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Pesos e Medidas

Para quem acha que os ataques do Hamas foram horríveis, deixo claro que numa guerra nada é bonito. Só é menos feio do que bombardear um edifício de apartamentos enquanto crianças dormem em seus quartos. Responda: a revolução americana que em 1776 encerrou o colonialismo britânico foi realizada com flores, abraços, despedidas e convenções de paz? Os insurgentes americanos não cometeram atrocidades durante a revolta? Seria imaginável que a Revolução Francesa ocorresse sem derrubar a Bastilha e sem as prisões (e morte) de membros da Realeza? As revoluções anticoloniais de Angola, Moçambique e Argélia – que encerraram as dominações cruéis e brutais do imperialismo europeu em África – poderiam ocorrer sem violência? Com diálogo? Com debates? Com acertos e cumprimentos? Ou alguém acha que Zumbi deveria ter sido gentil e “civilizado” com os colonos portugueses que escravizavam e brutalizavam seu povo? Por que esse tipo de civilidade só se cobra quando os oprimidos se insurgem?

A libertação da Coreia do jugo japonês e posteriormente do controle imperialista americano seria possível sem uma guerra sangrenta? Que povo opressor até hoje na história desistiu de seu domínio sem terror? A libertação do Vietnã da dominação da França e dos Estados Unidos seria viável sem utilizar o terror e a guerra sangrenta? Que tipo de libertação de um povo ocorreu sem guerra? Se a guerra é evitável, por que Israel massacra o povo Palestino desde o Nakba? Por que atacam agora ao invés de negociar a paz?

Estes que se horrorizam com as mortes de israelenses quantas vezes se manifestaram contra o terrorismo de Estado de Israel nos últimos 70 anos, que destrói famílias inteiras em nome do colonialismo sionista? Será mesmo que só agora souberam dos massacres, das torturas, das humilhações e do confinamento em Gaza? Por que só agora, quando os oprimidos finalmente reagem, puderam enxergar a brutalidade e a violência “injustificáveis”? Se o ataque do Hamas permitiu que a realidade do horror Palestino viesse à tona, então ao menos algo de bom brotou de tamanha tristeza. Por que dois pesos e duas medidas? Por que desumanizamos mais uma vez os palestinos, condenando-os a sofrer em silêncio, imóveis, sem sequer o direito de reagir ao seu próprio extermínio?

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Psicopatas

Nas redes sociais adoram dizer que Putin é um “assassino psicopata”. Afinal, ele é russo e tivemos mais de 100 anos de propaganda imperialista para nos convencer que este povo comia criancinhas. Tudo isso é claramente intoxicação produzida por estes anos todos de propaganda americana. Aliás, aposto o quanto quiserem como estes que atacam o presidente russo são incapazes de sustentar a afirmação. Desafio que mostrem onde ele foi assassino e onde foi psicopata.

Ninguém responde a isso, o mesmo silêncio que sempre escutei quando pedíamos as provas de que “Lula é ladrão”.

Só uma dica: estima-se que Clinton + Bush + Obama mataram diretamente por volta de 11 milhões de pessoas em suas guerras. Isso sem contar as mortes decorrentes dos embargos, sanções, boicotes e sabotagens, ou as guerras por procuração, como as mortes produzidas por Israel. Digam onde o “assassino psicopata” Putin chegou perto disso.

Agora peço que mostrem a guerra que ele iniciou, o país que invadiu em busca de petróleo, o número de mortos, os governos nacionais que derrubou, os golpes que patrocinou e as cidades que destruiu.

Vamos, desafio…

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O cisco no olho alheio…

Yuval Noah Harari, escritor israelense bastante popular, escreveu uma matéria ao Guardian onde afirma que “Putin já perdeu a guerra”. Seus argumentos parecem ter sido copiados das redes de TV americanas, mas chama atenção que um israelense seja porta voz deste tipo de raciocínio, que acusa a Rússia pela beligerância.

Não dá para dar ouvidos para um israelense que escreve sobre guerra, invasão de países e destruição de populações. Ora senhor Yuval, olhe a destruição que vocês promovem na Palestina com a invasão europeia e branca realizada na região desde o Nakba, em 1947. São VOCÊS que consideram a Palestina um “não-país” e os palestinos um “não-povo”. Olhe para a destruição da população que vocês oprimem, do qual o senhor é beneficiário, antes de acusar falsamente a Rússia.

