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Cristãos

Vou repetir o que já venho dizendo há muitos anos: não tenho mais paciência com o cristianismo. Chega!!! Não aguento mais esses pilantras de fala mansa que roubam dízimo de pobre. Não aguento o conformismo cristão que permite uma sociedade injusta sem se revoltar. Não aguento evangélicos defendendo a podridão de Israel e justificando um genocídio acreditando que Deus “deu a terra” para aqueles – por ele mesmo – escolhidos. Não aguento gente das igrejas falando em “povo de Deus”. Não suporto mais milícias bolsonaristas sendo formadas em igrejas evangélicas. É inaceitável a quantidade gigantesca de pastores abusadores sendo encobertos pela imprensa – afinal, não se deve atacar os “ungidos”.

O Brasil se tornou um evangelistão porque, em nome do “respeito à diversidade de crenças”, passamos a passar pano para a barbárie dos religiosos. Até o espiritismo, que conheço muito bem, me incomoda muito hoje em dia, em especial quando a franja mais reacionária dos espíritas fala de “Jesus governador da Terra”. Ora, por que o governador do planeta deveria ser uma personalidade exaltada pelo ocidente, apesar de ser do oriente médio? Esta ideia disseminada por alguns espíritas nada mais é do que desprezo pelo mundo oriental e islâmico, trazendo o centro do mundo para a Europa e sua religião branca. O espiritismo, assim como todas as religiões cristãs, está tomado por bolsonaristas, reacionários, fascistas e hipócritas.

Sei que esses defeitos morais também existem entre os ateus, mas não vejo dirigentes do ateísmo enriquecendo com a exploração da gente pobre do Brasil. Os agnósticos e os descrentes ficam na sua, curtindo seu positivismo existencialista, normalmente sem incomodar ninguém e sem tentar regular a bunda alheia. Enquanto isso, esses Everaldos, Edires, Malafaias e toda essa corja nojenta ligada à Israel e ao neopentecostalismo se comportam como a linha de frente do atraso do Brasil. São a locomotiva do preconceito, gente asquerosa e desonesta, arrogante e hipócrita.

Portanto, é exatamente isso mesmo que eu quero dizer: as religiões cristãs institucionalizadas em suas infinitas seitas e credos precisam sofrer o golpe de um novo iluminismo, uma nova revolução pela razão, para que possamos sair do buraco obscurantista onde nos encontramos. E todos aqueles que acreditam que a religião, enquanto questionamento do sentido da vida e do universo, ainda tem razão de existir no mundo da infotecnocracia atual, deveriam lutar contra essa carolice moralista e reacionária que se tornou o cristianismo.

E tenho dito. Chega de amor!!!

Aliás, creio que Jesus estaria comigo nessa luta. Afinal, ele também expulsou os vendilhões do templo, não?

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Para um observador mais atento, é curioso o quanto os líderes evangélicos lutam contra os cassinos e os jogos de azar. Muitos deles se envolvem em verdadeiras cruzadas contra o “jogo”, e até se opõem à necessária regularização das casas de apostas virtuais – para que, pelo menos, paguem impostos. Mas até a taxação de impostos para essa atividade parece a eles um sacrilégio. Não que eu veja qualquer virtude em apostas e jogos de azar; pelo contrário, até em “1984” o anticomunista liberal do Orwell já mostrava o quanto a jogatina disseminada era um fator essencial para estabelecer uma sociedade alienada e controlada. Os cassinos e, em especial, a nova moda das “bets“, mas também os joguinhos de internet, são elementos chaves no entendimento da decadência acelerada do capitalismo, levando milhões de pessoas a este comportamento infantil baseado no pensamento mágico. Mais do que isso: as casas virtuais de aposta estão poluindo o mundo do esporte, em especial o futebol. Quem poderia estabelecer uma crítica severa e necessária quando os comentaristas de futebol foram todos comprados pelas casas de apostas, fazendo dessa publicidade a sua principal fonte de renda? Estes parecem os congressistas americanos aplaudindo Netanyahu, que os paga e sustenta, impossibilitados de estabelecer qualquer crítica.

