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Kennedy

Teorias conspiratórias são, muitas vezes, aquelas teorias que os poderosos não querem que os outros saibam. Por vezes trazem verdades inconvenientes, que abalam as estruturas e os pilares que sustentam nossa sociedade, em especial o capitalismo. Mostrar a inadequação de algo que vende e dá lucro é um ato terrorista; não à toa, depois da descoberta da ligação do fumo com o câncer muitos anos foram necessários até que os médicos – cuja associação americana era financiada pela indústria do tabaco – admitissem a ação do cigarro na promoção do câncer, além de produzir enfisema e bronquite crônica.

Por certo que outras vezes – muito mais – estas teorias que poderiam produzir rupturas – como o terraplanismo – são apenas delírio, fruto de mentes perturbadas ou gananciosas que desejam lucrar com o engodo e a fantasia. Não há como negar isso.

Entretanto, muito do que se disse sobre o perigo das vacinas está cada vez mais evidente pelos estudos recentemente publicados. Além disso, a alternativa a Robert Kennedy Jr. seria colocar no controle da saúde dos Estados Unidos – cujas repercussões se espalham pelo mundo inteiro – os mesmos sujeitos ligados à indústria farmacêutica e às empresas de seguro saúde. Sua indicação para essa posição nos permite imaginar uma mudança importante na saúde americana, que tem o PIOR sistema de saúde entre todos os países industrializados.

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Substâncias Mágicas

Estou iniciando o terço final de um processo respiratório agudo. “Grips”, como se diz. Estou saindo da fase “astênica” e entrando na fase “estênica”. A primeira se refere ao quadro inflamatório inicial, com tosse seca, febre, suores, mal estar, inapetência, fraqueza, cansaço, sono etc. Já a segunda se caracteriza como a fase resolutiva: desaparecem a febre e surgem os fenômenos catarrais, com secreção brônquica, febre ausente, reaparecendo lentamente o vigor físico e a fome. Comentei o fato com algumas amigas da Internet que não são da área médica e todas me fizeram as mesmas perguntas, com algumas minúsculas variações:

– Você já foi ao médico? O que está tomando?

Minha resposta para elas foi:

–  Estas doenças de tipo viral tem seu ciclo bem característico. Duram de 5 a 7 dias. Ou seja, usando ou não drogas, tomando água benta, chá de erva doce ou antibiótico, elas irão embora em uma semana. Acho melhor não usar droga nenhuma que interfira no ajuste autonômico do corpo, obedecendo seus ditames. Sono? Durma. Cansaço? Descanse. Sem fome? Não coma. Sede? Beba água, etc. Acredito que as medicações para melhorar sintomas podem ser úteis, mas somente se eles forem insuportáveis. Penso mesmo que os efeitos adversos dessas drogas são importantes demais para serem negligenciados.

A relação entre medicina e drogas é recente e se incrementou muito no início do século passado com o “Flexner Report” de John Rockefeller e a criação da medicina orientada para a Indústria Farmacêutica nascente. Além disso, ir ao médico é sempre um risco; os médicos hoje em dia, em especial nos atendimentos de urgência, prescrevem sob pressão: de um lado a pressão de seus pares e da indústria de remédios, e do outro lado dos próprios pacientes, que exigem que algo seja prescrito, pois depositam nas drogas a solução mágica para os seus males, o que raramente é o caso. Via de regra não conseguem sair da consulta apenas com conselhos e orientações: é preciso que haja receitas e exames para sacramentar o ato médico. Pergunto: sendo evidente que estou com um quadro respiratório alto (IVAS) o que poderia um médico dizer que eu já não sei? Que poderia ele me prescrever que eu aceitaria tomar? Que conselho útil poderia me dar que eu já não esteja fazendo? Que diferença essa consulta faria no transcurso dessa doença aguda?

Sim, eu me conheço e sei como estas doenças se comportam em mim. Sei também que se o quadro fosse de piora crescente não evitaria uma visita à emergência; porém, não é o caso. Sendo absolutamente racional e usando sempre o bom senso, faço o mesmo há 45 anos: fico em casa, curto a minha gripe, escrevo e leio entre espirros e paroxismos de tosse, fico com a cara inchada, perco litros de catarro pelo nariz, acumulo dores pelo corpo, fico descadeirado e espero pacientemente a tempestade passar. Esse é um excelente exercício para o sistema imunológico, e muito positivo para a economia do corpo. Abster-se das drogas – quando possível – sempre me pareceu uma atitude lúcida.

A réplica de todas teve o mesmo teor, usando quase as mesmas frases:

–  Você não pode ser tão radical. Muitos remédios ajudam pessoas. Deixar de tomar remédio é um erro. Para que esse fanatismo? Tem vergonha de pedir ajuda? Isso não passa de arrogância.

