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Espiritismo e cristolatria

Jesus foi um ativista político, um revisionista da religião judaica. Basicamente um judeu falando de judaísmo para outros judeus. Toda a construção do Jesus mitológico, que o trata por “Espírito de luz”, “Deus encarnado”, “Salvador da humanidade”, “aquele que morreu por nossos pecados” etc, parte de construções humanas, históricas, geopolíticas e pouco têm a ver com o Jesus histórico da Palestina. Em verdade a própria existência desse personagem é contestada por inúmeros pesquisadores e estudiosos do tema. Vejo hoje a necessidade de parar de contar pequenas e grandes mentiras usando como desculpa a ideia de que os espíritas são “imaturos demais para entender a verdade”.

Creio que o espiritismo foi criado para adultos, sujeitos maduros, que não necessitam mais histórias de Jesus “espírito de luz”, “pátria do evangelho”, “arquitetos do planeta”, ou quaisquer outros misticismos que se estabelecem sobre fantasias. Jesus foi uma pessoa absolutamente comum, como eu ou você, que pretendia ser o libertador da Palestina do jugo romano. Provavelmente um “Messias” pouco importante diante dos mais de 400 auto proclamados libertadores do povo hebreu que surgiram naquela época. Já a figura de Cristo foi construída após sua morte e não tem nada a ver com o judeu que pregou sobre sua religião. Qualquer coisa além disso é pura imaginação; é criar uma figura mítica desconectada daquilo que a história nos oferece dele.

Eu entendo quando não se desfaz a ilusão do Papai Noel ou do “Jesus Filho de Deus” para crianças sem aguardar que estejam prontas para a mudança de entendimento sobre estas figuras, mas manter essas visões infantilizantes nas bordas da adolescência é inútil e desrespeitoso, pois não é justo tratamos adultos como seres incompetentes para encarar a verdade. A ideia de um velhinho que – por bondade e amor – traz os presentes a todas as crianças no Natal é por demais sedutora e satisfaz as necessidades de aceitação das crianças. Todavia, se você insistir com a visão fantasiosa do “bom velhinho” depois de uma certa idade ela vai desconfiar de suas intenções e se ofender com sua atitude.

É hora dos espíritas abandonarem o cristianismo. Ele é sectário, branco, eurocêntrico, ocidental e não contempla a diversidade e a abrangência que precisamos num mundo globalizado. Cada vez que eu escuto falar de Jesus como o “filho dileto do criador” eu lembro dos meus irmãos chineses e seus milhões de compatriotas que não tem necessidade alguma de suas palavras, sua mensagem e sua existência – mítica ou histórica. Por que insistimos nesse mito medieval???

A conexão do espiritismo com a figura de Jesus teve um efeito paradoxal. Se por um lado nos alia a uma parcela do planeta – europeia e ocidental – em sua visão teleológica e moral, por outro lado nos afasta de todo o resto do mundo que poderia se beneficiar de uma filosofia e ciência que se dedica a estudar a manutenção do princípio espiritual para além do momento da morte física. Entretanto, foi exatamente esta amálgama entre a ciência do espírito e a religião que lhe conferiu a popularidade que hoje desfruta em um país como o Brasil. Aquilo que hoje tanto me incomoda – a persistente cristolatria – é o que manteve as ideias de Kardec vivas em boa parte do mundo.

Por outro lado, é óbvio que o espiritismo não precisa de uma visão “moral”, “cristã” e “religiosa” da mesma forma como a lei da gravidade de Newton não precisa de um culto místico ou de um ser espiritual diretamente conectado com Deus para que as pessoas aceitem a gravitação como uma lei importante para o entendimento do universo. O espiritismo é a ciência do espírito, mas o que encontramos nas casas espíritas é uma exaltação dos valores morais ocidentais, da contenção da sexualidade e sua domesticação (as obras de Chico e Divaldo são gigantescos tratados sobre sexualidade reprimida) e de identidade cultural. No meu modesto ver, o espiritismo muito ganharia se desprendendo dessas amarras religiosas e dessa vinculação com os mitos cristão, assim como a própria figura do Cristo.

