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Supremacismo

Toda vez que alguém vem me dizer que o identitarismo é algo bom, que alguém precisa “proteger mulheres, gays, negros, trans, etc”, que ele nasceu para dar voz às populações oprimidas e historicamente perseguidas e que seu objetivo é a equidade e a justiça social eu lembro que esta é a exata definição dada pelos supremacistas sionistas, ao explicar porque a violência destrutiva desproporcional no ataque aos palestinos é justa. Também os sionistas aparentemente tinham um objetivo nobre; após séculos de perseguições, expurgos e pogroms, era justo que desejassem um lugar seguro para si. O problema é que, para esta tarefa, era necessário roubar a terra onde há séculos vivia outra população, e aqueles que se opusessem a este plano. Por esta razão, ainda hoje matam de forma genocidária seus inimigos e depois exigem que seus crimes sejam vistos de forma condescendente por nós. Afinal, “depois de tudo que nos aconteceu”.

O sionismo que massacra crianças na Palestina surge exatamente desse pensamento exclusivista e supremacista. Essa perspectiva é o embrião de inúmeras tragédias como o nazismo, a KKK (Ku Kux Klan) e o sionismo, que nada mais são que o resultado direto de uma visão de mundo onde um grupo – ou uma identidade – exige ter mais direitos do que os outros grupos, seja porque são o “povo escolhido”, por ser este seu “destino manifesto” ou pelo seu sofrimento no passado. Assim floresce entre estes grupos a ideia de que as leis e regras que são aplicadas aos outros não são aplicadas a eles, por serem diferentes, especiais ou superiores, de acordo com sua própria análise. Entretanto, uma das mais importantes conquistas civilizatórias da humanidade foi a compreensão de sermos todos iguais. Assim, a lei e os juízes devem tratar a todos igualmente, independentemente da sua raçagêneroidentidade de gêneroorientação sexualnacionalidadecor da peleetniareligiãodeficiência ou outras características, sem qualquer tipo de privilégio, discriminação ou preconceito. A ideia de grupos ou identidades especiais – inferiores ou superiores – é ilegal e incompatível com os princípios de liberdade e de equidade.

A luta contra os preconceitos só pode ocorrer no lento processo de maturação das sociedades. Uma sociedade igualitária não vai se tornar hegemônica pedindo “mais amor”, criando “diversidade de aparências” ou judicializando preconceitos, mas exterminando a origem dessas distinções. Estas, como bem o sabemos, estão centradas nas iniquidades econômicas brutais construídas pelo processo civilizatório e consolidadas pela sociedade de classes. O combate aos preconceitos todos – raça, gênero, identidade e orientação sexual – é uma necessidade urgente, mas estas chagas planetárias somente serão desmontadas quando nossa sociedade tiver equilíbrio econômico, por meio da distribuição justa das riquezas produzidas. Enquanto tivermos sociedades divididas em classes, onde o trabalho vale menos do que a concentração de capital, nada será modificado. Para mudar esta realidade precisamos menos “amor” e mais luta de classes.

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Travesseiros

Sou de uma família de imigrantes ingleses que vieram para o Brasil no fim do século XIX para auxiliar na construção de ferrovias, em especial no nordeste brasileiro. Meu pai nasceu em Gravatá, em Pernambuco, e veio para o Rio Grande do Sul de navio, aos 6 anos de idade. Claro, Deus é um cara gozador e adora brincadeiras, e achou muito engraçado me botar cabreiro e só por isso acabei nascendo gaúcho. Mas esse é o lado paterno. Do lado materno sou alemão, de uma mistura das famílias Wagner, Aurich e Blumm.

