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Pós eleições

Muitos dos que agora criticam o PT por abandonar as ruas são responsáveis pelo afastamento das raízes operárias do partido. Falo daqueles que, da posição de formadores de opinião, agora criticam o Partido dos Trabalhadores mas que há poucos anos aceitavam que a melhor estratégia era apostar no reformismo. Entre eles um professor de sociologia de Brasília, cuja postura sempre foi de apoio a uma esquerda “moderada” e reformista. Lembro bem quando da grande vitória do Talibã sobre as forças imperialistas de ocupação de ver o professor choramingando pelas “meninas que não iriam às aulas”, sem levar em conta a barbárie do imperialismo, a rede de prostituição das crianças afegãs patrocinada pelo exército americano, a destruição da infraestrutura do país, o lucro com a Papoula e as milhares de mortes dos cidadãos do país, enquanto sua preocupação mais firme era com as questões identitárias. Sua vinculação e seu apoio a Guilherme Boulos é a prova definitiva de que ele não tem – e e nunca teve – uma postura de esquerda raiz. Jamais se importou com as vinculações de Boulos com o IREE e com think tanks imperialistas. Curiosamente, agora quer cobrar isso do PT. Essa postura de muitos de “ahhh, o PT esqueceu suas bases”, apesar de estar correta, permite esconder as opções pessoais que durante anos tiveram em favor de uma política de conciliação.

Quanto a Porto Alegre, muitos (como ele) dizem que a escolha por Maria do Rosário foi equivocada, mas todos se negam a dizer qual teria sido a escolha certa. Ou seja: criticam sem apontar a alternativa. Mello ganhou porque tinha a máquina municipal, por ser apoiado pelas grandes empreiteiras, pela especulação imobiliária, por causa da campanha antipetista feroz que se faz há duas décadas na cidade, pelo sentimento anticomunista propagado pela direita nacional, e também por não termos nomes fortes para a majoritária. Colocar a culpa em Maria do Rosário é uma postura errada, cruel e que serve aos interesses da direita. Não esqueçam que o candidato para a câmara de vereadores mais votado da capital foi um sujeito cujo slogan é “direita de verdade”. Também reelegemos uma comandante da PM, uma notória fascista que vai às seções legislativas fardada, e agora a cereja do bolo: elegemos o “Comandante Ustra”, primo do mais famoso torturador da ditadura, ídolo de Bolsonaro, que fez campanha exaltando o que existe de mais abjeto em um ser humano. Ou seja: essa cidade mergulhou de cabeça no obscurantismo, na violência, no punitivismo e nas soluções cosméticas. Ainda teremos muito trabalho de base pela frente para mostrar a este povo como as alternativas à direita são mais do mesmo, e que não apresentarão jamais bons resultados em médio e longo prazo. É preciso, como eu já disse, limpar a esquerda do discurso identitário e voltar a fazer campanha política no chão de fábrica e nas ruas.

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Maria

Não há dúvida que a rejeição a Maria do Rosário é porque ela defende direitos humanos. Todos os defeitos que possam porventura ser mencionados sobre sua atuação parlamentar sucumbem diante deste fato: as pessoas não aceitam quem defenda simples direitos básicos das pessoas comuns, como não ser torturado, não ser perseguido por suas ideias, ter tratamento digno na prisão, não ser preso sem uma clara justificativa, direito à ampla defesa, etc. Todavia, para o cidadão médio, contaminado pela propaganda odiosa da direita fascista, isso nada mais é do que “defender bandido”. Mas, e porque mesmo os bandidos não poderiam ser defendidos?

Ao Estado não cabe combater criminosos, mas o crime. A justiça não deve combater o malfeitor, mas suas ações ilegais, pois a ninguém é lícito julgar as razões pelas quais alguém comete delitos; ao judiciário cabe analisar os fatos, não os sujeitos. Esse é um fundamento basilar do direito. Não se pode usar da justiça para atacar indivíduos, a não ser que tenham cometidos atos ilegais e criminosos.

Por mais que os punitivistas tenham dificuldade em aceitar, todo bandido compartilha conosco algo fundamental: a condição humana. Em verdade, quando analisados de perto, os “bandidos” são incomodamente semelhantes a nós, com a diferença que tiveram obstáculos em suas vidas que nós nunca tivemos. Julgar a criminalidade sob um prisma moralista é a marca registrada do fascismo, mas somos parecidos demais para que se possa usar classificações como “bandidos” e “cidadãos de bem”. A experiência recente mostrou que alguns dos crimes mais horrendos realizados no Brasil no período Temer/Bolsonaro vieram daqueles a quem se outorgava o título de “cidadãos de bem”.

