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Tensão e guerra

Escrevo estas notas enquanto o céu de Talabib se ilumina com as bombas que chegam do Irã. Era de se esperar que a República Islâmica do Irã, mais cedo ou mais tarde, iria fazer a sua necessária retaliação aos ataques sionistas. Entretanto, sabemos bem que a agressividade de Israel é a maior demonstração de sua fragilidade. Tanto no plano internacional quanto interno, o país está em frangalhos. É impossível esconder hoje, como foi feito durante quase oito décadas, as atrocidades e os crimes cometidos contra a população da Palestina.

A operação de 7 de outubro destruiu o projeto sionista de uma forma irrecuperável. Não há mais como sustentar a ideia racista e supremacista que se constitui na estrutura central de Israel, sua espinha dorsal. O genocídio, as matanças de crianças, a diretiva Hannibal, o bloqueio de ajuda, a destruição dos hospitais, a mortandade de 10% da população, em sua maioria mulheres e crianças, as torturas denunciadas nos calabouços israelenses, a morte de jornalistas, médicos, enfermeiras e toda a podridão do apartheid foram jogadas nas telas de TVs e celulares do mundo todo. Ao contrário dos massacres cotidianos dos últimos 77 anos, agora a Internet expõe de forma crua o sofrimento do povo palestino e a perversão homicida da sociedade israelense. Não há mais como desver o que testemunhamos, e não há mais como Israel se tornar uma nação entre as nações. Israel é um cadáver que apodrece à vista de todos, mas enquanto o corpo não é enterrado, somos obrigados a ver o horror de sua decomposição, enquanto o mundo inteiro testemunha o horror e o racismo que imperam na sociedade israelense. Ficou claro que esse ataque israelense ao Irã foi puro desespero do Império em decadência. Fica evidente que Israel está morrendo, se desfazendo, e esse ataque revela um corpo em decomposição. Não há mais como sustentar Israel, uma aberração supremacista e genocida, um enclave europeu fascista encravado no Oriente Médio.

A meu ver, esse país não tem mais muitos anos de vida. É sintomático que 10% da população já tenha abandonado o país, voltando para seus lugares de origem, e por certo muitos mais vão trilhar esse caminho. Essa guerra provocada – com a desculpa do enriquecimento de urânio – é o sintoma do fim de Israel. Fica claro que está se comportando como a Argentina dos anos 80, entrando em colapso e nos estertores da ditadura militar, provocando uma guerra contra a Inglaterra para unificar o país em torno de uma ameaça externa. De nada adiantou; o regime caiu de podre.

Este é um sintoma inquestionável do fim de um projeto racista e colonial. É evidente que por trás das decisões agressivas de Israel existe a conivência ou a explícita cooperação americana, basta ver que os mísseis que atingiram Teerã partiram do Iraque, enclave imperialista no Crescente Fértil. A esperança de Israel é que os Estados Unidos mantenham a decisão de bancar o conflito, entrem na “guerra santa” e ajudem seu protegido.

Entretanto, isso não é certo, porque a situação interna dos americanos é caótica, com tropas nas ruas, motins, manifestações populares e um presidente fragilizado. Será difícil convencer a opinião pública americana a fazer sacrifícios e enviar tropas em nome de Israel. Principalmente agora, no momento em que o apoio a este país atingiu seus níveis mais baixos na história americana – sem falar do rechaço internacional. Alguém crê que mais uma vez veremos jovens americanos morrendo em uma guerra estúpida? Colocar os Estados Unidos em guerra contra um país distante, que não ameaçou diretamente os Estados Unidos, e com o risco de colocar o comércio de petróleo do mundo em colapso? Serão eles tolos o suficiente para produzir um novo Vietnã?

A situação é desesperadora para a velha ordem. Enquanto o mundo multipolar não se configura como a força hegemônica no planeta, viveremos a tensão, o medo e as guerras.

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Oportunismo

Caetano Veloso, em recente show, segurou a bandeira da Palestina, numa demonstração de adesão à luta dos palestinos por liberdade e autonomia. Todavia, é importante voltar no tempo um pouco e lembrar que, antes da sua visita a Israel em 2015, numa apresentação para latinos e brasileiros moradores de Israel, os cantores e compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil foram confrontados por Roger Waters para desistir da visita que fariam a Israel, cancelar seus shows e se unirem à causa pela Palestina. Caetano desconsiderou solenemente os pedidos de Roger e outros ativistas, debochou das palavras de Miko Peled, dançou e cantou com os sionistas de Tel Aviv e jamais se desculpou pela sua presença na Palestina ocupada, em concertos regiamente pagos pela nação invasora.

