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Medicina Suave

Profissionais médicos são ensinados (e levados) a servir aos gigantes da Indústria Farmacêutica durante toda a sua formação acadêmica – algo que continua durante sua vida profissional. Estas empresas os manipulam através de uma gigantesca máquina de propaganda, que também atinge os pacientes. Até mesmo subornos e falsificações são recorrentes nessa indústria. Não há dúvida que 99% dos médicos jamais terão consciência dos cordéis que os controlam, e mesmo aqueles que se dão conta ainda assim continuarão sendo manipulados, porque esta associação lhes garante poder e significado social.

Entretanto, esse controle das corporações sobre a consciência dos profissionais tem seu custo. Hoje, nos estados Unidos e no Canadá, 20% dos adultos entre 40 e 79 anos tomam 5 ou mais medicamentos prescritos a cada dia. Pesquisas informam que em 2020 mais de 150.000 pacientes tiveram mortes prematuras causadas por drogas legalmente prescritas, e cerca 4-5 milhões de internações hospitalares foram realizadas, um custo astronômico para qualquer sistema de saúde. .

“Ser médico é algo muito mais importante do que ser um mero despachante de drogas”, já me dizia Max nos tempos da Escola Médica. Há muito mais no encontro do médico com seu paciente do que aplicar drogas, muitas delas perigosas, outras tantas inúteis e uma boa parte causadoras de mortes prematuras. O médico é, antes de tudo, um pedagogo, cuja tarefa precípua deveria ser mostrar os caminhos de cura ao seu paciente. Sempre que a medicina é impositiva e prescritiva ela aliena o paciente do controle de sua própria saúde e, em última análise, de seu próprio destino. Se a doença é uma construção do sujeito diante das rotas por ele mesmo traçadas, a ação invasiva da medicina – ao olhar a enfermidade e desconsiderar o enfermo e suas alternativas – desloca o poder para fora do doente, alienando o sujeito de si mesmo.

Questionar e criticar o abuso de drogas está na contramão da sociedade capitalista, que criou impérios gigantescos baseados na indústria farmacêutica. Da mesma forma, lutar pela fisiologia do parto, aguardar os tempos corretos, oferecer suporte contínuo e afeto incondicional também agridem a mentalidade moderna tecnocrática, que exige o uso da tecnologia sempre que possível. Todavia, em ambos os casos – no uso abusivo de drogas e na tecnogia exagerada no parto – não se trata de uma maldição, algo sobre o que não temos qualquer ingerência. Não, por serem construções humanas podem ser, por nós, revistas. Assim, a cura para essas doenças sociais depende tão somente de nós mesmos.

Entretanto, é fundamental entender que a humanização do nascimento e o fim do abuso de drogas prescritas jamais vão ocorrer dentro do modelo capitalista. Para alcançar estes objetivos na saúde será necessário mudar a estrutura econômica da nossa sociedade, fazendo com que os avanços médicos sirvam às pessoas, e não ao capital.

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Exercícios

“Porque o ser humano não é programado para se exercitar, segundo cientista”.

Essa foi a manchete da reportagem, que para mim produz uma grande confusão com o próprio conteúdo do estudo.

Através da simples observação de nossa anatomia, e estudando a história dos primórdios da humanidade, fica fácil entender que fomos programados para fazer exercícios. Nossa anatomia confirma isso; nossa estrutura hormonal e cerebral também. Por isso é lícito afirmar que nós não “envelhecemos”, apenas “enferrujamos”, exatamente por não termos na modernidade a quantidade adequada de exercício para o qual fomos programados.

Talvez seja verdade que não fomos programados para desejar os exercícios físicos, já que o cansaço e o esgotamento são desagradáveis e até dolorosos, mas isso é bem diferente de não estar programado para o esforço extenuante.

Aliás, nenhum animal é assim; se você oferecer a qualquer animal doméstico suficiente comida ele não vai sair e lutar para buscá-la. É exatamente por isso que nós temos cães dóceis, mas o avô de todos eles – o lobo – é bravo e violento; afinal, para este não havia ninguém para dar o alimento que só conseguia através do exercício.

