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Lacre

Testemunhamos nos últimos tempos que a política virou guerra de lacração, e que a verdade não é mais medida pela comprovação dos fatos ou pela capacidade de previsão dos fenômenos, mas por qualquer manifestação que possa produzir inúmeros likes e visualizações – ou pelo menos maior do que aquelas do adversário. Acima de tudo, está cada vez mais claro que a verdade é insuficiente como ferramenta de combate. Quem pensa o contrário disso adota o que alguns pensadores chamam de “supremacismo da razão“: a ideia de que uma postura racional é superior e capaz de dar conta das mentiras que se ocupa em atacar. Reconhecer os limites da verdade não significa unir-se aos inimigos na produção de mentiras, farsas, ciladas ou versões adulteradas de fatos históricos, mas entender que apenas desmentir tais narrativas fraudulentas não basta para produzir convencimento.

Essa é a verdade; somos seres apenas superficialmente racionais. Nossa razão é uma fina e diáfana película a cobrir as ancestrais camadas de crenças e temores que nos constituem. A verdade, por si só, não consegue dar conta das emoções que sustentam nossas convicções mais profundas. Por isso, mesmo que hoje em dia seja fácil e rápido o acesso a verdades bem estabelecidas – como a esfericidade do globo onde vivemos – existem aqueles que acreditam em perspectivas mais fáceis para a tradução do mundo. A razão para isso é que estas perspectivas irracionais nos oferecem atalhos entre a realidade aparente e sua estrutura última, sem que seja necessário o entendimento dos intrincados caminhos que os unem. Entretanto, como diria Karl Marx: “se a aparência e a essência das coisas coincidissem, a ciência seria desnecessária”. É muito mais fácil acreditar que o político com o qual não simpatizamos é um ladrão do que tentar entender a intrincada rede de pressões e concessões às quais eles são submetidos.

Portanto, não basta atingir a racionalidade dos sujeitos sociais e contrapor a onda de mentiras com as versões lógicas e verdadeiras; também não basta desmascarar as falsidades e fake news com torrentes de acertos; é preciso tocar as emoções, a alma, os sentimentos, pois que estes são muito mais intensos e calorosos do que a frieza do real. Mais do que uma batalha por likes, “humilhações” e “atropelamentos” virtuais, é preciso falar a linguagem do povo, de suas necessidades, com a sua língua, com seus trejeitos e sotaques, direcionando nosso discurso para dar conta de suas específicas percepções. Por esta razão eu não assisto às mentiras que chegam de um lado, mas também não me entusiasmo com o contraponto oferecido pelo nosso campo, porque sei que estas manifestações apenas convertem os já convertidos. Essa guerra em nada nos ajuda: para avançar precisamos bem mais do que isso.

Não consigo imaginar um único fascista que tenha mudado de opinião após escutar os argumentos que apresentam a verdade dos fatos. Ninguém. Esse discurso converte quem já se converteu, mas é incapaz de mudar, através da razão, crenças adquiridas fora dela. Ou seja; não é possível mudar uma visão irracional usando argumentos racionais. A esquerda deveria parar de acreditar na ilusão de que “lacração de redes sociais” é capaz de produzir efeitos práticos na realidade.

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Farsas

Ainda ontem escutei um jornalista da extrema-direita usar o termo “Lulopetismo”, tentando criar a ideia que o Partido dos Trabalhadores é uma espécie de seita centrada na figura de um “líder supremo”, cujas determinações precisam ser obedecidas cegamente, sob pena de o rebelde ser arrebatado por um míssil caso não obedeça, como aquelas fake news da Coreia Popular. Do mesmo jornalista ainda há algum tempo o escutei citando o “Decálogo de Lenin“, como se essa farsa, criada para atacar a experiência comunista durante a Guerra Fria, fosse uma verdade insofismável.

