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Batom

A esquerda, embriagada pelas ações ilusoriamente favoráveis à democracia por parte do STF, agora aplaude quando seus ministros aplicam uma pena violenta e draconiana a uma mulher que escreveu “perdeu mané” em um monumento em Brasília. Ao fazer isso, exaltam um dos pilares da ideologia da extrema direita: o punitivismo, que sustenta a jurisdição americana e sua defesa da pena capital, e até mesmo os seus ídolos mais recentes, como Nayib Bukele. Com isso, aumentam exponencialmente a população carcerária, usando como substrato ideológico uma perspectiva moral, sem levar em consideração os fatores que que estão na gênese da criminalidade: a sociedade de classes e o capitalismo concentrador de renda.

A única ação desta bolsonarista foi o batom na estátua. Ninguém pode ser condenado por organizar um acampamento, escrever suas ideias no Facebook ou querer o fim de um governo. Quem pode fazer a conexão entre um batom na estatua e a derrubada de um governo? Não existe justificativa jurídica para essa sentença absurda. Olhem os autos!!! Na sentença não se lê nada sobre acampamentos ou suas ideias. Ela foi mesmo condenada pelo “crime hediondo” de passar batom numa estátua. Essa sentença é criminosa e a esquerda cirandeira, que hoje bate palma para os golpistas do STF, em breve vai lamentar. Haverá choro e ranger de dentes.

Que isso tenha sido escrito pelo Zeca Dirceu, cujo pai foi condenado (e posteriormente perdoado) pelo mesmo STF lacaio dos interesses imperialistas – usando para isso a famosa frase “não tenho provas, mas a jurisprudência internacional me permite” – é absolutamente surreal. Esse tipo de apoio a uma instituição burguesa venal, que foi responsável pelo golpe em Dilma e pela prisão ilegal de Lula é inaceitável.

Pior, colocar na prisão uma mãe cujo único crime factual foi riscar de batom uma estátua (o resto não passa de conjecturas), recebe o apoio da esquerda, que será a próxima vítima do poder absoluto da suprema corte. Enquanto essa esquerda identitária não entender que o bolsonarismo é apenas a ponta incomoda e boquirrota do poder burguês continuaremos a apostar nesse punitivismo cafona e cruel.

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Abraço

Monark é um jovem tipicamente paranoico. Sua perspectiva de mundo é perturbada, fanatizada, unívoca e sem materialidade. Ele muito se assemelha a jovens cooptados pelas religiões, cujas ideias circulam em torno de uma crença central e nem a realidade visível é capaz de demovê-los de sua perspectiva. No lugar do demônio, o Estado; no lugar de Jesus, a “liberdade”, e não importa que isso não se perceba no mundo de verdade; a ilusão é mais forte e intensa que o real. Eu sequer acho que Monark seja de “direita”; ele é um anarco capitalista ingênuo, com ideias estapafúrdias, ideações persecutórias e uma visão de mundo ilusória onde o Estado malvadão não deveria ter qualquer importância e o Mercado a tudo deveria direcionar e regular. Conheço alguns adultos assim, e não acho que estas pessoas devam ser censuradas. Entretanto, o Monark era uma figura apenas folclórica antes do ataque insano de personagens malévolos como o Alexandre de Moraes. A perseguição verdadeira pode destruir psiquicamente um sujeito que já é, estruturalmente, paranoico.

O seu sofrimento é nítido e inquestionável, sua dor é palpável. Os ataques a pessoas com ideias aberrantes, longe de curar seus problemas, acentuam suas radicalidades. A maneira pela qual tratamos Monark, através da censura e agora do deboche, mostra o caráter autoritário tanto dos ministros do supremo quanto, infelizmente, de boa parte da esquerda liberal. Nunca houve, na história da humanidade, uma ideia que tenha sido sepultada pela censura, mas boa parte das ideias – mesmo aquelas aberrantes que nos atormentaram – foram fortalecidas pela tentativa de silenciá-las.

Eu sei o quanto isso soa cafona e piegas, mas o Monark precisa de um abraço, e isso não significa concordar com suas ideias, muito menos deixar de combatê-las com rigor. Se isso não for possível, acredito que interromper as mentiras e os ataques insanos da justiça burguesa sobre ele o ajudariam muito.