Eu me arrisco em outra perspectiva: No meu entender, a luta contra os jogos de azar pelos líderes de igrejas ocorre porque a jogatina é a pior concorrência ao negócio lucrativo das igrejas evangélicas e afins. Ambas as modalidades se baseiam na crença de um um ente sobrenatural a guiar nossa vida. O jogador contumaz acredita na “Sorte”, uma força etérea que determina quem ganha e quem perde, seja nos dados ou até no futebol. Para ser bafejado por ela é preciso crer nas suas escolhas, por isso precisamos estar preparados para quando ela se aproxima de nós. Já o crente acredita numa força superior, igualmente etérea e invisível, que o conduz pelo caminho da redenção; igualmente é necessário estar sempre atentos às suas mensagens sutis. Tanto para o crente quanto para o jogador existe um preço: o bilhete, as fichas, a loteria, a rodada de pôquer ou bacará de um lado; o dízimo de outro. “Se você pede a Deus para ganhar na loteria pelo menos compre o bilhete”, diz o velho adágio popular. “Faça sua parte, Deus não pode fazer tudo sozinho”, e a parte daquele que crê nas forças invisíveis é paga no jogo e na Igreja.

A jogatina é um sinal inequívoco da falência do projeto capitalista, pois relega à sorte o sonho dos pobres por uma vida digna e segura. Não há outro caminho que não seja o palpite certeiro na vitória do time, a face luminosa dos dados no feltro verde ou encontro fortuito dos números numa roleta controlada pela deusa Álea, a divindade dos fatos aleatórios. Já nas igrejas, é preciso pagar regiamente o intermediário de Deus para que sua vida receba a dádiva da Graça, a simpatia do criador por um de seus servos, a preferência que ele dará a quem realizar seus caprichos – por mais ridículos que eles sejam.

Combater a jogatina garante aos exploradores das religiões uma enorme e sedutora reserva de mercado às igrejas, e os Malafaias, Edires e Valdomiros que poluem nosso cotidiano sabem muito bem disso. As loterias e jogos de azar devem mesmo ser combatidos, mas com a mesma intensidade que combatemos os mercadores da fé que apostam na ignorância e na alienação para encher os bolsos com o dinheiro de gente pobre e desesperada.

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Sionismo não é judaísmo

Nem todo judeu é sionista e a maioria dos sionistas sequer é composta por judeus; são cristãos sionistas, como Biden ou os bispos Malafaia e Edir Macedo, pragas surgidas respectivamente pelo israelismo da política americana ou pelo neopentecostalismo tupiniquim, que lucra milhões com suas viagens turísticas à Terra Santa. Portanto, qualquer confusão entre estes termos é oportunismo, serve como manobra diversionista, cujo único objetivo é evitar que apontemos os horrores da aventura colonial racista no Oriente Médio. Para qualquer sujeito intelectualmente honesto, não é difícil entender que atacar o nazismo não significa ser antialemão, assim como criticar o retrocesso civilizatório do bolsonarismo não é o mesmo que ser antibrasileiro. Da mesma forma, criticar a inquisição da idade média não é o mesmo do que atacar Cristo ou sua doutrina.

Passei anos sendo perseguido por sionistas da aldeia que acusavam minhas críticas veementes ao apartheid de Israel como sendo “racismo”, ataques injustificados aos judeus ou ações antissemitas. Muitas dessas pessoas me xingaram e usaram de violência verbal pelas minhas palavras duras, em especial durante e após as “operações especiais” realizadas em Gaza e nos territórios ocupados da Cisjordânia, que matavam centenas de crianças e mulheres, números que agora chegam aos milhares. Nunca me intimidei e desafiei aqueles que me contestavam para que respondessem perguntas simples sobre a vida em Gaza e na Cisjordânia, as quais demonstram sem sombra de dúvida a brutalidade da ocupação.