Eu respondi a elas que essa conversa era às avessas. Como era possível que alguém que transitou 40 anos pela Medicina pudesse defender a abstenção das drogas sempre que possível enquanto uma paciente defendia seu uso indiscriminado? Expliquei que não havia nada de “fanatismo” em uma postura pessoal. Não sinto necessidade de usar, por que deveria tomar? Exatamente por conhecer as drogas e seus dilemas prefiro não usá-las, a não ser que seus benefícios ultrapassem – em muito – seus potenciais malefícios.

– Não vou discutir com você. Esta é uma conversa estéril; eu tenho minha opinião e você está encastelado na sua.

Foi o que disse uma delas, evidentemente contrariada e, ao que tudo indica, ofendida com minha postura de evitar o uso de remédios. Foi esta reação indignada que me pareceu digna de um comentário. Houve também o comentário de uma médica: “Sou médica há 36 anos mas minha postura é bem diferente em relação a sua; entretanto tenho a tranquilidade de opinar e não colocar de modo tão enfático posições no mínimo questionáveis. Espero que fiques bem e em paz!! Boa noite!!”

Os médicos também não suportam que se questione o uso irrestrito de drogas. Pergunto: por que questionar o “Império das Drogas” os deixa tão ofendidos, ressentidos e até magoados? É como se o seu conhecimento sobre “qual remédio usar para o quê” fosse o elemento primordial de sua arte, o elemento que sustenta seu significado e importância social; retire-se isso e o seu valor desaparece. Eu as vezes penso que na hecatombe nuclear que se avizinha os médicos – já sem as drogas e sem os hospitais – se tornarão inúteis, pois a perspectiva mais ampla da “ars cvrandi” deu lugar à iatroquimica, deixando pouco espaço para a empatia, o acolhimento e o acoselhamento. Os médicos deixaram de ser sábios para se tornarem técnicos e especialistas. Terá sido uma boa troca?

Outra questão me deixou intrigado: por que essa vinculação de “doença ——> drogas químicas” ficou tão naturalizada a ponto de não se conceber um transtorno clínico qualquer sem que ela seja preponderante? Como pudemos criar uma ligação tão violenta entre quadros sintomáticos agudos (dos quais 95% tem resolução espontânea em poucos dias!!) e a necessidade – ou até obrigação!!! – de usar produtos da indústria trilionária de medicamentos?

Por outro lado, sei bem como é o outro lado da moeda: experimente dizer para um paciente “não faça nada, não precisa usar nenhuma medicação” para ver a reação. Muito lançam um olhar de fúria, como a dizer: “paguei, quero receita!!”. Entretanto, em muitas oportunidades esta é a frase mais justa e ética a dizer. Como educar as pessoas a pensar racionalmente sobre estas alternativas se somos bombardeados diuturnamente com a ideia de que “a verdade está lá fora”? Ou seja, para o capitalismo, a cura dos sofrimentos (só) pode ser alcançada através de algo que você acrescenta ao seu corpo, algo que lhe falta, do qual está carente. Seria uma droga, que concentra o poder de lhe devolver a paz perdida, a resposta que aguardamos? Não creio, mas para mudar esse roteiro é necessário, por parte do profissional, muita firmeza, segurança e carisma; por parte do paciente, uma forte transferência. Uma junção bem mais rara de encontrar.

Creio que a razão para tamanha conexão entre doenças e drogas pode estar em uma hipótese que carrego há muitos anos, a qual aponta para a sutil e insidiosa doutrinação que as crianças e seus pais recebem nas primeiras consultas depois do parto e nos primeiros anos de vida. É ali que se planta a semente de que “há remédio para tudo”, fazendo-nos crer que a solução para as dores e as doenças está fora de nós, em pílulas, xaropes, pastilhas e injeções, uma ideia que carregamos pelo resto da vida. Não surpreende que os adolescentes, diante da angústia mordente sobre sua sexualidade, seu futuro, sua capacidade, seu brilho e seu valor, apelem para as soluções exógenas, seja cheirando ou fumando substâncias mágicas para seus sofrimentos físicos e emocionais.

Quando eu tinha apenas 6 anos de idade e era atacado por estas febres infantis minha mãe me dizia: “Você vai ficar com febre, vai tremer e depois vai suar por todo o corpo. Depois vai ficar frio de novo, vai tremer de novo; as sensações vão voltar e desaparecer mais umas vezes e assim por diante. É assim mesmo que o corpo se ajusta. Não se assuste e não tenha medo. Estarei aqui se precisar”. Passei a acreditar na sabedoria destes processos adaptativos desde muito cedo, e fui obrigado a esquecer os abusos da medicina quando me foram ensinados. Minhas conhecidas se despediram e não creio que voltem a falar comigo. Neste instante devem estar falando para as amigas: “não imagina o que tem de fanático anti-remédio por aí

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Medicina Suave

Profissionais médicos são ensinados (e levados) a servir aos gigantes da Indústria Farmacêutica durante toda a sua formação acadêmica – algo que continua durante sua vida profissional. Estas empresas os manipulam através de uma gigantesca máquina de propaganda, que também atinge os pacientes. Até mesmo subornos e falsificações são recorrentes nessa indústria. Não há dúvida que 99% dos médicos jamais terão consciência dos cordéis que os controlam, e mesmo aqueles que se dão conta ainda assim continuarão sendo manipulados, porque esta associação lhes garante poder e significado social.