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Jesus

Cada um constrói Jesus de acordo com suas fantasias. Não há nenhuma forma de descrevê-lo de forma minuciosa sem se basear em pura imaginação. Recorrer à Bíblia é um enorme risco, na medida em que são relatos imprecisos de fatos descritos até um século depois de terem ocorrido.

Aliás, ao meu ver Jesus era precisamente isso: um “judeu falando de judaísmo para outros judeus”. Era um dos muitos (centenas) de Messias que vagaram pela Judeia pregando a libertação do povo judeus do imperialismo romano. Ele jamais falou, durante toda a sua curta pregação, para não-judeus; seu universo sempre foi o espaço entre o mar Mediterrâneo e o Rio Jordão. Jesus era essencialmente um reformista da religião judaica e um agitador político ligado aos Zelotas. A ideia de que era um “enviado”, um “Espírito de luz”, “o filho de Deus”, o “próprio Deus encarnado” ou um ser responsável pela “governança do planeta” mistura “wishful thinking” com delírios etnocêntricos, colonialismo europeu (pois foi lá que o cristianismo em todas as suas vertentes floresceu) e o puritanismo. A concepção virginal e o celibato crístico falam muito dessa visão pecaminosa e religiosa sobre a sexualidade.

Seu projeto político, como se sabe, foi um fracasso retumbante, pois que o Messias seria aquele que cumprisse a profecia de libertação do povo oprimido da Palestina – o que só ocorreu 70 anos depois e por pouco tempo. Não só ele, como centenas de outros “Messias” tiveram o mesmo fim. Todavia, tudo o que se diz sobre a vida mundana de Jesus é criação posterior à sua morte, e não há como saber o que realmente ocorreu. Assim, se Jesus era um judeu comum, com propostas revolucionárias, agindo politicamente na Palestina para a libertação do seu povo, o Cristo é uma criação humana do inconsciente coletivo diante das demandas sociais e políticas do seu tempo. O Cristo foi, assim, moldado diante de nossas vontades e fantasias, guardando pouca – ou quase nenhuma – relação com o jovem judeu que caminhou pela Galileia.

Adam B. Wellington, “Steps on the Sands of Palestine”, ed. Barack, pág. 135 (tradução pessoal)

Adam Burke Wellington é um paleontólogo da Universidade de Hamilton, com mestrado em estudos bíblicos que escreveu vários livros sobre a vida do “Jesus histórico”. Colaborou com a coleção “Avatars” descrevendo o Jesus da Galileia em sua vertente socialista. Seu livro mais conhecido em português é “Sombras do Jordão”, da editora Magiar.

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A Paixão de Cristo

A sexta feira é da PAIXÃO!!!

Sim, da paixão, essa chama indócil que nos arremessa para destino incerto, mas sempre em direção à vida. A força motriz de toda realização humana, o motor de nossas ações, das mais nobres às mais brutais, mas que “desacata a gente, que é revelia“. A paixão que nos mostra o que, em verdade, é ser humano.

“Paixão” deriva de passus, particípio passado de patī “sofrer”, é um termo que designa um sentimento muito forte de atração por uma pessoa, objeto ou tema. A paixão é intensa, envolvente, um entusiasmo ou um desejo forte por qualquer coisa. Mas para entender a “sexta feira da paixão” é preciso aceitar que a paixão de Cristo ultrapassava os limites do mero objeto de desejo, e se espalhava por todo o seu povo, na sua busca por igualdade, justiça social e autonomia.

O Jesus que eu conheço é o Messias, o ungido, o escolhido para liderar seu povo para a liberdade. O Cristo que enfrentava os senhores da lei, o mesmo que chicoteou os vendilhões do templo e aquele que deixou claro que veio trazer a espada, não a paz. O Jesus ativista, líder dos explorados. O Mestre corajoso, que entregou-se com bravura aos seus algozes por amor aos seus ideais. Um Jesus de coragem, fibra, destemor e LUTA.