Temos um corpo programado para caminhar 20 km por dia, fazer longos jejuns e carregar peso o dia inteiro. No início do neolítico a menarca (primeira menstruação) ocorria aos 15 anos e a vida sexual aos 18 anos de idade. Cada mulher paria 5,5 filhos, sua menopausa ocorria aos 47 anos, a dieta era pobre em gordura e a vida sexual bem ativa. A adolescência era curta. Em contrapartida trabalhávamos muito pouco e tínhamos muito tempo para diversão – conversas, canto, histórias, banhos de rio e jogos.

Essa é a programação que herdamos do paleolítico superior. Boa parte do nosso sofrimento diz respeito à falha da sociedade contemporânea de suprir o sujeito da carga de esforço para o qual foi genética e anatomicamente preparado por milhões de anos de processo adaptativo.

Por outro, é claro que o exercício na academia tenta se aproximar do trabalho produtivo que tínhamos no ambiente dinâmico de seleção natural de 100 mil anos passados. O problema é que um médico e um analista de sistemas jamais encontrarão em sua atividade profissional o tipo de esforço para o qual seus corpos foram preparados por milhares de anos de adaptação.

Por isso a academia – ou mesmo os jogos esportivos – são simulações das atividades que tínhamos no passado para a simples atividade de sobrevivência, como fugir, lutar ou buscar comida. Eles são usados para oferecer ao nosso corpo o quantum de sobrecarga para a qual somos preparados. Hoje em dia a ausência dessa parte importante da vida é um mal terrível das sociedades automatizadas e se chama “sedentarismo”, uma “enfermidade” que mata milhões todos os anos.

O estudo do Dr Lieberman vai na mesma direção da minha perspectiva. Entretanto, o título é mesmo extremamente infeliz, pois dá a entender que não somos preparados para esta atividade física, o que não é verdade. Entre tantas “velhas novidades” no meio do texto pode-se encontrar uma pérola.

“Os caçadores-coletores típicos se envolvem em apenas cerca de 2 ¼ horas por dia de atividade física moderada a vigorosa.”

“Apenas” 2h 15min por dia de atividade moderada e vigorosa? Só atletas e operários que vivem do trabalho físico pesado fazem isso hoje em dia. A imensa maioria das pessoas no mundo ocidental não faz nem um minuto de exercício diário. Sim, nossa vida no paleolítico era muito difícil, laboriosa e dura, mas realmente ninguém era musculoso, basta ver um caçador coletor San ou Kung! do Kalahari. Nesta época (e para eles, ainda hoje) éramos pequenos, fortes, magros e resistentes.

Concluo que somos programados e preparados fisicamente para exercícios vigorosos e constantes, mas também psicologicamente condicionados a evitá-los quando possível, para estocar energia e usá-la em atividades relevantes.

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Doulas e Psicanalistas

Sobre a polêmica de cursos de graduação em psicanálise creio que esta discussão é a EXATA reprise de um debate que eu iniciei há mais de 10 anos sobre “cursos de formação de Doulas”, os quais pretendiam sua transformação em profissão regulamentada e desejavam tornar a doula uma “profissional da saúde” – como médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, etc.

Quando me posicionei sobre o tema – fazendo oposição à tentativa de encaixar as doulas no nosso modelo acadêmico e trabalhista – fui atacado, xingando, cancelado e tratado como “traidor”. Claro, ainda tive que escutar o famoso “lugar de fala”, mesmo que eu estivesse presente desde os primeiros cursos de capacitação de doulas no Brasil. Mas isso não foi suficiente para me fazer mudar de opinião.