Gilberto Gil fez ainda pior: além de ganhar seu dinheirinho cheio do sangue das crianças palestinas, ainda assinou abaixo-assinado de apoio aos sionistas depois do 7 de outubro. Ambos são gênios da música, talentos indiscutíveis, mas ignorantes e reacionários, a ponto de se colocarem ao lado de uma ideologia nazista e genocida.

O mesmo se pode dizer de Jean Wyllys, figura que ruma celeremente para o mais absoluto esquecimento. Enquanto parlamentar, foi a Israel em um “trenzinho da alegria” e com boca livre, financiado pelas universidades israelenses – situadas em terras palestinas invadidas – com o claro intuito de fazer propaganda do regime de apartheid e reforçar a imagem de Israel como eterna vítima no cenário internacional. Foi escolhido a dedo por ser abertamente gay e ter uma postura francamente identitária, o que auxilia na conhecida estratégia de pinkwashing“, característica da “hasbara” (propaganda estatal de Israel). Esse também jamais pediu perdão por se postar ao lado do apartheid, do supremacismo, do abuso e do racismo mais asqueroso vigente em nossa época.

Sim, Caetano, Gil e Jean Wyllys não foram os únicos a se deixar encantar pelo dinheiro fácil que vem de Israel. No início desse ano ocorreu outro “trenzinho“, desta vez composto de profissionais da imprensa que visitaram Israel – com todas as despesas pagas (jabá) – para limpar a barra do sionismo. Entre eles estavam Pedro Doria, fundador e editor do Canal Meio; Tatiana Vasconcellos, âncora da Rádio CBN; Filipe Figueiredo, criador do podcast Xadrez Verbal; Leila Sterenberg, que atua semanalmente nos programas do canal do IBI; Janaina Figueiredo, repórter especial do jornal O Globo; e Marcos Guterman, diretor de Opinião no jornal O Estado de S. Paulo.

Entretanto, quando essa adesão ao sionismo vem de figuras públicas adoradas pela esquerda, eu acredito que a traição é mais dolorosa. Mesmo quando sabemos que não é justo confundir o autor com a obra, é inevitável a frustração. Caetano Veloso continua sendo um dos maiores gênios da cultura brasileira, um revolucionário da arte, criador do tropicalismo, músico e poeta da maior qualidade. Entretanto, como agente político, é um arrogante, um alienado e alguém que sempre se jogou para o lado que lhe pareceu pessoalmente mais favorável, mesmo que isso significasse apoiar os genocidas e canalhas mais abjetos. Todavia, sua genialidade não pode nos deixar cegos diante do seu oportunismo. Sua adesão tardia à luta pela libertação da Palestina não pode apagar de nossa memória sua posição de adesão franca ao sionismo.

Desculpe, Caetano… eu não sou cachorro, não.

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Clubismo insano

A página de um influencer gremista fez uma postagem com essa foto conclamando torcedores a se unir a Israel e condenar os grupos de resistência Palestina que sequestraram estes soldados. Apela para o amor clubista para que nos associemos no clamor pela soltura dos soldados presos pelo Hamas.

É inacreditável essa postagem pró sionista. Parece que Israel não matou mais de 50 mil pessoas, 70% delas crianças e mulheres, além de destruir todas as casas e impor fome para uma população inteira, submetida a crimes de guerra continuados. É uma vergonha ver o nome do Grêmio envolvido com a exaltação de canalhas racistas que estão cometendo os crimes mais atrozes do século XXI.

Pois eu respondo que os sionistas devem parar de matar crianças palestinas antes de pedir pela libertação de seus soldados. A vida desses dois não é mais valiosa do que as 20 mil crianças mortas pelos terroristas de Israel. Nossas preces pela paz e pela liberdade devem ser para todos, e não somente para dois sionistas que estavam fazendo uma festa ao lado de um campo de concentração ao ar livre, não se importando com a vida miserável imposta aos prisioneiros de Gaza. Sim, espero que eles sejam libertos, mesmo que representem o sionismo, a ideologia mais racista e supremacista já criada pela humanidade, mas só depois de Israel cumprir os acordos de libertação dos prisioneiros palestinos, torturados cotidianamente nas masmorras de Israel.

