Vamos deixar algo bem claro: é nítido o desconforto de muitos com a figura de Janja no cenário da política nacional. Vários são os fatores, e o mais importante é que Janja é uma mulher querendo exercer protagonismo sem ter recebido votos para isso. Ou seja: ela estaria agindo na sombra do Lula. Mesmo entre os analistas identificados com a esquerda, existem pessoas que a criticam por falar quando não devia e se intrometer em assuntos de “gente grande”. Além disso, suas posições são francamente liberais, à direita do espectro político e identitárias. Para a esquerda raiz, uma pedra no sapato apertado do governo Lula.
Ainda assim, creio mesmo que os narizes torcidos para Janja que surgem na esquerda são devidos à ligação que muitos carregam na memória com dona Marisa, o que eu acho compreensível pela importância da ex-esposa de Lula na criação deste personagem político e para o próprio surgimento do PT. É possível entender esse sentimento, mas é certo que não se pode justificá-lo. Janja, para estes, seria a madrasta a tomar o lugar de nossa mãe. Entretanto, é inegável que a essência de muitas das críticas revela um evidente pendor misógino, algo que conhecemos muito bem. Quem poderia esquecer os adesivos de Dilma nos automóveis, o massacre midiático sobre qualquer deslize em seu discurso, as perguntas invasivas e indiscretas e as acusações falsas que acabaram por retirá-la do governo? Nada disso teria acontecido se, dos porões do inconsciente social, não brotasse uma frase, que continuamente era sussurrada: “este não é o seu lugar”. Mesmo entre aqueles que se diziam a favor da equidade, da diversidade e reconheciam os méritos de Dilma se incomodavam com ela, em especial com o seu sucesso.
Agora, mais uma vez, a esquerda caiu com extrema facilidade no discurso orquestrado pela mídia burguesa. A “víbora” da vez é Janja, que teria saído do seu lugar de “sombra” e tomado a palavra em um jantar durante a visita de Lula à China. Sem pedir licença ao marido, acabou por constranger o presidente Xi Jinping com perguntas indevidas sobre o TikTok. A direita se deleitou com o relato, apresentou a cena como um acidente diplomático e descreveu Janja como uma personagem falastrona, indiscreta, boquirrota e deselegante. Parte da esquerda uniu-se aos ataques dizendo que ela prejudica os esforços de Lula em construir pontes com a China, e que faria melhor caso se mantivesse calada. “Janja calada é uma poetisa”, diriam alguns.
A verdade veio no dia seguinte por intermédio do presidente Lula em entrevista coletiva: não foi Janja quem questionou o presidente Xi; a pergunta partiu do próprio Lula. Além disso, não foi sobre TikTok especificamente, mas o incluiu. Janja apenas pediu a palavra para endossar a posição expressa de Lula sobre o entendimento de boa parcela da esquerda de regulamentar as redes sociais e deu sua opinião sobre o domínio do TikTok pela extrema-direita. Ou seja: não houve “quebra de protocolo”, ela não foi indelicada, não causou constrangimento e o presidente Xi concordou com a ideia de mandar um representante ao Brasil para debater o tema das redes sociais sequestradas pelo fascismo.
Sobra uma verdade nesse caso: é preciso mudar a forma de pensar sobre a manifestação das mulheres e o seu direito de expressar livremente suas opiniões e suas perspectivas de mundo. Mesmo quando discordamos – e deixo claro que rejeito a ideia de cercear a livre expressão de ideias – é forçoso reconhecer que o fato de ser uma mulher a falar incomoda, irrita e nos faz desvalorizar seu ponto de vista. Isso precisa mudar, pois é injusto com as mulheres que chegam ao poder. Não é mais admissível tratar metade da população do mundo como se fossem cidadãs de segunda categoria. E deixo claro: não é blindagem aos erros que Janja possa porventura cometer; eu mesmo sou crítico contumaz de suas posições. Entretanto, é necessário aceitar que, entre os seus possíveis equívocos, não podemos incluir a “falha imperdoável” de ser mulher.
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A concubina e a madrasta
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Penas desumanas
Ela não vai comemorar o dia da mulher com sua família. Quem acha justo que uma mãe fique presa, afastada dos filhos pequenos, pelo crime “hediondo” de escrever com batom na estátua da Deusa Têmis, é porque vendeu sua alma ao fanatismo punitivista há muito tempo. Permitir que um tirano como Alexandre de Morais faça justiça conforme o seu humor, sem observar um preceito básico do direito, a proporcionalidade da pena, é jogar fora séculos de avanços civilizatórios. Um socialista verdadeiro não pode aceitar que o poder desmedido de um magistrado não sujeito ao voto esteja acima dos demais.
