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Publicidade e Medicina

É surpreendente a confusão que as pessoas (inclusive, e principalmente, os médicos) fazem entre “ciência”, “progresso”, e uso irrestrito de tecnologia para o tratamento de doenças – ou sua prevenção. Parece que perdemos a capacidade de raciocinar de forma isenta. Muitos ainda analisam a ciência como um ente objetivo, infensa às flutuações culturais do seu tempo, sem sofrer as pressões brutais do capitalismo que, em última análise, a mantém, financia e controla. Um exemplo disso é a reação pífia de médicos e da população em geral diante da recente retirada de circulação da vacina da AstraZeneca. “De um total de 40 casos prováveis e confirmados de Síndrome de Trombose com Trombocitopenia distribuídos por dose de vacina para covid-19, notificados no e-SUS Notifica Brasil (excluindo-se São Paulo), 34 foram atribuídos à vacina da AstraZeneca”. Aliás, essa foi a vacina que eu tomei, de cujo risco jamais fui alertado.

Já pararam para pensar o que aconteceria com o pobre mortal que resolvesse questionar a segurança dessas medicações há….. apenas 2 anos? O que aconteceu com quem teve a coragem de perguntar: “Essa medicação foi adequadamente testada?”. Não precisa imaginar; existem milhares de exemplos de “bruxos” queimados nas fogueiras por ousarem desafiar as verdades inquestionáveis da BigPharma – transformadas em “ciência isenta”. Os que ousaram fazer perguntas inconvenientes foram aqui chamados de “Negacionistas!!!!“, ou rechaçados aos gritos de “Bolsonarista, vá tomar Cloroquina seu idiota!!” Criamos uma tal polarização no debate sobre medicamentos que a análise racional foi impiedosamente sepultada, completamente consumida pela dualidade irracional que se formou. Pessoas como eu – de esquerda mas também radicalmente céticas em relação ao compromisso ético das corporações farmacêuticas – eram impedidas de comentar, pois corriam o risco de serem espancadas – e por ambos os polos digladiantes.

“As empresas farmacêuticas gastam US$ 480 bilhões todos os anos” (quase meio trilhão de dólares). “Desse valor, 5% vão para pesquisa e desenvolvimento; os outros 95% são gastos em marketing. Há muito interesse próprio trabalhando nos bastidores para criar novos distúrbios e disfunções, medicalizando a vida cotidiana, retratando problemas leves como sérios, ampliando os limites do diagnóstico, criando ferramentas de avaliação extensas e corrompendo a pesquisa médica”. (veja o artigo completo Med Men aqui)

… e destruindo a reputação de pesquisadores do mundo inteiro que ousam perguntar sobre a segurança e a efetividade das drogas que somos forçados a usar.

Impossível olhar para a ação predatória dessas gigantes multinacionais da BigPharma e não imaginar a cena da chegada dos navegadores europeus em terras do Novo Mundo, no final do século XV. Era de se imaginar que a reação mais natural por parte de quem os recebia seria a desconfiança. Afinal, por que haveriam eles de oferecer presentes sem exigir algo (valioso) dos nativos? E por que deveria esta troca ser justa, se os forasteiros aqui chegavam com suar armas, seus germes e seu aço enquanto os indígenas estavam vestidos apenas com sua ingenuidade, seu assombro e sua nudez? Por certo que entre os nativos algum deles questionou: “Será mesmo seguro receber por aqui gente tão estranha? Será que o que trazem é verdadeiramente algo de bom para nós?”

Entretanto, por certo que estes últimos não foram ouvidos. Enquanto eles falavam os outros se embeveciam com os badulaques, espelhos e contas presenteadas pelos viajantes, hipnotizados e embriagados pelo brilho fulgurante das novidades, as quais obliteravam a percepção completa da realidade. É provável que aqueles que alertaram para os perigos do contato com os europeus foram imediatamente tratados com rudeza, e até mesmo violência. Hoje, o modelo de publicidade das farmacêuticas americanas leva o consumidor de lá a ver as drogas como mais um artefato de consumo, como sapatos, armas, carros e bijuterias, mas poucos são os que se dão conta da armadilha na aventura das drogas. E o pior: trazem para cá como se fossem a “última moda em Nova York”. E nós, ingenuamente, compramos…

“Os fabricantes de dispositivos organizam ou alugam estandes em conferências, onde envolvem os principais líderes de opinião (pagando) médicos famosos em suas áreas para falar e recomendar seus produtos; os fabricantes também tratam compradores em potencial com jantares luxuosos, sacolas de brindes e preços promocionais que tornam os procedimentos mais lucrativos ao longo do tempo.”