Entretanto, esse controle das corporações sobre a consciência dos profissionais tem seu custo. Hoje, nos estados Unidos e no Canadá, 20% dos adultos entre 40 e 79 anos tomam 5 ou mais medicamentos prescritos a cada dia. Pesquisas informam que em 2020 mais de 150.000 pacientes tiveram mortes prematuras causadas por drogas legalmente prescritas, e cerca 4-5 milhões de internações hospitalares foram realizadas, um custo astronômico para qualquer sistema de saúde. .

“Ser médico é algo muito mais importante do que ser um mero despachante de drogas”, já me dizia Max nos tempos da Escola Médica. Há muito mais no encontro do médico com seu paciente do que aplicar drogas, muitas delas perigosas, outras tantas inúteis e uma boa parte causadoras de mortes prematuras. O médico é, antes de tudo, um pedagogo, cuja tarefa precípua deveria ser mostrar os caminhos de cura ao seu paciente. Sempre que a medicina é impositiva e prescritiva ela aliena o paciente do controle de sua própria saúde e, em última análise, de seu próprio destino. Se a doença é uma construção do sujeito diante das rotas por ele mesmo traçadas, a ação invasiva da medicina – ao olhar a enfermidade e desconsiderar o enfermo e suas alternativas – desloca o poder para fora do doente, alienando o sujeito de si mesmo.

Questionar e criticar o abuso de drogas está na contramão da sociedade capitalista, que criou impérios gigantescos baseados na indústria farmacêutica. Da mesma forma, lutar pela fisiologia do parto, aguardar os tempos corretos, oferecer suporte contínuo e afeto incondicional também agridem a mentalidade moderna tecnocrática, que exige o uso da tecnologia sempre que possível. Todavia, em ambos os casos – no uso abusivo de drogas e na tecnogia exagerada no parto – não se trata de uma maldição, algo sobre o que não temos qualquer ingerência. Não, por serem construções humanas podem ser, por nós, revistas. Assim, a cura para essas doenças sociais depende tão somente de nós mesmos.

Entretanto, é fundamental entender que a humanização do nascimento e o fim do abuso de drogas prescritas jamais vão ocorrer dentro do modelo capitalista. Para alcançar estes objetivos na saúde será necessário mudar a estrutura econômica da nossa sociedade, fazendo com que os avanços médicos sirvam às pessoas, e não ao capital.

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Medicina e capitalismo

Uma das coisas que mais me chocou nestes últimos anos em que convivemos com a pandemia foi a facilidade com que juntamos a ideia de um elemento salvador externo (uma vacina) com o conceito de “ciência”. Neste tempo todo em que vimos a doença se espalhando era fácil notar que o mundo caberia em dois grandes grupos: os “crentes” (nas vacinas) e os “descrentes”, que acreditavam em outras coisas, diferentes da crença oficial.

Neste período, 99.9% das pessoas que colocaram “vacina para todos” na sua foto das redes sociais não tinham ideia do quanto é complicada sua elaboração, sua fabricação, seu transporte e a mensuração de seus efeitos e parefeitos maléficos. Também não tomaram conhecimento da pressão política para admitir uma vacina com tão pouco tempo para testes. A conexão sempre foi retilínea: vacinas = tecnologia, a qual, por sua vez, obedece os ditames da ciência. Não havia espaço para muitas perguntas, e qualquer um que ousasse questionar a estrutura de segurança e real efetividade dessas drogas ganhava imediatamente o carimbo de “negacionista“, um selo que a ninguém interessava receber.

Eu mesmo, apesar de passar décadas tendo uma postura de fundamentada desconfiança com as empresas que produzem drogas, fui vacinado. Não poderia suportar as críticas caso alguém próximo ficasse doente, ou mesmo positivo para o vírus. Tomei a atitude menos conflituosa: mesmo não tendo todas as informações que gostaria para uma escolha consciente, e mesmo testemunhando contradições graves na narrativa oficial, resolvi quebrar um jejum de mais de 30 anos sem tomar qualquer droga. Ahhh, sem surpresa, mesmo vacinado tive Covid duas vezes…

Todavia, minha curiosidade com a questão se manteve intacta. Não conseguia entender porque o debate sobre as vacinas não podia ocorrer abertamente. Testemunhei a debacle da Cloroquina e da Ivermectina, que foram colocadas contra a parede exigindo-se delas as provas de sua eficácia, enquanto das vacinas pouco era exigido. Ficou claro que estas ultimas eram ungidas com o óleo da confiança mística, o selo de “ciência” para além de qualquer prova que porventura pudessem apresentar. Basta uma simples pergunta sobre as diferenças de mortalidade por Covid 19 entre a África – pouco vacinada – e o ocidente – maciçamente vacinado – para desencadear uma série de acusações por parte daqueles que acreditam piamente na superioridade do paradigma vacinal.