Pergunto: que tipo de “ato simbólico” – como manchar de batom uma estátua – é tão grave a ponto de fazer uma mãe ser afastada dos filhos e ficar presa, podendo ser condenada a 17 anos de prisão? Essas prisões estapafúrdias, grotescas, insanas e desumanas parecem a selva punitivista americana, na qual ainda existem penas capitais e onde um sujeito pode ser condenado a 10 anos de prisão por roubar um pedaço de pizza. E isso num país com uma população carcerária de quase 2 milhões de apenados.
Ou pior ainda: estas decisões parecem o sistema penal corrupto de Israel, onde lutar pela sua terra e pelo seu povo pode colocá-lo numa masmorra pela vida inteira. Que tipo de sociedade degenerada acredita que a insatisfação crescente do povo pela ocupação do seu país ou pela política das democracias burguesas pode ser solucionada com penas draconianas, pesadas, desumanas – e, portanto, injustas? Pelo contrário: a indignação do povo só aumenta com esse tipo de crueldade. Infelizmente quem se mobiliza até então é a direita fascista, porque a esquerda está inativa, paralisada pela ilusão de que Alexandre está ao lado da “democracia”. Apoiar esta insanidade ainda vai nos levar a uma tragédia.
Muitas manifestações da esquerda carnavalesca e identitária, favoráveis à prisão desta mulher, são copia-e-cola das manifestações da direita sobre a prisão de Lula, Delúbio, Zé Dirceu, Genoíno e José Kobori. Idênticas. “Quando roubou o sítio em Atibaia não pensou na família, né”? Ou seja: a sujeira jurídica do Impeachment, da prisão de Lula e a imundície da Lava Jato não nos ofereceram suficientes lições para desconfiar das sentenças da justiça burguesa e das decisões do supremo (que aceitou o impeachment sem crime de responsabilidade de Dilma e manteve Lula preso de forma ilegal). Continuamos atacando personagens como Bolsonaro sem perceber que ele não é a doença; ele é o sintoma. A doença verdadeira é a tirania e a ditadura da burguesia, muito bem representadas por vampiros como Alexandre de Morais, indicado pelo vampiro-Mor Michel Temer, golpista maior dos nossos tempos.
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Aula de democracia liberal
Em 1982 houve eleições diretas para os governos dos Estados na primeira eleição após a abertura democrática “ampla, geral e irrestrita”. Naquele tempo eu era um garoto, estudante de Medicina e recém-pai. Entusiasmado com o retorno das eleições majoritárias, fiz campanha para o candidato do MDB ao governo gaúcho, o caxiense Pedro Simon, que disputava contra o candidato da direita, o dentista Jair Soares, do PDS (ex-Arena), ligado à ditadura decadente, ao agronegócio, ao latifúndio e às forças conservadoras. Pedro Simon havia sido um importante parlamentar, seguidor de Brizola, mas que abandonou a radicalidade das propostas que o líder da Legalidade abraçara. Posteriormente, foi senador da República por vários mandatos. Naquele ano distante, fiz vigília pela vitória da oposição e distribuí panfletos para ajudar na campanha de Pedro Simon. Esta foi uma eleição curiosa, pois os quatro candidatos acabaram se tornando governadores em anos futuros. Além de Pedro Simon e Jair Soares, concorreram Alceu Collares pelo PDT e Olívio Dutra pelo recém-criado PT. Por certo que naquele momento eu não pude votar em Olívio, pois era importante fazer “voto útil”, até porque a votação era em turno único.
Não deu. Ganhou o candidato conservador, o que me deixou, na época, espantado. Depois de quase 20 anos sem eleições livres, eu achava que nosso estado daria uma resposta firme e decisiva ao arbítrio e à ditadura corrupta que tivemos. Não mesmo; os gaúchos votaram no conservadorismo, nas forças reacionárias do Estado e por isso não me espanto com a opção bolsonarista desse estado nos últimos anos. Temos uma burguesia atrasada, agrária, latifundiária e profundamente conservadora, em especial no interior. O povo gaúcho resolveu apostar no candidato que falava o idioma do conservadorismo e das tradições, da família e da propriedade.