Ora, o “Decálogo de Lenin” é apenas uma “fake news” que todo fascista iletrado e ignorante repete por não ter senso crítico. Sempre vem da mesma turma que dissemina mentiras pela incapacidade de avaliar as fontes, gente de mentalidade rasteira e de formação miserável. A ideia é inserir falsidades no discurso cotidiano de forma persistente e constante até o ponto em que ninguém terá parâmetro algum para distinguir as verdades das mentiras. Esse é o projeto dos fascistas: mentir com tamanha desfaçatez até que seja impossível se orientar entre tantas farsas.

Voltando ao “lulopetismo”, tenho dificuldade de entender o que realmente querem dizer com esse termo. Por acaso se referem aquele grupo que rouba joias, Rolex e faz rachadinhas? Por acaso se referem àquela família que adquiriu 51 apartamentos com dinheiro vivo e tem uma horda de desajustados, abusadores, pervertidos e milicianos lhe seguindo? Esse é o movimento cujo líder está sendo acusado de ser ladrão e roubar o patrimônio público, aceitando supostas propinas de ditadores árabes para vender refinarias? É esse grupo que o jornalista está se referindo?

Quanto a Lula, ele é um presidente de centro-esquerda que está bastante distante da minha perspectiva socialista, ou mesmo dos sonhos daqueles que desejam a derrubada do capitalismo para a evolução social. Apesar disso, ele é um dos maiores líderes populares do ocidente, e suas dificuldades atuais são decorrentes de ter encontrado em seu terceiro mandato um país destruído por 6 anos de desmonte da máquina pública, de neoliberalismo, de privatizações criminosas e da volta da fome. Sobre o presidente Lula há que se aclarar algumas questões:

1- Lula foi julgado por um juiz corrupto. Ponto. Ninguém pode ser julgado por um judiciário corrompido e que tem lado. Quando digo “ninguém” isso significa Lula, Bolsonaro, eu e qualquer cidadão. Um judiciário imparcial é a base do Estado Democrático de Direito; sem isso é vale-tudo. Por isso acreditamos que até Bolsonaro precisa ser julgado da forma mais isenta possível, pois a injustiça a qual Lula foi submetido nenhum cidadão deveria sofrer.

2- O presidente Lula jamais se apossou ilegalmente de bens públicos. Quem achar o contrário que mostre o número do processo e a sentença condenatória transitada em julgado

3- Lula não foi condenado em todas as instâncias. Pelo contrário; foi absolvido em todos os processos contra ele, seja por falta de provas ou por atitudes corruptas dos julgadores. Tenham em mente que os próprios desembargadores do TRF4 foram afastados por condutas suspeitas, as sentenças em que estiveram envolvidos foram anuladas e que o chefe da quadrilha – ex-juiz Moro – está sendo processado por corrupção. Só oportunistas e desonestos ainda falam em “sítio de Atibaia” ou “Tríplex”, ambos já vendidos pelos seus legítimos donos. Pior ainda é ver que essas mesmas pessoas que falam estas mentiras fazem vista grossa para os mais de 50 imóveis comprados com dinheiro vivo por Bolsonaro sem que ele tivesse renda comprovada para realizar tais transações.

4- Os dirigentes do PT foram absolvidos e/ou tiveram suas penas extintas. Cito em especial Zé Dirceu e José Genoíno, mas também Delúbio Soares. Foram presos por “law fare”, corrupção judiciária, e hoje são ficha limpa. Portanto, a ideia de que “a cúpula do PT está presa“, é falsa.

5- Lula é o maior líder do sul global, ao lado de Xi Jinping e Wladimir Putin. É aclamado em todos os lugares que vai. Nunca roubou nada deste país, ao contrário de Bolsonaro que desviou recursos públicos para sua campanha, roubou joias, falsificou documentos e tinha uma minuta de golpe em seu escritório. O “mito” é o sujeito que os fascistas brasileiros aplaudem, seguem e admiram: um canalha e escroque. Enquanto isso, Lula em menos de 2 anos projeta colocar de novo o Brasil como 6a economia mundial até o final do mandato, tirando nosso país do 12o lugar colocado pela dupla de golpistas Temer/Bolsonaro.

