânia, pois isso seria uma estupidez, e os russos não são burros. A campanha russa é para criar um “buffer”, uma zona neutra desmilitarizada, e para desnazificar esse país, lotado de fascistas e nazi-lovers declarados. É exatamente por isso que, ao contrário de todas as invasões do Império (inclusive na Iugoslávia) não houve uma destruição massiva do país. Na Ucrânia não está ocorrendo nenhum abalo nas cidades, apenas de alvo militares – e, por certo, algumas adjacências, mas o número de mortos desta guerra é menor do que um fim de semana de carnaval nas estradas brasileiras. O objetivo da incursão russa é limpar, não destruir o país.

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O cisco no olho alheio…

Yuval Noah Harari, escritor israelense bastante popular, escreveu uma matéria ao Guardian onde afirma que “Putin já perdeu a guerra”. Seus argumentos parecem ter sido copiados das redes de TV americanas, mas chama atenção que um israelense seja porta voz deste tipo de raciocínio, que acusa a Rússia pela beligerância.

Não dá para dar ouvidos para um israelense que escreve sobre guerra, invasão de países e destruição de populações. Ora senhor Yuval, olhe a destruição que vocês promovem na Palestina com a invasão europeia e branca realizada na região desde o Nakba, em 1947. São VOCÊS que consideram a Palestina um “não-país” e os palestinos um “não-povo”. Olhe para a destruição da população que vocês oprimem, do qual o senhor é beneficiário, antes de acusar falsamente a Rússia.

Quando esse sujeito diz: “He may win all the battles but lose the war. Putin’s dream of rebuilding the Russian empire has always rested on the lie that Ukraine isn’t a real nation, that Ukrainians aren’t a real people, and that the inhabitants of Kyiv, Kharkiv and Lviv yearn for Moscow’s rule” (Ele pode vencer todas as batalhas, mas perderá a guerra. O sonho de Putin de reconstruir o império russo sempre se baseou na mentira de que a Ucrânia não é uma nação real, que os ucranianos não são um povo real e que os habitantes de Kyiv, Kharkiv e Lviv anseiam pelo governo de Moscou) ele está apenas mentindo. Uma farsa, uma narrativa claramente controlada pelo imperialismo.

A Rússia não declarou guerra à Ucrânia mesmo quando a população de origem russa estava sendo massacrada pelos nazistas que detém o poder neste país – estima-se mais de 14 mil mortos no Dombass desde 2014 (muito mais do que esta guerra aberta provocou até agora). Não declarou guerra nem quando sindicalistas e comunistas – russos étnicos – foram queimados vivos dentro do sindicato em Odessa por forças de extrema direita de inspiração nazista.

A guerra veio pela insistência dos nazistas ucranianos em apontar armas atômicas para Moscou através das promessas explícitas de Zelensky de fazer isso ao aderir à OTAN. Uma bomba dessas em Kiev atinge Moscou em 4 minutos.

NA MÃO DE NAZISTAS!!!!

A Ucrânia INICIOU A GUERRA em 2014 quando realizou um golpe de estado financiado pelos Estados Unidos – em mais uma revolta colorida – e colocou no governo um fantoche dos interesses do Império. A Rússia está se defendendo, e vai se defender até a morte. Está no DNA russo, um povo que foi invadido por Napoleão, depois pelos 10 exércitos estrangeiros (inclusive americano) que deram apoio aos mencheviques na luta contra os revolucionários bolcheviques na guerra civil e depois ainda por Hitler na II Guerra Mundial. Todos foram rechaçados, com custos altíssimos em vidas humanas. Não serão os nazistas mais uma vez que vencerão a Rússia.

Antes de decretar a derrota russa lembre que esta guerra é para a defesa russa. Sua ideia de que Putin deseja ressuscitar a “União Soviética” é pura narrativa fantasiosa para justificar os ataques à Rússia.

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