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Monark

Vejo muita gente debochando das condições físicas e emocionais do Monark, que durante anos foi o garoto propaganda do liberalismo ingênuo que tomou conta de parte da juventude brasileira. Dizem que sua cabeça fritou devido ao ideário de direita que adotou para si, porém não acredito ser essa a razão de sua decadência espiritual e psíquica. Na minha percepção, sua debacle está relacionada aos ataques recebidos em razão da postura de enfrentamento ao poder abusivo de algumas instituições.

Uma das razões da minha desconfiança sobre as origens do seu mal é que, para atacar o Monark, inventaram muitas mentiras sobre seus pronunciamentos. Sim, o Monark jamais foi a favor da criação de um partido nazista, e basta assistir o famoso podcast para constatar isso. Ele se disse favorável “ao direito de alguém criar isso”, não ele. Sua radicalidade era pela liberdade irrestrita de expressão e de organização em torno de ideias. Entretanto, de forma oportunista, criaram o factoide de que seria, ele próprio, um defensor de ideias nazi. Isso é mentira. O Monark entrou em uma espiral depressiva e autodestrutiva pela perseguição infame realizada por elementos do STF, em especial o ministro Alexandre. Este, em nome de uma postura populista e baseada em mentiras, resolveu subverter a liberdade de expressão criando uma versão personalizada da Constituição. Para os ataques ao jovem comunicador, o ministro do Temer usou o freestyle característico do STF, que faz da Constituição um “boneco de massinha” aquele que as crianças brincam, onde qualquer coisa pode ser criada da massa amorfa na dependência da vontade e dos interesses oportunistas da suprema corte.

O sofrimento do Monark eu já vi no rosto de pessoas atacadas injustamente. Carregam no semblante o sofrimento por não conseguirem enxergar uma saída, em função do gigantismo das estruturas que os perseguem. Ele sofre por saber que seu direito de expor sua perspectiva de mundo – mesmo equivocada e claramente paranoica –  é censurada, proibida e perseguida. Ela sabe que, mesmo que a expressão de sua visão de mundo seja garantida pela constituição, os guardiões da nossa carta magna são os mais interessados em violentá-la em nome de seus interesses obscuros. Monark é um jovem, um filho de papai, um “gamer” e um garoto de classe média, sem estrutura para suportar a perseguição e o exílio. A solidão, a raiva, a cólera contida, o ressentimento e a tristeza do desterro são ácidos que corroem o próprio frasco de carne e ossos que o contém. Ele não tem a estrutura de um Brizola, um Lula, forjados na luta política e proletária e capazes de suportar os ataques, o exílio, a prisão e as acusações injustas.

Sou um comuna raiz e não concordo nem com 1% das ideias liberais do Monark, mas posso entender sua dor e sei o quanto ele está fragilizado e perturbado. Todavia, ver gente da esquerda debochando de seu sofrimento apenas mostra como nossa esquerda liberal é incompetente e ultrapassada, incapaz de se enxergar – num futuro próximo – na própria pele do garoto do Flow.

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Imperador Alexandre

O Imperador do STF Alexandre de Moraes, conhecido como Xandão, disse que quem “comemorar” o 8 de janeiro estará praticando crime. Fico imaginando como ele situa isso no código penal freestyle que ele criou dentro da sua cabeça. Segundo ele disse, essa comemoração significaria “instigar golpe de Estado”. Peço, ao renomado Ministro, que defina o que é “instigar”. Por acaso comemorar o fim da II Guerra Mundial seria instigar ódio aos alemães? As pessoas ainda não entenderam que Alexandre de Morais é da mesma turma dos bolsonaristas, mas de um clã diferente. O ódio de Alexandre é porque ele estava com o nome no caderninho dos matadores contratados por Bolsonaro e sua turma. Não é o amor pela democracia e muito menos pela justiça o que o move: é amor a si, autopreservação, vaidade e desejo de protagonismo.

O ativismo jurídico que ele agora exerce apenas circunstancialmente nos beneficia. Na primeira vez que a esquerda resolver parar o país exigindo mudanças profundas, ele vai se voltar contra a classe trabalhadora e vai interpretar a greve – ou a passeata, manifestação, paralisação, ocupação- como “incitação ao golpe de Estado”. Pronto: prende Lula, prende os parlamentares, prende o trabalhador, encarcera senhoras de idade, e tudo aparentemente para salvaguardar a democracia.

Sabem por quê? Porque ele pode tudo e ninguém diz nada!!! Esse sujeito, apesar de não ter votos, manda no país mais do que o presidente, criando da sua cabeça leis que não existem (como todas as interpretações absurdas da lei do racismo “por inferência”), atropelando a constituição para impedir Lula de concorrer, julgando casos onde ele é (pasmem!!) vítima e juiz ao mesmo tempo, e agindo como um imperador, sem precisar dar satisfações a quem quer que seja.