Disse meu pai que os tios da minha mãe eram muito simpáticos a Adolf Hitler. Verdade seja dita, na minha cidade muitos eram, pois nossa colonização foi marcadamente alemã. Era tão forte a influência que na casa da minha avó só se falava alemão, a única língua que minha mãe falou até entrar na escola aos 6 anos. Não seria nada estranho a alemoada daqui se apaixonar pelas ideias de extrema direita do grande líder do Partido Nazista. Em verdade, o Brasil teve maior partido nazista fora da Alemanha, e o próprio presidente Getúlio Vargas, em várias ocasiões, demonstrou simpatia pela implantação do nazismo neste país, por seu forte nacionalismo e seu anticomunismo ferrenho. Não por outra razão tivemos uma carta constitucional outorgada em 1937, no auge do fervor nazista na Europa. Esta foi a 4ª Constituição brasileira e a 3ª do período republicano e ficou conhecida como a Constituição “Polaca” por ter leis de inspiração fascista, tal qual a Carta Magna polonesa de 1935. O texto foi elaborado pelo jurista Francisco Campos e outorgada em 10 de novembro de 1937.

A verdade é que, por seu amor ao mandatário alemão de triste memória, muitos destes tios da minha mãe se tornaram membros da Ação Integralista. Esse movimento, cujos grandes nomes foram Plínio Salgado e Gustavo Barroso (este último um famoso antissemita) era de caráter nacionalista e defendia “a luta contra o materialismo proveniente tanto do capitalismo quanto do comunismo, além da necessidade de uma reforma espiritual do homem brasileiro”. Os integralistas afirmavam que o grande capital internacional é uma faceta tanto do capitalismo quanto do comunismo, baseados na mesma estrutura, que controla os países do Ocidente desde a Revolução Francesa usando o poder do dinheiro, a “Internacional Dourada” ou a “Internacional Vermelha” devido às revoluções proletárias. Ao mesmo tempo, a tríade “Deus, pátria e família” continua a ser a base da doutrina integralista. Possui algumas semelhanças com o Bolsonarismo, mas esta corrente fascista contemporânea é predominantemente imperialista, ligada ao poder americano.

A verdade é que por uma série de pressões Getúlio Vargas, a despeito de sua admiração pessoal pelo Führer, entrou para o grupo de países que combateriam a Alemanha na segunda guerra. Este fato levou muito medo à comunidade alemã do Rio Grande do Sul. Meu avô Olinto, pai de minha mãe, chegou a ser preso por suspeitas – que se mostraram infundadas – de colaboração com os alemães. Por esta razão, os integralistas entraram em descrédito, a ponto de serem perseguidos por estarem ligados ao fascismo europeu. Com isso, os tios da minha mãe se livraram do uniformes integralistas e jamais voltaram a tocar no assunto. Entretanto, essa era um história que se manteve viva pelas conversas que corriam à “boca pequena” na família, mas foi sempre tratada como algo para ser esquecido, um erro cometido no passado.

Quando meu pai se casou, levou para nossa casa uns travesseiros que estavam na casa da minha mãe, e que foram usados por algum tempo pela sua família. Muitos anos depois, quando já estavam muito velhos, um deles se rasgou, rompido pela gastura do tecido, frágil e puído. Foi então que meu pai encontrou, entre as espumas do travesseiro, pedaços cortados dos uniformes verdes dos integralistas, transformados em retalhos de pano, enchimentos para esconder a velha vinculação de seus antigos usuários com o fascismo “made in Brasil”.

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A Onda

Parece mesmo que as desgraças na América são guiadas por uma bússola política curiosa. Partem do norte global, da sede do Império, passam pelo Brasil e chegam até o sul das Américas, na Argentina. Assim começaram com Trump e suas ligações com a extrema direita de Bannon e dos proud boys, passam pelo Brasil de Bolsonaro e sua quadrilha de golpistas, estelionatários e ladrões de joias e finalmente chegam até a Argentina, onde um alucinado roqueiro de costeletas obscenas leva a cabo seu projeto ancap de destruição de todo o patrimônio do povo argentino. A reação segue o mesmo fluxo. Trump é condenado por suas mentiras e tramoias, mas isso não o impedirá de concorrer. E mais: ele vai ganhar, até porque no sistema americano de partido único talvez ele seja menos perigoso que o maior “senhor da guerra” do século XXI, o demenciado Joe Biden.