6- Ao contrário do que se diz de Lula, as provas contra Bolsonaro são abundantes e seus crimes são claros e insofismáveis, comprovados por evidências materiais, e não por delações feitas por pessoas sob tortura – como as de Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que depois escreveu uma carta retirando todas as inverdades que disse. Contra Bolsonaro as delações servem apenas para confirmar o que as provas já deixam muito claro: roubou joias, recebeu propina para vender estatais, falsificou documentos, aplicava rachadinhas em seu gabinete por 30 anos e sua atual esposa o acompanha nos desmandos através do seu cartão corporativo.

Não há como colocar Bolsonaro e Lula lado a lado, como se tivessem a mesma estatura. Um deles é um sujeito que presta continência à bandeira americana e diz “eu te amo” ao presidente Trump. O outro é o maior líder dos países em desenvolvimento, a grande esperança dos povos do sul global. Por mais que os comunistas reconheçam as limitações de Lula como líder de um país controlado pela democracia liberal, ainda assim ele é, no momento, o melhor caminho para a luta de classes.

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Islamofobia

Resolvi escrever sobre o tema porque vejo o trabalho intenso das identitárias atacando o Irã e fazendo o serviço sujo do imperialismo, o que vem ocorrendo com muita frequência na Internet. Para isso usam fotos retiradas de contexto para disseminar falsidades contra o islamismo, tratando-o como uma “religião do mal”, selvagem, brutal e ofensiva às mulheres. Fazem isso agora, ora atacando árabes, ora ofendendo os persas. Aliás, para estas ativistas, é tudo a mesma coisa.

A foto de cima foi postada em vários sites dizendo se tratar de casamentos em grupo de crianças no Irã. Quem postou foi uma mulher que se diz de esquerda, afirmando que estes países são criminosos e protegem a pedofilia. Quando analisamos a foto e buscamos sua origem (por busca reversa) percebemos que não é no Irã, mas em Gaza e sequer é recente: é uma foto de 2009. E não são noivas na imagem, mas “damas de honra”, um costume milenar que também ocorre no ocidente. São meninas vestidas com o mesmo estilo das noivas para simbolizar a função precípua das mulheres – do presente e do futuro – como guardiãs da vida.

Por certo que esta visão da mulher na sociedade pode ser questionada. Nada nos impede de analisar criticamente costumes sedimentados. Cerimônias, costumes e mitos são transitórios nas culturas; eles refletem os valores sociais e os disseminam. A própria cerimônia de casamento é um reforço dos valores patriarcais, uma celebração da mulher como elemento central da sociedade. No ritual do casamento ela é o centro das atenções e das homenagens, sendo o marido sempre um personagem secundário. Entretanto, ali se estabelece um compromisso deste com aquela, o que forma a base do patriarcado.

Hoje os casamentos são bem diferentes daqueles do início do século passado e antes. Os casais são muito mais velhos, a cerimônia mais curta, a pergunta infame “se alguém souber de algo…” desapareceu e os vestidos são muito mais diversificados. Essas diferenças refletem a mudança de valores: a virgindade não é mais tabu, a submissão da mulher não é explícita, os casais tem múltiplas obrigações, os compromissos e responsabilidades são mais bem divididos, etc.

Todo mundo tem uma antepassada que pariu antes dos 15 anos. Para populações envolvidas em mortes precoces, pestes, guerras e fome não havia como esperar muito; este era um imperativo social, e assim o foi por milênios. O adequado entendimento dos significados e importância da infância nos mostrou que adentrar na maternidade com tão pouca idade era um prejuízo terrível e irrecuperável, em especial para as meninas. Com o tempo fomos abolindo essa prática, até os dias de hoje onde este costume se tornou proibido e até criminalizado.