Até o conceito de vacina precisou ser modificado para que estas drogas fossem utilizadas com este nome. Houve uma campanha gigantesca em seu favor e, tanto aqui quanto no centro do Império, políticos usaram sua posição quanto à vacinação como plataforma de discurso público. Por isso é que no Brasil e nos Estados Unidos os presidentes de extrema direita no cargo tiveram posturas que chamamos “negacionistas”, cujas ações retardaram o uso das vacinas ou dificultaram seu uso.

Esta luta acabou colocando pessoas como eu na mais incômoda das posições. Como seria adequado se posicionar diante da luta entre dois gigantes por quem se tem profunda contrariedade? De um lado governos de direita, abusivos, misóginos, lgbtfóbicos, anti imigrantes, liberais na economia, conservadores nos costumes, destruidores do Estado e machistas. Entretanto, do outro lado se encontra a indústria mais poderosa e antiética do planeta, que obtém lucros através do adoecimento da população, envolvida em escândalos de toda ordem, de falsificações, negligência, conspirações, golpes de Estado, mentiras e até assassinatos. Peter Gotzsche (Medicamentos Mortais e Crime Organizado) e Márcia Angell (A Verdade sobre os Laboratórios Farmacêuticos) em seus livros nos oferecem uma imagem bem clara – apesar de incompleta – da capacidade destrutiva desse empreendimento. Em ambas as pontas dessa disputa eu via a mão suja do capitalismo manipulando corações e mentes.

A indústria farmacêutica é um lobo de Wall Street disfarçado de ciência salvadora e de tecnologia redentora – que pretende nos salvar dos desastres e da dor através de suas drogas mágicas. Por outro lado, nós não passamos de ovelhas de um grande rebanho, ou, se quiserem uma imagem mais frugal, somos os habitantes de uma pequena aldeia gaulesa, ávidos pela poção do mago Panoramix, que poderá nos salvar do ataque das hostes de César.

Para quem acha essa minha visão da indústria farmacêutica muito dura e inexorável recomendo que assistam à série “Dopesick”. Em Dopesick (dope = dopado, sick = doente), Michael Keaton (ex Batman) interpreta Samuel Finnix, um dedicado médico que percebe entre seus clientes no consultório um aumento (até então) inexplicável de casos de viciados em medicamentos opioides (drogas com efeitos estupefacientes como o ópio), especialmente entre os trabalhadores de minas. Por certo que, quanto mais acidentes de trabalho maior seria a necessidade de tratar as dores que causavam. Nada melhor do que o trabalho insano e insalubre nas minas para deflagrar este drama.

A descoberta de Finnix* já estava também sendo investigada pelos promotores federais e da Drug Enforcement Agency (DEA), que se empenharam em uma investigação para descobrir a correlação dos fatos. Depois de intensa busca encontraram uma gigantesca conspiração na Purdue Pharma, um poderoso grupo farmacêutico. Todos os fatos apresentados na série são baseados na realidade.

Por trás de uma das piores epidemias nos Estados Unidos, que mata mais de 100 mil pessoas por ano (!!!), está uma gigantesca empresa de drogas que a patrocina. Esta série desvela o que outros filmes, como “O Fiel Jardineiro” e “Eu sou a Lenda” (onde a epidemia que destrói os humanos vem de uma vacina contra o câncer) já tentavam nos alertar: o poder da indústria de medicamentos não pode existir sem o contraponto de uma ciência isenta, controlada pelo Estado democrático, que precisa atuar sem a influência e a interferência do capital e de quem o controla. Claro que a série vai explorar o submundo fétido das corporações, mas será incapaz de colocar o dedo na ferida que está por trás do surgimento desses males: o capitalismo, o lucro imoral e a sociedade de classes.

Atrás dessas crises encontraremos sempre o capitalismo e seus tentáculos, mas sua evidente degradação vai trazer ainda outras tragédias iguais a esta dos “medicamentos viciantes”, o qual destrói as entranhas do pais mais poderoso do planeta. Todavia, a ideia de que perguntas inconvenientes sobre “tabus médicos” (como as vacinas ou medicamentos) não podem ser feitas é uma mancha no próprio conceito e na confiabilidade da ciência, que deveria se basear na dúvida sistemática e constante, na desconfiança, no falsificacionismo, na busca por provas e jamais nas certezas e nos lucros – muito mais afeitos às instituições religiosas.