Quem defende o Ministro Alexandre sofre de “síndrome de Estocolmo”. Criaram a fantasia de que ele “salvou a eleição”, quando, em verdade, ele impediu a eleição de Lula quatro anos antes através do seu golpe no STF, no qual rasgaram a constituição para impedi-lo de concorrer. Anotem aí: muito antes do que se espera haverá um golpe de Alexandre contra alguma manifestação popular da esquerda. O mesmo autoritário que cortava pés de maconha vai atacar a livre manifestação do povo por um governo melhor e mais justo.

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Agora vai?

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Não acredito na possibidade da esquerda fazer festa nas ruas pela possível prisão de Bolsonaro. Não vejo esse clima no país. Aliás, o Brasil, em médio e longo prazo, nada ganha com isso e nós assinamos embaixo de mais uma solução punitivista do STF que não vai ajudar o país a suplantar a chaga da extrema direita fascistoide. Não podemos esquecer que o gado bolsonarista também fez festa com o impeachment de Dilma e a prisão de Lula e hoje Dilma é personagem mundial como dirigente do banco dos BRICS, e Lula é o presidente da República. Temo que a prisão do meliante Bolsonaro seja uma “Vitória de Pirro”, que ainda poderá se voltar contra nós da esquerda. Nenhuma novidade: sempre que o judiciário, braço jurídico da burguesia, ataca setores da direita, não é por amor à justiça, mas por autopreservação. Depois a carga vem com toda a força contra a esquerda.

Estou velho demais para comemorar decisões da justiça burguesa como se fossem vitórias da cidadania, da justiça ou da sociedade. Esse mesmo STF burguês já mandou Olga Benário (mulher de Prestes) para morrer na Alemanha nazista, subscreveu o golpe militar de 1964, aceitou o golpe contra Dilma e determinou a prisão ilegal e inconstitucional de Lula. Por que deveríamos agora, de forma tola e oportunista, considerá-los patriotas e amantes da justiça? Não, eles são personagens ativos na manutenção de todas as desigualdades do país, aceitando conchavos e grandes “esquemas nacionais” para o favorecimento de atores políticos poderosos da burguesia.

Mas sim, haverá festa nas redes sociais. Não serei eu o “estraga prazer” que vai impedir que o povo comemore a punição de uma figura nefasta como Bolsonaro e seus asseclas. Haverá, por certo, uma chuva interminável de memes, fotos, embrulhadas com choradeira, festejos, gritos, e ranger de dentes, tudo misturado numa ofegante epidemia mais parecendo um Carnaval – ô Carnaval, ô Carnaval. Mas, vai passar, e o Brasil continuará com a mesma carência de consciência de classe, com os pobres votando nos milionários e as elites sangessugas controlando a todos com seus cordéis dourados. Precisamos mais do que um carnaval para curar o Brasil.

Também tenho fé que as manifestações de apoio ao Mito serão tímidas, aliás como já estavam sendo, cada vez mais minguadas. Pouca gente terá coragem de sair às ruas, a não ser os de sempre: militares da reserva, senhoras de laquê no cabelo alourado, jovens herdeiros, garotos com sonhos de abrir uma startup, pequenos comerciantes, youtubers de direita, a pequena burguesia de médicos e advogados, etc. Todos vestindo a camiseta da seleção brasileira, carregando bandeiras como cachecois, e cartazes pedindo o retorno da ditadura. Só não vai aparecer o famigerado cartaz “Eu autorizo”, pois poderá parecer um recado para o Alexandre de Moraes. Entretanto, desta vez serão muito poucos; as acusações são graves demais; sair na rua para apoiar quem planejou matar tantas pessoas vai também constranger muita gente.