Agora o debate é sobre um ramo centenário do conhecimento humano, a psicanálise. Entretanto, percebi que os argumentos que sustentam a ideia dos “Cursos de Graduação em Psicanálise” visando uma formação acadêmica na área tem os mesmo problemas estruturais que eu questionava na formação de Doulas. Tomo aqui emprestadas as palavras de Diogo Fagundes em um texto que circula na internet sobre a “domesticação” da psicanálise, mudando apenas o campo ao qual ele se refere.

“Graduação em Doulagem oferecida pelo Estado – ou pior, empresas de educação privada visando lucro – é algo análogo à possibilidade hipotética de graduação em marxismo. Faz sentido haver escolas de doulas (aliás, desejo muito isto) associadas a organizações ligadas à humanização do nascimento, grupos de mulheres ou clubes de mães, mas não cursos de graduação estabelecidos pelo Estado ou proprietários privados em busca de dinheiro fácil.

Ambos – doulas e psicanalistas – são formas de pensamento implicados na construção de um sujeito não necessariamente ligados ao que Lacan chama de “discurso da universidade” – não à toa o francês recusou chefiar o departamento de psicanálise (o primeiro da França) quando convidado por Foucault na criação da Paris VIII.

Na prática, vai haver um monte de biboca de esquina transformando o trabalho das doulas em “coaching de gestação”, autoajuda e coisas do gênero. Entretanto, a formação não pode prescindir de habilidades humanas e acompanhamento pessoal, uma experiência subjetiva complexa não balizada por prazos e exercícios determinados burocraticamente.”

Como pode ser visto, a mesma ideia de criar cursos de formação em psicanálise ou formação de doulas esbarra no fato de que ambas as funções sociais não são aprendidas exclusivamente nos bancos escolares mas pressupõe uma vivência no trabalho direto com os clientes, um mergulho na subjetividade destes, um aprendizado que surge do atrito com a infinita diversidade dos clientes, a alegria e o sofrimento com as vitórias e frustrações que esta função nos impõe. A academia e seus diplomas são incapazes de fornecer este tipo de construção, o qual não pode ser delimitada no tempo ou na carga teórica de conhecimento oferecida.

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Biscoiteiros

O Facebook está cheio de gente que usa a rede para fazer propaganda de si mesmo, do seu saber, do seu conhecimento de vinhos, filmes e literatura. Esse exibicionismo é uma praga muito disseminada, em especial entre membros da Academia, mas por si só não é algo detestável; ao meu ver é apenas um mau costume, tão (des)importante quando tirar fotos de si mesmo várias vezes e todos os dias com roupas, penteados ou unhas diferentes.

O problema é que estas torres de vaidade não suportam contradição. Basta que você discorde de uma das posições expostas, mesmo que de forma absolutamente respeitosa, para o sujeito partir para os impropérios. E se você insistir no seu ponto de vista – que poderia ser interpretado como “resistência à prisão” dos seus argumentos – a solução é o bloqueio, o que produz duas vantagens: faz desaparecer um sujeito que contesta suas verdades absolutas ao mesmo tempo que apaga da sua página a argumentação usada para contrapor suas ideias.

Podem ter certeza que esse tipo de acadêmico, por mais que tenha algumas ideias arejadas, não é um verdadeiro democrata. Qualquer contestação ao seu pensamento é vista como ameaça à sua autoproclamada importância mas, diante de tamanha fragilidade, não é mais possível aceitar suas verdades, que passam a perder autoridade na medida em que não suportam o crivo do contraditório.

É essa esquerda biscoiteira acadêmica que precisamos questionar…

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Imperialistas

As pessoas que acusam aqueles que ficaram felizes (com a expulsão dos americanos do Afeganistão pelo Talibã) de serem “machistas” aceitam ser chamados de “genocidas” por sua conivência com as mortes de meninas e mulheres durante a ocupação americana? Aceitam o rótulo de neocolonialistas? Aceitam a pecha de “bandeirantes da América”?