Oferecer o status de ciência à empresas capitalistas multinacionais que lucram com diagnósticos cada vez mais forçados (muitos deles criados apenas para favorecer a venda dos remédios) e com o consumo das drogas que elas próprias vendem é um erro que pode ter efeitos devastadores para a humanidade. Segundo a professora da Universidade Georgetown Professor Adriane Fugh-Berman sobre o tema da criação de enfermidades, “O marketing de medicamentos pode começar de sete a dez anos antes de chegarem ao mercado. Como é ilegal promover um medicamento antes de ele ir para o mercado, o que eles estão promovendo é a doença. Isso não é ilegal porque não há regulamentação sobre a criação de enfermidades.” Em 12 anos os Estados Unidos pularam de 3.6 bilhões em publicidade de drogas para 32.7 bilhões, um acréscimo de quase 1000% no montante dispendido, uma estratégia cada vez mais agressiva para que essa “pílula” seja mais fácil de engolir. Mais interessante é ver que a maioria das drogas prescritas – quase 70% delas – 92 das 135 drogas mais populares – são aquelas consideradas como pouco efetivas. Ou seja: a propaganda de medicamentos nos faz comprar lixo, ou pílulas de baixo efeito para a melhoria da saúde, mas que oferecem alta lucratividade para os mercadores de drogas.

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Medicina e capitalismo

Uma das coisas que mais me chocou nestes últimos anos em que convivemos com a pandemia foi a facilidade com que juntamos a ideia de um elemento salvador externo (uma vacina) com o conceito de “ciência”. Neste tempo todo em que vimos a doença se espalhando era fácil notar que o mundo caberia em dois grandes grupos: os “crentes” (nas vacinas) e os “descrentes”, que acreditavam em outras coisas, diferentes da crença oficial.

Neste período, 99.9% das pessoas que colocaram “vacina para todos” na sua foto das redes sociais não tinham ideia do quanto é complicada sua elaboração, sua fabricação, seu transporte e a mensuração de seus efeitos e parefeitos maléficos. Também não tomaram conhecimento da pressão política para admitir uma vacina com tão pouco tempo para testes. A conexão sempre foi retilínea: vacinas = tecnologia, a qual, por sua vez, obedece os ditames da ciência. Não havia espaço para muitas perguntas, e qualquer um que ousasse questionar a estrutura de segurança e real efetividade dessas drogas ganhava imediatamente o carimbo de “negacionista“, um selo que a ninguém interessava receber.

Eu mesmo, apesar de passar décadas tendo uma postura de fundamentada desconfiança com as empresas que produzem drogas, fui vacinado. Não poderia suportar as críticas caso alguém próximo ficasse doente, ou mesmo positivo para o vírus. Tomei a atitude menos conflituosa: mesmo não tendo todas as informações que gostaria para uma escolha consciente, e mesmo testemunhando contradições graves na narrativa oficial, resolvi quebrar um jejum de mais de 30 anos sem tomar qualquer droga. Ahhh, sem surpresa, mesmo vacinado tive Covid duas vezes…

Todavia, minha curiosidade com a questão se manteve intacta. Não conseguia entender porque o debate sobre as vacinas não podia ocorrer abertamente. Testemunhei a debacle da Cloroquina e da Ivermectina, que foram colocadas contra a parede exigindo-se delas as provas de sua eficácia, enquanto das vacinas pouco era exigido. Ficou claro que estas ultimas eram ungidas com o óleo da confiança mística, o selo de “ciência” para além de qualquer prova que porventura pudessem apresentar. Basta uma simples pergunta sobre as diferenças de mortalidade por Covid 19 entre a África – pouco vacinada – e o ocidente – maciçamente vacinado – para desencadear uma série de acusações por parte daqueles que acreditam piamente na superioridade do paradigma vacinal.