Assim, aqueles que defendem os direitos humanos inerentes à esta condição, não estão defendendo ou estimulando o crime, mas resguardando as camadas pobres e desassistidas da sociedade da vingança brutal daqueles que, para defender o modelo concentrador de renda e a propriedade privada, agem de forma vingativa e cruel contra todos que que rebelam e entram na senda do crime. Maria do Rosário escolheu a tarefa mais difícil e mais ingrata. Defender estes direitos essenciais em um país no qual um antigo presidente se jactava em dizer “minha especialidade é matar”, é tarefa para poucos. Precisa coragem e integridade para se manter firme em seus princípios quando o entorno lhe empurra na direção do fascismo mais abjeto e desumano.

Tenho muitas discordâncias com Maria do Rosário em outros pontos. Sendo comunista, é fácil entender o quanto a democracia liberal e o identitarismo estão corroendo as esquerdas no mundo inteiro. Não acredito que essa esquerda possa oferecer um grande diferencial em longo prazo ao abandonar a luta anticapitalista e apostar na divisão planejada da classe operária em identidades digladiantes. Por isso, no primeiro turno, voto em Cesar Augusto Ferreira, candidato do PCO à prefeitura de Porto Alegre. Entretanto, bem sei que as pessoas rejeitam em Maria do Rosário exatamente aquilo que ela tem de mais virtuoso: a luta pela dignidade humana, de qualquer cidadão, inobstante os erros que tenha cometido. No segundo turno, voto com ela.

Por isso, espero que ela vença os candidatos do atraso e seja uma ótima prefeita.

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Pax Capitalista

Existem personagens no universo das redes sociais – em especial no zoológico dos comentários que brotam abaixo de qualquer notícia – que ainda pensam que o PT é um partido “socialista”. Por certo que muitas dessas manifestações são pura estratégia do “espantalho”: chamam o partido de socialista (ou comunista) para poder colocar no inimigo um rótulo que agrega boa parte da direita mais raivosa e violenta. Da mesma forma chamam um partido de direita, como os democratas dos Estados Unidos, de “esquerdistas”, apenas para confundir a “teologia dos costumes” com o ideário socialista. Tudo mentira, usada para fazer fumaça e não questionar o capitalismo decadente e a necessária luta de classes.

É importante o esforço esclarecer todos aqueles que ainda estão mal informados sobre os partidos no atual cenário nacional. Quando olhamos o leque de alternativas que vai da direita fascista até a esquerda revolucionária, o PT se situa numa posição de centro-esquerda, de caráter abertamente reformista e inserido no modelo capitalista. Os verdadeiros socialistas do PT saíram há muito tempo e entraram em partidos da esquerda revolucionária, como o PCO, o PSOL, a UP, etc, ou então se adaptaram a posições de comando, imaginando mudar a política sem questionar a estrutura da democracia liberal. Para os socialistas “raiz”, da esquerda revolucionária e marxista, o PT no governo representa acima de tudo o alívio de não ter um ladrão de galinhas genocida comandando o país. Mesmo sendo um partido progressista e de raiz operária, o PT não representa os ideais anticapitalistas que animam a franja esquerda do espectro político do nosso país. Por isso os socialistas acreditam que não há erro algum em reclamar do PT; aliás, existem críticas bem merecidas. Porém, não cabe à esquerda fazer coro com os fascistas cujo interesse não é a crítica ao governo de Lula, mas sua destruição, para dar lugar ao seu projeto neoliberal e imperialista. Além disso, para criticar o socialismo é necessário entender o que esta proposta significa.

Desconfiem dos conceitos que os ricos e os “coaches” do individualismo vendem pra você, como “eles vão tomar sua casa“, ou “divida seu dinheiro com os pobres” e até o famoso “o socialismo nunca deu certo“. Este último parte da ideia de que o “socialismo não funcionou” quando comparado às sociedades capitalistas da Europa e da América do Norte, mas nestas análises apenas se referem à perspectiva da classe média, escondendo a iniquidade, a criminalidade e a crescente pobreza que por lá existe. Essa visão também se choca com a realidade que observamos. Hoje vemos China, Vietnã, Rússia, Coreia Popular e até Cuba como “players” no cenário internacional, posição que o Brasil – com muito mais riquezas que todos esses países – jamais ocupou. A Rússia saiu do arado manual para colocar o primeiro astronauta girando em torno da Terra em 50 anos. Hoje já é a 4ª economia do mundo e continua crescendo, apesar dos embargos do imperialismo, muito graças ao socialismo que vicejou no país por 70 anos. A China bate recordes de produtividade, é líder de alta tecnologia, cresce mais de 5% ao ano (mas já cresceu 14%!!!) e será em breve a primeira economia do mundo. O Vietnã é o líder mundial na produção de café e com a ajuda da China vai se tornando um polo de tecnologia de informação. Cuba, apesar do boicote insano, oferece dignidade aos seus cidadãos.