Dizer que celebrar a derrota do Império no Afeganistão é saudar a misoginia do Talibã é o mesmo que afirmar que festejar a derrota de Trump significa se alegrar com a vitória dos democratas imperialistas e sua máquina de guerra. Com um pouco de esforço dá para entender que é possível desprezar tanto o imperialismo quanto o Talibã, mas acreditar que um precisa ser derrotado primeiro, até por ser a principal causa do outro.

Da mesma forma dá para combater Trump e Biden, por que são diferentes apenas em nível interno, mas iguais no seu pendor imperialista.

O biscoitismo – em especial partindo de figuras públicas da Academia na capital brasileira – é um cacoete terrível de intelectuais que se aventuram nas redes sociais. É preciso agradar em primeiro lugar ao seu eleitorado, e só depois fazer algumas concessões à realidade. O salário são os “likes” e os elogios rasgados ao seu idealismo que não suporta 10 minutos de mergulho da verdade dos fatos.

Quem, entre as pessoas horrorizadas com a entrada do Talibã – um grupo de reacionários e fascistas de direita muito parecidos com os bolsonaristas no Brasil – lembrou das 500 crianças mortas pelos bombardeios americanos SÓ ESSE ANO? Por acaso dá para comparar a PORCARIA REACIONÁRIA do Talibã com 500 crianças explodidas pelas bombas imperialistas?

Qual a dificuldade de entender que a entrada dos Talibãs e a expulsão dos americanos é um mal menor diante do DESASTRE GENOCIDA do Império em qualquer lugar do mundo????

Em suma, ressaltar a importância da derrota do Império não é o mesmo que passar pano para os abusos do Talibã, mas reconhecer que só com o fim do imperialismo a cultura misógina do Talibã poderá ser atacada. Assim como no século XIX, o colonialismo eurocêntrico não é a resposta, pois com ele vem abusos, mortes e torturas – em especial com os mais frágeis, as mulheres e as crianças.

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Fogueira das Vaidades

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Quando eu fiz residência em um hospital escola da minha cidade – há 30 anos – era do conhecimento de todos, desde quando você entrava no estágio do sexto ano de medicina, que o departamento era dividido ao meio. Havia dois “clãs”, dois grupos distintos de professores que historicamente se digladiavam e disputavam o poder de forma explícita e as vezes agressiva. O grupo que chamarei de “A” era o mais novo e o mais conectado com evidências e estudos, enquanto o grupo “B” era mais tradicional e conservador.

A chefia do serviço estava com o grupo “A”, mas sabíamos de processos judiciais que um grupo movia contra o outro pela primazia nas publicações. Havia um jovem e ambicioso  professor do grupo “A” que contava fofocas altamente comprometedoras de professores do outro grupo, e fazia isso na base da “camaradagem”, durante um plantão, um cafezinho no bar do hospital ou uma conversa privada. Eu achava aquilo estranho e antiético,  mas era difícil se posicionar quando existia um valor incomensurável depositado nessas figuras de autoridade. Preceptores de residência eram, e ainda o são hoje, figuras que concentravam um enorme poder.

Não havia escrúpulos. Era uma fogueira de vaidades e havia a todo o momento um convite para tomar partido. Se você era de um lado não podia ser do outro.

Certa feita fui testemunha de um fato curioso no plantão, que me fez repensar toda a minha profissão e o meu destino após a residência. Uma paciente acompanhada de sua mãe procura um professor do clã “B” e lhe faz um estranho pedido. Ele havia atendido o seu próprio nascimento há 20 anos e agora, grávida,  gostaria que ele a atendesse,  sendo o responsável pela assistência das duas gerações. Como era um atendimento privado o professor aceitou sem pestanejar.

O que a o paciente não sabia é que este professor nunca foi obstetra. Havia atendido o parto de sua mãe logo após se formar, mas imediatamente depois se dedicou à ginecologia e infertilidade. Não atendia um parto há no mínimo duas décadas.