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Ponto sem retorno

Eu particularmente acho que o volume de crimes cometidos durante o governo Bolsonaro, incluindo o gabinete do ódio, os crimes eleitorais, a boiada passando no meio ambiente, os roubos no varejo e no atacado, as joias, o cartão corporativo, etc deixaram o governo refém da reeleição. Era imperioso se manter no poder para que o controle do governo e da PGR impedisse a descoberta dos desmando que ocorreram na condução do país. Num país como o Brasil, qualquer presidente, por ter a máquina pública na mão, chega em uma eleição como favorito. Era com isso que contavam os bolsonaristas e aqueles que estavam lucrando com um governo entreguista e pró-imperialista. Entretanto, uma grande mobilização nacional ocorreu para garantir a vitória de Lula, atropelando todas as barreiras colocadas pelo governo. Como a reeleição Bolsonaro não aconteceu, ficou evidente que um desespero absoluto se abateu sobre as hostes bolsonaristas, e com a chegada da oposição ao poder se tornou impossível esconder a quantidade enorme de falcatruas produzidas em quatro longos anos de mentiras, desmandos, impropérios no cercadinho e cuspe no canto da boca.

Fica claro agora, pelas provas, depoimentos e delações que ganhar de qualquer jeito era o plano. Não fosse no voto (e foram cometidos inúmeros crimes para garantir a eleição do mito através de fraudes) haveria de ser na “marra”, usando da força, com golpe clássico, tanques na rua. Para isso seriam convocados os milicos ressentidos pela “comissão da verdade” e a linha dura fascista da caserna, aplicando um golpe “das antigas”, mandando matar o presidente, o vice e o ministro malvadão do STF. Porém, quis o destino que os Estados Unidos, que comandam essa turma de lacaios, não topasse um golpe cafona, fora de moda, com estética dos anos 60 e com cheiro de guerra fria. Tiveram que abortar o projeto, mas deixaram as pegadas da intentona golpista por todos os lados.

Agora resta saber se vamos, mais uma vez, apostar na “conciliação” e permitir que uma gang de bandidos fardados – que inclui até assassinos – seja perdoada em nome da governabilidade. Já fizemos isso com Fernando Henrique, e esse fato acabou deixando aberta a porta do arbítrio, dando asas aos militares para novas incursões no poder. Hoje fica claro que os militares nunca abandonaram seu interesse em controlar o poder civil, e por isso vivemos agora o desastre anunciado que foi gestado no perdão dado a eles pela lei de anistia – ampla, geral e irrestrita.

Eu não acredito que cometeremos o mesmo erro de manter os corvos soltos. “Alimente-os e eles te comerão os olhos”, como bem sabemos. Também é verdade que a prisão dos líderes desse golpe frustrado não afetará de forma significativa a onda fascista do nosso país, e corremos o risco de incentivar a criação de “vítimas injustiçadas”, que poderão ser alçadas à condição de heróis nacionais. Todavia, há limites para esta análise; ultrapassado um determinado ponto – e as tentativas de assassinato parecem ser essa linha – encontra-se um ponto sem retorno, e nada sobra para fazer além da aplicação dura da lei.

Prefiro acreditar que, mesmo sendo através da justiça burguesa e de atores que nunca estiveram conectados com a justiça “ampla, gerral e irrestrita” da população brasileira, as forças progressistas possam fazer uso desse fato para gerar consciência de classe, união em torno de nossas pautas e a exposição dos reais interesses da política burguesa.

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Aplausos

Quando aplaudimos as arbitrariedades de um mero Ministro do Supremo como Alexandre – cujo poder não é popular, não passa pelo voto e que foi colocado nessa posição por um golpista – estamos aplaudindo o fim das liberdades e da democracia, o poder que emana do povo. O que agora nos parece benéfico (a derrota de um asqueroso e maléfico bilionário fascista como Elon Musk) em um futuro próximo (ali na esquina, podem apostar) será contra a esquerda, com uma canetada, contra Lula ou contra o PT, contra a liberdade de protestar, contra os partidos revolucionários (como sempre ocorre), contra os comunistas e contra a imensa maioria do povo brasileiro. Colocar um poder ilimitado nas mãos de um autoritário como Alexandre de Moraes é uma temeridade inadmissível. Nossa memória recente nos apresenta inúmeras vezes nas quais, diante dos dilemas da interpretação adequada da lei, o Supremo Tribunal Federal se manteve ao lado da burguesia brasileira e contra a escolha legítima do povo por seus representantes. Foi assim também no golpe de 64, na deposição injustificável da presidenta Dilma e na prisão de Lula.