Bolsonaro agora encontra, finalmente, seu inferno astral. A descoberta de seus crimes, e a publicidade que agora foi dada a eles, mais do que demonstra o acerto de rejeitá-lo nas urnas, mas também expõe a quantidade incrível de delitos cometidos por esta administração desastrosa. Se não bastassem a “minuta do golpe“, o escândalo da compra de vacinas, a falsidade ideológica da carteira vacinal, o mau uso do dinheiro público na pandemia, o roubo de joias e outras propriedades públicas, temos conversas reveladas que mostram inclusive intenções homicidas, e não há como descartar os casos de Marielle, Bebianno e até mesmo Adriano da Nóbrega, num possível caso de “queima de arquivo”. Ninguém pode duvidar que, em breve, a Argentina também acordará do seu surto e colocará seu presidente lunático no lugar onde merece estar: um sanatório, junto com seus cachorros

Todavia, a propensão criminosa de Bolsonaro e sua “entourage” não poderia causar surpresa para quem acompanhou a carreira desse obscuro deputado da extrema direita, admirador de torturadores e ditadores dos anos de chumbo. Basta perceber seu crescimento patrimonial (as dezenas de imóveis comprados com dinheiro vivo) e a prática disseminada de “rachadinhas” em seus mandatos e nos de seus filhos. Qualquer um que se espante com propinas de autocratas árabes e as joias surrupiadas estará praticando cinismo; só um tolo pode se surpreender pela forma como Bolsonaro tratou como suas as coisas do país.

Entretanto, ao ser desfeito o sigilo de Bolsonaro e a consequente exposição pública da podridão de seu governo, não foi para ele que minha atenção se voltou. Em verdade, a minha tristeza é ver quantos amigos de infância embarcaram na onda bolsonarista, saíram às ruas de verde e amarelo, debocharam da queda de Dilma (sem crime de responsabilidade), a prisão ilegal e imoral de Lula (inocentado em todos os processos) apoiaram a promiscuidade do governo com o crime organizado, pediram golpe de Estado e acamparam pedindo uma ação das forças armadas (que participaram do governo e estão envolvidas em inúmeros crimes cometidos). Para estes amigos, que saíram às ruas anestesiados pela propaganda anticomunista do pós-guerra, alimentados por fake news, usados como massa de manobra pelas elites financeiras, e carregando slogans fascistas – Deus, pátria, família – eu só posso me entristecer. Gente que eu conheço como jovens de bons princípios, que sempre se empenharam na caridade aos desvalidos, que participam de instituições de ajuda e suporte aos famintos e descamisados e que nesse período de loucura se lançaram como sardinhas na rede fascista. Com o tempo a “Onda” foi mudando seu discurso, e da noite para o dia os vi empenhados em mentir sobre seus adversários enquanto encobriam as falcatruas e os desvios morais do seu líder máximo.

Esses, que aderiram à “Onda“, são minha grande tristeza e minha angústia. Até acredito que o nosso judiciário por mais venal e corrompido que seja (que esteve ao lados dos golpistas em 1964, 2016 e 2018) não terá como lavar as mãos diante de tantos e diversificados crimes dessa organização criminosa, liderada e conduzida pelo ex-presidente Bolsonaro. Entretanto, isso não elimina o fato de que esses seguidores fascistas são 15% dos eleitores do Brasil, e isso é uma grave ameaça à nossa frágil democracia. Como diria Bertold Brecht. “A cadela do fascismo está sempre no cio”, e se não olharmos para esse enorme contingente estaremos fazendo a semeadura de um novo fenômeno fascista.

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Reprise

Quando vejo tantas “pessoas de bem” na Internet justificando os massacres contra crianças palestinas usando a Bíblia e suas específicas interpretações como desculpa, fica claro que a vinculação com o cristianismo não garante nenhuma vantagem ou distinção moral para os seus adeptos. Os cristãos que agora aprovam o genocídio no Oriente Médio são apenas monstros travestidos de carolas, pessoas vis e sem alma. Que pensar de religiosos que aceitam a morte de milhares de mulheres e crianças em nome de suas convicções místicas?