O fato de usar a camisa do Grêmio não transforma um soldado israelense – ensinado desde o berço a desumanizar e matar palestinos – em uma boa pessoa. Não esqueçam que muitos assassinos confessos são presos usando camisetas de clube, e nem por isso seus crimes se tornam aceitáveis. O Grêmio não apoia Israel, o Grêmio não é um clube racista e o tricolor não se associa ao terror de Estado imposto pelo sionismo racista de Israel.

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Cadáver insepulto

Apesar da evidência dos massacres de Israel, que se mantém mesmo com a condenação do mundo inteiro, ainda subsistem comentários de puro lixo sionista nas redes sociais, cheios de fanatismo supremacista. Comumente, ignoram a própria história colonial de Israel, um país criado pelo roubo das terras palestinas, pelo terrorismo infame do Irgun e do Haganá, pelos massacres, pela morte de crianças, pelas prisões infectas, as torturas e o colonialismo mais vil e abjeto. Tais palavras ficarão para sempre no ambiente das redes sociais como um testemunho de covardia e desrespeito com as vidas de mais de 50 mil mortos, causados diretamente pelo colonialismo assassino e racista de Israel. É uma profunda vergonha ver essa imundície escrita em português.

Perceba como os comentários fascistas usam das mesmas palavras mágicas de sempre: chamam os inimigos de “terroristas” para assim classificar os combatentes que lutam pela libertação da Palestina. Tratam os israelenses capturados como “reféns”, mas os palestinos torturados como prisioneiros. Defendem que a potência invasora tem o “direito de se defender”, mas negam o mesmo direito aos milhões de palestinos esmagados pela opressão e pelo apartheid sionista. Desta forma, procuram desviar do nosso olhar a colonização, as mortes de crianças, o genocídio planejado e a limpeza étnica incessante, para justificá-los mediante uma cruzada moral, que tenta eliminar os terroristas, o “mal”, os deteriorados e “fanáticos do islã”.

Nesta ofensiva sionista só uma coisa é indecente e depravada: a ocupação racista por Israel que se expressa por apartheid, mortes, prisões arbitrárias, abuso de crianças, crimes sexuais, torturas de todo tipo, maus tratos e genocídio. Israel representa o imperialismo mais decadente e abjeto, a perversão e o abuso; a falta de lei e a negação da civilização. Israel é a selva, o câncer do mundo, e o planeta tem o direito de se defender dessa aberração. Como todo representante de um Império decadente, a queda de Israel será pelo terror, que nada mais é que o desespero pelo fim de um ciclo de opressão.

Os textos de apoio a Israel usam a retórica padronizada dos sionistas, que invertem as responsabilidades e apontam dedos acusatórios às próprias vítimas. Por isso, a culpa dos massacres é dos palestinos, que são “oprimidos pelo Hamas”, e que deveriam ter aceitado a vida miserável oferecida pelos sionistas sem jamais reclamar. Esta narrativa começou com um monstro chamado Golda Meir, a grande patronesse do Apartheid sionista que, do alto de sua bestialidade, falou para Anwar Sadat, presidente do Egito: “Jamais os perdoaremos por obrigarem nossos filhos a matarem os seus”. Nada poderia ser mais monstruoso, obsceno, perverso e degenerado.

Entretanto, a bravura e a resiliência do povo palestino servem como um exemplo para todo o planeta. O sionismo demonstra de forma inconteste os sinais de sua decrepitude. É um cadáver racista e fétido, que apenas aguarda o momento para ser descartado. Somente quando Israel cair o mundo poderá respirar em paz.

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Porto Alegre e o Sionismo

A Câmara Municipal de Porto Alegre instalou uma Comissão Parlamentar Brasil-Israel por iniciativa da vereadora Fernanda Barth.

Trata-se um fato grave na cena atual: uma representação parlamentar de uma capital brasileira cria um grupo de apoio a Israel, no momento em que este país pratica um genocídio cruel e covarde contra o povo palestino em Gaza e na Cisjordânia. Para dar suporte a esta matança, lançam mão das velhas mentiras repetidamente contadas sobre um suposto antissemitismo, um vitimismo interminável e fantasioso que tornaria justas as medidas desumanas e cruéis contra mulheres e crianças em Gaza. Parece que mais de 50 mil mortos, 70% deles mulheres e crianças, e a nova ofensiva covarde contra palestinos abrigados em tendas – que já matou quase 500 pessoas nas últimas 24h – não mobiliza a alma desses parlamentares representantes da extrema-direita da cidade.

