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Ponto sem retorno

Eu particularmente acho que o volume de crimes cometidos durante o governo Bolsonaro, incluindo o gabinete do ódio, os crimes eleitorais, a boiada passando no meio ambiente, os roubos no varejo e no atacado, as joias, o cartão corporativo, etc deixaram o governo refém da reeleição. Era imperioso se manter no poder para que o controle do governo e da PGR impedisse a descoberta dos desmando que ocorreram na condução do país. Num país como o Brasil, qualquer presidente, por ter a máquina pública na mão, chega em uma eleição como favorito. Era com isso que contavam os bolsonaristas e aqueles que estavam lucrando com um governo entreguista e pró-imperialista. Entretanto, uma grande mobilização nacional ocorreu para garantir a vitória de Lula, atropelando todas as barreiras colocadas pelo governo. Como a reeleição Bolsonaro não aconteceu, ficou evidente que um desespero absoluto se abateu sobre as hostes bolsonaristas, e com a chegada da oposição ao poder se tornou impossível esconder a quantidade enorme de falcatruas produzidas em quatro longos anos de mentiras, desmandos, impropérios no cercadinho e cuspe no canto da boca.

Fica claro agora, pelas provas, depoimentos e delações que ganhar de qualquer jeito era o plano. Não fosse no voto (e foram cometidos inúmeros crimes para garantir a eleição do mito através de fraudes) haveria de ser na “marra”, usando da força, com golpe clássico, tanques na rua. Para isso seriam convocados os milicos ressentidos pela “comissão da verdade” e a linha dura fascista da caserna, aplicando um golpe “das antigas”, mandando matar o presidente, o vice e o ministro malvadão do STF. Porém, quis o destino que os Estados Unidos, que comandam essa turma de lacaios, não topasse um golpe cafona, fora de moda, com estética dos anos 60 e com cheiro de guerra fria. Tiveram que abortar o projeto, mas deixaram as pegadas da intentona golpista por todos os lados.

Agora resta saber se vamos, mais uma vez, apostar na “conciliação” e permitir que uma gang de bandidos fardados – que inclui até assassinos – seja perdoada em nome da governabilidade. Já fizemos isso com Fernando Henrique, e esse fato acabou deixando aberta a porta do arbítrio, dando asas aos militares para novas incursões no poder. Hoje fica claro que os militares nunca abandonaram seu interesse em controlar o poder civil, e por isso vivemos agora o desastre anunciado que foi gestado no perdão dado a eles pela lei de anistia – ampla, geral e irrestrita.

Eu não acredito que cometeremos o mesmo erro de manter os corvos soltos. “Alimente-os e eles te comerão os olhos”, como bem sabemos. Também é verdade que a prisão dos líderes desse golpe frustrado não afetará de forma significativa a onda fascista do nosso país, e corremos o risco de incentivar a criação de “vítimas injustiçadas”, que poderão ser alçadas à condição de heróis nacionais. Todavia, há limites para esta análise; ultrapassado um determinado ponto – e as tentativas de assassinato parecem ser essa linha – encontra-se um ponto sem retorno, e nada sobra para fazer além da aplicação dura da lei.

Prefiro acreditar que, mesmo sendo através da justiça burguesa e de atores que nunca estiveram conectados com a justiça “ampla, gerral e irrestrita” da população brasileira, as forças progressistas possam fazer uso desse fato para gerar consciência de classe, união em torno de nossas pautas e a exposição dos reais interesses da política burguesa.