Até o conceito de vacina precisou ser modificado para que estas drogas fossem utilizadas com este nome. Houve uma campanha gigantesca em seu favor e, tanto aqui quanto no centro do Império, políticos usaram sua posição quanto à vacinação como plataforma de discurso público. Por isso é que no Brasil e nos Estados Unidos os presidentes de extrema direita no cargo tiveram posturas que chamamos “negacionistas”, cujas ações retardaram o uso das vacinas ou dificultaram seu uso.

Esta luta acabou colocando pessoas como eu na mais incômoda das posições. Como seria adequado se posicionar diante da luta entre dois gigantes por quem se tem profunda contrariedade? De um lado governos de direita, abusivos, misóginos, lgbtfóbicos, anti imigrantes, liberais na economia, conservadores nos costumes, destruidores do Estado e machistas. Entretanto, do outro lado se encontra a indústria mais poderosa e antiética do planeta, que obtém lucros através do adoecimento da população, envolvida em escândalos de toda ordem, de falsificações, negligência, conspirações, golpes de Estado, mentiras e até assassinatos. Peter Gotzsche (Medicamentos Mortais e Crime Organizado) e Márcia Angell (A Verdade sobre os Laboratórios Farmacêuticos) em seus livros nos oferecem uma imagem bem clara – apesar de incompleta – da capacidade destrutiva desse empreendimento. Em ambas as pontas dessa disputa eu via a mão suja do capitalismo manipulando corações e mentes.

A indústria farmacêutica é um lobo de Wall Street disfarçado de ciência salvadora e de tecnologia redentora – que pretende nos salvar dos desastres e da dor através de suas drogas mágicas. Por outro lado, nós não passamos de ovelhas de um grande rebanho, ou, se quiserem uma imagem mais frugal, somos os habitantes de uma pequena aldeia gaulesa, ávidos pela poção do mago Panoramix, que poderá nos salvar do ataque das hostes de César.

Para quem acha essa minha visão da indústria farmacêutica muito dura e inexorável recomendo que assistam à série “Dopesick”. Em Dopesick (dope = dopado, sick = doente), Michael Keaton (ex Batman) interpreta Samuel Finnix, um dedicado médico que percebe entre seus clientes no consultório um aumento (até então) inexplicável de casos de viciados em medicamentos opioides (drogas com efeitos estupefacientes como o ópio), especialmente entre os trabalhadores de minas. Por certo que, quanto mais acidentes de trabalho maior seria a necessidade de tratar as dores que causavam. Nada melhor do que o trabalho insano e insalubre nas minas para deflagrar este drama.

A descoberta de Finnix* já estava também sendo investigada pelos promotores federais e da Drug Enforcement Agency (DEA), que se empenharam em uma investigação para descobrir a correlação dos fatos. Depois de intensa busca encontraram uma gigantesca conspiração na Purdue Pharma, um poderoso grupo farmacêutico. Todos os fatos apresentados na série são baseados na realidade.

Por trás de uma das piores epidemias nos Estados Unidos, que mata mais de 100 mil pessoas por ano (!!!), está uma gigantesca empresa de drogas que a patrocina. Esta série desvela o que outros filmes, como “O Fiel Jardineiro” e “Eu sou a Lenda” (onde a epidemia que destrói os humanos vem de uma vacina contra o câncer) já tentavam nos alertar: o poder da indústria de medicamentos não pode existir sem o contraponto de uma ciência isenta, controlada pelo Estado democrático, que precisa atuar sem a influência e a interferência do capital e de quem o controla. Claro que a série vai explorar o submundo fétido das corporações, mas será incapaz de colocar o dedo na ferida que está por trás do surgimento desses males: o capitalismo, o lucro imoral e a sociedade de classes.

Atrás dessas crises encontraremos sempre o capitalismo e seus tentáculos, mas sua evidente degradação vai trazer ainda outras tragédias iguais a esta dos “medicamentos viciantes”, o qual destrói as entranhas do pais mais poderoso do planeta. Todavia, a ideia de que perguntas inconvenientes sobre “tabus médicos” (como as vacinas ou medicamentos) não podem ser feitas é uma mancha no próprio conceito e na confiabilidade da ciência, que deveria se basear na dúvida sistemática e constante, na desconfiança, no falsificacionismo, na busca por provas e jamais nas certezas e nos lucros – muito mais afeitos às instituições religiosas.