Para quem acompanha este debate há décadas, é simples de ver que a defesa de Israel é sempre recheada de mentiras. Desde uma terra sem povo para um povo sem terra até as crianças decepadas, estuprosou não atiramos em civis, as mentiras são inexoravelmente imbricadas na narrativa sionista. São falsidades repetidas à exaustão, auxiliadas pela parcialidade criminosa das grandes plataformas digitais (Facebook, Instagram, Google) e a imprensa corporativa, toda ela nas mãos dos sionistas e dos senhores da guerra, que lucram bilhões quanto mais mortes aparecem nas capas dos jornais.

Já aqueles que defendem o povo palestino são, via de regra, pessoas que, como eu, acordaram para a realidade da geopolítica do Oriente Médio há muitos anos, o que só ocorre quando ousamos investigar o que existe por detrás das capas de enganação que são despejadas pelos telejornais há décadas. Nossas posições são essencialmente humanistas, pois que expõem a barbárie da ocupação, as mortes, a limpeza étnica, a indignidade do tratamento, os abusos, a prisão de crianças, as detenções administrativas que duram anos, as mortes e os processos kafkianos de violência jurídica. Por outro lado, o “whitewashing” (prática de selecionar informações, enfatizando ou omitindo, a fim de melhorar a imagem de uma pessoa ou de uma instituição frente à opinião pública) sempre foi a forma de apresentar Israel ao ocidente, e por isso era chamado de “a villa in the jungle” e, com o mesmo cinismo característico, difundem ideia de serem a única democracia na região – uma mentira asquerosa – e usam a questão identitária (em especial de mulheres e gays) para vender a imagem de uma civilização justa, europeia, branca e semelhante à nossa. Por seu turno, todo e qualquer grupo que lutasse pela libertação do povo palestino era imediatamente rotulado de “terrorista”, da mesma forma como os presidentes anti-imperialistas de qualquer nação são automaticamente chamados de “ditadores”, inobstante serem democráticas as eleições que os tenham levado ao poder.

Cabe a nós não retroceder na exposição, cada vez mais intensa, das contradições do sionismo. Não é mais possível aceitar o colonialismo genocida a controlar com mão de ferro a Palestina, e cada um de nós é responsável por espalhar a necessidade de democracia na região. E “cada um de nós” inclui os nobres irmãos judeus que na Palestina, no Oriente, na Oceania, na América e na Europa se levantam contra o sionismo e seu modelo supremacista e excludente. Judeus estarão lado a lado com os palestinos na luta pela liberdade, do rio ao mar.

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Arquivado em Causa Operária, Palestina

Messias

Li, num passado não muito distante, a história de um gerente de banco que, por vários anos, cometeu desvios de valores para a sua conta pessoal. Por sua posição de chefia engordou sua conta pessoal de forma indevida, subtraindo volumosas quantias da instituição bancária, mas depois algum tempo a sua engenhosa ação criminosa foi descoberta, e ele preso. Quando pego, deu a criativa explicação que muito me impressionou. Disse ele: “Sei que é errado, mas o dinheiro que peguei é, em verdade, o justo pagamento pelo excelente trabalho que eu realizava em minhas funções”.

Ou seja: entre a legalidade e a justiça ele achou mais adequado ser justo do que obedecer a lei. Para ele o salário que recebia era inadequado para o excelente trabalho exercido. Preferiu assim ser correto com seu devotado trabalho, oferecendo a si mesmo o pagamento que lhe parecia mais ajustado para sua inquestionável dedicação.

Para qualquer um dotado de bom senso fica fácil perceber a falácia desse argumento. Em primeiro lugar, não existe “valor justo” para um trabalho qualquer. Médicos ganham muito mais do que motoristas de ônibus, não porque seu trabalho seja mais importante, mas por sistemas de poder que são gerados dentro das sociedades complexas. Isso explica as razões da distância entre os ganhos de um jogador de futebol e um professor da rede pública de ensino. Não é pela qualidade do trabalho (não há quem concorde que um astro do futebol seja mais indispensável que dois mil professores), mas pelo valor que a sociedade oferece aos diferentes ofícios. O valor pago pelo trabalho é construído dentro de um elaborado sistema de pressões e ajustes, e não pela decisão autocrática de um sujeito movido pela percepção pessoal que tem do seu próprio labor.