Nas eleições seguintes, quatro anos após esta decepção, finalmente Pedro Simon acabou chegando ao Palácio Piratini, sendo eleito governador do0 Rio Grande do Sul, e esta foi uma das maiores lições que tive na política. Trazia consigo a esperança de renovação, do fortalecimento dos trabalhadores, em especial para a classe do magistério, historicamente sufocada pelos governos estaduais. Quando no poder, Pedro Simon passou por uma grande greve dos professores, e sua atuação em nada foi diferente daquela de seus antecessores, mesmo os governos militares. Polícia na rua, cavalaria dispersando professores, cassetete em estudantes e atitudes de força e violência contra a população. Também teve um governo medíocre em todos os sentidos. Ou seja, aquele a quem eu dediquei meu esforço pela eleição alguns anos antes teve a mesma mentalidade e práxis política do seu “adversário”. A lição que ficou foi a de que as diferenças eram falsas, meras aparências, miragens criadas para nos confundir. Jair e Pedro eram frutos da mesma árvore, que apenas vicejaram em galhos distintos, dando a falsa impressão de que eram produtos diferentes. O mesmo acontece hoje, em várias partes do mundo, inclusive aqui no Brasil. Onde vemos disputas ferozes existem, em verdade, brigas de ego que apenas escondem uma visão de sociedade praticamente idêntica. Nos Estados Unidos não existem partidos distintos, e as diferenças são devidas muito mais à maquiagem do que à essência. O imperialismo tem um partido único, que independe das eleições. No Brasil, todos os presidentes são gerentes da massa falida do capitalismo periférico. Mesmo Lula não pode ser muito diferente dos seus adversários, pois que todos são controlados pelas forças conservadoras que mandam na imprensa burguesa, no congresso e no judiciário. Para romper esse ciclo vicioso só mediante uma revolução que garanta ao povo o real controle da nação.
No ocaso de sua vida, Pedro Simon foi um grande incentivador da Lava Jato e da prisão ilegal de Lula. Antes disso, foi entusiasta do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Em uma famosa manifestação em 2015 falou que a operação capitaneada por Moro e Dalanhol era um marco para a lisura política no Brasil, que a prisão de Lula era uma grande vitória da justiça e que Lula “não seria mais nada“. Também não se furtou de chamar Lula de “ladrão”. Algum tempo depois abriu seu voto para Bolsonaro e Onyx Lorenzoni, de forma entusiasmada, para derrotar o PT e a esquerda. É incrivel pensar que Pedro Simon, na minha juventude, foi o candidato das forças de esquerda, e aqui está a grande lição: nunca foi de esquerda, e nem próximo disso; o fato de se contrapor a outro político de extrema-direita não o tornava um progressista, mas isso nos enganou a ponto de apoiá-lo. Pedro Simon me ludibriou, mas não por culpa exclusiva dele, e sim pela minha (nossa) ingenuidade em acreditar em suas palavras, suas promessas e seu discurso. Ele era um emissário da direita, conservador e com simpatias pelo extremismo reacionário que o Brasil adotou como um claro sintoma da crise do capitalismo.
Hoje Pedro Simon completa 95 anos. Que tenha ainda muito tempo de vida, o suficiente para refletir sobre sua postura política.
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Não, Lula, não…
Entenda Lula, as revoluções proletárias de Cuba, da China e da Rússia, inobstante terem uma vanguarda intelectual, eram compostas de operarios, trabalhadores da cidade e membros do campesinato. Por seu turno, na democracia liberal um operário chega na presidência cada 200 anos, e só atinge este posto domesticado, manso, comportado, na dependência de que as oligarquias assim o permitam. Pior ainda: para exercer o mandato precisa beijar a mão do mercado, baixar a cabeça para o Império, se ajoelhar para os banqueiros, e não enfrentar a casta do judiciário. Caso pretenda mudar as estruturas corroídas do capitalismo concentrador de riqueza ou mudar as bases da ordem burguesa seu destino é sucumbir por golpes, lawfare ou impeachment; isso se não for simplesmente assassinado ou induzido ao suicídio.
Ao mentir sobre a inexistência de operários nas revoluções cubana e russa Lula presta um enorme desserviço às classes populares, aos trabalhadores e à esquerda, estimulando a falsa ideia de que os trabalhadores só podem atingir o poder inseridos na democracia liberal burguesa. Ou seja, o acesso ao poder seria uma concessão dos poderosos, da burguesia e do imperialismo, e um real poder operário seria impossível. Nestas manifestações infelizes o anticomunismo de Lula se mostra como a face mais lamentável de sua ação política, a lacuna terrível de sua formação.
Lula acredita que sendo um bom administrador da massa falida do capitalismo terá seu nome escrito na história. Talvez, mas isso não vai apagar as tolices ditas em nome da subserviência ao capital, e o atraso que isso implica na organização dos trabalhadores. Uma pena ser obrigado a reconhecer que o maior líder operário da história desse país, e seu mais importante presidente, não aceite que pessoas como ele um dia possam exercer, de fato, o comando dessa nação.
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Coerência
A sociedade do espetáculo produziu mais uma manchete escandalosa: “Mauro Cid contou tudo”. Esse tipo de notícia não deveria soar um alerta para nós? “Eles sabiam de tudo” não faz tocar uma sineta nos nossos ouvidos?