Esta iniciativa parlamentar se ocupa de falsear a verdade sobre Israel. Não é mais possível esconder o verdadeiro caráter desse enclave dos interesses europeus no Oriente Médio. A ideologia sionista, racista e colonial, é financiada pelo imperialismo e pelos Estados Unidos desde o evento do Nakba, em 1948, e sua existência se assenta na opressão insistente e sistemática da população nativa da região. Só podemos imaginar que os responsáveis por esta comissão parlamentar ignoram a história ancestral e recente da região, talvez recebendo financiamento das instituições sionistas como o Mossad ou a CONIB, ou quem sabe apoiados financeiramente pelos empresários sionistas da cidade.

Antes de propor uma comissão de apoio ao massacre sionista, estes vereadores deveriam estudar os escritores judeus que escreveram sobre a realidade dos fatos ocorridos na Palestina. Entre os principais críticos do racismo e do Apartheid estão Shlomo Sand, ex-professor em Tel Aviv; Norman Finkelstein, professor em Princeton, Estados Unidos e Ilan Pappé professor na Universidade de Exeter, Reino Unido. Além deles, Max Blumenthal (jornalista do Greyzone), Gideon Levy (jornalista israelense, colunista do Haaretz), Miko Peled (ativista), Noam Chomsky (escritor) e Gabor Matté (médico e especialista em trauma). No Brasil, o jornalista judeu Breno Altman desenvolve um trabalho essencial de conscientização sobre os crimes do sionismo contra a população palestina. São dignas de nota também duas figuras históricas da ciência e da psicanálise, como Albert Einstein e Sigmund Freud que rejeitaram de forma explícita as propostas racistas, supremacistas e sectárias do sionismo nascente, talvez porque anteviam que esta ideologia fascista acabaria produzindo a limpeza étnica, o Apartheid e o genocídio palestino.

Estes intelectuais condenaram com veemência o massacre, os crimes, o genocídio e a limpeza étnica na Palestina, e são todos judeus. Entre eles cito especialmente Miko Peled, que contradiz todas as mentiras sobre as “guerras de defesa” e é um israelense cujo pai foi general (Matti Peled) na guerra de 67. Essa comissão espúria e imoral, que apoia genocidas e opressores, não conseguirá enganar por muito tempo com sua narrativa fraudulenta!!! Ao fim vai sobressair a verdade: os verdadeiros judeus apoiam a Palestina e Sionismo não é judaísmo. Na verdade, o sionismo racista e supremacista trai os principais valores universalistas do judaísmo.

Faz-se necessário um contraditório urgente dos representantes progressistas da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, e que se crie na Câmara uma Comissão de Apoio à Soberania da Palestina.

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Bordel Mediterrâneo

Não lhes parece curioso que o sonho do presidente Trump a respeito da reconstrução de Gaza é a criação de uma cidade artificial, sem vida, plastificada, criada para ser um enorme cassino ao ar livre, com suas praias limpas, restaurantes, casas de jogos, (provavelmente) prostituição, shows de música, festas suntuosas, mulheres extravagantes, muita gente branca ao dado de uma multidão de trabalhadores simples de pele escura? A imaginação logo nos leva a enxergá-la como uma grande “Las Vegas Oriental” às margens do mar, com luxo, sofisticação e com algumas pinceladas das extravagâncias de Dubai.

Não acredito que essa fantasia seja uma coincidência, até porque esse é a imagem de progresso que um bilionário americano, e dono de cassinos, como Trump, projeta para Gaza. É assim que o centralismo capitalista enxerga esses lugares exóticos. Assim era Cuba antes de ser liberta pela Revolução: um lugar para os ricos passarem as férias, dançarem, encontrarem mulheres boas e baratas e serem servidos pelos garçons nativos. Percebam que é desta maneira que Hollywood retrata o oriente, dos árabes passando pelo Havaí, a Tailândia e tantos outros lugares onde o Imperialismo controla com seu exército ou sua economia.

Por outro lado, Dubai nos mostra como esse tipo de empreendimento realmente funciona. Ao lado da suntuosidade das torres gigantescas, das praias artificiais, dos restaurantes e da vida noturna existe um exército gigantesco de trabalhadores que habitam a cidade de Sonapur, na periferia da cidade glamourosa. São eles – uma mão de obra quase exclusivamente composta de estrangeiros – que mantém acesas todas as luzes do espetáculo da cidade, mesmo recebendo salários miseráveis e sofrendo a extrema exploração que os expatriados normalmente recebem.