O que me chamou a atenção foi o fato de que o gerente deixava claro que não se sentia “ladrão”, sequer desonesto, porque apenas recolhia o que lhe era devido pelos patrões gananciosos. E essa sensação de impunibilidade me fez lembrar da cena política contemporânea.

As manchetes dos últimos dias apresentam inúmeros crimes e falcatruas cometidos pelo ex-presidente. São tantas as notícias que é impossível não perceber a marcante desonestidade e o caráter débil do mandatário anterior. A partir dessas notícias passei a crer que apenas a punição severa para estes personagens – Bolsonaro e seu entorno – poderá oferecer uma mínima esperança de sobrevivência da democracia. Entretanto, junto a este outro fenômeno me chamou à atenção. As acusações são agora recheadas de provas materiais irrefutáveis (tome por exemplo a venda do Rolex, que pertence ao erário nacional) porém não parecem movimentar negativamente a popularidade de Bolsonaro. Aquele grupo bolsonarista raiz, que está por volta de 15 a 17% do eleitorado nacional, não parece diminuir mesmo diante das provas contundentes de sua irresponsabilidade, incompetência e desonestidade. Bolsonaro, para este grupo, continua sendo o “messias”.

A figura de Bolsonaro faz lembrar a do presidente Trump, que afirmava de forma arrogante – porém correta – de que Posso matar alguém em plena 5ª Avenida em Nova York que isso não me faria perder votos”. Isso porque essas figuras públicas ocupam o lugar de salvadores para quem o roubo e até a morte de opositores seriam “a justa licença garantida pelo excelente trabalho realizado”. Da mesma forma que o gerente esperto analisava suas falcatruas, seus eleitores pensam que para salvar o mundo ocidental do “comunismo” vale a pena qualquer sacrifício, até aceitar que o mandatário do país seja ladrão, desonesto e profundamente incompetente. O mesmo fenômeno acontece nas Igrejas evangélicas, que devotam o mesmo tipo de ligação irracional com seus líderes. Pouco importa ao pobre que frequenta o templo que o pastor seja visto com carros importados e more em mansões. Não há sequer preocupação em esconder essa opulência: trata-se, como já vimos em outros contextos, do “adequado pagamento pela tarefa de salvar os crentes da fúria impiedosa de Deus e para livrá-los das garras do demônio”.

Por certo que estas construções só podem ocorrer a partir de propaganda massiva e pervasiva, diuturnamente exaltando as virtudes da “liberdade” capitalista e mitificando os supostos horrores do comunismo, assim como demonstrando as vantagens que são oferecidas àqueles que contribuem com a igreja, em especial a volta da saúde, do dinheiro, a recuperação de antigos amores e a salvação da alma. Nem é necessário dizer o quanto de dinheiro é investido pelo Estado burguês para nos blindar da verdade da concentração obscena de riqueza nas mãos de poucos e o quando se investe em publicidade para não expor as igrejas na produção de factoides (de cura, de comunicação com Jesus, de sucesso financeiro, etc.) que justificariam o pagamento de dízimo aos pastores e o financiamento de suas igrejas.

Para aqueles que dão apoio à extrema direita e às igrejas – fenômenos que se valem do pânico moral para sua proliferação – a ameaça constante de novos valores sociais (sexuais, familiares, etc.) e a emergência de uma sociedade comunista justificam as falhas morais de seus líderes. Curiosamente, as mesmas falhas que não toleram e denunciam de forma incessante em seus opositores.