* Só eu acho que o nome do personagem “Finnix” refere-se a “Phoenix”, ou Fênix, a mitológica ave grega que, quando morria, entrava em autocombustão e, passado algum tempo, ressurgia das próprias cinzas? Não seria o personagem do filme um médico que desperta para o absurdo da medicina atrelada ao capitalismo depois de ter toda a sua formação “queimada” pelo reinado das drogas, condicionado-o a ser um mero “despachante de medicamentos”, comandado pelos finos cordéis que nos atam aos “senhores da doença”? Ok, talvez esta seja apenas a minha particular visão sobre o tema….

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Tchutchuca

Para mim, conforme já disse em outras oportunidades, o grande erro – que a própria imprensa ratifica de forma sistemática – é considerar o CFM como um órgão preocupado com a saúde da população ou com a cura de doenças. Isto é um equívoco. O CFM se preocupa com os médicos – seu valor social e sua importância – a Medicina e seu significado na cultura. NÃO É função do CFM proteger pacientes. Para isso outras instâncias precisam ser criadas. Sugiro a “Ordem dos Pacientes”.

É evidente a impropriedade de misturar saúde e lucros, e o absurdo de ainda termos sistemas de saúde e profissionais que lucram com a doença e/ou com a piora dos pacientes. Por outro lado, muitos ainda continuam acreditando que o CFM tem alguma responsabilidade com a saúde das pessoas ou mesmo com a boa prática médica. Não!!! Estes órgãos existem para proteger os médicos e a Medicina – os quais realmente precisam ser protegidos. Uma sociedade que não protege médicos e profissionais da saúde que atuam na fronteira entre morte e vida produz caos e ações defensivas. Todavia, cobrar dessa instituição que zele pela saúde dos pacientes é um erro que precisamos corrigir com a criação de uma CFP – Conselho Federal de Pacientes, órgão responsável para defender os pacientes contra práticas anacrônicas e prejudiciais, como o abuso de cesarianas, kristeller, episiotomias, circuncisão ritualística e outras práticas sem evidências em todas as áreas da medicina.

Limpar a barra da categoria vai levar muitos anos, porque o problema não é de agora. O que testemunhamos nesse momento é o problema escancarado; porém os médicos assumiram uma postura reacionária e contrária aos interesses nacionais desde a eleição do segundo mandato de Dilma. Foram os médicos que tomaram a frente dos ataques misóginos a ela. Estavam lá debochando do AVC de dona Marisa ou na morte do neto de Lula. Foram os médicos que se recusaram a atender crianças (!!!) filhos de pais de esquerda. Colaboraram com a desestabilização. Atuaram como frente de ataque ao PT assumindo como fala principal os discursos de extrema direita.

O CFM está lotado de bolsonaristas da pior espécie. O episódio da pandemia é apenas o coroamento de uma postura anti-SUS, antipovo, aristocrática, arrogante e perniciosa para a saúde da população. A solução para a Medicina só vai ocorrer quando houver uma transformação radical no sistema de ingresso, impedindo que ocorra o sequestro de uma profissão pelos filhos da classe abastada, que pouco entende e quase nada conhece da realidade da saúde brasileira. Infelizmente a Medicina brasileira é arrogante, alienada e autocentrada. Os professores são aristocratas sem vinculação com as populações marginalizadas.

Sei que é uma generalização e que existem exceções importantes e atuantes, mas são minoritárias. A face da medicina brasileira não é boa, e isso ficou muito claro com a deplorável atuação do CFM no desenrolar da crise sanitária.

Esse mesmo CFM que ataca médicos humanistas e promove perseguições covardes a eles e à enfermagem, é a instituição que jamais mexeu um dedo para questionar os médicos que promovem abusos de cesarianas. Já parou para pensar a razão dessa dupla moral? Ora… o CFM só ataca quem ameaça a supremacia médica ao questionar suas ferramentas de intervenção. Jamais quem as usa de forma abusiva e perigosa, colocando em risco a integridade de pacientes.