Quando esse sujeito diz: “He may win all the battles but lose the war. Putin’s dream of rebuilding the Russian empire has always rested on the lie that Ukraine isn’t a real nation, that Ukrainians aren’t a real people, and that the inhabitants of Kyiv, Kharkiv and Lviv yearn for Moscow’s rule” (Ele pode vencer todas as batalhas, mas perderá a guerra. O sonho de Putin de reconstruir o império russo sempre se baseou na mentira de que a Ucrânia não é uma nação real, que os ucranianos não são um povo real e que os habitantes de Kyiv, Kharkiv e Lviv anseiam pelo governo de Moscou) ele está apenas mentindo. Uma farsa, uma narrativa claramente controlada pelo imperialismo.

A Rússia não declarou guerra à Ucrânia mesmo quando a população de origem russa estava sendo massacrada pelos nazistas que detém o poder neste país – estima-se mais de 14 mil mortos no Dombass desde 2014 (muito mais do que esta guerra aberta provocou até agora). Não declarou guerra nem quando sindicalistas e comunistas – russos étnicos – foram queimados vivos dentro do sindicato em Odessa por forças de extrema direita de inspiração nazista.

A guerra veio pela insistência dos nazistas ucranianos em apontar armas atômicas para Moscou através das promessas explícitas de Zelensky de fazer isso ao aderir à OTAN. Uma bomba dessas em Kiev atinge Moscou em 4 minutos.

NA MÃO DE NAZISTAS!!!!

A Ucrânia INICIOU A GUERRA em 2014 quando realizou um golpe de estado financiado pelos Estados Unidos – em mais uma revolta colorida – e colocou no governo um fantoche dos interesses do Império. A Rússia está se defendendo, e vai se defender até a morte. Está no DNA russo, um povo que foi invadido por Napoleão, depois pelos 10 exércitos estrangeiros (inclusive americano) que deram apoio aos mencheviques na luta contra os revolucionários bolcheviques na guerra civil e depois ainda por Hitler na II Guerra Mundial. Todos foram rechaçados, com custos altíssimos em vidas humanas. Não serão os nazistas mais uma vez que vencerão a Rússia.

Antes de decretar a derrota russa lembre que esta guerra é para a defesa russa. Sua ideia de que Putin deseja ressuscitar a “União Soviética” é pura narrativa fantasiosa para justificar os ataques à Rússia.

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Sobre as histórias a contar

Há 20 anos exatamente estava atendendo no consultório quando fui surpreendido por uma imagem no computador da minha mesa. Imediatamente liguei meu rádio e aproveitei para escutar as descrições ao vivo. Um avião havia se chocado contra as torres gêmeas em Nova York, um lugar que eu havia conhecido duas décadas antes quando visitei a cidade. A descrição da rádio me fez ligar a TV do consultório na recepção, aproveitando uma falha na agenda. A sensação de todos era pânico e assombro.

Cheguei a ver ao vivo o choque do segundo avião. Imediatamente liguei para minha mulher. “O mundo vai acabar”, disse eu para Zeza Jones em tom de despedida, sem saber que era mesmo verdade. O mundo, como o conhecíamos, acabava naquele dia. Nunca mais eu vi os Estados Unidos como eu estivera acostumado a ver e – confesso – até admirar. Imediatamente, ainda enquanto ouvíamos o eco da queda retumbante das torres, surge o “Patriotic Act”, a perda dos direitos civis nos EUA, o recrudescimento da islamofobia, a invasão do Iraque, a “Guerra ao Terror”, as convulsões no Oriente Médio, as invasões brutais a vários países (Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, etc) e o panóptico americano sobre suas zonas de domínio, que em nível local levou à própria Lava Jato, ao juiz cooptado em Curitiba, aos golpes jurídico-midiáticos e finalmente nos levando à “facada” e à Bolsonaro.

Sim, em minha perspectiva o fascismo bolsonarista é ainda um reflexo do fatídico dia 11 de setembro de 2001, que no futuro será visto como a festa macabra a celebrar o fim de um Império. Desde então esse gigante de poder planetário apodrece lentamente à nossa frente mas, como todo sistema de opressão, sua decadência será marcada pela violência e pela agressão às conquistas da civilização.