* Só eu acho que o nome do personagem “Finnix” refere-se a “Phoenix”, ou Fênix, a mitológica ave grega que, quando morria, entrava em autocombustão e, passado algum tempo, ressurgia das próprias cinzas? Não seria o personagem do filme um médico que desperta para o absurdo da medicina atrelada ao capitalismo depois de ter toda a sua formação “queimada” pelo reinado das drogas, condicionado-o a ser um mero “despachante de medicamentos”, comandado pelos finos cordéis que nos atam aos “senhores da doença”? Ok, talvez esta seja apenas a minha particular visão sobre o tema….

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Medicinas

Então está combinado: agora é o chá de ayahuasca que tem a potencialidade de curar dependência química e muitos outros distúrbios orgânicos. O programa Fantástico, da Rede Globo, fez uma extensa matéria sobre o tema, outras mídias igualmente falam constantemente das propriedades desta combinação de plantas há anos. Entretanto, agora parece que o chá está definitivamente na moda e muitos estão comentando.

Também a maconha exerce esse fascínio, muito pela sua relativa proibição (que comparte com a ayahuasca) e também por apresentar resultados positivos em algumas doenças – em especial transtornos neurológicos. Aliás, a Cannabis também é regulamentada, em muitos lugares do mundo. Entretanto, por tantos decênios de proibição ela carrega a aura de “erva proibida”. Sobre a ayahuasca também paira – de forma diversa – essa aparência de droga exótica e mágica, mas também proibida ao consumo geral. Existem, por certo, experts no seu uso medicinal que descrevem maravilhas sobre sua ação no organismo.

Não duvido do uso benéfico da ayahuasca (que usei e tive uma reação folclórica) e muito menos das ações da cannabis no organismo – que fumei uma vez e que me produziu uma crise irresistível de riso. Tão evidente é a ação da maconha que ela tem seus efeitos tabulados na Matéria Médica homeopática em suas duas versões: sativa e índica.

Todavia, apesar de confiar na ação farmacológica dessas medicações, creio que elas apontam para a mesma direção: a busca da cura das doenças através de um elemento exterior, que seja capaz de curar múltiplas doenças através de um elixir totipotencial. Na verdade o uso dessas plantas é uma vertente paralela à medicina alopática exógena, que entende que a cura surge de fora, pela adição de um elemento curativo, e não pela transformação interna do sujeito. Trata as doenças como elementos passíveis de conserto de “fora para dentro”, exatamente como o faz a biomedicina tecnológica contemporânea. É importante deixar claro que “medicina exógena” não tem valor negativo, é apenas a sua classificação na perspectiva antropológica. Tem a ver com a compreensão de um elemento de fora do corpo que o penetra para produzir ou devolver a saúde.

Pessoalmente, não acredito em medicinas heroicas. Minha perspectiva é de que a cura da maioria das doenças se dará com elementos muito mais simples, como dietas saudáveis, exercício e a diminuição da angústia causada pelo modelo de vida produzido pelo nosso modelo econômico. Entretanto, é óbvio que estas ações são contrárias à roda da fortuna do capitalismo, não geram lucros e não vendem produtos. As doenças já são um negócio trilionário. Em nível planetário a indústria de drogas atingiu US$ 1,74 trilhões em vendas no ano de 2020. Já o mercado brasileiro movimentou R$ 76,98 bilhões no mesmo ano, com uma alta de 8,58% sobre o exercício anterior, representando 4,7 bilhões de unidades (caixas) vendidas.

A ayahuasca é uma substância química que produz alterações psíquicas. Portanto, é uma terapêutica exógena, um processo endorcista, de fora para dentro. É regulamentada hoje, mas depois de anos de luta para ser vista como elemento ritualístico de uma cerimônia de caráter espiritual, e não como psicotrópico. De resto concordo com você no que fiz respeito à responsabilidade e seu valor subjetivo.O modelo exógeno de tratamento das doenças (outside in) não começou com a biomedicina tecnológica atual, mas tem suas raízes na aurora da humanidade. Desde sempre desejamos (ou nos iludimos com) a panaceia, o elixir da juventude, a poção mágica, o espinafre do Popeye, os raios Gama do Hulk, o elixir do Asterix ou o amendoim do Super Pateta. A indústria trilionária de drogas apenas aproveita essa característica humana de encontrar fora de si mesmo a cura dos seus males. Cabe a nós entender que a maioria das doenças está nos vícios e maus hábitos e na estrutura perversa da sociedade capitalista, onde viceja o “homo homini lupus”.

Mesmo com aparência de “medicina natural” ou de possuir uma perspectiva inovadora, a entrada dessas terapêuticas segue o mesmo caminho das outras drogas no mercado: uma solução externa para dar conta de comida ruim e cancerígena, sedentarismo atrofiante e uma vida pautada na ansiedade e na competitividade destrutiva do nosso modelo econômico. Produzimos muletas químicas para os nossos desajustes sociais mais profundos, sem perceber o quanto eles são criados – e até estimulados – por essa mesma sociedade. Não resta dúvida que a ayahuasca e a cannabis serão em breve incorporadas pela farmacopeia das grandes multinacionais de drogas, para gerar indicações exageradas e lucros imensos.