No capitalismo, a ideia nunca se afasta desse padrão: uma multidão semi-escravizada trabalha para que os bem-aventurados possam se divertir, mesmo que isso custe aos trabalhadores sua saúde, a liberdade, o conforto e o contato com a família. Isso sem falar do tráfico de pessoas, uma ferida aberta de direitos humanos que acontece amiúde nesses projetos. As cidades dos bilionários da península arábica possuem milhares de histórias de mulheres abusadas, traficadas, usadas como escravas domésticas e impedidas de retornar aos seus países de origem. Enquanto no submundo ocorrem crimes de toda ordem, o espetáculo não pode parar e a música precisa continuar a tocar indefinidamente.

Trump planeja para Gaza um bordel americano, um lindo jardim às margens do Mediterrâneo, tendo os palestinos como seus empregados, e todo o dinheiro nas mãos de alguns poucos americanos, judeus e árabes dos Emirados vizinhos. Estes vão explorar a população da Palestina até que tudo que lá existe acabe sendo possuído por estes poucos capitalistas. Nesse momento o sonho sionista será concretizado, e os palestinos, por fim, se sentirão estrangeiros em sua própria terra.

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Lado

Diga aí: você apoiaria os “terroristas” da França que lutaram contra os invasores nazistas em Paris na Segunda Guerra Mundial? Apoiaria os “terroristas” da Argélia na expulsão dos colonos franceses, que fizeram da Argélia um grande bordel no Magrebe? Apoiaria os “terroristas” coreanos que expulsaram os japoneses do seu país, cuja invasão brutal impedia até o uso da língua coreana e os sobrenomes do seu povo? Estaria ao lado dos vietcongues que libertaram o Vietnã de séculos de dominação estrangeira? Se você não consegue perceber de que lado está na história, então assistiu Star Wars errado o tempo todo, e deveria ter torcido pela Estrela da Morte.

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Terroristas

Qualquer um que tenha lido não mais do que cinco minutos sobre a história do Nakba, sobre o Hamas e a respeito da luta de 76 anos pela libertação da Palestina não repetiria o que sionistas vomitam nas postagens pró-Israel É necessário compreender apenas que aqueles que lutaram pela libertação de Paris para tirar seu país das mãos dos nazistas, os que enfrentaram os ingleses para a independência americana, os que se rebelaram contra Portugal para conquistar a independência de Moçambique e Angola e os que expulsaram os franceses do norte da África para dar fim à opressão francesa na Argélia também foram chamados de “terroristas”, apenas porque as nações opressoras se arrogam o direito de colocar esse rótulo em quem luta contra a sua dominação.

Terrorista mesmo é Israel, até porque a própria criação desse enclave europeu e branco no território da Ásia Ocidental só foi possível a partir de atos de brutal terrorismo. O atual massacre covarde em Gaza não é o primeiro patrocinado pelos sionistas na Palestina e não será o último. Foi precedido por muitas tragédias conduzidas pelos monstros que controlam Israel, como o massacre de Deir Yaseen. Houve também massacres em Haifa em 1947 (nesta época foram mais de 20), e tantos outros, como a emblemática explosão do Hotel King David.

A explosão desse hotel foi um ataque ocorrido na cidade de Jerusalém em 22 de julho de 1946, durante o Mandato Britânico da Palestina, tendo como perpetradores os membros de uma organização armada sionista que lutava pela criação de um Estado racista e etnocrático, apenas para judeus, que viria a se chamar “Israel”. A milícia terrorista envolvida era denominada Irgun (diminutivo de Irgun Zvai Leumi, Organização Militar Nacional). O hotel servia de residência dos familiares de funcionários do governo britânico na Palestina e o ataque foi organizado por Menachem Begin, que seria mais tarde primeiro-ministro de Israel por dois mandatos. O ataque ao Hotel Rei Davi resultou na morte de 91 pessoas (28 britânicos, 41 árabes, 17 judeus e 5 outros mortos) e ferimentos graves em outras 45 pessoas. Aliás, também estavam lá os terroristas David Ben-Gurion, Menachem Begin e Yitzhak Shamir, que dirigiam, respectivamente, os grupos terroristas Haganah, o Irgun e o Bando Stern. Alguns anos depois, todos seriam primeiros-ministros de Israel, sem que qualquer um deles tenha jamais sido punido pelos atos hediondos e os crimes contra a humanidade por eles cometidos. Já pensou o que diríamos se o nosso presidente fosse um terrorista que um dia planejou a explosão de uma adutora para forçar o aumento dos salários de militares? Bem, não deveria ser nenhuma surpresa para nós…

