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Assédio

Vou repetir o que já disse em outro lugares, mesmo sabendo que este tipo de defesa é uma trilha fácil para o cancelamento: O ator da Globo, Március Melhem, acusado de assédio por suas colegas de trabalho, é culpado de ser um amigo leal, um excelente profissional, um chefe justo, um parceiro de trabalho correto e um colega em quem se pode confiar. Digo isso depois de analisar pormenorizadamente as palavras das acusadoras e da advogada e de me deter em todas as respostas e provas apresentadas por Március em seu canal no Youtube.

Essas mulheres acreditavam que suas palavras poderiam suplantar os fatos, as provas e as evidências apresentadas. Pior, tinham fé no mito da “palavra sagrada”, ou seja, que qualquer acusação feita por mulheres tem valor de prova, e não precisa nenhuma evidência que a suporte. Esse julgamento público sobre a honra de um sujeito, se viesse a dar ganho de causa a estas oportunistas, geraria um caos jurídico insuportável, criando uma jurisprudência frontalmente inconstitucional que transformaria todo homem em cidadão de segunda categoria e as mulheres em seres acima da lei.

Maíra Cotta, a advogada das acusadoras, colocou essas mulheres – e a si mesma – em um caldeirão infernal do qual não podem mais sair. Estão presas em suas falas traiçoeiras, enredadas nas mais sórdidas mentiras e não tem mais como se livrar das amarras que elas mesmas criaram. Pergunto agora: quem, a partir de agora, poderá confiar nas mulheres que se comportarem dessa forma? Pense nisso… basta namorar uma mulher, apaixonar-se por ela, trocar mensagens de amor, fazer planos, trocar intimidades e, anos mais tarde, depois de uma ruptura amorosa, esta mesma mulher que lhe jurou amor e consideração poderá afirmar que “em verdade durante todo esse tempo fui assediada e abusada, mas na época não me dei conta”.

Ora, como suportar essa absurda insegurança jurídica?? Como aceitar que a palavra das mulheres pode ser mais valiosas do que as provas materiais? Como aceitar que o comportamento das mulheres nunca é responsabilizado, mas o dos homens sempre? Por que ninguém questiona o assédio profissional ao qual Március foi submetido por essas oportunistas? Pelo amor que temos às mulheres, e pela necessidade de proteger as mulheres que realmente sofrem abusos e assédios, este caso deve ser exemplar e emblemático, mostrando que o uso de mentiras e fraudes como ferramenta de vingança pessoal precisa ser duramente reprimido. Este caso, que oportunisticamente se confunde com a “causa” feminista, ao contrário do que pode parecer vai acrescentar mais uma barreira para a contratação de mulheres para as áreas artísticas.

Pensem bem: quem contrataria uma mulher sabendo que ela pode, a qualquer momento, transformar as brincadeiras – que ela mesma propõe e executa – em assédio!!! Quem teria segurança de contratar Dani Calabresa? Quem poderia confiar numa mulher que brinca contigo, te “encoxa“, passa mão no teu peito, manda nudes, te convida para viajar e depois, de um instante para o outro, diz que tudo o que ela fazia há anos era mentira, dissimulação e encenação, porque tudo que sofria, na verdade, era abuso mascarado de intimidade, e que na época não falou porque tinha “medo”? Para estas acusadoras (e a advogada delas), as ações podem ser contraditórias e sem nexo causal algum, pois basta a suposta vítima dizer que se sentia coagida e constrangida (mesmo sem materialidade, como é o caso) para que suas queixas sejam aceitas como válidas. As ações paradoxais destas mulheres apontam o oposto – que elas participavam ativamente dos jogos sexuais e brincadeiras, as quais revelavam intimidade – mas mesmo assim a narrativa delas é levada em consideração, e o homem é mais uma vez colocado como culpado “até prova em contrário”.

Não é possível admitir um relato tão incoerente e oportunista quanto esse. E vejam bem: para criar culpa em Március é necessário acreditar que suas acusadoras são tolas, idiotas, infantis, incoerentes e têm uma sensibilidade de freiras carmelitas, horrorizadas com as “brincadeiras pornográficas” do chefe. Ora, a mensagens de WhatsApp destroem completamente essa perspectiva. Se há lascívia nessa história ela partiu delas, assim como partiu dessas moças o assédio praticado contra ele, claramente para obter vantagens profissionais com a proximidade que elas criavam. Não há dúvida que entre elas não há nenhuma noviça. Espero que a justiça venha, por fim, reconhecer a inocência de Március, em nome dos homens que amam suas mulheres, dos homens que desejam proteger o feminino e das mulheres que amam a verdade.

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Justiça para Olívio Dutra

Creio que é possível criticar o ex governador Olívio Dutra por sua única falha imperdoável: ser colorado. Para um gremista com o eu é doloroso ver um ícone da política gaúcha com a camisa do adversário. Sua vida pública, entretanto, é inatacável, em especial no episódio da Ford, onde esteve certo o tempo todo, mas os tolos e oportunistas da época se negaram a enxergar.