O depoimento do advogado do Mauro Cid, por mais veemente que possa parecer, não pode ser tratado como a “verdade definitiva”. Não podemos permitir mais uma vez que este tipo de peça jurídica seja a estrela de um julgamento. Esta manifestação não pode ocupar o lugar do famigerado depoimento de Leo Pinheiro, o presidente da OAS, “entregando” o Lula, ou as mentiras de Palocci, sob alta pressão, para dizer algo comprometedor contra o ex-presidente. É evidente que esses depoimentos foram obtido sob tortura psicológica. Não à toa depois do depoimento, Mauro Cid foi liberado. Não é para desconfiar? “Diga o que a gente quer e você vai prá casa. Se quiser encrencar é melhor trazer o pijama e a escova de dentes”.
Esse filme a gente já viu para prender o Lula. Depois descobrimos que tudo não passava de mentiras calhordas, de gente desesperada. A mesma turma poderosa do judiciário agora volta suas baterias contra uma ameaça muito maior: o bolsonarismo e sua promessa de romper com tudo, inclusive com a democracia. Qualquer sujeito consciente deveria desconfiar das artimanhas da justiça burguesa, e não aplaudir quando ela parece nos agradar. Eu, pessoalmente, acredito ser verdade, entretanto do ponto de vista da justiça o que acreditamos é irrelevante; é necessário muito mais do que a nossa simples crença. Como diria W. Edwards Deming, um conhecido estatístico americano, “In God we trust; all the rest please bring evidences”. (Em Deus acreditamos; todos os outros tragam suas provas).
Bolsonaro é um idiota e um golpista sem escrúpulos. Um escroque, ladrãozinho do baixo clero. Entretanto, isso não é prova de que soubesse de algum plano macabro de matar inimigos. Se gritamos tanto contra os abusos de Sérgio Moro et caterva, Deltan Dalanhol com seus bandidinhos amestrados e a turma venal do STF – que permitiu o golpe contra Dilma e a prisão de Lula ao arrepio da lei – deveríamos gritar contra qualquer abuso do judiciário, e não apenas contra aqueles que nos afetam. Bolsonaro, por pior que seja (e parece mesmo ser) merece ser julgado com toda a justiça, com provas, com evidências claras e sem delatores sob ameaça. Há que se exigir coerência. Não podemos nos igualar a quem tanto criticamos. Lembrem das palavras de Nietzsche, ao dizer que “Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”.
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Ponto sem retorno
Eu particularmente acho que o volume de crimes cometidos durante o governo Bolsonaro, incluindo o gabinete do ódio, os crimes eleitorais, a boiada passando no meio ambiente, os roubos no varejo e no atacado, as joias, o cartão corporativo, etc deixaram o governo refém da reeleição. Era imperioso se manter no poder para que o controle do governo e da PGR impedisse a descoberta dos desmando que ocorreram na condução do país. Num país como o Brasil, qualquer presidente, por ter a máquina pública na mão, chega em uma eleição como favorito. Era com isso que contavam os bolsonaristas e aqueles que estavam lucrando com um governo entreguista e pró-imperialista. Entretanto, uma grande mobilização nacional ocorreu para garantir a vitória de Lula, atropelando todas as barreiras colocadas pelo governo. Como a reeleição Bolsonaro não aconteceu, ficou evidente que um desespero absoluto se abateu sobre as hostes bolsonaristas, e com a chegada da oposição ao poder se tornou impossível esconder a quantidade enorme de falcatruas produzidas em quatro longos anos de mentiras, desmandos, impropérios no cercadinho e cuspe no canto da boca.
Fica claro agora, pelas provas, depoimentos e delações que ganhar de qualquer jeito era o plano. Não fosse no voto (e foram cometidos inúmeros crimes para garantir a eleição do mito através de fraudes) haveria de ser na “marra”, usando da força, com golpe clássico, tanques na rua. Para isso seriam convocados os milicos ressentidos pela “comissão da verdade” e a linha dura fascista da caserna, aplicando um golpe “das antigas”, mandando matar o presidente, o vice e o ministro malvadão do STF. Porém, quis o destino que os Estados Unidos, que comandam essa turma de lacaios, não topasse um golpe cafona, fora de moda, com estética dos anos 60 e com cheiro de guerra fria. Tiveram que abortar o projeto, mas deixaram as pegadas da intentona golpista por todos os lados.
Agora resta saber se vamos, mais uma vez, apostar na “conciliação” e permitir que uma gang de bandidos fardados – que inclui até assassinos – seja perdoada em nome da governabilidade. Já fizemos isso com Fernando Henrique, e esse fato acabou deixando aberta a porta do arbítrio, dando asas aos militares para novas incursões no poder. Hoje fica claro que os militares nunca abandonaram seu interesse em controlar o poder civil, e por isso vivemos agora o desastre anunciado que foi gestado no perdão dado a eles pela lei de anistia – ampla, geral e irrestrita.
