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Mentes Limitadas

Quer saber como funcionam as mentes limitadas? Basta saber que para estas, todas as ideias que fogem à sua compreensão ou sua experiência estão erradas ou são perigosas. Mais ainda: tudo fazem para proibi-las, pois interditadas não ameaçam sua pequena caixa de saberes. Assim agem os maus cientistas e os fundamentalistas.

Já as mentes abertas não descartam ideias por parecerem absurdas. Pelo contrário, se deixam seduzir pelo desafio de entendê-las, dissecá-las e traduzi-las. Mesmo quando delas discordam, não as tratam com desprezo pois sabem que somente as ideias aparentemente bizarras podem trazer algo de novo ao conhecimento. Quem precisa de verdades e de certezas deveria se dedicar às religiões, jamais às ciências.

Antoine de Saint Etiénne, “La Disparition du Cygne Noir”, ed. Hachette, pág. 135

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Religião e paz

Religião não tem nada a ver com guerras ou pacifismo. Aliás, a imagem acima, com cavaleiros Cruzados em batalha, pode dar a falsa ideia de que esta foi uma guerra “religiosa”, de cristãos contra o islã, algo tão errado quanto a luta de “católicos contra protestantes”, na Irlanda, algo que era ensinado quando eu estava na Escola – uma forma imperialista de descrever o conflito. As religiões não produzem guerras – nem paz. Ninguém mata pelo Deus do outro ou pela forma de fazer pão. O que nos leva à guerra são interesses materiais bem mais palpáveis.

Como diria Marx, “a história do mundo é a história das lutas de classe”. Pegue qualquer guerra, em qualquer período da humanidade e verá que em todas elas vamos encontrar interesses econômicos e geopolíticos determinantes, e não disputas ideológicas ou de caráter religioso. As religiões, entretanto, são usadas como “cola”, uma forma de seduzir o povo para o esforço de guerra, clamando por uma identidade ou pela defesa de valores culturais que estariam sendo “ameaçados”, questões estas que são absolutamente desprezíveis para aqueles no poder e que estão interessados economicamente no conflito.

Portanto, se você acha que as religiões produzem guerras, então foi reprovado em suas disciplinas de história

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Russel

Não se pode imaginar que ações racionais surjam de premissas puramente emocionais. Esta é uma regra dourada em qualquer arena de debates. A fé, jamais a razão, produz respostas grosseiras, deseducadas, ofensivas e violentas, tanto no mundo real quanto no universo virtual. Por isso que temas como a moral – e não a matemática – são propensas a tantas brigas e enfrentamentos. Quanto mais diáfanas forem as bases de um determinado assunto maior será a possibilidade de que ele se perca em conflitos estéreis.

Infelizmente Russel acreditava que as diferenças religiosas levam à guerra, o que é um erro típico daqueles que se deixam seduzir pelas aparências. As guerras são enfrentamentos brutais de origem econômica e geopolítica, para a busca de recursos materiais, mas que muitas vezes usam a religião como mera máscara identitária, seduzindo os combatentes do nosso lado a identificarem o outro como a ameaça, os infiéis e os impuros.

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Nobel

Um excelente químico deveria se manter fazendo experimentos em seu laboratório e não se aventurar na filosofia, pois que nesse ramo sua ignorância fica evidente

Dizer que a religião se tornará supérflua, inútil ou desnecessária é acreditar que um dia todas as dúvidas existenciais serão respondidas, todas as questões morais solucionadas, não restará nenhuma pergunta a ser feita e todo o sentido do universo caberá em uma fórmula química. Tal arrogância e prepotência só cabe nas mentes irracionais.

Imaginar tal cenário é o mesmo que olhar para o universo acreditar que tudo à nossa frente um dia caberá nos livros de exatas. Para pensar assim é necessário produzir um mergulho obscurantista nas doutrinas ateístas, que nada mais são que religiões niilistas baseadas na fixação pelo nada.

Isso não quer dizer que as religiões sejam justas e boas, ou que não sejam obscurantistas e atrasadas. Apenas afirmo que as religiões são da natureza humana, surgem de necessidades humanas, pela incessante inquietude por respostas e pela angústia do desconhecido. Anseiam por sentido e produzem modelos para o que não foi ainda descoberto. Imaginar um mundo sem essa inquietação é tão somente acreditar no fim do desejo humano. Quanto mais ele despreza as religiões mais precisa criar uma para sustentar sua (des)crença.