Chega a ser estúpida qualquer afirmação de que a resistência armada de um povo, que vivia naquela região há milhares de anos, possa ser chamada de terrorista, enquanto os invasores da Europa sejam todos eles considerados como tendo um direito natural àquela terra. O Hamas nada mais é do que um grupo de bravos guerreiros que tentam há 7 décadas o reconhecimento de sua nação, combatendo o imperialismo e se defendendo dos massacres, as mortes, os sequestros de crianças, as torturas, os assassinatos e os abusos sexuais contra seu povo. Antes de chamar os palestinos de “terroristas” pense primeiro o que você faria se o seu pai fosse morto, sua irmã abusada, sua mãe morresse por falta de remédios e seus primos e tios estivessem em uma masmorra sionista pelo simples crime de serem palestinos. E se você acha exagero, aqui estão em ordem cronológica os principais massacres cometidos contra a população cristã e muçulmana da Palestina.

PALESTINA LIVRE!!!!

1. Haifa – Massacre – 6/3/1937, 6/7/1938, 25/7/1938, 26/7/1938, 27/3/1939, 19/6/1939, 20/6/1948
2. Jerusalém – Massacre -1/10/1937, 13/7/1938, 15/7/1938, 26/8/1938, 7/1/1948
3. Balad Al-Shaykh – Massacre – 12/6/1939
4. Al Abbasiyah – Massacre – 13/12/1947
5. Al-Khasas – Massacre – 18/12/1947
6. Jerusalem – Massacre – 29/12/1947
7. Jerusalem – Massacre – 30/12/1947
8. Balad Al-Shaykh – Massacre – 31/12/1947
9. Al-Sheikh Break – Massacre – 31/12/1947
10. Jaffa – Massacre – 4/1/1948
11. Al-Saraya – Massacre – 4/1/1948
12. Semiramis – Massacre – 5/1/1948
13. Lydda – Massacre 1948
14. Al-Saraya Al-Arabeya – Massacre – 8/1/1948
15. Ramla – Massacre – 15/1/1948
16. Yazur – Massacre – 22/1/1948
17. Haifa – Massacre – 28/12/1948
18. Tabra Tulkarem – Massacre – 10/2/1948
19. Sa’sa’ – Massacre – 14/2/1948
20. Jerusalem – Massacre – 20/2/1948
21. Haifa Masacre – 20/2/1948
22. Saliha – Massacre 1948
23. Al-Husayniyya – Massacre – 13/3/1948
24. Abu Kabir – Massacre – 31/3/1948
25. Cairo Train – Massacre, Haifa – 31/3/1948
26. Ramla – Massacre – 1/3/1948
27. Deir Yassin – Massacre – 9/4/1948
28. Qalunya – Massacre – 14/4/1948
29. Nasir al-Din – Massacre – 13/4/1948
30. Tiberias – Massacre – 19/4/1948
31. Haifa – Massacre – 22/4/1948
32. Ayn al-Zaytoun – Massacre – 4/5/1948
33. Safed – Massacre – 13/5/1948
34. Abu Shusha – Massacre – 14/5/1948
35. Beit Daras – Massacre – 21/5/1948
36. Al-Tantura – Massacre – 22/5/1948
37. Abu Shudha – Massacre 1948
38. Al-Dawayime – Massacre 1948
39. Khan Yunis – Massacre 1955
40. Jerusalem – Massacre 1967
41. Sabra and Shatila – Massacre 1982
42. Al-Aqsa – Massacre 1990
43. Ibrahimi Mosque – Massacre 1994
44. Jenin Refugee Camp April 2002
45. Gaza – Massacre 2008-09
46. Gaza – Massacre 2012
47. Gaza – Massacre 2014
48. Gaza – Massacre 2018-19 & 2021
49. Gaza Genocide 2023 em andamento

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Israel em frangalhos

O exército covarde de Israel não é bem-vindo em nenhum lugar segundo o jornal Times of Israel. A Nova Zelândia exige que os israelenses divulguem os detalhes do serviço no exército como condição para entrada. Os israelenses que solicitam um visto de turista estão a ser questionados sobre as datas do seu serviço, a localização das suas bases e se “estiveram envolvidos em crimes de guerra”. Austrália recusa vistos para soldados da IDF devido às acusações de genocídio. Há poucas semanas o Brasil procurava um soldado da IDF devido ao genocídio em Gaza e a morte de uma menina com mais de 300 tiros. Estão caçando os genocidas de Israel como caçaram os nazistas depois da II Guerra Mundial.