Os países árabes e os persas também tem essa consciência, apesar de muito dos valores patriarcais mais ultrapassados ainda existirem por lá. Hoje não há como defender a prática de casamentos que envolvem menores de idade, e essa prática precisa ser combatida no mundo todo através da conscientização e da educação. Entretanto, o número de casos de gestação na adolescência no Brasil e nos Estados Unidos (e em todo o ocidente) mostra que este não é um problema exclusivo do Oriente e da Ásia. Nos Estados Unidos, como exemplo, 300 mil crianças menores de idade se casaram entre os anos 2000 e 2018, a maioria delas consistindo de meninas menores de idade casando com homens adultos.

De acordo com a organização Girls not Brides, mais de 2,2 milhões de menores de idade são casadas no Brasil ou vivem numa união estável – cerca de 36% da população feminina brasileira menor de 18 anos. O Brasil é o quinto país do mundo em números absolutos de casamento infantil. Na América Latina, o México fica em segundo lugar, com 1,42 milhão de meninas menores de 18 anos casadas ou vivendo em união estável. Essa situação atinge 26% da população feminina mexicana menor de idade.” (veja mais aqui)

A imagem da festa em Gaza mostra apenas uma cerimônia com meninas fazendo o papel de acompanhantes das noivas, mas o identitarismo busca nesta imagem tratar o Oriente como um lugar onde o abuso é exaltado. Essas imagens são maldosas e oportunistas e seriam tão mentirosas quanto as imagens aqui ao lado, se fossem apresentadas no Irã como o “casamento de crianças no Brasil”, sem apresentar o contexto da cerimônia, onde as crianças ocidentais são apenas “aias” e estão fazendo o mesmo papel das meninas em Gaza. Sobre a foto na Palestina, resta a explicação de quem organizou o casamento coletivo:

“Ahmed Jarbour, o oficial do Hamas em Gaza responsável pela realização da atividade, disse à WND que a garota mais nova a se casar na cerimônia tinha 16 anos. Disse também que a maioria das noivas eram maiores de 18 anos de idade. Jarbour, assim como dois outros oficiais de alto escalão contatados pela WND, se sentiu ofendido pela sugestão de que o Hamas estava financiando o casamento de crianças. Ele explicou que as menores vistas faziam parte da família do noivo ou da noiva. Ele disse que se trata de uma tradição as menores se vestirem de vestidos semelhantes aos das noivas. Disse que as meninas que aparecem no vídeo descendo um corredor com os noivos são membros da família do noivo ou da noiva. Em múltiplas ligações realizadas para os palestinos que participaram do casamento os mesmos afirmaram que as garotinhas não eram elas mesmas as noivas. O Hamas, entretanto, celebrou o casamento como uma vitória. “Nós estamos dizendo ao mundo e à América que eles não podem nos negar a alegria e a felicidade”, Mahmoud al-Zahar, Chefe do Hamas em Gaza, disse aos noivos no evento.”

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Imprensa e Guerra

Se é possível defender cinicamente a morte de crianças, velhos e mulheres e o bombardeio indiscriminado de zonas residenciais, de hospitais, de ambulâncias e de campos de refugiados, então é possível aceitar qualquer coisa em nome das ideias fascistas e supremacistas que comandam Israel. Se a imprensa contemporânea consegue justificar este tipo de barbárie fica fácil compreender como foi possível, há menos de 100 anos, encher vagões de trem com judeus, ciganos e comunistas e colocar em prática a “solução final” . Quando vejo jornalistas levando adiante a tese de que os “terroristas” (leia-se, a Resistência à ocupação bárbara, cruel e desumana) se escondem nos hospitais e, por isso, torna-se justo bombardeá-los, matando pacientes que lá procuram ajuda e funcionários que heroicamente se dedicam a ajudá-los, um pouco da minha fé na verdade se apaga.