Pense nisso: há 30 anos o PIB do Brasil era igual ao da China. Responda: o que o socialismo da China fez lá que não fizemos aqui nas últimas 3 décadas?

Por fim, um socialista é o sujeito que estudou algo de teoria econômica e principalmente história. Não há como ser marxista sem entender o materialismo histórico e dialético e também a geopolítica do capitalismo. Sem que adquira uma noção das contradições insolúveis do capitalismo, e sem uma visão fraterna e internacionalista, será difícil entender esta perspectiva. Que muitos achem que os socialistas são “burros” ou “iludidos” não me surpreende; a imensa maioria parece incapaz de entender o que significa esse modelo, e por esta razão continuam apoiando os banqueiros, os rentistas, o imperialismo e os barões do sistema financeiro, que sugam toda a riqueza que nós produzimos. A lavagem cerebral a que todos somos submetidos através da propaganda imperialista incessante impede que se possa enxergar a real essência da nossa alienação. Entretanto, um dia estes mesmos que agora apoiam a submissão aos valores do capitalismo vão adquirir consciência de classe e entenderão as razões pelas quais os trabalhadores merecem usufruir da riqueza que eles mesmo produzem. Enquanto isso tentarão nos fazer acreditar, através dos múltiplos partidos de esquerda revisionistas, na possibilidade de uma “conciliação de classes”, que na verdade não passa de uma “pax capitalista“, onde a ilusão do equilíbrio só é conseguida pelo silêncio dos oprimidos.

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Jean Wyllys

Em dezembro passado em grupo de soldados israelenses explicitamente gays, depois de destruírem um bairro inteiro no norte de Gaza, realizaram uma “parada gay” na praia para comemorar sua vitória contra os civis palestinos. Em sua marcha de escárnio e horror, devem ter passado por cima de corpos mutilados e carbonizados de mulheres e crianças enterrados sob os escombros. A vitória do “ocidente branco” e cristão sobre os “bárbaros” do leste muçulmano se expressa através dos seus símbolos, e nada melhor do que os gays, veganos e trans serem nossos melhores representantes.

Essa festa é o que mais claramente representa a insanidade do identitarismo: a vitória da identidade sobre todos os outros valores, inclusive a vida e a condição humana dos inimigos. A festa de horror incluiu entre os participantes muitos veganos, para quem o amor aos animais os faz calçar botas feitas de PVC, para não serem obrigados a usar produtos de origem animal. Em sua perspectiva os animais que protegem valem muito mais do que as crianças palestinas que bombardeiam. Também os soldados trans estiveram representados, mostrando a plena diversidade entre aqueles que promovem a carnificina em Gaza. Esta comemoração macabra, porém pedagógica, está descrita no minuto 18:50 dessa entrevista de Max Blumenthal.

Ao mesmo tempo em que este horror acontece em Gaza, Jean Wyllys, o sujeito cujo apoio a Israel causou uma onda de repúdio alguns anos atrás, agora decreta a aposentadoria de Lula, a posição subalterna do PT no cenário nacional e o lançamento de Simone Tebet como candidata à presidência, que deveria ser entusiasticamente apoiada pelo partido dos trabalhadores. Que ele um dia tenha sido ativista LGBT, e integrado o PSOL eu até entendo, pela sua postura identitária, mas ser aceito como filiado ao PT é um escárnio com a esquerda brasileira. Acho necessário que abandone o campo progressista e assuma sua posição na direita identitária, lugar que sempre foi o seu. Simone Tebet de presidente e Sílvio Almeida de vice foi a proposta de Jean Wyllys, e quando o entrevistador ficou abismado com a ideia de oferecer o protagonismo a uma representante da direita ruralista, Jean explicou: “Você pode dizer que ela é uma ruralista de direita, mas eu respondo que ela é uma mulher, e a gente precisa das mulheres no século XXI. Sílvio representa os antirracistas, que o mundo também necessita.” Eu fico impressionado como pudemos ser enganados por tanto tempo por este farsante. Jean é um ignorante político e uma fraude identitária.

Por outro lado, eu me senti de alma lavada. Essa fala atual mostrou que minhas falas anteriores contra Jean Wyllys – pela sua posição covarde e oportunista sobre Israel e o sionismo – estavam corretas e não foram exageradas. Jean Wyllys é o maior exemplo do estrago identitário nas esquerdas.

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PT e o cenário nacional

Pensem no seguinte: o PT ganhou 5 eleições nacionais em 20 anos, e a única que perdeu foi causada pela fraude liderada por um juiz ladrão, que comandou um golpe gestado nas entranhas do imperialismo. Foi também a vitória da esquerda, de um partido de trabalhadores, nascido das lutas da classe operária.