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Conciliação e ruptura

As estratégias de combate à expropriação do parto não se resumem a debates estéreis e filigranas filosóficas. Existe uma materialidade evidente que emerge dos estudos e que nos oferece uma rota segura – porém mais difícil – de transformação. Por muitos anos, diante do crescimento evidente e sustentado da intervenção no processo de nascimento, ocorreu um debate sobre qual seria o futuro da obstetrícia. De um lado se situam aqueles que, entusiasmados por uma perspectiva tecnológica e movidos (mesmo sem o saber) pelo “imperativo tecnocrático” (que impulsiona as ações humanas em direção à complexidade tecnológica), acreditavam que o absoluto domínio da tecnologia sobre o ciclo gravídico-puerperal era o nosso porvir radiante. Para estes a gestação e, em especial, o parto, eram fardos demasiadamente pesados para serem carregados pelas mulheres. Liberadas destes encargos – gestar e parir – estariam livres de suas imposições fisiológicas para alçarem voos muito mais altos, conquistando espaços historicamente exclusivos para os homens. Os “casulos humanos” e as exterogestações povoam o imaginário de quem sustenta a tese de que as mulheres têm direito a esta liberdade, e que não recaia mais sobre seus ombros o peso de garantir a sobrevivência da espécie.

Do outro lado se encontram aqueles que percebem que o parto, assim como o concebemos, é constitutivo da nossa espécie. “Somos como somos porque nascemos de uma forma bizarra, particular e única”, e modificação das bases fisiológicas e afetivas do nascimento tem a potencialidade de transformar de tal maneira a nossa estrutura de sujeito que as gerações futuras em nada serão semelhantes àquelas de hoje, onde o parto ainda ocorre através do esforço e da resiliência das mulheres diante das dificuldades inerentes ao processo. Por certo que o movimento de Humanização do Nascimento no mundo inteiro foi criado diante do risco de abandonar a configuração multimilenária do parto em nome de uma aventura tecnológica, causando estragos semelhantes ao que ocorreu três décadas antes quando fizemos o mesmo projeto para a alimentação infantil, trocando a amamentação pelas mamadeiras e fórmulas artificiais. Tal processo, como bem sabemos, produziu uma tragédia incalculável para a saúde – em especial para as crianças de povos menos favorecidos economicamente. Por esta razão, muitas instituições se lançaram em projetos multicêntricos de valorização do parto normal, desde as pequenas ONGs locais de proteção ao parto normal até a OMS (Organização Mundial da Saúde). Porém, desde o princípio ficou claro que as estratégias para este combate eram duas que são, ao meu ver, inconciliáveis.

A primeira desejava uma “conciliação” com as forças hegemônicas da obstetrícia – os médicos, as instituições, os hospitais, a mídia – enquanto a outra percebia não haver possibilidade de conciliação e sequer cooperação, posto que não se trata de uma disputa ideológica, mas pelo poder, o domínio sobre os corpos grávidos. Para estes últimos, enquanto a obstetrícia for controlada por cirurgiões – com pouco ou nenhum apreço pelo parto normal e nenhuma habilidade para os desafios emocionais do processo – a taxa de cesarianas continuará alta, assim como o risco inerente a estas cirurgias para ambos, mães e bebês. Só os lucros aumentam com a intervenção, tanto para médicos quanto para as instituições hospitalares, indústria farmacêutica, indústria de equipamentos, etc. A solução para a questão da expropriação do parto não será através da academia, dos estudos e das pesquisas (importantes mas insuficientes), mas através da luta das mulheres exigindo partos com mais segurança e autonomia.

Um estudo de 2021 publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology deixa clara a existência de uma conexão entre os controladores do parto e as taxas de intervenção – como a cesariana. Existe um decréscimo sustentado de nascimentos cirúrgicos nos últimos anos concomitante com o aumento da atenção ao parto sendo realizada por enfermeiras obstetras. O gráfico acima não deixa dúvidas sobre a importância de abandonar a perspectiva conciliatória – tentando convencer os cirurgiões a não usar sua arte cirúrgica nos partos – e transformar o atendimento de forma radical, retirando dos médicos a primazia para a atenção aos partos normais. Para mudar a face do parto é essencial mudar quem exerce poder sobre ele.