Eu não acredito que cometeremos o mesmo erro de manter os corvos soltos. “Alimente-os e eles te comerão os olhos”, como bem sabemos. Também é verdade que a prisão dos líderes desse golpe frustrado não afetará de forma significativa a onda fascista do nosso país, e corremos o risco de incentivar a criação de “vítimas injustiçadas”, que poderão ser alçadas à condição de heróis nacionais. Todavia, há limites para esta análise; ultrapassado um determinado ponto – e as tentativas de assassinato parecem ser essa linha – encontra-se um ponto sem retorno, e nada sobra para fazer além da aplicação dura da lei.
Prefiro acreditar que, mesmo sendo através da justiça burguesa e de atores que nunca estiveram conectados com a justiça “ampla, gerral e irrestrita” da população brasileira, as forças progressistas possam fazer uso desse fato para gerar consciência de classe, união em torno de nossas pautas e a exposição dos reais interesses da política burguesa.
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Terrorismo
Responda com honestidade: qual a diferença entre um carro bomba arremessado contra um mercado e a explosão de pagers indiscriminadamente em Beirute no Líbano, inclusive atingindo médicos, enfermeiras e crianças? Pois o primeiro era chamado de “terrorismo” há alguns anos, quando se queria acusar os palestinos de ações desesperadas cujo alvo era a população civil. Por outro lado, a explosão de artefatos de comunicação de forma abrangente, atingindo ativistas do Hezbollah – mas também profissionais da saúde e pessoas comuns – agora é chamada pela imprensa ocidental burguesa de “ação de inteligência”. O uso de “dois pesos e duas medidas” para analisar um e outro fato não nos deixa nenhuma dúvida: temos um jornalismo imundo, sionista e imperialista, que tenta cotidianamente mentir, para assim mudar a narrativa em benefício do poder da burguesia. E com todo esse poder concentrado ainda tentam criar a ideia de que o totalitarismo é uma chaga do… socialismo.
Existe totalitarismo maior do que o torniquete de informações aplicado a milhões de pessoas simultaneamente pelas empresas de comunicação no mundo todo? Como podemos entender que a barbárie e o morticínio de milhares de crianças na Palestina não provocaram a devida e necessária indignação no ocidente se não pelo controle midiático aplicado pelo consórcio internacional de telecomunicações? Se é possível comprar toda a imprensa esportiva nacional para se calar sobre a jogatina desenfreada, o roubo escancarado e a falcatrua disseminada das “apostas esportivas“, mais fácil ainda é filtrar o que ocorre no Oriente Médio para tratar os brutais opressores e abusadores sionistas como “vítimas” do ataque palestino, apagando das manchetes os mais de 70 anos de brutal opressão, abuso, fome induzida, encarceramento, assassinatos e limpeza étnica, e criando a falsa ideia de que “tudo começou em 7 de outubro”.
Que existe uma ação genocida intencional na Palestina isso já não é mais passível de debate. Todas as ações de Israel ao longo da história, foram no sentido de boicotar qualquer direito dos palestinos às suas terras e, sempre que possível, “aparar a grama” (mowing the lawn) matando o maior número possível de palestinos nestas iniciativas mortais. Jamais houve qualquer interesse em produzir um acordo, mesmo quando este foi acenado e aceito pelos representantes palestinos. Israel é uma fábrica infinita de mentiras, engodos e falsidades. Misture isso tudo com a total impunidade no plano internacional – pela adesão inconteste do imperialismo aos interesses regionais de Israel – e teremos um país onde a tortura é exaltada, o holocausto palestino celebrado e as bombas caindo sobre o campo de concentração a céu aberto de Gaza um espetáculo aplaudido pelos colonos israelenses dos territórios ocupados – a escumalha fascista do ocidente.
Sem que o mundo tome ações vigorosas de bloqueio total a Israel continuaremos a ver o crescimento vertiginoso dos massacres. Nada para a máquina de morte de Israel, a não ser a força – a única linguagem que os sionistas entendem. Nesta guerra o mundo assistiu estarrecido ao fato de que os alvos israelenses não são apenas os soldados ou batalhões, sequer somente as guarnições ou os longos túneis sob a cidade de Gaza, mas as crianças e mulheres palestinas, pois sabem que elas são as matrizes e cuidadoras dos feridos e dos pequenos, enquanto as crianças representam o futuro da resistência.
O presidente Lula deveria usar do seu prestígio internacional e iniciar uma campanha internacional pela paz, rompendo com Israel e conclamando todas as nações do mundo a se juntem no esforço para um cessar fogo imediato e um bloqueio ao sionismo. Não existirá paz sem bloquear Israel e ameaçar sua integridade através de ações militares e diplomáticas. Se foi possível derrubar o apartheid na África do Sul, por que seria impossível fazer o mesmo com os racistas de Israel?