Não vejo nenhuma diferença entre a barbárie inominável de agora e o que ocorreu há pouco menos de 1 século na Alemanha. O desejo de sangue, o desprezo pela vida das crianças e a desumanização de um povo – para deixar livre a escolha explícita pela “solução final” – não podem ser desmerecidos, e são na verdade elementos estruturais do desastre civilizatório, tanto lá atrás quanto agora.

Não pare de falar da Palestina. Não pare de denunciar o massacre. A Palestina somos todos nós…

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Contexto

Uma conversa possível….

– Ahhh, mas usar um uniforme nazi pode ofender algumas pessoas…

– Sim, mas tem que entender o contexto. Não faz sentido olhar só a roupa do cara sem perceber que ele luta contra o fascismo em todas as suas músicas e textos, e que aquela apresentação é exatamente um ataque ao fascismo. Não fosse assim, teríamos que proibir as imagens de romanos chicoteando Jesus durante a Paixão de Cristo.

Parece que alguns esquerdistas estão finalmente se dando conta que os contextos são relevantes quando se descreve a história ou quando se conta uma piada. Precisou o Roger Waters vir aqui nos mostrar que uma imagem só tem sentido pleno quando é possível apreender todo o seu entorno.

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Buracos da Memória

Foi o sobrinho de Freud, Edward Louis Bernays, quem dizia no início do século passado que “somos controlados, nossas mentes são moldadas, nossos gostos são formadas e nossas ideias são sugestionadas”. Também foi ele o primeiro que entendeu a importância da propaganda na criação do que passou a ser chamado de “Consenso Manufaturado”, um conceito primeiramente criado por Walter Lippmann em 1922 e posteriormente disseminado pelo intelectual americano Noam Chomsky. Não é admissível desprezar décadas de propaganda violenta que, junto com os aparatos de repressão do Estado, tentam evitar a explosão inevitável da barragem produzida pelas lágrimas de milhões de excluídos pelo capitalismo. Propaganda e Estado policial; Publicidade e Forças armadas a serviço do Império.

Hoje vemos a adesão inacreditável da mídia imperialista da América do Norte, da Europa e até do Brasil (em especial a rede Globo) à luta contra a “ameaça russa”, retirando das tumbas o macarthismo dos anos 50, adaptando-o às exigências das redes sociais e da velocidade da informação. Para tanto, a publicidade oficial das nações ocidentais – movidas pelo interesse americano e pelo acadelamento das nações europeias – tenta nos fazer apagar o passado nazista da Ucrânia – Stepan Bandera, a iconografia nazi, os monumentos, as execuções de judeus, o Batalhão Azov e tantos outros fatos que ligam este governo ao seu passado recente. Toda essa obliteração da memória é construída para justificar a aliança das nações do mundo ao governo golpista de Zelensky, um comediante medíocre, notório corrupto e que nos últimos meses fechou 12 partidos de oposição – incluindo o partido comunista da Ucrânia – usando como desculpa o conflito no Donbass. Imaginem se Vladimir Putin, que é um autoritário direitista, proibisse a existência de partidos da oposição ao seu governo (incluindo aí o Partido Comunista da Federação Russa) usando a mesma desculpa: “Ora, estamos em guerra!!”. Como seria tratado pelo ocidente? Ora, no mínimo “ditador sanguinário”…

A propaganda, usada de forma científica, é uma das mais importantes ferramentas de dominação e isso pode ser atestado facilmente hoje em dia, bastando olhar para os fatos recentes da geopolítica. Os eventos que se seguiram à derrubada das Torres Gêmeas e que culminaram na guerra contra o Iraque são “cases” de propaganda, meticulosamente utilizados para moldar a opinião pública com o objetivo de criar o engajamento de uma nação para a destruição de outra. Milhões de pessoas morreram nessa aventura, e o que se pode observar pelas inúmeras mentiras contadas à época (as armas de destruição em massa, os ataques de Antraz, etc…) é de que havia um esforço de inteligência para que, antes da guerra dos tiros de artilharia, fosse vencida a guerra da opinião pública. Na atual guerra da Ucrânia o mesmo tipo de “guerra midiática” pode ser observada, em especial as fraudes sobre “massacres”, técnica igualmente utilizada na Síria há pouco tempo.