Esse Messias é agora esquecido, em nome de um líder cheio de amor e paz. Um Jesus domado, constrangido, bonzinho, que coloca criancinhas no colo. Um Messias para os opressores, loiro e de olhos azuis. Um Jesus que se mesclou com os poderosos para ser aceito, a ponto de perder sua face revolucionária. Um Cristo para o paladar dos conservadores. Vendido por Paulo aos romanos, virou a imagem da docilidade, da submissão, do amor incondicional e da bondade, mas sua origem miserável, rodeado por analfabetos, pescadores, prostitutas e ladrões nos mostra que ele era do povo, da luta, da navalha e do confronto. Sua paixão era pela liberdade.

Que a nossa paixão seja pela mudança, pelo enfrentamento e pela consciência de classe. Não podemos permitir que o legado de um marceneiro negro, oprimido pelo poder absoluto e despótico de Roma seja transformado na imagem do cordeirinho loiro e bonzinho que aceita a iniquidade, as injustiças, o racismo e a violência sem reclamar e sem esboçar reação

Não esqueçamos que não é hora de chorar.

“Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.”

(Ijuca pirama – Gonçalves Dias)

Era a poesia que minha mãe recitava quando eu era menino…

FELIZ SEXTA FEIRA DA PAIXÃO…

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Espíritas carolas

Não creio que se possa dizer que existe um mosaico de preferências políticas dentro do espiritismo contemporâneo. Quando observamos as manifestações de seus líderes percebemos um enorme contingente de carolas, cristólatras (como Divaldo e Chico), místicos, e conservadores de todos os matizes. Em minha experiência pessoal posso dizer que no meu grupo de jovens espíritas praticamente todos se voltaram à direita.

Um espírita de esquerda como eu é quase uma aberração. Divaldo foi ovacionado de forma entusiástica numa conferência ao exaltar a figura patética e corrupta do ex juiz da Lava Jato, cuja reputação agora se despedaça publicamente. Poderia ter ficado quieto, ser discreto. Poderia até entender que sua posição o impede de vinculações apaixonadas com um lado ou outro. Entretanto, preferiu o bolsonarismo mais tacanho, fazendo uma manifestação apaixonada de um punitivista messiânico que, ao que tudo indica, se corrompeu pela vaidade e pela ambição desenfreada.

Os espíritas, enquanto grupo social, são conservadores e moralistas. É até curioso ver uma enorme parcela de líderes espíritas homossexuais reprimidos que se aliam à direita mais sexista – que os desaprova e condena – mas isso tem tudo a ver com a “identificação com o opressor”, como o próprio Freud nos ensinou.

Divaldo Franco e sua legião de espíritas conservadores exaltou o ex juiz, tratando-o nesta conferência em Goiás como “espírito de luz” e “missionário” da “República de Curitiba”. Hoje se descobre que tal sujeito é apenas um espírito das trevas corrompido pelo orgulho, pela ambição e por uma vaidade desmedida. O tempo é o senhor da Verdade.

Se há alguma diversidade no movimento espírita ela se encontra na marginalidade. Eu, por exemplo. Não está na FEB ou em federações regionais; dificilmente na direção das casas Espíritas. Se houver estará nos poucos negros e negras, nas mulheres espíritas, nos gays e trans que enxergam no espiritismo uma possível explicação para suas dores, mas que não negam a importância central do modelo social na reprodução do sofrimento que os oprime.

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Cultos

Preso no hotel fico estarrecido com os programas religiosos na Internet. Existem dezenas de canais evangélicos na TV com cultos dos mais variados. Não sabia dessa abundância. Este que eu estava assistindo chama-se “Milagres na TV” e se baseia em curas. O que me chama a atenção é a estética do programa. A foto abaixo parece ter sido tirada em uma sinagoga; os homens usam quipá e as mulheres mantos brancos. As músicas falam de “destruir o inimigo; não restará nenhum de pé”.

As ligações telefônicas ao bispo contém pedidos de melhora financeira e “ânimo” para conseguir um emprego. As palavras do bispo são: “se você está de pé seu inimigo deve estar no chão. No mundo espiritual é que lutamos pela vida espiritual e financeira e pelos nossos sonhos de consumo”. Claro, isso os coloca como “gate keepers”, aqueles que podem (ou não) abrir as portas para essas “felicidades”.