Continuamos a oferecer soluções exógenas para dramas que a sociedade capitalista – que lucra com as doenças – impõe a todos nós. Ainda agimos como o médico do Posto de Saúde que repete prescrições de vermífugos para crianças infestadas de parasitas que vivem à beira do esgoto à céu aberto.

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O nome da doença…

Os Estados Unidos é um país de drogados, mas essa catástrofe não surge pela aparição mágica de uma geração de degenerados. Pelo contrário; ela vem sendo fomentada há mais de um século e se agudiza pelas crises do capitalismo, tão inevitáveis quanto previsíveis. O nome da doença é capitalismo, o sintoma é a pandemia de mortes por abuso de drogas.

A indústria farmacêutica, ao vender a ideologia da solução exógena para os dilemas da alma, oferece a solução simples das drogas: da aspirina ao “cristal meth”, próteses para ocupar os buracos do nosso desejo insatisfeito.

Não há solução punitivista ou coercitiva para a endemia da drogadição. A única forma de tratar efetivamente esta ferida é entendê-la como o paliativo que usamos para acalmar nossas dores, e a solução só pode estar na construção de uma sociedade mais justa e equilibrada, longe da miséria humana do capitalismo.

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Crime organizado global

Para mim é esse o maior e mais grave subproduto cultural da pandemia: que a população, por causa das vacinas, passe a acreditar que as grandes farmacêuticas – empresas mafiosas e verdadeiros organizações criminosas organizadas em nível global – serão capazes de salvar a humanidade e, da noite para o dia, se tornarão indústrias corretas, angelicais e éticas.

Não acredito nessa possibilidade. Dentro do modelo capitalista o objetivo é sempre o lucro e, se para consegui-lo for necessário deixar o mundo mais doente, assim será feito pela BigPharma. É esta não é mais uma teoria conspiratória. A criação de diagnósticos fantasmas para justificar a venda de drogas ou tratamentos faz parte da história dessa indústria, basta uma rápida pesquisa.

Acreditar que a cura dos nossos males possa estar nas mãos de quem lucra com eles é a mais suprema e inaceitável das ingenuidades.

O transcurso da pandemia pode ser encurtado pelas vacinas, e esta é minha perspectiva hoje. Todavia, a solução deste dilema não se dará sem suplantar o capitalismo e sua lógica de crescimento desconectado da equidade e da justiça social, que é a marca do neoliberalismo em nível mundial.

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O Jardineiro Fiel

No corredor comprido e gelado do Hospital escola subitamente escuto uma voz ao meu lado, de alguém que acompanhava meus passos.

Ricardinho, disse ele. Quanto tempo!!

Olhei para o lado e encontrei um rosto conhecido. Sim, Gustavo – ou Guta – um amigo de infância, colega de escola. Jogamos muita bola juntos. Ele tinha um irmão mais moço, cujo nome não lembrava. Percebi que ele carregava uma enorme pasta, quase uma mala, e estava vestido de terno e gravata. O sorriso fácil estampado no rosto não deixava dúvidas: ele era um propagandista da indústria farmacêutica, profissionais que circulam dos hospitais fazendo publicidade dos seus remédios e oferecendo brindes, presentes, amostras grátis e outras facilidades para os médicos.

Foi muito cedo que eu conheci a Ciranda de benefícios, agrados e presentes que cercam os médicos nesta junção entre medicina e capitalismo. Ainda na faculdade assistíamos as apresentações dos propagandistas nos intervalos das aulas no hospital. Já naquela época recebíamos deles todo o tipo de agrado. Quando estava no último ano da Escola Médica, prestes a me formar, fomos em um grupo de doutorandos e residentes de ginecologia para um congresso sobre DST no Uruguai, onde um trabalho nosso seria apresentado. A viagem de ônibus – assim como os jantares, os lanches e até a bebida – foram pagos pelos laboratórios farmacêuticos. Era a semeadura, para que depois pudessem fazer a colheita.

– Conheces o Dr. F. aqui do hospital? perguntou meu amigo.

– Por certo que sim, Gustavo. Ele é o chefe do serviço. A equipe dele se reúne todas as segundas feiras. Precisas falar com ele?

– Ahh, se você pudesse me arranjar um encontro, mesmo informal aqui na cafeteria, isso seria o máximo. Eu represento o Laboratório N* e estamos lançando uma nova droga. Chama-se…

Ele me descreveu com pormenores o remédio que estava querendo apresentar ao meu chefe. Tratava-se de um medicamento anti-inflamatório não esteroidal, algo que nos próximos anos se tornaria um tremendo sucesso. Ele parecia excitado em me falar dessa droga, de tudo o que ela prometia, e como era importante que ela fosse padronizada na prescrição do hospital escola.