Olívio Dutra estava certo desde o princípio. Nunca foi por ideologia. Era para a proteção das contas do Estado. Passados 20 anos a Ford foi embora sem ter feito nada pelo Rio Grande ou pelo Brasil. São abutres do capital internacional, que exploram as nações periféricas e depois vão embora sem deixar qualquer valor, e sem contribuir com o desenvolvimento da indústria nacional.

Pois foi o seu acerto no que diz respeito à instalação da fábrica da Ford – apressada e prejudicial aos interesses do Estado o que ocasionou, após 16 anos, o vergonhoso pedido de desculpas da RBS (concessionária local da Rede Globo). Este resgate da justiça tardia é apenas um dos fatores que o farão ganhar a vaga ao Senado. Olívio é um bastião da honestidade, admirado até pelos seus adversários, pois sua conduta em todas as esferas de poder sempre foi de retidão, ética e competência.

Nosso sonho como socialistas é que nenhum sujeito será jamais degradado abaixo da condição humana e todos terão direito à dignidade de um lar, comida, segurança e saúde. Com Olívio no Senado sabemos que estaremos dando mais um passo nessa direção.

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Cria cuervos

A Rede Globo está fazendo um ataque violento e demolidor contra um vereador midiático do Rio de Janeiro por prováveis crimes graves – que vão de fraude a estupro e abuso de menores. Conheço o sujeito pelos vídeos que o tornaram famoso, e penso se trata da nata do Bolsofascismo. Acho-o desprezível, um típico dissimulador, criador de um personagem que mistura a imagem de salvador, bom coração, justiceiro, ético e soldado anticorrupção, a capa perfeita que encanta o fascismo. Tudo falso e encenado, um bom exemplo do que pode ocorrer com o empoderamento dado a este tipo de miliciano.

Porém, acho que mais uma vez estamos dando corda e plateia para a Rede Globo criar narrativas que destroem a imagem publica de seus inimigos. O que hoje está sendo feito com esse “direitista incômodo” pode ser (e será) facilmente realizado mais tarde com qualquer expoente da esquerda. Percebam que a estratégia da Globo é a mesma da Lava Jato: acusações vagas, delações sem provas, depoimentos cheios de dramaticidade e a falta de evidências claras dose crimes cometidos – pelo menos até agora.

Ninguém sabe sobre os detalhes dos casos em que está envolvido; eles estão em segredo de justiça. Inobstante, parte da esquerda já grita “Cadeia pra ele” que é o discurso da direita punitivista. Minha preocupação com este caso é que pode ser apenas mais um da larga história de manipulações da Rede Globo e a crença acrítica na narrativa criada por essa empresa para destruir seus desafetos.

Hoje podemos nos sentir vingados porque o miliciano bad boy está sendo atacado e desmascarado, mas pode ser – mais uma vez – chocar o ovo da serpente. E para quem não acredita que a Globo cria narrativas, sugiro observar o que foi feito para destruir a imagem pública do PT e de Lula, usando as mesmas ferramentas de agora – repetição exaustiva das acusações, recursos visuais, delações soltas, acusações, insinuações de pedofilia, abusos e quase todos estes fatos sem materialidade. Acho que a ação do jornalismo investigativo é essencial para a própria democracia, mas precisamos ter cuidado para não permitir que uma empresa maléfica como a Globo controle as mentes de todos através da manipulação e da espetacularização, condenando pessoas antes de serem julgadas.

Reforço a ideia de que não se pode aceitar que empresas de mídia usem seu poder para destruir pessoas. Já vimos isso acontecer e, aceitar que se repita diante dos nossos olhos, é pura tolice. Achar justo com Gabriel e errado com Lula é oportunismo. Abuso é abuso, seja com quem for. O fato de ele ser um fascista padrão não nos autoriza a suprimir todo o devido processo legal para fazer uma condenação pública antes da sentença transitada em julgado.

Em nenhum momento pretendo fazer a defesa desse reacionário direitista e bolsonarista, mas um pedido de ceticismo em relação à qualquer coisa proveniente da Globo. Acreditar agora – porque nos favorece – será autorizar que seja feito no futuro contra nós, e aí não teremos moral para denunciar. Exatamente a mesma postura que devemos ter quando o STF manda prender arbitrariamente pessoas – ou quando impediu que Lula assumisse um ministério.

“Cria cuervos y te sacarán los ojos”

Quem pode, em sã consciência, garantir que tais depoimentos não foram comprados pelos múltiplos inimigos que o vereador justiceiro adquiriu nas suas fanfarronices de YouTube? Quem pode asseverar com certeza que não se trata de uma vingança patrocinada por grupos que se sentiram prejudicados por ele? Repito: empoderar instituições golpistas como a Globo é o mesmo que saudar os ataques do Alexandre de Morais ou os exaltar os editorias do Jornal Nacional contra Bolsonaro. Como diz o antigo ditado espanhol (e fabuloso filme de Carlos Saura), “Cria cuervos y te sacarán los ojos”. Estas empresas são corvos; quanto mais os alimentamos mais eles crescem e, passado pouco tempo, tentarão voltar para comer nossos olhos.