Os pastores são incríveis, num perfeito sincretismo religioso bem brasileiro. Um deles falou “somos ensinados sobre a tricotomia corpo, alma e espírito”. Sim, “tricotomia”. Depois fala que a alma também é chamada “perispírito”, um termo que não aparece na Bíblia, mas foi retirada do discurso espiritualista.

Todo o discurso é baseado na guerra, nos exércitos de Deus na luta contra o diabo. Diz ele que quem não entende isso nunca estudou “angeologia”, ou o “estudo dos anjos”. Quase não se fala em Jesus, tudo é sobre Deus e o velho testamento. A “boa nova” é abolida para tirar a poeira do velho testamento. A metáfora mais usada é David e Golias. Ahhh, dízimistas (que pagam dízimo à igreja) tem favores especiais de Deus, mesmo que Ele nos ame de forma igual. Sei…

Até bandeira de Israel tem…

É o que se poderia chamar de “desmoralização da religião”: uma religião sem “moral”; pragmática (emprego, dinheiro, casamento, álcool, drogas) e assentada sobre valores outros que não os morais e espirituais, refutando a busca da elevação através da reforma íntima.

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Jesus negão

E se ele estivesse aqui?

Se hoje fosse vivo Jesus não se pareceria com o alemão de olho azul que a gente via nas igrejas. Por certo que não seria parecido com a imagem doce que dele fazemos. Mas também posso garantir que não teria votado em quem apóia tortura e também não aceitaria vendilhões do Templo falando em seu nome e cobrando dízimo. Esse não seria o mesmo jesus que pregava a justica entre os homens.

Jesus seria um negão da quebrada levando porrada de polícia e falando em nome dos pobres, das putas e da tigrada em geral. Teria ficha corrida, seria marcado pela violência policial e teria muita marca de borracha no lombo. Desempregado, aflito, esmurruga e fuma pra fugir da dor.

Quer saber? Si pá nem homem sequer seria; talvez uma mulher com filhos debaixo das asas, carregando uma casa nas costas, preta e altiva. Quem sabe se chamasse até Marielle e sua cruz seria feita de chumbo na cuca.

Em vez de manto, uma roupa rasgada, no lugar das sandalias uma havaianas com clips pra segurar as tiras, e seus parça seriam pretos pobres como ele. Sem glamour de Roliúde, sem Cecil De Mille, sem maquiagem, só sujeira mesmo.

Jesus das quebrada diria “Ceis não entenderam nada da outra vez, carai. Vão se fudê, malandro. A gente não quer migalha; a gente somos cidadão“.

Alguém duvida que seu destino seria o mesmo?

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Religião

Sou cada vez mais interessado pelo verdadeiro sentido sociológico da religião, que não é a prática do bem, da caridade, a crença na vida após a morte ou nas bem-aventuranças. Religião me parece cada vez mais um idioma; uma linguagem. Um código complexo e detalhado onde colocamos nossos valores contemporâneos e os inserimos entre as palavras escritas.

É por esta razão que os textos sagrados são tão longos, complexos e dúbio – por vezes contraditórios. Eles são assim com um propósito: permitir a entrada de inúmeras visões de mundo, mesma as que são antagônicas. É possível ter opiniões diametralmente opostas e usar a Bíblia ou o  Corão para embasá-las.

Religião não é um lugar de onde tiramos conceitos, mas onde os colocamos. Por isso ela muda no tempo e no espaço. A religião, portanto, é uma identidade compartilhada, que funciona para agregar as pessoas em nome de ideias, valores e histórias comuns.

Edward McDuffie,  “The gates to Nowhere”, Ed. Printemps, pág 135

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Universo em Desencanto

Tim Maia nos anos 80 aderiu a uma seita chamada “Universo em Desencanto” criada por um obscuro guru da baixada fluminense (Manoel Jacintho Coelho, falecido em 1991) e que se baseava na interação de humanos com alienígenas, que iriam nos controlar, orientar e, por fim, nos salvar da eterna danação. Quando perguntado sobre o criador dessa religião ele respondeu: “Um dia o mundo inteiro conhecerá seu nome e sua obra”.