Minha solidariedade aos mortos dessa tragédia no correr dos anos foi dando lugar à indignação com um país que passou a matar um World Trade Center a cada dia no Oriente Médio. Só no Iraque foram 100 mil. No Afeganistão foram mais de 400 mil mortos, mas para estes homens e mulheres pobres e de pele escura – mortos por defender sua própria terra – não há nenhuma superprodução de Hollywood para contar suas histórias, seu sofrimento, sua dor, seus filhos perdidos, o heroísmo de seus combatentes e suas esperanças soterradas pelas bombas americanas.

Os bombeiros americanos são tratados – justamente – como heróis. Histórias e lendas são contadas sobre sua bravura e coragem para salvar o maior número possível de vitimas do ataque. Todavia, nenhuma justiça é feita aos heróis e heroínas anônimos que ainda hoje protegem seus filhos dos ataques imperialistas. Da Palestina às cavernas nas montanhas do Afeganistão milhares de histórias poderiam ser contadas sobre a brutalidade e os massacres levados à cabo pelas forças invasoras, mas também sobre os anônimos homens e mulheres que defenderam suas famílias e suas comunidades.

Um mundo onde impere a justiça e o equilíbrio por certo haverá de trazer à tona essas narrativas de dor, coragem, determinação e esperança.

PS: Não, não é o World Trade Center nesta foto. É Gaza, onde todas as semanas há um novo massacre, matando palestinos de forma brutal e sistemática. Lá as torres gêmeas são o imagens do cotidiano. E por trás da barbárie continuada estão os mesmos Estados Unidos e seu apoio aos terroristas de Isr*el.

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Miko

Não resta dúvida que para as esquerdas é fundamental nos aprofundarmos na luta antirracista, na luta por direitos humanos reprodutivos e sexuais (incluindo aí a luta pelo parto humanizado), na conquista da autonomia de corpos, na proteção aos grupos vulneráveis, etc. Modelos sectários baseados em identidades não cabem mais na nossa sociedade e não podem mais ser confundidos com as bandeiras históricas que defendemos. A segmentação artificial engendrara pelos laboratórios e “think-tanks” liberais americanos precisa produzir uma crítica consistente, severa, firme e dura.

Diante dos massacres a que são submetidos os palestinos, no maior ataque contra civis do século XX, é importante lembrar de um dos mais importantes combatentes da causa palestina da atualidade, figura constante em todas as entrevistas realizadas sobre a questão. Este homem se chama Miko Peled, que provavelmente poucos conhecem, mas é um israelense, por volta dos 60 anos e judeu. É filho do general israelense Matti Peled, herói da guerra do “Yom Kipur“, que assinou a declaração de independência de Israel e participou de ações de limpeza étnica na Palestina em 1948 e 1967, mas que ao se aproximar do fim da vida foi um das primeiros sionistas adeptos da aproximação com os representantes da Palestina para estabelecer um diálogo na busca de uma solução pacífica. Quando jovem, ainda vivendo em Jerusalém, Miko viu sua sobrinha morrer em um ataque suicida causado por um homem bomba do Fatah em 1997. No dia seguinte políticos e jornais israelenses clamavam por vingança e retaliação contra os terroristas árabes. Diante das câmeras a irmã de Miko, Nurit Peled, mãe da menina morta e uma conhecida professora judia israelense, disse em lágrimas para os jornalistas: “A culpa dessa morte é do governo de Israel, que nunca deu aos palestinos qualquer alternativa para além do terror. Não aceito nenhuma retaliação em meu nome ou de minha família, porque jamais aceitarei que uma mãe Palestina sofra a dor que agora estou sentindo”. Após a tragédia da morte de sua sobrinha de 13 anos, Miko começou sua jornada como ativista contra quem considera o principal responsável por essa violência: o regime racista de Apartheid sionista e o seu contínuo plano de ocupação violenta na Palestina.

Miko, alguns anos depois e já morando em Los Angeles, nos Estados Unidos, e trabalhando já como um profissional de artes marciais, conheceu na Universidade um grupo de ativistas palestinos e, apesar da desconfiança, aceitou escutá-los. Ao inteirar-se pela primeira vez da narrativa dos “inimigos”, dos “terroristas”, dos “bárbaros árabes” com mais de 30 anos ele viu seu mundo de crenças sionistas desabar.