– Guta, disse eu, não passo de um mísero residente. Não tenho influência alguma sobre um médico famoso e importante como ele. Não creio que possa lhe oferecer ajuda.

Ele continuou com seu sorriso largo e explicou:

– Preciso chegar lá em cima, Ricardinho, nos chefes. É assim que funciona esse meu trabalho. Ele é um formador de opinião; se ele resolver padronizar “meu” remédio aqui e, mais ainda, se ele incorporar esta nova droga ao seu receituário pessoal não será sequer necessário falar com vocês. Ele é o “Papa”, e aquilo que o Papa escreve, os padres e as freiras copiam. Sacou? Por isso preciso “pegar” ele, o peixe grande.

Sorri para o meu velho amigo e o abracei. Desejei boa sorte e sucesso em sua empreitada. Hoje sei que foi plena de sucesso, já que o seu remédio se tornou um negócio multi milionário e um campeão de vendas. Mas, não foi a publicidade da droga o que ficou guardado em minha mente, nem a gravata extravagante ou o sorriso sedutor de meu amigo. O que eu nunca mais esqueci foi que aquela foi a primeira vez que me vi como “gado”, a ponta de lança de um negócio gigantesco, milionário e – muitas vezes – corrupto.

Depois de alguns anos desenvolvi um completo rechaço à mercantilização medicamentosa da saúde. Percebi o quão danosa esta relação entre dinheiro e saúde poderia ser e passei a ter uma visão crítica e – por vezes – ácida sobre estas questões. Com o tempo os propagandistas de medicamentos foram aos poucos deixando de me procurar, apesar de sempre tê-los tratado com educação e gentileza. Eu não era mais alguém em quem valia a pena investir tempo ou dinheiro.

Todavia, sempre fui fascinado por esse aspecto sombrio da medicina. Os propagandistas eram todos muito jovens (e os coroas, joviais), graduados na universidade, excelentes salários, bonitos, simpáticos, educados. Depois de alguns anos chegaram as mulheres. Uau, algumas eram de tirar o fôlego: sensuais, reservadas, simpáticas, lindas, conhecedoras do assunto. Todos eles nos envolviam magicamente apresentando os remédios com estudos de questionável qualidade, estatísticas igualmente frágeis, mas acompanhados de uma apresentação impecável.

Com os propagandistas aprendi muito. Não sobre drogas e seus usos, mas sobre o submundo da medicina. Depois de muitos anos eles acabavam criando confiança em mim e contavam o que ouviam nos consultórios.

– Um colega seu, aqui da Rua da Praia, ontem mesmo me disse: “Eu sempre prescrevi seu concorrente, mas posso mudar minhas receitas. O que você tem a me oferecer? Uma passagem de avião para o próximo congresso? A inscrição? Diga, o que eu ganho por esta troca?

– Sério? O pessoal trata vocês assim? Pedem agrados, presentinhos, passagens, inscrições….. propina? Em troca de uma mudança de receituário?

– Sim, claro. Nem sabe como é para montar os congressos. A jogada é assim: quando compram um “stand” de promoção de seus produtos isso lhes dá direito a uma palestra para promover um determinado medicamento. Podem convidar os seus próprios pesquisadores, sejam daqui ou do exterior. Acredite, sempre rola muita grana nesses eventos.

– Claro, mas esses agrados são só para os grandes, os “chefes de serviço”, os formadores de opinião. A chinelagem, o gado…. recebe uma caneta com o nome do remédio.

Dizia isso e mostrava para eles a canetinha que acabara de ganhar. Eles davam uma risada constrangida, tentavam explicar, mas era óbvio que eu era a ponta menos importante da equação das vendas. Peixe pequeno quando comparado àqueles que devotavam boa parte da sua energia para ocupar estes postos de poder. Agora eu entendia de onde vinha tanta energia para as disputas ferozes e violentas que meus colegas empreendiam para subir de importância dentro da corporação.

Com o tempo estes personagens foram escasseando da minha sala. Não vinham mais nem para tomar o sagrado cafezinho. Na volta do almoço eu os via aglomerados esperando os meus colegas de andar voltarem para as consultas da tarde. Eu ficava tentando imaginar como eles me enxergavam. Talvez como o tolo, o iludido, o ingênuo, o burro. Afinal, que mal poderia haver em receber estas amostras grátis, as suas belas palavras, suas agendas e seus porta-canetas?

Minha explicação para eles sempre foi: “Ninguém faz propaganda de pastel. Se estas empresas precisam contratar alguém como vocês para me fazer prescrever esta droga é porque, sem toda essa sedução, ela não se sustentaria”.