O estudo de 2021 apenas demonstra o que falamos há mais de duas décadas: não existe possibilidade de mudança se continuarmos a usar o mesmo sistema fracassado. É preciso mudar pela raiz. Controlar o parto é uma questão de poder, e este deve estar nas mãos das próprias mulheres, para que possam decidir seu destino e o de seus filhos. Educar médicos para o valor e a importância do parto normal se mostrou um fracasso para o objetivo de humanizar o parto e garantir sua segurança; a forma mais eficiente de fazer esta revolução é garantir que o nascimento esteja nas mãos das especialistas na fisiologia de nascer: as parteiras profissionais – enfermeiras obstetras e obstetrizes. Sem isso continuaremos o autoengano que nos iludiu nos últimos 25 anos.

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Lutas indispensáveis

Não existirá resultado algum na busca pela diminuição das taxas obscenas de cesariana se as preocupações com o tema se mantiverem concentradas em profissionais da saúde – em especial com os médicos que controlam o parto desde a derrocada da parteria na primeira metade do século XX. A experiência de mudar a tendência de nascimentos cirúrgicos “de cima para baixo” ocorreu no Brasil e se mantém um fracasso. Já escrevi muito sobre as “Caravanas da Humanização” e o fato de que elas se assentaram sobre pressupostos idealistas, que não contemplam a materialidade das relações de poder.

É mais do que óbvio que os médicos jamais mudarão um sistema que os beneficia. A obstetrícia cirúrgica, que aliena as “pacientes” de qualquer atuação efetiva na condução de seus partos, é o ápice da transformação das mulheres em contêineres fetais, cuja abertura só compete aos profissionais da intervenção. Desta forma, os médicos jamais poderão liderar um movimento de mudança no cenário do nascimento que, em última análise, provará o erro de oferecer a esta corporação o comando do processo de parto. Quaisquer mudanças que porventura venham a ocorrer só terão sucesso se vierem das próprias mulheres, quando forem devidamente esclarecidas da expropriação do parto produzida pela tecnocracia. Enquanto as mulheres forem doces repositórios do “saber magnânimo” da obstetrícia corporativa, estarão sempre à mercê de interesses (econômicos, profissionais, legais, circunstanciais, sociais, etc.) que não são necessariamente os seus.

Há quase 30 anos eu repito que não haverá uma revolução do conhecimento, com evidências científicas e dados de morbimortalidade, capaz de produzir uma mudança de comportamento, muito menos no que concerne a um fenômeno que ocorre no corpo das mulheres – território de eternas disputas pelos significados amplos para nossa espécie. Tal transformação nunca ocorreu na história humana. Por acaso os Franceses se retiraram da Argélia porque ficou comprovado que o colonialismo é imoral e genocida? Israel vai “se dar conta” da indecência do apartheid e da limpeza étnica e discutir com os palestinos a plena democracia da Terra Santa? O imperialismo acabará pelo amor dos Estados Unidos à paz e à livre determinação dos povos?

A resposta a todas estas perguntas é um sonoro não. A única possibilidade de mudança no modelo intervencionista e alienante da obstetrícia será através da luta. Não existe possibilidade de conciliação; a Medicina tomou as rédeas do nascimento humano retirando esta função das mãos das parteiras em quase todo o mundo ocidental, e não vai entregar este domínio graciosamente. Esta retomada não se dará sem conflito, e as únicas “guerreiras” capazes de vencer a batalha do parto são as próprias mulheres, auxiliadas pelos batalhões de “combatentes auxiliares” como doulas, psicólogas, obstetras, enfermeiras, sociólogas, psicanalistas, gestoras, epidemiologistas etc. Não haverá um consenso internacional capaz de garantir o direito ao parto normal sem que haja uma disputa entre aqueles que apostam na suprema alienação dos corpos grávidos e aqueles que lutam pelas escolhas informadas e pela liberdade de parir.

Espero que alguém além de mim perceba que a luta pelo parto fisiológico não será travada nas academia, mas na arena política das lutas pela liberdade e pela autonomia.

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Sionismo canhoto?