Aos químicos, a química; aos filósofos, poetas e sonhadores tudo o que ainda resta descobrir.

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Sectarismos conservadores

Na verdade o fundamentalismo radical é igual em qualquer parte do mundo, é semelhante em TODAS as seitas. Da mesma forma que um fanático de futebol não pode ser diferenciado de pelas cores do seu clube o mesmo se dá nos extremistas de qualquer orientação religiosa. As religiões sempre atuaram na história da humanidade como poderosas forças conservadoras. A igreja católica sempre esteve ao lado dos conquistadores espanhóis patrocinando todos os genocídios que temos conhecimento na América Latina. Hoje os evangélicos são a força por trás dos neofascistas no poder, aqui e nos Estados Unidos.

Apesar de ser válida a generalização, por certo não seria justo esquecer as pastorais surgidas nos últimos anos que tentam verdadeiramente se colocar ao lado dos pobres, mesmo sendo movimentos (ainda) claramente minoritários.

As igrejas assumem, via de regra, o lado do poder e do dinheiro. Os evangélicos e pentecostais, da mesma forma, aliam-se às candidaturas mais à direita, mais vinculadas ao poder econômico e mas explicitamente racistas, mesmo quando a imensa maioria do seu público é composto de negros, pobres, oprimidos e excluídos. Não deveria, portanto, causar qualquer espanto o fenômeno americano, onde mais de 80% dos “white evangelicals” americanos apoiam Trump, um sujeito cuja trajetória pessoal e política é um exemplo de vida OPOSTO aos preceitos cristãos. Com Bolsonaro ocorre o mesmo: um racista condenado e um homofóbico confesso recebe apoio irrestrito de sua última trincheira: a massa de pobres do universo evangélico e pentecostal, mas também de católicos “carismáticos” de direita (Canção Nova) e até de judeus e espíritas.

É importante notar que, apesar do imenso suporte que Trump obtém entre os evangélicos brancos, esse suporte desaba para menos de 30% entre os evangélicos negros. Essa equação nos mostra que por trás dessa vinculação está o racismo, um traço que une Estados Unidos e Brasil numa linha de preconceito e atraso.

Estes dados de apoio a Trump e Bolsonaro demonstram que as religiões “desmoralizadas” – isto é, onde o foco é menos MORAL e espiritual e mais político e pragmático – são as barreiras mais urgentes e complexas a serem conquistadas. Como as esquerdas e os democratas vão lidar com isso será a tônica principal das próximas eleições

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Cristãos e a opressão

Dos rios dizemos violentos mas não dizemos violentas às margens que os oprimem“. Brecht

Esta é a face mais triste das religiões: transformar os fiéis em cordeiros manipuláveis pela mídia e pelo capital, fazer com que acreditem que a resistência à opressão não é legítima ou digna, tornando cada cidadão em um servo robotizado carregando um crucifixo para que ele mesmo seja, por fim, pendurado. Talvez seja um pagamento justo para sua alienação. Não esqueçam que este Cristo a quem tanto adoram era um revolucionário que deu a vida pela libertação de seu povo, e não um babaca conformista que baixava a cabeça para os poderosos.

Seja cristão e combata a opressão!!! O cristianismo, via de regra, acaba com o senso crítico, a visão política e a cidadania em nome de uma teleologia de direita, alienante, aristocrática e sem uma visão coletiva. Essa é a parte mais triste das religiões: imaginar que a luta pelos direitos deve estar subjugada a uma falsa visão pacífica de Cristo, quando em verdade sua vida foi uma luta constante contra a opressão.

“Não se faz uma revolução com tapinhas nas costas”, como dizia Sheila Kitzinger. Se algumas pioneiras não fossem suficientemente ousadas, quebrassem padrões morais e estéticos e botassem “pra quebrar” as mulheres estariam ainda hoje indo à missa, bordando e conversando sobre receitas.