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Evangelismos

A atuação das igrejas evangélicas (as outras muito menos) foi fundamental para criar entre a ralé (e aqui uso “ralé” na concepção de Jessé Souza – os despossuídos, o lúmpen, os esquecidos) um sentimento conservador, antipetista, antigay, retrógrado e alienante que atua contra seus próprios interesses e direitos.

Não me parece esdrúxula a tese de que a ralé é o principal mercado do evangelismo nacional e de que a mensagem veiculada pelos governos petistas de união das classes desprivilegiadas através das medidas de inclusão social COMPETIA com o messianismo das igrejas, roubando para a militância política e social os fiéis que aguardavam na fila longa e incerta da graça divina. O PT ao diminuir a miséria e a fome, dar esperanças e consumo para as classes baixas, encher o aeroporto de pessoas que só viam aviões na TV ou no céu e triplicar o número de negros na Universidade ofereceu uma via de realização que se chocava com o mercado da graça, a salvação pela fé e o comércio do dízimo. Isso enfureceu os grandes “missionários”, sendo Malafaia e Edir apenas os exemplos mais contundente.

Isso pode explicar os discursos odiosos e vingativos do “bispo” Malafaia contra o PT e as esquerdas, a evidente (e natural?) vinculação com os setores capitalistas do boi e da bala, e suas ligações com o poder de Israel. O estado laico é mais do que uma obrigação civilizatória; ele representa a luta contra formas sutis de alienação mental representadas por grandes vertentes do evangelismo de direita no Brasil e no mundo.

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Vendilhões do Templo

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Comentários da China Não tenho e nunca terei qualquer simpatia pelos vendilhões do templo, por sujeitos que exploram a fé dos pobres, dos deserdados e dos miseráveis como Malafaia, Cunha, os sionistas cristãos – como Edir e Everaldo – e toda a malta de religiosos de direita fundamentalista que emporcalham a política e a sociedade brasileira. Entretanto, não me associo à turba que se diverte vendo as cenas grotescas que envolveram a prisão arbitrária de Garotinho no Rio de Janeiro. Todavia, eu preciso aprender que a IMENSA maioria das pessoas se diverte quando o inimigo é injustiçado ou tratado como um animal, mesmo que os meios para que tal fato ocorra sejam ilegais ou manipulados. Entretanto, estas mesmas pessoas que dão gargalhadas com as cenas burlescas de um ex-governador sendo encarcerado, vão achar um absurdo quando o raio da prepotência cair sobre suas próprias cabeças. Ser justo e correto com os bons é fácil; difícil é ser justo com quem não gostamos, quem deploramos ou quem desprezamos. Aqui, na linha tênue que separa as emoções da razão fria, é que se distanciam o juiz e o justiceiro. O que vemos hoje no Brasil é uma justiça dos inimigos, onde pessoas com claro partidarismo procuram fazer justiça com as próprias mãos, imaginando que isso porá um fim aos desmandos e à corrupção. Como poderia ser isso verdadeiro se as próprias ações do judiciário agridem a constituição e são, por si só, mais um desmando institucional? Pois quando a polícia botar um pé na porta da sua casa batendo, espancando, torturando, desrespeitando direitos básicos por desconfiar que aquela bandeira do América é na verdade comunista…. quem sobrará para rir da nossa tragicomédia cotidiana? Eu respondo para você: os de sempre. Os donos da rinha, que se divertem vendo os pobres galos se matando, uns aos outros, para o deleite dos poderosos.

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Xiitas

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Apenas para destacar um pensamento sobre a construção do campo simbólico e o fluxo incessante de valores e conceitos que transitam pelas palavras.

“Já fiz comentários xiitas no passado, e hoje em dia sou muito mais comedido.(…) Achei demais e penso que isso merece um contraponto.”

PS: Usei a palavra “xiita” apenas para dar continuidade ao argumento anterior, mas – mea culpa, mea máxima culpa – acho que ela precisa ser abandonada. Os xiitas são um ramo do islamismo, assim como os Batistas e Luteranos o são do protestantismo. Chamar de “xiitas” alguns radicais e intolerantes apenas porque alguns xiitas o foram no passado (e alguns ainda são) é o mesmo que chamar homofóbicos de “evangélicos”, apenas porque Malafaias e Felicianos assim se comportam. “Fulano tem um comportamento evangélico contra as minorias” soa agressivo, não lhes parece? Pois assim os xiitas devem se sentir quando conectamos sua religião ao extremismo fundamentalista.