Essa visão teleológica do mestre Tim Maia é tão absurda quanto imaginar que um auto proclamado profeta-carpinteiro analfabeto da palestina (uma espécie de Belford Roxo para o império Romano) pudesse ser uma personalidade venerada depois de quase 2000 anos de sua morte. Afinal, acreditar em anjos ou ETs não é tão diferente assim.

Tim Maia foi um Paulo de Tarso que não deu certo.

Minha intenção, ao escrever esses parágrafos, foi afirmar que uma mensagem, por melhor que seja, precisa de uma série tão complexa quanto imprevisível de elementos para se tornar hegemônica. A ideia de que a mensagem de Jesus sobreviveu pela “verdade” que carrega é, para mim, insuficiente, para não dizer ingênua. Se isso fosse verdade – a potência imanente de uma evidência – então não teríamos 91% de partos na pior posição do mundo para parir. Bastaria observar a realidade histórica e as que emergem dos estudos para que a posição de parir fosse mudada para melhor. Pois eu repito: a verdade por si é INSUFICIENTE. O cristianismo é uma mistura de mensagem para os pobres (do Sermão da Montanha), ativismo libertário (na figura do Messias – um lutador pela libertação palestina) a atuação política de Paulo (um romano que se envolveu na causa) e mais uma série de coincidências e contextos históricos. Não foi a verdade da mensagem – mesmo que se acredite nela – mas as circunstâncias.

Realmente a Galileia estaria para o Império Romano como uma pequena cidade do interior está para o contexto do Brasil. Uma poeira perdida no mapa, desimportante e sem potência para ameaçar as bases de um Império sólido e gigantesco. Tão sem importância era que os romanos sequer deixaram uma parede em pé quando a retomaram no ano 70. Por isso é que a mensagem de Jesus precisa ser entendida nesse caldo cultural em que se encontrava a Europa e o Oriente médio há dois mil anos, o contexto do colonialismo romano e sua “pax”. Jesus, seja lá quem tenha sido de verdade, é fruto dessa efervescência, e sua mensagem se tornou hegemônica por uma miríade de fatores, entre eles o fato de ser uma bela história a ser contada.

PS: De acordo com as probabilidades, um sujeito filho de um carpinteiro vivendo na localidade de Nazaré, que de tão pequena não tinha sequer uma sinagoga, só poderia ser analfabeto. Reza Aslam concorda com esta tese.


Primeira baixa do meu texto acima sobre Jesus. Um querido amigo (de mais de 10 anos) me informa consternado que parou de me seguir porque não aceita que eu tenha sido, segundo afirma, desrespeitoso com a figura de Jesus. Diz ele que não permitiria que o “Salvador do Mundo” seja comparado com um maníaco brasileiro (o criador do Universo em Desencanto).

Minha resposta para ele foi a que se segue:

“Caro amigo, sinto muito por duas razões: uma por não participar mais do teu Facebook e outra por não teres entendido absolutamente nada do post que fiz sobre a importância seminal do trabalho de Paulo, ao meu ver o responsável pela existência do cristianismo. Na minha modesta opinião não há nada de errado na minha descrição de Jesus – do ponto de vista histórico – e muito menos ainda fui desrespeitoso. Pelo contrário, é uma exaltação à força de sua obra. Forte abraço a todos…

PS: Podias ter me bloqueado por tantas outras coisas, mas o criador do “Universo em Desencanto” não é um maníaco!!! Como ousa ofender o Criador da minha religião???? Só porque ele não é famoso? Não esqueça que por centenas de anos essa era a imagem de Jesus (um maníaco judeu) e só depois de Roma aceitá-lo é que suas palavras foram respeitadas.

Abraços fraternos para toda a família.”

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Primeira pedra

Existem seres humanos que merecem perdão; outros não. Quanto a isso não há dúvidas. A listagem de pessoas (e não seus crimes) imperdoáveis não é muito difícil de achar. Todos os sujeitos que cometeram crimes que estão distantes da nossa realidade são imperdoáveis. Furar fila, não declarar imposto corretamente, matar um ladrão (bandido bom é…) não são crimes, quanto mais imperdoáveis, porque qualquer um de nós pode ter tais atitudes.