No célebre livro “1984” George Orwell descreve as dezenas de milhares de incineradores chamados “Buraco da Memória” nos corredores do edifício do Ministério da Verdade, onde o protagonista Winston Smith trabalha. Nele são colocados os documentos que não mais interessam ao governo atual, apagando as histórias, relatos e contradições existentes, para não criar constrangimentos para a nova direção do país.

“Destinava-se ao desembaraço de papéis servidos. Aberturas idênticas existiam aos milhares, ou às dezenas de milhares em todo o edifício, não apenas nas salas, como a pequenos intervalos, nos corredores. Por um motivo qualquer, haviam sido apelidados de buracos da memória. Quando se sabia que algum documento devia ser destruído, ou mesmo quando se via um pedaço de papel usado largado no chão, era gesto instintivo, automático, levantar a tampa do mais próximo buraco da memória e jogar o papel dentro dele para que fosse sugado pela corrente de ar morno, até as caldeiras enormes, ocultas nalguma parte, nas entranhas do prédio.” (1984, George Orwell)

Hoje existem milhões desses buracos espalhados por todo o mundo, mas não estão confinados aos prédios de um governo absolutista. Sequer precisam ficar restritos à criações literárias de futuros distópicos. Eles são, em verdade, controlados pelo poder econômico e atendem pelo nome de “imprensa corporativa”, que nos fazem apagar as mazelas e os horrores do passado apenas para que não sirvam de constrangimento para nossos interesses atuais. Claro que através destes buracos não passam apenas o passado obscuro e criminoso de quem agora defendemos; passa também nossa ética, nosso amor à verdade e nossa dignidade.

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Requentando Celso Daniel

Deixa eu explicar dessa forma: Élcio de Queiroz, o assassino de Marielle e Anderson, horas antes de cometer o crime foi ao Vivendas da Barra, condomínio de luxo na Barra da Tijuca, e apertou no número 58, exatamente a casa de Bolsonaro. O porteiro contou à polícia que, horas antes do assassinato, em 14 de março de 2018, Élcio adentrou o condomínio e disse que desejava ir à casa do então deputado Jair Bolsonaro. Não se trata de uma especulação; há provas materiais disso. Marielle era desafeto de Flávio, mal vista por Carlos e inimiga das milícias cariocas – a cloaca que sustenta Bolsonaro. Façam as contas…

Existem muito mais provas de que Bolsonaro está envolvido na morte dessa moça do que suspeitas para colocar culpa em alguém do Partido dos Trabalhadores na morte de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André – ele próprio um integrante do PT. A partir de insinuações de que houve uma possível motivação política envolvida na morte de Celso Daniel o caso foi foi amplamente investigado em São Paulo por uma polícia ligada ao PSDB, que teria todo o interesse em jogar a culpa deste caso no PT.

Enquanto isso, resultado de todas as investigações conduzidas mostra, de forma inequívoca, que a morte de Celso Daniel foi comprovadamente um crime comum. Sequestraram o sujeito errado. Não resta dúvida sobre isso. Vinte anos depois, pelo desespero da mídia e pela falta de realizações do governo atual o caso está sendo requentado para atacar Lula e o PT e – de novo – forjar a narrativa mentirosa de que o partido dos trabalhadores é uma organização criminosa, enquanto os partidos patronais e do grande capital são honestos e virtuosos, mesmo que todas as provas e a nossa experiência recente apontem para o oposto disso. O ex delegado geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Lima Carneiro, afirma que se “Sombra” – amigo de Celso Daniel – tivesse sido condenado como mandante do crime, como querem os conspiracionistas, este seria um dos maiores erros da história do judiciário brasileiro.