Quando dizem que um telefonema com poucos minutos de antecedência por parte das autoridades militares israelenses avisando que um bairro inteiro virá abaixo é prova de “respeito à população civil”, isso me faz acreditar que a imprensa burguesa não tem pudor algum em contar qualquer mentira, torturando os fatos até que as ações mais desumanas e covardes pareçam justas. Quando o próprio governo sionista divulga mentiras como “corpos carbonizados” falsos, bebês decapitados inexistentes, estupros de mentira, fica claro que deixaram a verdade de lado há muito tempo, mas isso não significa que a imprensa deveria seguir suas falsidades. Mas como sempre, a imprensa vendida – verdadeiro lixo corporativo servindo aos interesses do imperialismo – não vai se desculpar e sequer se retratar pela torrente de imposturas que despejaram nas últimas semanas.

A verdade que resta de mais esse fiasco é de que as grandes corporações jornalísticas são a verdadeira e mais perigosa fonte de fake news. Torna-se impossível acreditar em qualquer relatório, qualquer acusação e todo tipo de comunicado; tudo que emerge das grandes empresas jornalísticas é falso, descontextualizado, inverídico, distorcido e não pode ser aceito como verdadeiro. Os crimes de Israel são tornados públicos apenas pela franja mais ética do jornalismo independente; já a imprensa corporativa – ou seja, aquela onde a notícia pode ser comprada – morreu.

Sim, nas guerras – e esta é a guerra do imperialismo contra o mundo inteiro – a primeira vítima é a verdade. Todavia, sabemos que estamos submetidos a um embate de narrativas conflitantes, onde de um lado temos um povo esmagado pela opressão que já soma mais de 7 décadas, e do outro uma potência nuclear, comandada por fascistas, levando a cabo um plano de genocídio e limpeza étnica de proporções ainda não vistas neste século e aliado a uma gigantesca máquina de informação e imprensa , a qual tenta nos convencer que o massacre de crianças, a destruição de um país, a expulsão de milhões de habitantes dos seus lares é algo justo, ético e certo. Para os sionistas a única saída permitida aos palestinos é desistir ou morrer, mas sabemos que este povo não vai desistir. A resistência popular no mundo inteiro está aumentando e, apesar dos grandes conglomerados imperialistas de comunicação, a guerra da opinião pública está sendo vencida pelos palestinos.

Fosse há 80 anos e esta mesma imprensa burguesa estaria defendendo as câmaras de gás; fosse há dois mil anos e estaria achando correta a crucificação de alguém por suas ideias de liberdade. Alguns de nós estariam aplaudindo a barbárie e a injustiça; muitos estariam convenientemente lavando as mãos. Entretanto, tão logo as contradições ficassem evidentes, outros entenderiam que a luta pela libertação de um povo demanda luta, resiliência e coragem. Esses, em qualquer momento da história, são os imprescindíveis.

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Fake News

A chuva de fake News não para…. mas isso sinaliza o pânico das hostes bolsonaristas. Sabe o que é isso? Quando não há argumentos para atacar alguém a gente cria um espantalho, um inimigo falso, fajuto, fantasioso, criado à nossa própria semelhança, para que possa ser atacado com mais facilidade. Na falta de algo concreto para atacar sua honra e religiosidade, vamos inventar um Lula o mais parecido possível com… o próprio Bolsonaro.

Respondam: foi o Lula que planejou comer carne humana? Foi o Lula que admitiu zoofilia? Foi o Lula que tinha “apartamento pra comer gente”? Foi o Lula que assumir ter determinado à esposa abortar o 04 – Renan Gamer lobista? Foi o Lula que mediu negros em arrobas? Foi o Lula que disse que precisavam matar 30 mil – inocentes, inclusive? Foi Lula que declarou “sonegar tudo que pode”? Foi o Lula que disse preferir um filho morto a um filho gay? Foi o Lula que disse que espancar criança – dar um couro – conserta sua orientação sexual? Foi o Lula que disse que seus filhos eram educados e não namorariam uma negra? Foi o Lula que chamou a própria filha de “fraquejada”?

Foi o ex-presidente Lula quem comprou 107 imóveis, 51 deles em dinheiro vivo?