Nesta semana (10 outubro 2023) o professor e pesquisador Michel Gherman abandonou um debate sobre a crise da palestina na PUC do Rio de Janeiro. Na ocasião ele proferiu a seguinte frase “O Hamas é um grupo terrorista e o que aconteceu foi uma ação da pior espécie”. Neste debate é possível ver uma universitária, que afirma ser judia, protestando contra a presença do professor Gherman e dizendo que “95% (dos que estão aqui) não estão se sentindo representados por Michel Gherman”. Surge então a questão: como pode este professor defender uma proposta colonialista e racista como o sionismo, atacar a resistência palestina, aceitar a revanche sangrenta de Israel e ainda assim considerar-se de “esquerda”?

O proclamado “sionismo de esquerda” – um oxímoro ridículo – tem em Michel Gherman uma de suas mais potentes vozes há muito tempo. A narrativa usada pelos defensores da “conciliação” para o drama na Palestina é sempre a mesma: a culpa não é da ocupação, nem da opressão, muito menos da limpeza étnica. Não ocorre por causa do apartheid ou do racismo; a culpa é da extrema direita que governa o país na figura de Benjamin Netanyahu. Para estes personagens (que recebem um destaque incompreensível do jornalismo nacional, inclusive entre os progressistas) se a esquerda estivesse no poder não haveria tanta e tão disseminada violência, esquecendo que nas primeiras duas décadas da existência de Israel os governos eram encabeçados por elementos da esquerda israelense. Porém, apesar do esquerdismo de fachada, a brutalidade era a mesma que hoje testemunhamos – apenas sem câmeras nos celulares para testemunhar o horror dos massacres.

Entretanto, como toda dissimulação, a pretensa postura condescendente e “pacifista” destes falsos democratas desaparece como num passe de mágica nos momentos de crise. Os eventos apicais, seja no contexto dos sujeitos ou dos partidos, são pródigos em revelar nossa natureza mais íntima. Podemos enganar muitos sobre o nosso caráter durante períodos de calmaria e fartura, mas basta que a fome, a guerra, o caos social ou qualquer ameaça – interna ou externa – brote da placidez do nosso cotidiano para que surja a verdadeira essência, escondida sob as capas de civilidade.

Nesta exato momento Israel bombardeia sem dó ou piedade uma população composta majoritariamente por mulheres e jovens, indefesos dentro de uma prisão a céu aberto, privados das condições básicas para a sobrevivência de seu povo. Quando confrontado sobre o que faria no lugar de Netanyahu diante dos impasses da guerra contra o povo palestino, sua resposta se encontra em sintonia com os valores sionistas – excludentes, violentos e racistas – mais básicos: “Se tivesse chegado onde chegamos (faria) a mesma coisa. Só traria gente competente para assessorar”, disse em uma recente entrevista o professor Michel Gherman. Ou seja, mataria milhares de crianças, asfixiaria Gaza deixando-a sem eletricidade, água ou medicamentos, bombardearia hospitais matando médicos, enfermeiras e feridos e tudo isso em nome do regime racista, opressor e colonial criado no solo Palestino. Ou seja, para ele a manutenção do colonialismo brutal de Israel está acima dos valores humanos mais essenciais.

Não existe possiblidade de juntar no mesmo partido – ou no mesmo sujeito – uma proposta colonial e racista com a perspectiva solidária, humanista e justa que compõe a proposta socialista. Esses sujeitos pró Israel são direitistas, colonialistas e imperialistas até a medula dos seus ossos, mesmo quando seus discursos estão repletos de clichês pacifistas e lugares comuns pela “paz”. Não há verdade alguma em suas palavras quando falam de diálogo, diplomacia e entendimento entre as partes em conflito pois que para o sionismo a única possibilidade em seu horizonte é continuar tratando os Árabes como serviçais e cidadãos de segunda categoria. Pior ainda, gente (ou “animais”, como disse Yoav Gallant, ministro de defesa de Israel) que deveria deixar a Palestina ou morrer, pela expulsão ou pelo extermínio.

A mídia brasileira, acostumada a passar pano para essa falsidade, precisa acordar para o que estes personagens realmente representam. Não existe possiblidade de paz que não surja de uma pressão internacional intensa e sem tréguas contra o sionismo racista e colonial, contra o apartheid e contra o imperialismo. Dar ouvidos aos sionistas é atacar a autonomia e o sonho de democracia na Palestina, pois que o centro das reivindicações sionistas é a manutenção do colonialismo e da opressão do povo palestino.