O caso Celso Daniel foi julgado há mais de 20 anos, e nada foi comprovado além do óbvio: crime comum. Houve 4 inquéritos independentes: um da polícia federal e três da polícia civil que levaram à mesma conclusão: um crime comum. Atualmente a deixa para reabrir o caso estaria em um depoimento do condenado Marcos Valério que teria feito delações a respeito do caso. Mais ainda, Marcos Valério disse essa barbaridade para ganhar alguma vantagem. Seu depoimento é o seguinte: “ouvi de algumas pessoas que me falaram que….”. Marcos Valério também fala de um dossiê com provas sobre o caso que teria sido escrito pelo próprio Celso Daniel, mas que teria sido destruído. A própria Lava Jato não aceitou a cena feita por Marcos Valério, por ser inconsistente e carecer de provas. Até ela…

Vamos combinar que o espetáculo midiático protagonizado por Marcos Valério é pior que uma delação sem materialidade; trata-se da exata definição de uma “fofoca”, uma mentira contada para ganhar algum benefício espúrio, porque o Valério sabia que na Lava Jato aceitariam qualquer coisa que envolvesse o PT. Além disso, pense bem. Caso Celso Daniel tivesse sido morto por alguém do PT, o que o PT enquanto instituição teria a ver com isso? Por acaso a morte do petista em Foz do Iguaçu, cometido por um bolsonarista fanático, significa que o próprio Bolsonaro ou seu partido o mandou matar? É isso que a direita pensa sobre o caso? A culpa é do partido dele? Até onde o lavajatismo mais tacanho, misturado com o bolsonarismo paranoico pretende levar essa fábula?

A história requentada de Celso Daniel, agora com especial na TV Globo, jogando dúvidas sobre um caso mais do que esclarecido, é mais uma cartada goebbeliana conhecida e muito utilizada pela grande mídia e pelo esgoto do “Gabinete do Ódio”: repetir uma farsa ad nauseum, para convencer aqueles que assim desejam se deixar enganar. Não importa que o caso esteja encerrado e não interessa que nunca tenham surgido provas. Pouca relevância tem o fato de que Marcos Valério usou este estratagema para conseguir algum benefício em sua pena através do recurso de agradar os abutres do Ministério Público, sedentos de – literalmente – qualquer coisa para implicar Lula e o PT em algum tipo de escândalo. O objetivo sempre foi político, jamais policial e nunca pela busca da verdade.

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Day After

Para os bons observadores existe um curioso e instigante paralelo entre a França ocupada pelas tropas nazistas e a ocupação do Brasil pelo Bolsonarismo. O mesmo colaboracionismo, a ablação da crítica, a falta de valores humanos e o passar de pano para tantos crimes cometidos. Vejo – ainda que estupefato – queridos amigos de outrora adotando a narrativa bolsonarista que apaga da memória as terríveis ameaças que um candidato da direita, chefe miliciano, fez à nação ainda em campanha. Eram promessas de vingança contra a esquerda, o desprezo pelos negros, o escárnio com a população LGBT, a “ponta da praia”, o desmanche dos direitos trabalhistas e da aposentadoria. Ninguém foi enganado: Bolsonaro entregou a encomenda de ódio e destruição que havia prometido explicitamente. E com essas promessas veio a destruição de conquistas civilizatórias, assim como o preço da gasolina, do gás, do dólar e o negacionismo assassino.

E tudo o fazem por uma brutal lavagem cerebral ao estilo da guerra fria, onde o inimigo é o “comunismo”, o “foro de São Paulo”, a tétrade “Cuba-Venezuela-Nicarágua-Coreia do Norte” – não por acaso 4 países que lutam contra o domínio imperialista – e usam da velha retórica do “Sim, está ruim, mas seria pior com o PT”, um truque de retórica usado no golpe de 64 para justificar as torturas e o fim da democracia, quando diziam que tudo era justificado para nos livrar de uma ditadura comunista – até mesmo uma ditadura militar. Porém, para fazer isso, esquecem de propósito que o Brasil decolou em todos os sentidos durante os governos populares da centro-esquerda petista, e afundou exatamente depois do golpe contra a presidente Dilma.

Eu também tenho curiosidade para saber onde estarão os bolsonaristas depois da queda do Império da Ignorância. Como vão explicar aos seus filhos e netos suas escolhas torpes, a adoção pela retórica do atraso e o elogio à violência? Como vão explicar sua postura miliciana, seu apoio a um judiciário corrompido e sua escolha pelo atraso e pela escuridão?

Como será o “day after” da queda do mito?

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