Sim, eles – os sionistas – eram os terroristas, não os palestinos. Pela primeira vez entendeu o Nakba, a expulsão, os massacres, o êxodo e o exílio palestinos. No ano de 2012 escreveu um livro chamado “O Filho do General” e iniciou sua trajetória como palestrante, ativista, defensor dos palestinos, pela paz, na busca de uma solução desarmada, pelo BDS (Boycott, Divestment and Sanctions) e por uma consciência mundial sobre o regime de Apartheid de Israel. A importância de sua história está relacionada ao fato de que Miko não é um palestino árabe; nunca sofreu diretamente na pele a dor de ser estrangeiro em sua própria terra. Também não teve sua família morta ou sequestrada pelo exército de ocupação e sequer foi preso por jogar pedras em quem matou seus vizinhos e primos. Porém, Miko foi convencido por amor e não por oposição.

Um palestino “identitário” o veria como um inimigo de sua identidade árabe, por não ter sua língua e sua pele mais escura. Por ser judeu jamais seria aceito, e suas palavras seriam bloqueadas com o silenciamento do “lugar de fala”. Ora, “como você ousa falar da Palestina, seu judeu opressor?”, poderia ser a reação dos que não enxergam nele a identidade palestina, a única que lhe garantiria direito de falar. Entretanto, Miko sabe que a Palestina é o seu lar também e por isso mesmo não aceitou jamais ser calado. Ao lado de outros ativistas, árabes e judeus, debate abertamente uma solução para a Palestina, sem levar em consideração a cor da pele, a origem, a cultura ou a língua. Ousa discordar em alguns temas com o direito que a paixão pela Palestina lhe confere. Para Miko Peled, o que une todos esses personagens na busca para a paz na Palestina é o que nos faz humanos, o traço que nos une para acima das diferenças étnicas e culturais.

Da mesma forma, muitos homens brancos sabem que um mundo que oprime mulheres, gays, trans e que despreza negros também é o seu mundo e por esta razão desejam falar de sua inconformidade e lutar contra estas injustiças. Porém, muitos são silenciados por um identitarismo sectário que se move por ressentimentos e preconceitos, que apenas afastam muitos dos possíveis aliados. Precisamos de um mundo com mais personagens como Miko Peled e menos revanchismos estéreis.

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Dois Estados

Israeli citizens hold Israeli flags and banners during a rally in Tel Aviv on April 19, 2016 to support Elor Azria, an Israeli soldier recently charged with manslaughter after shooting a prone and wounded Palestinian assailant in the head. The rally, attended by an estimated 5,000 people, was a source of controversy in Israel where the top brass have condemned Azria’s actions while far-right supporters and politicians urged his release. / AFP PHOTO / JACK GUEZ

Caros amigos…

Não vai chegar nenhuma solução de “Dois Estados” para a Palestina; não me tomem por ingênuo. Essa solução é uma mentira construida pelo Estado Sionista para enganar o mundo todo. Os acordos de Oslo e Camp David seguiram este mesmo roteiro farsesco, onde desejo sempre foi a supressão da população nativa e original pelo genocídio sistemático (desde 1948 milhões de Palestinos já foram mortos pelas forças de ocupação) e pela limpeza étnica, através das prisões desumanas (inclusive de mulheres e crianças) e pela simples expulsão – como no Nakba – que é um processo, não um evento.

Sim, eu sei o significado de Holocausto e posso lhes garantir que não é uma palavra que só pode ser usada para as mortes de judeus. Houve um holocausto na Armênia, outro na China ocupada, na Coreia, no Congo sob o regime de Leopoldo da Bélgica, nas populações nativas das Américas e agora testemunhamos um massacre na Palestina – que tem o direito de ser chamado de holocausto, por ter o racismo como principal motivação.

Não haverá “democracia” na Palestina enquanto existir um regime de Apartheid e de caráter segregacionista como o sionismo. Não há mais como tapar o sol com a peneira. Abram os jornais e pesquisem na Internet e vejam como o MUNDO INTEIRO já acordou para a vergonha de uma etnocracia racista – a última experiência de colonialismo a sobreviver no mundo atual.

O modelo de dois estados foi BOICOTADO por Israel com as invasões sistemáticas da “linha verde” – os limites de 1967 – e a multiplicação dos assentamentos ilegais, que continuam até hoje. A demolição continuada de casas e vilas inteiras de palestinos teve sua velocidade acelerada nos últimos anos com os governos de extrema direita, mas não há nenhuma hipótese de que um governo sionista de esquerda faria diferente – e a história prova que nunca o fizeram.

Democracia, meus caros, só com um estado multinacional, com voto abrangente para a população palestina, com o reconhecimento do árabe como língua nacional – junto com o hebraico – com escolas mistas, com liberdade religiosa e com governos democraticamente eleitos por todos que lá vivem.