Não esqueçam que Alexandre de Moraes foi o secretário de justiça do Estado de São Paulo que, em um ato de extremo oportunismo e hipocrisia, protagonizou um espetáculo onde cortava pés de maconha vestido como uma variante sem cabelo do Rambo. Esse foi o sujeito que manteve Lula preso para facilitar a vitória da extrema direita, mesmo contra o artigo 5o da Constituição. Foi ele quem tirou os canais do PCO do ar sem qualquer justificativa – a não ser por encontrar neles muitas críticas contundentes à sua atuação. Apostar em Alexandre de Moraes como “protagonista” da democracia ou das liberdades é uma tolice imensa – tão equivocado quanto apostar em Sergio Moro como “guerreiro anticorrupção”, ou acreditar nos paladinos do Ministério Público (Deltan & Cia) como “ilibados defensores da lisura administrativa”. A tarefa dos Ministros do Supremo se restringe apenas a fazer com que se cumpra a lei, não inventar novos regramentos baseados em sua particular visão de mundo ou interpretar as leis já existentes de acordo com interesses pouco republicanos das classes dominantes. Quando a vítima for a esquerda – repito, apenas aguardem – para quem vamos reclamar? Vamos questionar a perda dos nossos direitos para este mesmo poder supremo que inventa leis e espreme a constituição para tirar dela o que lhe interessa? Será que, mais breve do que esperamos, estaremos escutando um sonoro “Eu avisei!!” pela nossa insistência em oferecer poder a quem não pode ser questionado?

A liberdade não desaparece com lágrimas; como um por do sol no Arpoador, ela morre sob aplausos.

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Xandão na berlinda

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Por que cargas d’água (essa é do meu tempo) a esquerda brasileira está em peso atacando Glenn Greenwald e a Folha apenas por revelarem o que nós – a esquerda radical – dizemos há muitos anos: Alexandre de Morais é um golpista, demagogo, representante da burguesia fétida que comanda o Brasil e que cometeu inúmeros desmandos enquanto Ministro do Supremo. Por que razão agora esta esquerda resolve que “Xandão” é um “herói”, e pior ainda, um intocável? Por que criticam a forma e não o conteúdo? Por que não analisam o mérito das acusações graves contra o Ministro? Por acaso alguém deveria se surpreender quando um Ministro do Supremo usa de seu poder para artimanhas e jogadas políticas? Por acaso as ilegalidades e inconstitucionalidades do STF não foram, desde sempre, entendidas como “parte do jogo”? Lembram do “não tenho provas, mas a literatura me permite”? Qual o espanto com a existência de ministros venais?

Esse ministro não teve nenhum problema em colocar Lula na prisão desrespeitando frontalmente a Constituição Brasileira. Depois ele votou pela manutenção de Lula na prisão, quando não havia trânsito em julgado para justificar esta detenção. O mesmo Alexandre que brigou com bolsonaristas e prendeu aqueles mambembes que atacaram os prédios de forma desorganizada, foi quem favoreceu a candidatura de Bolsonaro tirando Lula criminosamente da disputa. Ou seja: Alexandre é um representante dos interesses da elite financeira, da Globo, do agro e de todas as forças reacionárias do país. Quem acredita que esse sujeito tem qualquer compromisso com a esquerda – ou mesmo com a justiça – apenas porque é atacado pelos bolsonaristas esteve em coma profundo nos últimos 10 anos, desde o tempo de sua ascensão à secretaria de segurança de São Paulo – local onde todo candidato a monstro faz seu estágio.

Qual a razão para o espanto? Por acaso deveríamos nos surpreender com atitudes pouco republicanas de integrantes do STF? Essa corte apoiou o golpe de 1964 e o de 2016!! Esteve junto, ratificando e aplaudindo, o impeachment sem crime de responsabilidade de Dilma e a prisão imoral e ilegal de Lula. Aplaudiu (até se tornarem inadequados) os desmandos de um juiz corrupto como Sérgio Moro. Alexandre de Morais esteve à frente de todos os crimes contra a Constituição brasileira dos últimos anos. Por que tanta solidariedade?

Até quando a esquerda cirandeira vai achar que Bolsonaro é o nosso inimigo?? Bolsonaro é o fascista que as elites elegeram e agora estão descartando, como o bagaço de uma laranja chupada. O inimigo das esquerdas são aqueles que puxam os cordéis, os quais movem os marionetes. Os reacionários da vez já foram Collor, FHC, Temer, e tantos outros do passado. O “bolsonarismo” já existia muito antes de Bolsonaro ter sido parido, e nessa corrente liberal Alexandre de Moraes é uma figura notável. Não se deixem enganar!!!