FREE PALESTINE!!! 

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Rupturas

O “welfare state” na Europa, assim como o keinesianismo nos Estados Unidos, foram as boias de salvação do capitalismo que naufragava. O modelo de bem-estar social europeu (saúde pública, aposentadoria, férias, proteção à infância, salário desemprego, licenças maternidade/paternidade, etc) resguardou os capitalistas da insurgência popular após a II Guerra Mundial, enquanto a doutrina de Keynes (investimento massivo do Estado na infraestrutura) salvou a economia capitalista americana depois da grande crise de 1929, oferecendo a ela um século de sobrevida. Todavia, era evidente que o projeto viria a fracassar, mais cedo ou mais tarde; não haverá jamais reforma suficiente para salvar um sistema que nos divide em classes. Lula parece e ser um novo Roosevelt, cujo maior feito foi salvar o capitalismo de 90 anos atrás, mas eu duvido que o capitalismo “humanizado” de Lula – com 3 refeições ao dia para todos – seja capaz de salvar o projeto moribundo da sociedade de classes. Talvez – quero crer – Lula tem plena consciência de suas limitações. Afinal, ele disse ter saído de sua prisão injusta muito mais à esquerda do que entrou. É possível que a reforma do capitalismo destrutivo e violento com que convivemos seja a única imagem que seus olhos conseguem vislumbrar no horizonte curto da democracia liberal.

O que está claro é que a “sedução da conciliação” é um elemento onipresente, aparecendo em inúmeros aspectos da nossa vida cotidiana, não apenas na política. Ela é poderosa por apelar aos bons princípios, ao perdão, ao amor e à superação das divergências. Está presente tanto nos relacionamentos quanto nos negócios e na política, pois procura aproximar os diferentes aparando as arestas que dificultam nossa trajetória. A conciliação pretende encurtar distâncias aproximando os divergentes, diminuindo os espaços que separam projetos. Por isso é tão difícil fugir dessa perspectiva quando a única solução que sabemos funcionar é a ruptura. Esta é a razão por tantos casais fazerem “bodas de solidão”, mantendo-se unidos pela ilusão da reconciliação, ou pelas promessas fugazes de reaproximação. Foi isso que atrasou todos os projetos de independência, os gritos de libertação e os brados de justiça. A conciliação é uma potente energia conservadora, extremamente importante para a manutenção dos laços e projetos que nos conectam, mas pode nos fazer aguardar em demasia quando a ação é necessária; nos segura quando estamos diante da emergência do partir. Sabemos da impossibilidade de “consertar” o capitalismo, mas ainda assim tentamos endireita-lo de inúmeras maneiras. E assim será, até que seu fracasso seja uma verdade que possa entrar nas mentes de todos.

Por outro lado, apostar na perspectiva reformista e conciliatória é atrasar a mobilização de todos em torno de propostas realmente progressistas. O capitalismo, que foi uma criação espetacular na história da humanidade, oferecendo a todos nós uma evolução nunca antes atingida, não será capaz de cumprir a sua finalidade última, na medida em que a divisão de classes acaba produzindo um fosso insuperável. É necessário que as gerações futuras entendam o quanto é importante encarar a dor das rupturas para, só assim, inaugurar novos paradigmas. É tempo de abandonar o Reformismo e investir na consciência de classe. O mesmo vai ocorrer até com as propostas de Humanização do Nascimento. Esse movimento significa garantir o protagonismo à mulher e esta proposta radical jamais vai ocorrer pela rota amorosa da conciliação, mas através do rompimento com o sistema de poderes que controla os corpos. Apostar na perspectiva reformista e conciliatória é atrasar a mobilização das mulheres em torno de um projeto centrado na ciência e nos direitos humanos reprodutivos e sexuais. Espero que as gerações futuras entendam o quanto é importante encarar a dor das rupturas para, só assim, inaugurar novos paradigmas.

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