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Fraqueza

A questão da Venezuela divide de uma forma bem didática a esquerda. De um lado situam-se aqueles movidos pelo fervor anti-imperialista e que reconhecem que os problemas desta região abaixo do Equador têm nas inúmeras intervenções imperialistas a raiz de muitos de nossos males. Para estes, a busca por autonomia plena e o fim da influência danosa dos Estados Unidos na região é um ponto fundamental para a plena independência das nações e a posterior união das nações latinas. Do outro lado encontram-se aqueles que adotam uma perspectiva liberal e identitária, os direitistas que se colocam enganosamente à esquerda do espectro político. Para quem se situa mais à esquerda no matiz progressista ficou muito claro que a esquerda precisa derrotar essa perspectiva esquerdista subserviente aos interesses capitalistas para criar um bloco forte com propostas firmes. O direitismo dentro da esquerda é uma praga que necessita ser exterminada.
A propósito, Maduro teve uma postura digna e …. madura diante da crise com as eleições em seu país. Lula foi frouxo, fraco, pusilânime e irresponsável. Não cabe a Lula questionar as eleições de um país amigo e que tem instituições eleitorais reconhecidas e um sistema de contagem de votos ainda mais sofisticado que o brasileiro. A Venezuela tem uma modelo de voto impresso que deveria ser adotado no Brasil, mas fica claro que para a direita golpista nem mesmo esse tipo de segurança impede sua ação de subverter a vontade popular. A posição do nosso presidente fortalece a direita de toda a América Latina, além de dar respaldo às posições imperialistas na região. Sem uma posição firme de Lula, reconhecendo as instituições venezuelanas, a direita se sentirá livre para questionar qualquer eleição, inclusive as próprias eleições brasileiras. Não se trata de apoiar Maduro, mas as sistema eleitoral venezuelano, um dos 5 poderes constitucionais do país, mas de dar apoio a todas as escolhas livres e democráticas da América Latina. Se não acreditarmos na justiça eleitoral dos países latino-americanos, o imperialismo vai continuar a dar as cartas e sugar nossas riquezas. Esse corvo que Lula soltou agora vai querer comer nossos olhos logo ali na frente.
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A Esquerda e Maduro

A imprensa – repetindo uma crítica velha, que apenas se retroalimentou agora – diz que é um absurdo comemorarmos a vitória de Maduro – tratado como um ditador sanguinário – nas eleições recentes da Venezuela. Não poderia ser diferente, tendo em vista o tipo de imprensa frouxa que criamos no Brasil, Todavia, essa crítica emerge também de setores da esquerda, mas o que esperar de uma esquerda onde até um sionista ex-BBB, que apoia Tebet para as eleições 2026, se acha a última bolacha do pacote apenas pela sua vinculação identitária. Até este momento em que escrevo esta crônica o presidente Lula e o presidente Petro não reconheceram a vitória de Maduro nas eleições – o que mostra frouxidão no apoio ao governo de enfrentamento aos imperialistas. Para estes “esquerdistas”, é necessário defendermos a democracia liberal burguesa a qualquer custo, nem que para isso usemos a narrativa produzida pelos “think tanks” liberais e as próprias palavras com as quais o imperialismo nos descreve.
Para os epítetos oferecidos ao presidente Maduro pela nossa imprensa “isenta”, resta explicar como um sujeito pode ser “ditador” e vencer seguidas eleições democráticas e livres, vistoriadas sempre por inúmeras nações estrangeiras, inclusive recebendo delegações das várias “ditaduras” europeias, em especial da “ditadura” francesa, da “ditadura” inglesa e também de países da América Latina? “Ahh, mas ele impediu sua adversária de concorrer”. Bem, não foi “ele”, o presidente Maduro, mas o judiciário Venezuelano, que condenou uma candidata que teve inúmeras inconsistências na sua prestação de contas de seu cargo como deputada. Digam: como um sujeito assim seria tratado nos Estados Unidos, na Inglaterra ou na Holanda? “Ahh, mas o judiciário de lá é controlado pelo governo”. Quem disse? Quem prova? Olhem o Brasil, como exemplo: acham que Lula controla o STF – que inclusive o prendeu ao arrepio da lei? Bolsonaro é o principal nome dos fascistas e da extrema direita brasileira e está impedido de concorrer; é o conhecido “inelegível”. Porém, está nessa situação por crimes contra o sistema eleitoral transitados em julgado. Seremos uma ditadura por causa disso? Devemos aceitar qualquer violação à lei para satisfazer a sanha de controle por parte dos americanos?