E não precisa ser um gênio para entender isso. As tradições religiosas estão cheias de exemplos de que o perdão precisa ser seletivo. Não há porque perdoar todos de forma igual como se todos fôssemos iguais aos olhos de Deus. Se isso fosse verdade Ele não criaria pessoas cheias de virtudes (nós) e outros animalizados e perversos, afogados em seus defeitos (os outros).

Foi exatamente o que Jesus disse quando atirou aquela pedra na puta que – evidentemente – não merecia perdão. Peraí que eu vou achar o versículo certinho e vou postar aqui em baixo.

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Achei a parte que fala aqui na Bíblia mas essa que eu tenho é dos Gideões e deve ser uma versão muito recente porque (olha só que absurdo) está escrito que ele NÃO atirou a pedra, o que é um óbvio erro pois Jesus não era bobo nem nada e jamais permitiria que um crime nojento como esse (eu jamais seria uma prostituta!!!) passasse em branco. Eu tenho nojo das traduções mais novas da Bíblia que trocam arbitrariamente as passagens apenas para apoiar petralhas e defensores de direitos humanos (leia-se bandidos).

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Quer saber? Que se lixe a Bíblia. Estou olhando aqui outros posts de Jesus e acho que esse cara fumava um. “Ame ao próximo como a ti mesmo“, ah…. vá se ferrar!! Amar estuprador, assassino, ladrão???? Tá cheirado barbudo???? “Teus inimigos são teus verdadeiros amigos“: bebeu gasolina??? E só piora, agora vi essa aqui: “Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem“. Sério que o pessoal não sabe? Um bando de ladrão vagabundo e não sabem o que estão fazendo?

Te larguei pras cobra, Bíblia…

(according to “irony act” of march 2017 this post follows the fundamental principles of post-truth and explicit irony, therefore is under the protection of that presidential bill)

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Religião, por quê?

bolsonaro

Ao ver ontem as imagens do batismo de Bolsonaro na Palestina – esse é o verdadeiro nome daquele local – eu fiquei me perguntando qual o real sentido das religiões tradicionais na vida atual. Pergunto isso porque no cenário contemporâneo não há ninguém mais afastado dos valores cristãos – que podem ser sumarizados no Sermão da Montanha – do que as figuras públicas que explicitamente abraçam a religião, como uma bandeira ou uma atividade lucrativa.

Sou cercado de ateus e agnósticos no meu cotidiano, e de algumas pessoas claramente crentes e devotadas a uma filosofia religiosa. Entre elas não consigo perceber nenhuma diferença de caráter ético ou moral. Meu filho é agnóstico e minha mulher é espírita, a entre eles só vejo posturas que valorizam a moralidade e a ética. Nenhuma atitude deles revelaria qual dos dois é o “crente”. Que diferença faz chamar um sujeito nascido há dois mil anos de “Mestre” ou acreditar mas forças da natureza e na importância da fraternidade na prática?

Poucas pessoas se distanciam mais das palavras de Jesus do que Bolsonaro, Malafaia, Feliciano, Everaldo, Edir Macedo e toda essa turma gigantesca de vendilhões do templo e mercadores de indulgências. Não é a toa que se postam junto às facções mais reacionárias da política, as do “boi” – os latifundiários donos de terra – e as da “bala” – os que desejam pena de morte (para pretos e pobres, como sempre) e diminuição da idade penal.

Qual o sentido de mantermos estruturas gigantescas e ineficientes como as grandes religiões se elas são totalmente incompetentes para estimular o pensamento crítico, o crescimento da consciência (social e de si mesmo) e a reforma íntima dos que dela se aproximam?

O batismo de Bolsonaro, teatro bufo retratando uma tragédia nacional, apenas demonstra que as religiões falham espetacularmente em sua tarefa essencial de modificar o homem em direção aos valores superiores da fraternidade e da justiça. Uma farsa, uma mentira e um engodo social, que atinge apenas desesperados; ou espertalhões em busca de holofotes.

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