O genocídio de Israel não compensa. A economia está em colapso e a propaganda não consegue esconder a verdade. A “Nação Startup”, o sector de alta tecnologia de Israel – que já contribuiu com 20% do PIB e mais de 50% das exportações – está em queda livre e vertiginosa. O investimento estrangeiro caiu 60%, a Intel interrompeu um projeto de 25 mil milhões de dólares devido à guerra em Gaza. As exportações, de 71 mil milhões de dólares em 2022, caíram para menos de 50 mil milhões de dólares em 2024, devido a um declínio acentuado na confiança global. (Al-Monitor)
Dezenas de milhares de profissionais de tecnologia estão saindo, empresas lutando para sobreviver.

A reputação global de Israel está em frangalhos – a Turquia proibiu exportações críticas e a China está atrasando deliberadamente o envio de componentes essenciais em solidariedade com a Palestina. O resultado? Caos na cadeia de abastecimento, cancelamentos de projetos e isolamento crescente. Os militares israelenses impuseram novas restrições à cobertura midiática dos soldados em serviço de combate ativo devido à crescente preocupação com o risco de ação legal contra reservistas que viajam para o estrangeiro devido a alegações de envolvimento em crimes de guerra em Gaza. A imagem em Israel se deteriorou de uma maneira irrecuperável. Ninguém quer se associar com um país que promove genocídio e limpeza étnica. O que ainda sustenta Israel é o apoio dos Estados Unidos, mas até onde o contribuinte americano vai suportar a enorme carga de recursos enviados para uma guerra moralmente condenável? Não há mentira que resista para sempre: os crimes da ocupação e do apartheid sionista mais cedo ou mais tarde estarão nas mentes de todos.

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Uma rede de amor

A proposta de criar uma rede social baseada “no amor” e sem ofensas vai ser um fracasso brutal. A descrição que o Anderson França faz da plataforma é a coisa mais bizarra possível. Inacreditável alguém propor que o discurso e as falas sejam mediados por um grupo de notáveis, representantes de minorias, e a tesoura da censura possa correr solta, para que só exista amor, alegria e ninguém se sinta ofendido. Quem vai decidir o que é racismo? Os mesmos que criaram factoides para controlar o que se fala? Quem vai decidir o que é homo e transfobia? As supostas vítimas? Imagina alguém denegrir a imagem de outra pessoa pela rede??? Que horror!!!

Opss, creio que no “Bunker” meu post sequer conheceria a luz do dia, porque alguém poderia interpretar erroneamente minha resposta como racista. Não quero zicar, até porque não precisa, mas é evidente que uma plataforma centrada no controle das falas será insuportável. Pior: dará à falsa imagem que a esquerda é favorável à censura, ao silenciamento e ao cancelamento. Vocês já pararam para pensar que mundo teríamos hoje se as pessoas não pudessem falar suas verdades por medo de ferir sentimentos subjetivos? Será justo calar as vozes dissonantes, a indignação, o ódio e as falas ofensivas? Que preço pagamos por este silêncio? É justo calar alguém quando, por qualquer razão, ferir os sentimentos alheios?

Quem ganha com esse bom comportamento? Ora a gente sabe. O Facebook censurava a rodo as publicações sobre a Palestina. Não pode exaltar um guerreiro das brigadas Al Qassam assim como é proibido mostrar a bandeira do Hamas (e ainda tem que usar esses ridículos asteriscos). Não pode xingar Israel, mas pode mostrar o Musk e seu Sieg Heils. E por quê? Ora, porque quem censura trabalha para o chefe; ele é quem contrata, e “quem paga a banda escolhe a música”.

O “X” e o “Facebook” mudaram porque os clientes exigiram. Ninguém aguenta mais esse autoritarismo da censura. A maioria que esta lendo isso não viveu a época da ditadura no Brasil e na América Latina, mas eu lembro bem disso: ser controlado por censuradores é humilhante; por isso, é inaceitável ver gente de esquerda aceitando isso.

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