O que significaria a volta da extrema direita à Venezuela, trazendo consigo o controle imperialista ao pais? Depois de um quarto de século de lutas por autonomia e controle de suas riquezas, como ficaria o país sendo novamente entregue às potências estrangeiras? Não seria justo que a vitória (mais uma vez nas urnas) da Revolução Bolivariana fosse comemorada e entendida como uma conquista do povo na sua luta por autonomia? Tais esquerdistas liberais não conseguem se dar conta que essa narrativa de “Maduro ditador” é uma construção do imperialismo para atacar qualquer líder popular que desafie o Império e seus interesses. Cegos pela propaganda intensa que lhes é dada para engolir, não perceberam as inúmeras mentiras contadas de forma repetitiva, da mesma forma como foram contadas sobre Dilma e Lula. Não é possível esquecer onde os sucessivos golpes e o “law fare” contra Lula nos conduziram: o Brasil foi colocado nas mãos de um ladrão, reacionário, entreguista e incompetente como Bolsonaro, cujos crimes expostos à luz do dia chocam qualquer sujeito minimamente honesto. Por obra do imperialismo, todo grupo de resistência contra a opressão é chamado de “terrorista” (como o Hamas, o Hezbollah e os Houtis) e todo líder popular de esquerda ou progressista é tratado como ditador (ou narcoditador) como fazem com Kim Jon Un, ou Chávez.
O controle imperialista e os embargos criminosos contra um povo bravo que decidiu democraticamente não se submeter ao imperialismo levaram a décadas de dificuldades para o país caribenho. A derrota de Maduro levaria inexoravelmente ao poder a extrema direita ligada aos Estados Unidos, liberal, conservadora e violenta. E vejam: criticar Maduro é possível e até louvável, mas torcer contra sua vitória quando seus concorrentes são fascistas e entreguistas é apostar na subserviência da Venezuela ao imperialismo mortal, cruel e assassino. A direita chama a Venezuela de antidemocrática, e usam como argumento a pretensa fuga de venezuelanos para o Brasil através da fronteira. Por acaso a fuga de cidadãos, esmagados pelas dificuldades impostas pelos embargos americanos e pelas dificuldades econômicas da Venezuela, significa que o país é uma ditadura? Por acaso as dificuldades do país podem ser desvinculadas dos bloqueios criminosos contra o país? Aguardo as provas de que não existem liberdades democráticas na Venezuela, ou pelo menos que elas sejam menores que no Brasil e nos Estados Unidos. Aliás, nos Estados Unidos se você usar uma bandeira palestina ou se fizer boicote ao estado terrorista de Israel pode ser preso ou morto. Serão eles uma ditadura?
Muitos adversários costumam fazer pouco caso dos boicotes ao país. Dizem “O governo costuma culpar o embargo por tudo”…. mas não é para culpar? A estes pergunto: sabem o que representa para um país um embargo de remédios, comida, peças para máquinas, equipamentos médicos, tecnologia, maquinário etc., praticamente tudo que é produzido pelo comércio internacional? Quem não sabe, tente lembrar o que foi uma simples greve de caminhoneiros no Brasil e a falta de apenas um produto: a gasolina. Agora multiplique por mil e faça durar 20 anos e teremos as dificuldades da Venezuela. Acham que isso não é suficiente para destruir a economia de um país? Ora, sejam respeitosos com a verdade. E sabem por que os Estados Unidos organizam e promovem este tipo de torniquete sobre a economia dos países rebeldes? Para forçar o povo a odiar seu governo, pela mesma razão que Israel mata civis para fazer o povo palestino odiar o Hamas. É simples quando se abre os olhos…
Por fim: a Venezuela foi um dos países com maior crescimento econômico em 2022 na América Latina e registrou uma das principais expansões do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços) também em 2023, segundo a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal). E no primeiro semestre de 2024 a Venezuela já cresceu 7% (!!!!!)
A esquerda precisa acordar para estas narrativas conhecidas e gastas que não passam de pura propaganda imperialista, armadilhas da imprensa corrupta do Brasil e de fora daqui que tem o claro objetivo de manter a América Latina sob as botas dos imperialistas do norte.
Arquivado em Causa Operária, Pensamentos
Farsas
Ainda ontem escutei um jornalista da extrema-direita usar o termo “Lulopetismo”, tentando criar a ideia que o Partido dos Trabalhadores é uma espécie de seita centrada na figura de um “líder supremo”, cujas determinações precisam ser obedecidas cegamente, sob pena de o rebelde ser arrebatado por um míssil caso não obedeça, como aquelas fake news da Coreia Popular. Do mesmo jornalista ainda há algum tempo o escutei citando o “Decálogo de Lenin“, como se essa farsa, criada para atacar a experiência comunista durante a Guerra Fria, fosse uma verdade insofismável.
Ora, o “Decálogo de Lenin” é apenas uma “fake news” que todo fascista iletrado e ignorante repete por não ter senso crítico. Sempre vem da mesma turma que dissemina mentiras pela incapacidade de avaliar as fontes, gente de mentalidade rasteira e de formação miserável. A ideia é inserir falsidades no discurso cotidiano de forma persistente e constante até o ponto em que ninguém terá parâmetro algum para distinguir as verdades das mentiras. Esse é o projeto dos fascistas: mentir com tamanha desfaçatez até que seja impossível se orientar entre tantas farsas.