Ou, como se diz no popular…“Feroz com humanistas, tchutchuca com cesaristas”.

Veja mais aqui na matéria do El País

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Sommelier de Vacina

Por que nos ensinam a ler o rótulo da margarina e aprender sobre os tóxicos contidos nos alimentos embutidos mas passou a ser CRIME e ato de estupidez questionar-se sobre os elementos constitutivos de uma vacina? E veja: criticar as vacinas – produtos das indústrias mais criminosas do planeta – passou a ser visto como negacionismo. Fazer PERGUNTAS passou a ser um ato terrorista. No mundo inteiro milhares de pessoas relatam transtornos graves em relação ao uso de vacinas, pessoas estas absolutamente hígidas previamente ao seu uso. Por que seria inadequado questionar-se sobre isso?

Muitos dirão que essas fatalidades são matematicamente irrelevantes diante dos benefícios possíveis da vacina. Seria assim como os riscos normais da vida: andar de carro, de avião, atravessar uma rua, etc. Pode ser verdade, mas o que é questionável é a propaganda que tenta silenciar qualquer grupo ou pesquisador que pretenda investigar a fundo a efetividade e a segurança de tais drogas. Isso pode ser qualquer coisa, menos ciência.

Minha postura sempre foi claramente crítica à indústria farmacêutica. Sigo a linha de grandes personalidades como Marcia Angell e Peter Gotzsche que denunciam estas indústrias como “máfias” e “indústrias da morte”. Não tenho uma posição antivacinista (aliás, até já me vacinei), mas exijo que os mesmos critérios de segurança e efetividade que foram usados para riscar do “mapa da boa conduta” drogas como Hidroxicloroquina e Ivermectina (até aqui consideradas ineficazes por diversas instituições importantes) sejam utilizados para avaliar a segurança e a efetividade de drogas usadas em pessoas sãs – como são as vacinas aplicadas nessas epidemia.

Percebam que as tecnologias usadas nas distintas vacinas são completamente diferentes entre si, e por isso mesmo as pessoas PRECISAM ser informadas dos riscos e benefício que a ciência produziu sobre qualquer uma delas. Não é pedagógico tratar os pacientes como “Sommelier de vacina” apenas porque – finalmente!!! – resolveram tomar para si mesmos a conduta de avaliar prós e contras de cada uma das medicações a eles oferecidas.

Chamamos por acaso as gestantes de “Sommelier de Parto” quando elas e seus companheiros decidem – baseados em suas crenças e valores – escolher o tipo de parto que mais se adapta às suas crenças e visões de mundo? Tratamos de maneira jocosa as pessoas que escolhem um estilo de vida mais natural no campo e próximos à natureza como “Sommelier de Oxigênio”?

Então é hora de pararmos com as críticas ao protagonismo das pessoas em relação à sua própria saúde e faz-se necessário que sejamos mais conscientes da propaganda que se espalha descaradamente pelas empresas farmacêuticas, ávidas para que tenhamos uma fé cega e acrítica em seus produtos.

Talidomida e Vioxx mandam lembranças.

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Dom Quixote

Acho que, no lado das esquerdas, serei sempre visto como um Dom Quixote por não me furtar de fazer duros questionamentos à Big Pharma. Todavia, hoje em dia parece obrigatório ao campo democrático e progressista vestir a camiseta das vacinas, e qualquer crítica mais séria sobre este tema é vista como uma “traição”.

Tudo isso porque o tema “vacinas” se tornou um tabu alicerçado no desespero das pessoas diante do inimigo invisível – mas com resultados dramáticos e visíveis. Com isso se permitem inúmeros deslizes éticos (vide fundação Gates em África) com a desculpa de que os fins (salvar a humanidade) justificam os meios (abusos, coerções, danos irreversíveis, mortes, etc).