Já nesta época já me vinha à cabeça uma frase que me acompanhou até meu último dia de consultório: “Se a saúde baseada em evidências fosse realmente levada a sério a medicina praticada a partir de então seria um espetáculo completamente irreconhecível por nós”. Nenhuma propaganda seria necessária e os poucos medicamentos administrados seriam facilmente encontrados e muito baratos. As consultas seriam ricas de detalhes, plenas de envolvimento afetivo, orientação, exercícios, educação sobre caminhadas, comida de verdade, sexo, alegria, família, futebol, gargalhadas, etc.

Porém, nunca me deixei iludir. Eu bem sabia que a nossa medicina, capitalista e decadente, ainda reinaria por muitos anos, lucrando com nossas doenças e com nossa infelicidade.

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Ciência

A solução está nos antibióticos? Mesmo? Fica então a pergunta: antes da penicilina como essas bactérias eram eliminadas? Todas as pessoas afetadas por infecções iam a óbito? E quais as razões para uma morrerem e outras sobreviverem? Quem – ou o quê – determina isso?

Minha inconformidade com esta imagem é que ela nos leva a pensar que APENAS A CIÊNCIA – experimental tecnológica e exógena – salva vidas. A proposta é essencialmente positivista, dando a entender que bacterias são destruídas apenas com “fungo de laranja” (Penicillium notatum), quando na verdade elas são destruídas – desde antes da existência do nosso gênero – por um sistema imunológico adequado e funcional. Assim, quando você mostra a penicilina se contrapondo às orações está colocando somente alternativas cuja dualidade é FALSA, pois muito mais importante do que AMBAS é o que o sujeito faz no seu processo dinâmico de autocura e homeostase, e pelos seus próprios mecanismos internos de regulação.

Pior ainda, aposta na ideia de que APENAS A intervenção tecnológica pode ser chamada de “ciência”, quando em verdade os estudos que demonstram as ações da meditação e oração também são Ciência – inobstante o quanto acreditamos em sua validade e/ou abrangência.

Humildade produz sabedoria. Ciência salva vidas, mas não apenas a ciência capitalista. Aquela que te ensina a ter um sistema imunológico forte, sem destruir o corpo com elementos “anti vida”, também.

Matéria recente do Correio Braziliense:

“Ao lado da ciência: O pneumologista Blancard Torres, titular do Departamento de Medicina Clínica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autor do livro Doença, fé e esperança, não tem dúvidas: o paciente que tem fé incorpora em si a certeza da recuperação, aumentando a imunidade e as chances de resposta positiva ao tratamento. “Quando a ciência e a religião andam juntas, o combate aos males torna-se viável, a evolução do tratamento é completamente diferente do padrão observado em quem não têm espiritualidade, não acredita em bons resultados”, observa. (…)

(…) Koenig coordenou uma pesquisa realizada com 4 mil pessoas com idade acima de 60 anos que seguiam diferentes credos. O resultado do trabalho demonstrou que a fé também proporciona uma vida mais longa. Seis anos depois de começado o estudo, foi verificado que menos da metade dos indivíduos que não tinham uma crença religiosa estava viva. “Em contrapartida, 91% dos seguidores de alguma religião permaneciam saudáveis”, garante o americano.”

PS: Uma ressalva da minha parte: rezar não tem necessariamente NADA a ver com religião, mesmo que todas elas usem das orações em sua prática. Portanto, não se trata da ilusória união entre “ciência e religião” (para mim inconciliáveis, pois uma trabalha com a projeção e a outra com a realidade, uma com o desconhecido e a outra com o conhecimento) mas a abrangencia da metodologia científica sobre fatos até então do domínio exclusivo das religiões.

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Escuta

O que seria “inútil” em uma consulta médica?

O que, no discurso de um paciente, “nada tem a ver” com a consulta? Ora… a verdade é que a Medicina procura enquadrar o discurso livre do sofrimento dos sujeitos à sua estreita visão etiológica e propedêutica. Em uma consulta padrão se objetiva traduzir toda a construção subjetiva dos pacientes para uma formulação farmacêutica, pois é para esse fim que os médicos são treinados.

A medicina, assim inserida no capitalismo, investe nos médicos como meros despachantes de drogas, e por isso mesmo os trata como crianças, oferecendo canetinhas coquetéis espelhinhos e amostras grátis. Em verdade, não há NADA na narrativa dos doentes que deveria escapar à atenção e ao escrutínio de quem se ocupa da cura. Não existem palavras vãs para ouvidos dedicados e compassivos

Aliás, a própria escuta atenciosa, respeitosa e livre de preconceitos já é a etapa inicial da terapêutica, e geralmente a mais importante. Como dizia o psicanalista Ballint, “O melhor medicamento que um médico pode oferecer ao seu paciente é ele mesmo“.

Desconsiderar a energia transformativa do encontro curador-paciente é a mais grave tolice da tecnocracia.

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