Voltando ao “lulopetismo”, tenho dificuldade de entender o que realmente querem dizer com esse termo. Por acaso se referem aquele grupo que rouba joias, Rolex e faz rachadinhas? Por acaso se referem àquela família que adquiriu 51 apartamentos com dinheiro vivo e tem uma horda de desajustados, abusadores, pervertidos e milicianos lhe seguindo? Esse é o movimento cujo líder está sendo acusado de ser ladrão e roubar o patrimônio público, aceitando supostas propinas de ditadores árabes para vender refinarias? É esse grupo que o jornalista está se referindo?
Quanto a Lula, ele é um presidente de centro-esquerda que está bastante distante da minha perspectiva socialista, ou mesmo dos sonhos daqueles que desejam a derrubada do capitalismo para a evolução social. Apesar disso, ele é um dos maiores líderes populares do ocidente, e suas dificuldades atuais são decorrentes de ter encontrado em seu terceiro mandato um país destruído por 6 anos de desmonte da máquina pública, de neoliberalismo, de privatizações criminosas e da volta da fome. Sobre o presidente Lula há que se aclarar algumas questões:
1- Lula foi julgado por um juiz corrupto. Ponto. Ninguém pode ser julgado por um judiciário corrompido e que tem lado. Quando digo “ninguém” isso significa Lula, Bolsonaro, eu e qualquer cidadão. Um judiciário imparcial é a base do Estado Democrático de Direito; sem isso é vale-tudo. Por isso acreditamos que até Bolsonaro precisa ser julgado da forma mais isenta possível, pois a injustiça a qual Lula foi submetido nenhum cidadão deveria sofrer.
2- O presidente Lula jamais se apossou ilegalmente de bens públicos. Quem achar o contrário que mostre o número do processo e a sentença condenatória transitada em julgado
3- Lula não foi condenado em todas as instâncias. Pelo contrário; foi absolvido em todos os processos contra ele, seja por falta de provas ou por atitudes corruptas dos julgadores. Tenham em mente que os próprios desembargadores do TRF4 foram afastados por condutas suspeitas, as sentenças em que estiveram envolvidos foram anuladas e que o chefe da quadrilha – ex-juiz Moro – está sendo processado por corrupção. Só oportunistas e desonestos ainda falam em “sítio de Atibaia” ou “Tríplex”, ambos já vendidos pelos seus legítimos donos. Pior ainda é ver que essas mesmas pessoas que falam estas mentiras fazem vista grossa para os mais de 50 imóveis comprados com dinheiro vivo por Bolsonaro sem que ele tivesse renda comprovada para realizar tais transações.
4- Os dirigentes do PT foram absolvidos e/ou tiveram suas penas extintas. Cito em especial Zé Dirceu e José Genoíno, mas também Delúbio Soares. Foram presos por “law fare”, corrupção judiciária, e hoje são ficha limpa. Portanto, a ideia de que “a cúpula do PT está presa“, é falsa.
5- Lula é o maior líder do sul global, ao lado de Xi Jinping e Wladimir Putin. É aclamado em todos os lugares que vai. Nunca roubou nada deste país, ao contrário de Bolsonaro que desviou recursos públicos para sua campanha, roubou joias, falsificou documentos e tinha uma minuta de golpe em seu escritório. O “mito” é o sujeito que os fascistas brasileiros aplaudem, seguem e admiram: um canalha e escroque. Enquanto isso, Lula em menos de 2 anos projeta colocar de novo o Brasil como 6a economia mundial até o final do mandato, tirando nosso país do 12o lugar colocado pela dupla de golpistas Temer/Bolsonaro.
6- Ao contrário do que se diz de Lula, as provas contra Bolsonaro são abundantes e seus crimes são claros e insofismáveis, comprovados por evidências materiais, e não por delações feitas por pessoas sob tortura – como as de Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que depois escreveu uma carta retirando todas as inverdades que disse. Contra Bolsonaro as delações servem apenas para confirmar o que as provas já deixam muito claro: roubou joias, recebeu propina para vender estatais, falsificou documentos, aplicava rachadinhas em seu gabinete por 30 anos e sua atual esposa o acompanha nos desmandos através do seu cartão corporativo.
Não há como colocar Bolsonaro e Lula lado a lado, como se tivessem a mesma estatura. Um deles é um sujeito que presta continência à bandeira americana e diz “eu te amo” ao presidente Trump. O outro é o maior líder dos países em desenvolvimento, a grande esperança dos povos do sul global. Por mais que os comunistas reconheçam as limitações de Lula como líder de um país controlado pela democracia liberal, ainda assim ele é, no momento, o melhor caminho para a luta de classes.
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