Alguém aí acha que as conquistas dos trabalhadores surgiram através de abaixo assinados ou conversas amigáveis com os patrões? Claro que não. Direito não se ganha, se conquista. Se tiver que ser incendiando carro que seja. Trabalhadores bem comportados vão para o céu; os corajosos vão à luta!

Apenas para lembrar a necessidade de lutar:

Não precisa lei trabalhista, ora, basta negociar. No circo romano onde estava escrito que era o leão que comia as pessoas? Podia ser o contrário, por que não? Havia espaço para livre negociação, e se esta não ocorria era por culpa do radicalismo das pessoas e não pela força superior ou ferocidade dos felinos“.

A propósito, uma realidade chocante: recente pesquisa nos Estados Unidos (!!) revela que 43% dos entrevistados tem uma visão positiva do socialismo e apenas 32% do capitalismo. É aqui, no centro mundial da ideologia capitalista, onde a queda do sistema será mais ruidosa.

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Religião

Oração_religião

Desculpem-me os religiosos e crentes.

Sei das suas crenças e as respeito, pois um dia também as tive. Quando cito textos retirados das palavras de Jesus e de Deus faço-o para mostrar que a Bíblia é um livro escrito por humanos e para humanos, com valores humanos e não divinos. Qualquer pessoa retira o que bem entender dos livros “sagrados”. Podemos usar qualquer fundamentalismo sobre tais livros , seja ele a Bíblia, o Corão ou o Torá. Podemos olhar as palavras como são, ou interpretá-las da maneira como bem entendermos. É por isso que este e qualquer outro livro “sagrado” não são confiáveis para ditar normas humanas. Eles são num testemunho de histórias contadas há séculos, com valores e personagens daquela época, e que cumpriam funções políticas adaptadas à sua época também.

Quando esprememos a Bíblia e retiramos o sumo doutrinário mais essencial aparecem apenas frases como “amai-vos uns aos outros“, “seja teu falar sim-sim, não-não“, “o amor cobre a multidão de pecado” que, de forma variada, TODAS as outras religiões dizem no seu intento civilizatório de otimizar o esforço de progresso das sociedades humanas através da fraternidade. Portanto, não é necessário submeter-se a senhores, “intermediários de Deus”, para assumir uma atitude fraterna. Eu, pessoalmente, não procuro ser fraterno ou justo porque Jesus ou Buda me pediram ou exigiram, mas somente porque acho justas e corretas tais ações. Um Deus que criou o universo não poderia ter defeitos piores que os meus, como ódio, vaidade, rancor e raiva, mas a Bíblia é recheada de chiliques divinos, típicos de um menino manhoso e mimado, sujeito a ódios e vinganças. Certamente que a Bíblia – e menos ainda o Corão – não me oferece uma imagem adequada de criador.

Contínuo a crer que as religiões atrasam o mundo, e suas crenças mais separam do que unem os homens. A fraternidade não precisa de palavras mágicas ou gurus; ela se expressa como um roteiro natural de progresso humano, superior a qualquer outra forma de relação entre as criaturas. Esta é sua força essencial, e não as palavras de qualquer Avatar.

Eu respeito este tipo de visão de mundo, mas tenho muita dificuldade de entender. Uma coisa que me deixa atônito é os adesivos em automóveis onde pode-se ler: “Propriedade de Jesus“. Como alguém pode se sentir feliz ou orgulhoso por ser propriedade de outro, mesmo que seja um outro supostamente maravilhoso? Eu pergunto: se o seu filho fosse adulto e dissesse “sou propriedade do meu pai” você se sentiria satisfeito, orgulhoso da criação que proporcionou a ele? Você se consideraria um bom pai por ter mantido um filho atrelado a você, dependente de você, idolatrando você, sacrificando-se para agradar as suas vaidades e caprichos? Que tipo de pai acha bonito um filho subir uma escadaria destruindo os joelhos para honrar seu nome? Que tipo de pai acha bonito um filho se humilhar diante de todos confessando sua fragilidade e dependência? Pois eu não consigo entender que o “criador de todas as galáxias e mundos conhecidos” seja mais tolo, vaidoso e egoísta do que o mais mundano dos mortais.

Um Deus poderoso o suficiente para construir o Universo teria que ser pelo menos melhor do que eu. E eu não trataria um filho com tanta displicência como Deus – todo poderoso – trata seus filhos.

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