Nossas expressões contribuem para a vilificação do Islã, um tratamento injusto, cruel e violento com essa cultura. A construção da islamofobia também se faz através destas expressões corriqueiras, assim como construímos o medo do parto ao dizer que tal trabalho “foi um parto” e banalizamos a cesariana ao dizer “parto cesárea”. Atenção e vigilância com a forma de se expressar é importante para quem deseja mudanças na cultura, mas sem apelar para o “abuso de correção”.

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Fé inabalável

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E agora? Eu achei que ele foi muito mais coerente do que ela. Seus argumentos foram muito mais sólidos e precisos, mesmo carecendo de substância. Ela foi apenas indignação. Compreensível, mas desordenada. Aliás, ela ainda conseguiu ser mais arrogante do que ele. Entretanto, dentro da lógica específica que ele utiliza, que se baseia na observância cega de preceitos religiosos e uma leitura enviesada de textos “sagrados”, seus argumentos fazem sentido. Minha pergunta é: como pode alguém ser condenado por desenvolver, disseminar ou abraçar uma crença, por mais estranha que possa parecer? Como pode alguém ser perseguido por acreditar que determinado comportamento, seja qual for, é deletério, baseado tão somente na sua fé? Como coibir uma visão discriminatória do mundo, que – mesmo que não estimule a violência – estabelece que determinadas condutas humanas são pecaminosas?

Tenho uma amigo meu que criou uma teleologia na qual a figura do anticristo (ou demônio) assume um papel preponderante, alinhado com as doutrinas dualistas contemporâneas. Mais além de ressaltar a figura de Satanás ele afirma que o anticristo já teria nascido (ou reencarnado) e que escolheu a Argentina como país de nascença. Nosso vizinho do Prata seria a base de ação de sua doutrina e onde ocorreria a disseminação de seu anti-evangelho. Meu amigo não apresenta nenhum dado coerente para justificar essa crença, apenas sua fé cega nos “sinais” que captou do infinito cósmico. Criou, por sobre essa crença básica, uma série de entrelaçamentos fáticos que se correlacionam uns com os outros, fazendo sentido e lhe oferecendo confiança na correção de seus postulados.

Argumenta por sobre gráficos, coincidências de datas, signos, efemérides, números que se repetem. Se você reconheceu nessa descrição o filme “Uma Mente Brilhante“, meu caro amigo é uma espécie de equivalente tupiniquim do gênio da matemática John Nash. Para quem está dentro daquele sistema lógico, fechado e coerente, tudo faz sentido. Para quem está de fora, trata-se de uma confusão incoerente e inaceitável. Se é possível criticar os postulados, com base em dados, fatos, ciência, observação e análise aprofundada das evidências, eu acredito ser impossível condenar alguém cuja crença o levou a pensar dessa forma. Portanto, não se trata de combater suas ideias, porque para a sua crença as críticas não fazem sentido, já que não levam em consideração sua lógica pessoal, subjetiva, e que se baseia em elementos irracionais.

Minha posição é de que uma crença não é passível de julgamento, pois que é fruto de uma visão pessoal e subjetiva do sujeito que a adota. Para que ela seja combatida, é necessário que ela se solidifique em ação. Desta forma, eu continuo acreditando que a autonomia para pensar de forma bizarra deve ser preservada, desde que respeite os limites estabelecidos pela lei. A liberdade de criar uma visão pessoal para o sentido do universo (se é que ele existe) é muito mais importante do que a correção dessas ideias. Afinal, o que nos parecia bizarro e incoerente até poucas décadas, agora estava sendo defendido apaixonadamente pela loira de olhos azuis…

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