Pior…. tudo isso ocorre sob o rótulo de “Ciência”, como se a ciência fosse uma entidade mítica e monolítica, e não uma medusa com milhares de cabeças, cada uma delas com suas pesquisas conflitantes e contraditórias. E isso que não estamos citando a corrupção evidente na ciência inserida no capitalismo, que faz com que o pesquisador Peter Gotzsche (Fundador da Cochrane Library) não tenha pruridos para chamar a indústria farmacêutica de “Máfia” e Márcia Angel (editora durante duas décadas do New England Journal of Medicine) se permita dizer que é impossível acreditar em estudos e pesquisas contemporâneas.

Mas… questionar – a ética, os custos, a segurança, a aplicabilidade, a eficácia, etc – das vacinas ainda é tratado como bolsonarismo e terraplanismo. Na verdade esta postura não passa da aplicação de um dos princípios mais importantes da ciência: o saudável ceticismo. Aliás, o mesmo que nos fez desconfiar da Cloroquina como “bala de prata” e panaceia universal.

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Ainda cloroquina

Não creio em razões políticas para a manutenção da Cloroquina como opção para a pandemia, mesmo após as repetidas informações sobre sua inefetividade, partindo de organizações de saúde e de governos. Creio que o buraco é outro.

As verdadeiras razões jazem nas profundezas do inconsciente e são derivadas da pressão do “imperativo tecnológico” sobre as ações médicas. Existe uma pressão positiva sobre a ação dos profissionais da Medicina, uma expectativa de “algo a ser feito”. Não se admite que alguém com essa responsabilidade social – como o médico – não aja positivamente, ativamente. Essa é uma lei não escrita que regula a medicina.

Se uma pessoa morre de Covid SEM o uso de Cloroquina a família, os colegas e até a opinião pública (mídia) podem acusar o profissional de negligência, por não usar algo que “muitos outros dizem salvar vidas”. Por outro lado, se o sujeito morre de Covid tendo usado a Cloroquina – mesmo que a morte tenha ocorrido pelos seus efeitos tóxicos (!!!!) – ainda restará ao profissional dizer “fizemos tudo ao nosso alcance”. É raro um médico ser acusado por ter FEITO algo, e o comum é o acusarem por NÃO ter feito o que se supõe deveria fazer.

Ciência e evidências científicas desempenham um papel pouco expressivo nas escolhas médicas. Elas são majoritariamente tomadas por pressões de ordem subliminar. Médicos prezam seus empregos, sua qualidade de vida e seu status – como qualquer outra profissão. Enfrentar as acusações em nome do rigor científico e de suas convicções é raríssimo. Se as evidências e estudos sistemáticos REALMENTE guiassem o proceder médico a medicina desta forma empregada seria absolutamente irreconhecível.

Alguns meses depois de formado encontrei colegas de residência que me diziam: “Essa história de parto normal é muito bonita, mas não funciona no mundo real. Na cidade do interior onde trabalho as mulheres chiques (esposas da elite interiorana) marcam cesariana. Se eu negar serei mal falado na cidade, e vão espalhar que ‘não sei operar’. Se eu tentar esclarecer serei chamado de ‘Joãozinho-do-passo-certo’. Todavia, se eu ceder e operar sem justificativa serei abraçado, reconhecido, bem pago, elogiado e jamais serei questionado. Só um maluco suicida faria uma opção diferente desta última.”

Nas escolhas deste colega, onde está a ciência? Mas, quem pode dizer que esta escolha é irracional? Pode ser equivocada e cínica, mas quem a toma tem suas razões.

Médicos são guiados pela mão invisível da cultura. São produzidos pelo cadinho de valores que nela transitam. São PRODUTOS culturais, assim como a medicina que praticam. Aqueles que ousam questionar os pilares sobre os quais se assenta esta prática vão receber a resposta dura e inexorável dos representantes do modelo hegemônico. Não há mudança sem luta – e sem mártires.

Não se trata de culpar as ações de médicos que – por medo ou oportunismo – mantém os modelos intocados, mesmo quando claramente insensatos e sem base científica. Mais importante é mudar a cultura através da educação. Um povo educado produz médicos menos agressivos e mais seguros. Houvesse mais educação para todos sobre ciência e a discussão sobre a Cloroquina teria uma face muito mais racional e simples.

É o nosso atraso que mantém o debate em bases tão primitivas.