No dia do parto a paciente internou durante o meu plantão, e só por isso soube de todos os detalhes. Avisei o professor que se limitou a dizer por telefone: “fiquem atendendo aí e me liguem quando ameaçar coroar”. Foi o que fizemos. Quando o parto se aproximava chamamos o professor, que efetivamente chegou quando o bebê despontava no introito vaginal.

O parto foi uma tragicomédia. O professor havia esquecido como segurar um bebê, e este escorregou de suas mãos. Para que  não caísse aparou com a perna. Sem saber o que fazer entregou o bebê ao pediatra, mas se esqueceu de cortar o cordão, e quase o bebê vai ao chão de novo. Nós, atônitos, assistíamos constrangidos. No final, “entre mortos e feridos salvaram-se todos”, mas rolou Kristelller,  episiotomia Transamazônica, corte prematuro do cordão, etc. Violência e despreparo.

Contei para a nossa turma que estava no plantão o que havíamos testemunhado e achamos graça, apesar do absurdo do atendimento.

Muda a cena para uns meses depois e durante um churrasco de confraternização dos residentes com professores do Clã “A” o jovem professor carreirista pede que eu vá até a sua mesa. Quando cheguei lá ele disse para todos:

Conte para nós o parto que o Dr Nosferatu atendeu no seu plantão.

Nosferatu” era como chamava o professor inimigo para nós. Havia chegado aos seus ouvidos o parto bizarro atendido por um professor do Clã “B”, e que eu tinha relatado aos colegas do plantão. Sem saber o que dizer contei as peripécias do parto para o público de colegas ávidos por uma fofoca.

Terminei a história e voltei para a minha mesa. Imediatamente me dei conta que eu havia sido usado como massa de manobra na luta das facções adversárias. O professor carreirista me usou para difamar um inimigo, que em verdade era um colega. Fui apenas “bucha de canhão”.

Tive uma sensação de culpa muito forte por participar daquela cena. Percebi também que não aceitaria viver minha vida profissional envolvido nas labaredas de vaidade do mundo acadêmico. Não queria pertencer a nenhum grupo ou facção, mas tudo me mostrava que não havia outro modo de  sobreviver.

O professor carreirista conta fofocas até hoje, e se mantém poderoso. O professor do grupo “B” já faleceu e eu, naquela churrascaria, fechei as portas da academia para mim para nunca mais querer abrir.

Eu não vejo esses personagens como desumanos ou perversos. Até no movimento de humanização do nascimento existem “clusters”, grupos que rivalizam, ressentimentos antigos e mágoas estimuladas a crescer pelo único adubo legitimamente humano: a vaidade.

Logo após minha saída da residência percebi que a maioria dos meus colegas tinha o sonho de trabalhar na Universidade. A tentação era muito grande pois tudo o que víamos era uma enorme concentração de poder nos professores, e todos os benefícios de prestígio social daí advindos. Minha dúvida era: como evitar o fato de que a motivação inevitavelmente se chocaria com a realidade.

A vida de um professor da universidade é ensinar, atualizar-se, dar aulas, acompanhar alunos e fazer pesquisa, mas estes aspectos eram os MENOS importantes para a seleção. É como se você fizesse um concurso para “body building” seduzido pelos músculos lustrosos dos Arnolds da vida e ao ser aprovado percebesse que precisava levantar peso todos os dias.

Talvez por esta razão específica da minha vivência, minha formação acadêmica foi pobre. Meus professores não tinham nenhum interesse – quanto menos talento – para o ensino. Usavam a universidade como insígnias de valor e poder, e não como ferramentas de transformação social. A seleção para estes cargos era feita de forma política e não levava em consideração a capacidade pedagógica ou o próprio desejo de ensinar.

Por outro lado o surgimento nos últimos anos de alguns professores de obstetrícia ligados às correntes de humanização do nascimento é a prova de que existe a possibilidade de reverter o  processo por dentro.

Se é possível produzir um papa um pouco mais aberto como Francisco emergido das entranhas do Vaticano, a Medicina também pode produzir – mesmo que lentamente – seus renovadores.

Quem viver, verá.

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