Muitos agora afirmam que figuras como ele – e outros artistas – deveriam ser censurados há muito tempo. A ideia – que desgraçadamente viceja na esquerda – é de que existe censura do bem, ou seja: coisas que precisam ser censuradas, matérias que não podem ser publicadas e expressões que não podem ser ditas para, com isso, atingirmos nobres objetivos. É preciso entender uma coisa simples: “Se a liberdade significa alguma coisa será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir” (George Orwell); mais ainda: imprensa livre é publicar algo que incomoda pessoas ou grupos.

Liberdade não tem sentido onde o direito de expressar seus pensamentos e opiniões deixou de existir. Esse, de todos os direitos, é o terror dos tiranos. É o direito que eles primeiro derrubam. Eles conhecem seu poder. Tronos, domínios , principados e potestades, fundados na injustiça e no erro, certamente tremerão, se os homens puderem raciocinar sobre a retidão, a temperança e o julgamento que virá em sua presença. A escravidão não pode tolerar a liberdade de expressão.” – Frederick Douglass “The Dread of Tyrants”.

Não existe imprensa livre com censura. Eu defendo a liberdade plena de expressão, mesmo que isso signifique ter que suportar algumas figuras abomináveis que representam o fascismo no Brasil e no mundo. Se queremos Lula com liberdade para falar de aborto (que inclusive, pasmem, ainda é crime) precisamos aceitar o direito de Constantino, Gentili ou Augusto Nunes falarem; é o preço. Liberdade de expressão é exatamente isso: aceitar que nossos inimigos possam falar. Para se contrapor às palavras ruins o remédio é oferecer palavras melhores, e não oferecer discursos moralistas, sectários e de caráter dogmático, muito menos acreditar que um “bem maior” pode (ou deve) ser protegido através da censura.

Lutei na juventude contra a ditadura e pela liberdade plena de expressão, e não poderei aceitar que os identitários possam calar as vozes daqueles que tentam proteger a democracia. Criticar o silenciamento das vozes não poderá jamais ser entendido como compactuar com estas opiniões ou com estas personalidades, mas reconhecer que o silenciamento e o justiciamento que muitos defendem mais cedo ou mais tarde se voltará contra a esquerda e os progressistas.

A solução? Investigações sérias, o imperativo da prova, a inocência até transitado em julgado, polícia honesta, judiciário isento e jornalismo responsável. Eu cultivo um claro ceticismo: não acredito em nada que a Rede Globo apresenta em seus noticiários até que apareçam evidências claras que corroborem sua posição. Neste aspecto sigo Brizola: “Quando vocês tiverem dúvidas quanto a que posição tomar diante de qualquer situação, atentem; se a Rede Globo for a favor, somos contra, se for contra, somos a favor!”. Essa foi minha postura quando atacavam Lula sem qualquer prova e, por coerência, preciso fazer o mesmo quando ocorre esse tipo de linchamento contra um adversário político, por mais desprezível que ele seja.

Que esse vereador seja julgado com todo direito ao contraditório e que seja punido caso tenha realmente cometido crimes.

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Ainda Fogueiras

Apesar de não gostar de fogueiras creio que o debate nacional sobre violência obstétrica é oportuno e essencial, em especial através de um programa de tamanha audiência como este, o Fantástico na Globo. Espero que, mais do que uma ação punitivista, este seja um passo importante para a consolidação de propostas para a erradicação da violência de gênero, em especial no parto e nascimento.

Creio que precisamos de mais participação da família, escolhas informadas, pré natal de qualidade, confiança nos profissionais (e nos pacientes), uma mídia consciente, um judiciário atento às evidências científicas e mais parteiras e doulas na atenção ao parto de risco habitual. Precisamos também de uma mídia menos sensacionalista e mais responsável, assim como uma maior proteção aos profissionais humanistas, que são as pontas de lança das transformações no cenário do parto.

Acho que um passo – a exposição crua da realidade triste da violência obstétrica – foi dado hoje. Espero que tenha sido um momento decisivo em direção a uma interação mais respeitosa entre cuidadores e gestantes.

Que assim seja.

PS: Agora fica difícil conter a pressão dos ressentimentos represados. Espero apenas que a mobilização (que infelizmente vem pelo escândalo) não se contente com o mero punitivismo, mas ofereça uma perspectiva de sairmos desse processo histórico de violência de gênero. Assim estes fatos tristes não mais ocorrerão com tanta frequência. Porém, é importante tomar cuidado; muitas vezes as punições são uma forma de não-mudar, de conter a transformação, colocando as falhas estruturais nas costas de um único sujeito, para que as pessoas não percebam a arquitetura corroída que sustenta todo o sistema. O que precisamos mudar é o modelo autoritário de atenção ao parto que não ocorre de forma isolada; pelo contrário, é uma das marcas da assistência ao parto no Brasil.

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