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Prince Charming

The search for chloroquine, ivermectin and now dexamethasone bears a resemblance to the search for love in a man or woman, an ideal of happiness that depends in someone to complete us and offer what we lack. In all cases the answer is always out there, in something that will rescue us from loneliness, degeneration and death. Exogenous healing has never gone out of style. Prince Charming never stopped visiting our dreams.


“A busca pela cloroquina, ivermectina e agora a dexametasona guarda uma semelhança com a busca do amor em um homem ou a mulher, um ideal de felicidade e em alguém a nos completar e oferecer o que nos falta. Em todos os casos a resposta está sempre lá fora, em algo que vai nos resgatar da solidão, da degeneração e da morte. A cura exógena nunca saiu de moda. O Príncipe Encantado jamais deixou de visitar nossos sonhos.”

Patricia Highsmith, Punxsutawney Chronicles, june 12th,

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Cloroquina, a droga da direita

Entrei em uma conversa numa página que criticava o uso da Cloroquina com a tese de que não há evidências de que esta droga produza benefícios, além de existirem suspeitas fortes de que seus efeitos colaterais suplantariam seus possíveis efeitos benéficos. Nada a discordar deste tipo de postura, por certo.

Resolvi, entretanto, responder dizendo que o mesmo comportamento de desconfiança com a Cloroquina deveria nos nortear em relação às vacinas – que estão sendo produzidas às pressas, nas coxas, e sem qualquer garantia de eficácia “in vivo” ou de que seus efeitos colaterais suplantam seus possíveis benefícios. Para mim é fundamental cultivar a coerência diante destas soluções exógenas criadas para tratar um desequilíbrio que – ao meu ver – tem relação com nossa ação destrutiva com o meio ambiente.

Sem surpresa fui atacado por pessoas desta página porque (ahhh, a velha falta de interpretação de texto!!) acreditaram que meu comportamento cioso com relação às vacinas (que estão para ser colocadas no mercado a “toque de caixa”), significava uma defesa da Cloroquina. Em verdade, era apenas um pedido de coerência. Se ainda guardamos na memória os desastres que já aconteceram com o uso insensato de drogas, deveríamos multiplicar nosso cuidado com uma vacina sem garantias. Não esqueçam da Talidomina, dietilbestrol, Vioxx, Rx na gestação, etc…

Porém, o que mais me chama a atenção nessas manifestações é a equação simplificadora presente nas mentes mais ingênuas. Para estes – que são até da esquerda!!! – a Cloroquina é uma droga de “direita”, pois o Bolsonaro e o Trump a defendem (ok, esquecem que Maduro, o cruel comunista, também). Por seu turno, as vacinas são de “esquerda”, porque são feitas por “cientistas”, que usam a ciência como ferramenta, sendo esta filha da razão, que é claramente de “esquerda”, em contraposição ao “misticismo” e ao “obscurantismo” que são de “direita”.

Se é importante combater a chaga do negacionismo – na história, na política e nas ciências – também é essencial entender como esta colocação de antípodas é absurda. A ciência NÃO é de esquerda, e nem de direita. Ela é apenas uma ferramenta para solucionar problemas. As vacinas, por exemplo, são medicamentos produzidos pelas indústrias mais poderosas do mundo capitalista, tanto do ponto de vista do imaginário popular quanto dos poderes sobre os governos. Achar que as vacinas – ou qualquer outra droga – representam a “Ciência” é uma conclusão tosca, em especial num planeta em que o sistema capitalista é dominante. Vacinas são drogas como quaisquer outras e sobre elas devemos ter a mesma exigência de segurança e eficácia.

A retórica das esquerdas precisa se aprimorar. A Cloroquina não é uma droga do “mal”, ou “conservadora”. Ela apenas é inútil para o uso nesta pandemia, pelo menos até onde os estudos recentes comprovam – o que pode até mudar. Para as vacinas, o mesmo raciocínio isento e equilibrado deve ser utilizado: tudo bem, desde que sejam adequadamente testadas e comprovadamente eficientes para oferecer proteção à população (tarefa que dura muitos anos para se alcançar), mas enquanto isso teremos apenas um remédio “mágico”, sem comprovação – como a Cloroquina.

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