E vocês acham Bolsonaro …. cristão????

A gente não precisa espantalho; basta mostrar o que o próprio Bolsonaro declara.

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Censura

Hoje, assistindo o noticiário, escutei de um jornalista de esquerda a ideia de que a liberdade o autoriza pensar, “mas não pode externar“. Ufa… quer dizer que ter pensamentos livres ainda é permitido?? Sim, mas falar o que pensa é “crime de opinião”, por certo…

É esse o pensamento de esquerda? É assim que defendemos a ampla liberdade de expressão? Quem arbitra o que pode ou não ser dito? O Ministro colocado no cargo pelo golpista Temer????

Quando o cortador de pé de maconha voltar suas baterias contra a liberdade de imprensa e contra as esquerdas será que esses liberais de esquerda vão continuar a exaltar o careca dessa forma subserviente e genuflexa como o fazem agora? O PCO é um partido pequeno e foi covardemente atacado pelo ditador de toga, mas nessa ocasião poucos reclamaram. Rui Costa Pimenta foi censurado “preventivamente” em vários canais pelo crime de acertar em quase tudo. O Brasil 247 teve centenas de vídeos censurados, mas afinal foi para combater “fake news”, certo?

Quando os ataques forem contra o governo Lula quem estará a postos para defender a liberdade de expressão? Preciso citar o pastor luterano Martin Niemöller mais uma vez aqui? “Quando os nazistas vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas…” etc.

Pois eu já sei quem estará na defesa da liberdade irrestrita de expressão: o PCO – combatente da primeira hora – mas terá ao seu lado não o conjunto de partidos à esquerda do espectro político, mas a direita mais fascista que temos, porque a esquerda de hoje se junta aos reacionários do judiciário em nome da luta contra o Bolsonaro, como se ele, e não o fascismo que representa, fosse o inimigo. A franja reformista liberal dos nossos dias é o maior exemplo de bundamolismo de que se tem notícia. É triste reconhecer isso quando a luta contra a censura já foi a grande bandeira na minha juventude, e agora esta turma brada aos quatro ventos “Somos contra a censura…. mas depende”.

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Marionetes

Diante da minha necessidade em treinar a escrita no idioma inglês eu costumo participar de debates no Facebook sobre assuntos variados, e minha diversão é expressar teses polêmicas em notícias de empresas de “news”, como Insider Presents, Daily Mail, Washington Post, etc.

Vendo os comentários de americanos sobre a guerra na Ucrânia eu fortaleço a minha crença de que o cidadão médio dos Estados Unidos é o grupo humano mais manipulado que existe. A visão que eles têm sobre o conflito é um retrato fiel da avalanche de fake news e visões distorcidas despejadas pelas suas empresas de comunicação. Para estes espectadores, a Ucrânia está vencendo a guerra, a Rússia sofrendo derrotas humilhantes diariamente, a guerra é uma ação honrada da Ucrânia e essa história de nazistas, batalhão Azov, Pravyy Sektor e golpe de estado “não é bem assim”, e o verdadeiro nazista é Putin, o açougueiro.

Sobre as motivações da guerra, falam quase em uníssono sobre o absurdo da Rússia invadir uma “nação soberana” mas, quando confrontados com o fato do seu país fazer isso em todo o planeta, sendo responsável pela morte de 11 milhões de pessoas nos últimos 30 anos em suas buscas por petróleo e controle geopolítico, eles afirmam que isso ocorre para derrubar genocidas sanguinários e liberar os povos oprimidos, e as mortes seriam “efeitos colaterais”, um preço pequeno a pagar para levar a democracia liberal ao mundo.

O sujeito médio americano é um marionete da mídia corporativa, condicionado a repetir tolices da TV conservadora e condenado a aceitar as ações imperialistas determinadas pelos oligarcas americanos e o estado profundo.