Não venham com conversinhas. Façam o dever de casa primeiro. Não esqueçam que o maior parceiro da barbárie fascista do Brasil é exatamente Israel e seu fascismo.

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Ocasio Sanders

Não quero ser estraga prazeres (ou empata ph*da) mas o entusiasmo que boa parcela da esquerda internacional tem com Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez tem o mesmo aroma de esperança frustrada que o mundo civilizado tinha com Obama. Este, ao fim e ao cabo, sempre se comportou como um Darth (in)Vader para tantos países, levando morte e miséria para milhões por onde o império derrama seu sal. Obama apenas confirmou o papel secundário dos mandatários americanos diante do poder do “deep state“: forças armadas e Wall Street. O apoio ao golpe americano na Venezuela soterrou minhas esperanças em Bernie e a postura de “Estrela da esquerda cirandeira” de Alexandria me faz perder o entusiasmo. Tomara que eu esteja errado

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Apartheid

racismo

Para alguns é difícil compreender a diferença entre racismo institucionalizado e racismo como excrescência cultural. É realmente difícil explicar isso para quem se nega a enxergar a potência de uma norma institucional. Para muitos a promulgação da Lei Áurea não precisava ter acontecido, e poderíamos ter banheiros, escolas, cinemas e ônibus separados para brancos e pretos, afinal… não faz diferença alguma se estiver na lei ou nos costumes, não é?

Para estes mesmos, a luta de Martin Luther King foi inútil porque a polícia americana continua matando mais negros do que brancos. Portanto, se o racismo existe, porque não regulamentá-lo? (entendam a ironia, pelo amor de Deus)

Mandela? Pffff… um inútil idiota. Afinal, para que toda a sua luta, que consumiu uma vida inteira, para acabar com o racismo se a economia ainda hoje continua na mão dos brancos africaners?

Muitos, municiados por estas falácias, se negam a enxergar a força simbólica das leis. Mudá-las, em direção à justiça social, é um motor poderoso na direção da paz e da equidade.

Eu fico espantado com o quanto existe de gente de bem que nunca percebeu que as leis discriminatórias produzem uma MARCA na sociedade, uma “mancha” que é muito mais grave do que a existência de uma cultura ainda discriminatória e injusta por força da inércia de seus preconceitos. Não perceber essa diferença é grave, pois produz uma equalização TOLA. “Ah, já que o Brasil é racista e os Estados Unidos também, qual o problema de criarmos leis que separam as raças?“. Ou então: “Ah, já que Israel tem Apartheid, qual o problema de fazermos isso também com nossos índios e aplicarmos um genocídio LEGAL aos povos nativos?

Não entender essa diferença é a faísca da selvageria e da brutalidade, a qual facilmente acende os piores instintos fascistas.

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Holocaustos

É inacreditável o que está acontecendo na Cisjordânia. Colonos sionistas celebrando um casamento com cartazes mostrando um bebê queimado vivo em um ataque a uma vila palestina. Mas não foi um vídeo secreto que “vazou” para a Internet; foram imagens divulgadas abertamente pelos sionistas, orgulhando-se de suas ações assassinas.

Sempre tive essa curiosidade quando via filmes sobre o holocausto judeu na Alemanha nazista. Lembro de perguntar ao meu pai que, mesmo sendo um adolescente na época da guerra, foi contemporâneo das atrocidades na Europa. Ele me dizia que aqui não se sabia o que estava acontecendo com os judeus. Tudo que estava acontecendo nos campos de batalha foi conhecido muito tempo depois.

“Mas lá eles sabiam. Por que nada fizeram? Por que não impediram Hitler quando estava clara a sua perseguição a um povo?” perguntava eu, ingenuamente.

Eu tive que viver meio século para saber a resposta. O mesmo ocorre agora em Israel com relação aos palestinos, onde a população palestina é massacrada por fanáticos sionistas, e o mundo inteiro cruza os braços diante da barbárie.

O que me deixa mais envergonhado é saber do apoio dos grandes grupos evangélicos, os sionistas cristãos, a esse crime contra a humanidade. Edir Macedo e seu exército de seguidores idiotizados também são responsáveis pelas mortes e torturas. Os governos americanos, grandes financiadores de Israel, são os maiores culpados, mas o silêncio de cada cidadão do mundo é responsável pela destruição sistemática e insidiosa da Palestina.

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