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Vira-Latas

Sempre foi notória a vinculação do Ministro Barroso com os interesses da burguesia rentista nacional e do empresariado, os quais defende com unhas e dentes, mas resta a tristeza de saber que Barroso foi indicação do PT, seduzido por seu discurso identitário. Barroso é a imagem mais clara e cristalina do STF, uma corte de barões e baronesas acima do bem e do mal. É terrível saber que a Rede Globo – e o lavajatismo – tem nesse sujeito seu grande escudeiro. Que outra Rede de Comunicações no mundo consegue eleger um Ministro do STF para defender seus interesses? Quem tem um “ministro prá chamar de seu” nas grandes democracias?

Esta semana surge outra informação que até então eu desconhecia: O Ministro Dias Toffoli foi assistir a final da Champions League com políticos e empresários – os quais poderá estar julgando no futuro – em Londres, numa demonstração de absoluto viralatismo. Não só pela companhia, que depõe contra a isenção e a imparcialidade do ministro, mas pelo próprio evento, sonho de todo cucaracha endinheirado. Nestas horas cabe repetir a frase de Júlio César sobre sua esposa, Pompeia Sula: “A mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita. A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. Este é um mantra que deveria ser repetido diariamente por qualquer sujeito que se coloca na posição de julgador.

Não escondo de ninguém minha vinculação marxista, e sei o quanto custa ser comunista em um contexto onde o fascismo bate à porta. Entretanto, reconheço que a desconfiança da extrema direita com o STF tem sentido. Claro, não pelos seus interesses oportunistas, pois quando Lula e Dilma eram os perseguidos nada disseram. Calaram-se diante das arbitrariedades da Suprema Corte, ficaram em silêncio quando a constituição foi rasgada para impedir Lula de concorrer e silenciaram diante da censura imposta a partidos de esquerda e ao próprio ex-presidente. Agora aparecem como garantistas de última hora e defensores da “liberdade”, mas quando estavam no poder não se acanharam em pedir aos fardados uma nova ditadura.

São espertalhões, que fique claro; no entanto estão corretos pelos motivos errados ao denunciar as arbitrariedades da suprema corte. Só perceberam o autoritarismo e os interesses escusos nas ações dos ministros quando a “água bateu na (sua) bunda”. Parabéns aos comunistas que atacam a Globo e o STF desde sempre como representantes da burguesia decadente deste país muito antes desta crítica virar modinha entre bolsonaristas.

O texto abaixo publicado na Folha de São Paulo expõe a degradação dessa instituição.

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Ingenuidade

No dia 21 de maio 2024 aconteceu (mais uma) bela lapada em todos os tolos da esquerda liberal que acreditaram que o marreco de Maringá um dia seria punido. O ex-juiz Moro foi absolvido no TSE por 7 X 0.  A esperança ingênua de que fosse feito justiça por um órgão historicamente golpista é a marca registrada de uma esquerda que não aprende as lições, apesar da severidade dos acontecimentos. Nossa fé em figuras medíocres como Carmem ou Alexandre, sem falar nos nefastos Nunes e Mendonça do STF, é atestado de infantilidade política. A direita tem mesmo suas razões para reclamar do autoritarismo desses personagens, mesmo que por razões não democráticas.

Uma esquerda que serve de suporte acrítico às instituições burguesas – polícia, forças armadas, supremo – não mereceria sequer o nome de esquerda, pois é impossivel aceitar docilmente que a salvação da democracia brasileira pudesse vir dos representantes máximos da burguesia nacional. Acreditar nisso é o mesmo que exigir de um rebanho de ovelhas que apostem no bom coração e nos princípios dos lobos para escapar da carnificina. Antes de construir um movimento forte é necessário reconhecer seus inimigos. Como diria Sun Tzu “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.”

Respondam com sinceridade: se fosse Lula a sentar no banco dos réus no TSE, acham mesmo que a “prudência” seria utilizada para seu julgamento? Estariam os ministros tão aferrados à uma interpretação benigna das ações do ex-presidente? Lula foi preso por um apartamento que nunca foi seu!! Dilma foi defenestrada sem cometer qualquer crime. José Dirceu foi condenado sem provas, mas pela “literatura internacional”. Se necessário, o judiciário tira leis da cartola para condenar a esquerda – sem vergonha alguma para criar suas próprias leis, no melhor estilo ditatorial. A história recente dos julgamentos de personidades da esquerda mostra que a balança sempre pesa contra o povo e a favor dos representantes das elites financeiras e do poder burguês. Aceitar passivamente essas instituições é uma ingenuinade que não se pode admitir para partidos que pretendem mudar a história desse país.

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