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Jumanji

É

curioso que, quando se trata de defender a liberdade, a extrema esquerda e a extrema direita se aproximam. Quem aceita escamotear as liberdades em nome de uma pretensa proteção de certos grupos são os direitistas e os liberais, exatamente o solo fértil que permite o identitarismo florescer.

Exemplo de proximidade das extremas: a liberdade de ser ofensivo.

Triste, mas ainda assim é muito engraçado. A esquerda liberal americana agora usa como mote para as massas: Trust science = shut up and obey.

Isto é: a direita é que se coloca como revolucionária e anti sistema, enquanto a esquerda aceita passivamente as vozes de autoridade. Não admira que esta esquerda esteja perdendo jovens para a perspectiva da direita, que oferece a oportunidade de enfrentamento – e mudança – da ordem estabelecida e com um discurso muito mais “propositivo”. A pandemia – e o medo – nos tornou acomodados, passivos espectadores da festa da BigPharma e das atitudes opressivas e autoritárias.

Eu não deveria me surpreender, mas quem está namorando com a ideia da censura agora é a esquerda. Afinal, “as fake news podem causar danos incalculáveis”. Vejo isso e sinto calafrios, e acho engraçado porque para mim é inevitável que apareçam algumas analogias assustadoras. Apelem para a memória e recordem que inúmeras histórias de aventura juvenil começam com esse “plot” – ao estilo Jumanji, A Múmia, Indiana Jones, Superman (zona fantasma!!), Jungle Cruise e uns 50 outros que me vem à lembrança.

A trama é simples: garotos de bom coração, movidos pela ingenuidade ou por pura curiosidade, abrem uma caixa, um jogo, uma porta, uma tumba, entram numa casa abandonada, esfregam uma lamparina ou qualquer outra atitude banal. Imediatamente, esta ação desperta o terrível mal que estava adormecido há séculos, às vezes milênios, que volta para espalhar horror e vingança. O resto do filme se resume à tarefa de botar o monstro de volta no lugar de onde escapou.

Colocamos a censura dentro da caixa após a ditadura brutal e assassina de 1964. Achamos que estávamos seguros e havíamos aprendido com o terror e as mortes. Pura ingenuidade. Como no filme Jumanji, a caixa agora faz “tum-tum, tum-tum, tum-tum”, batendo como um coração ansioso e apressado.

Agora, depois de uma chuva de mentiras e falsidades que mudaram o rumo das eleições aqui, nos Estados Unidos e em outros países, colocando idiotas, psicopatas e autoritários no poder, estamos de novo pensando em soltar o monstro da censura de dentro de sua cela. A justificativa é boa: não podemos permitir que “mentiras circulem livremente”. Ora… em 1964 a justificativa era a mesma, e aposto que feita de bom coração. Para eles, a “mentira do comunismo” deveria parar de transitar na mente dos jovens.

Fico com essa curiosidade: quem será a Solange Hernandez (madrinha da censura nos anos 60-70) do século XXI para decidir o que é – ou não – mentira? Quando a censura poderá ser usada? Quem serão os notáveis a decidir? Serão eleitos ou deixaremos os CEOs do Facebook escolherem por nós? Suas escolhas serão livres (ra ra ra) ou moduladas pelos interesses das empresas que os financiam? Quem controlará os “fact checkers”?

“Ah, mas agora os tempos são outros. As fake news podem matar milhares de pessoas no mundo todo”. Pois eu afirmo que a falta de debate e criminalização do contraditório, onde “verdades científicas” passam a ser tratadas como dogmas religiosos, tem a potencialidade de matar muito mais. Aceitar mordaças na área da ciência é atacar a estrutura central que a sustenta.

Nos filmes de aventura a libertação do monstro ocorre nos primeiros 10 minutos; todo o resto da película é gasto na sua difícil captura. Se aceitarmos a censura mais uma vez achando que ela vai nos ajudar, podem ter certeza que teremos de novo duas décadas tentando colocá-la de novo na prisão, de onde não deveria jamais ter saído, por melhores que sejam – ontem e hoje – as razões para soltá-la.

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