Lula venceu (mais) essa eleição e se torna o maior ícone mundial da luta dos povos oprimidos, o mais importante líder das nações ocidentais e a esperança de um novo mundo multipolar. O mundo inteiro celebra a derrota do fascismo e a volta da democracia no Brasil. Essa eleição será exemplo e estímulo para os trabalhadores do mundo inteiro, e produzirá uma onda de esperança e renovação em nível planetário.

Minha tese: bolsonarismo enfraquece mas não acaba. Bolsonaro não será descartado pela burguesia, pelo menos não nos próximos anos. Boa parte da burguesia (os interesseiros) vai se unir a Lula por oportunismo. Não há líderes intelectuais na direita da envergadura de Olavão e Bolsonaro estará muito enfraquecido. A extrema direita perdeu seus grandes líderes populistas. Porém, tirem da cabeça a ideia de que Bolsonaro pode ser preso. Ele é apoiado por uma parte muito grande da classe média ressentida, o bolsonarista “enrolado na bandeira”. Tem mais de 50 milhões de votos, e isso é uma enorme representatividade.

Bolsonaro será, no máximo, julgado pelo judiciário, que sempre é subserviente à burguesia. Acontecerá com ele o mesmo que ocorreu com Collor e mesmo com Temer: atacados pela intelectualidade, bombardeados pela imprensa e pelo povo, e posteriormente liberados pela justiça. Não há judiciário independente no Brasil capaz de exercer poder sobre a alta burguesia. Os próximos capítulos serão definitivos. A primeira manifestação do Bozo será determinante para descobrirmos a estratégia que eles vão usar em prol da própria sobrevivência.

A vitória de Lula e do PT tem múltiplos significados. Entre eles, o fato de que a direita brasileira teve uma sobrevida. Lula conseguiu salvar o que restava dela, esmagada pela extrema direita autoritária e fascista. Também significa a volta do Brasil ao mundo. Se Bolsonaro se mantivesse à frente da nação teríamos o aprofundamento do nosso isolamento, o Brasil como pária, desprezado por todas as nações.

Lula salvou o Brasil de um desastre civilizatório. Lula representa a esperança de conciliação nacional, por mais difícil que isso nos pareça agora. Por fim, a vitória da esquerda bloqueia o projeto de voltarmos à velha república, sem educação, sem esperança para os pobres, centrado no latifúndio e na classe média mais abastada.

O Brasil volta aos braços do mundo!!!

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Corrupção nossa de cada dia

Claro que houve corrupção nos governos do PT, em especial pelos múltiplos acertos com outros partidos para alcançar a governabilidade com um congresso fisiológico e oportunista. Entretanto, foi graças às próprias iniciativas do PT em relação à transparência que essas corrupções foram descobertas. Não há porque ser menos incisivo contra a corrupção do PT ou de qualquer partido, pois todos os governantes devem ser vigiados pela população.

O problema desses debates é que esta é uma questão diversionista. A corrupção não é NEM DE LONGE o pior problema do Brasil A corrupção que nos ocupamos, aliás, é FARELO DE PÃO. Ou você acha que um triplex – mesmo que existisse – seria algo que deixou o Brasil mais pobre? Nem o roubo – que existiu com a turma do PMDB – deixou a Petrobrás mais pobre. Pelo contrário!!!! Nos governos do PT e Petrobras, com todos os desvios que foram descobertos, multiplicou por OITO VEZES o seu valor, mesmo havendo uma comprovada corrupção.

O problema do Brasil não está nessas questões menores; ela está na elite de rapina que nós temos, na concentração indecente de renda, na divisão do Brasil entre extremamente ricos e miseráveis, e em uma classe média ignorante porque compra carro novo e se acha rica. O que diferenciou o PT dos outros governos TODOS, que foram de DIREITA desde a “descoberta” por Cabral, é que o PT tinha um projeto de nação, enquanto Bolsonaro aceita a invasão americana e internacional sobre nossas riquezas. Por isso a continência à bandeira americana e o amor por Israel – uma nação criminosa e racista.

A diferença é que nos governos do PT havia crescimento continuado e felicidade. E foi exatamente PELOS ACERTOS do PT que essa mesma elite predadora que nos controla a todos fez uma campanha – orientada pelos americanos – para destruir a imagem das esquerdas usando esses argumentos morais: são corruptos, ladrões, etc. E não se importaram de apresentar mentiras escandalosas e inumeráveis: kit gay, mamadeira de piroca, Ferrari do Lulinha, Havan da filha da Dilma, Triplex, sitio em Atibaia e o fiasco de criar a fantasia da caixa preta do BNDEs – que o próprio Bolsonaro desmentiu de forma humilhante.

Se o PT for corrupto tem mais é que acusar, mas NÃO É ESSE O PONTO CENTRAL, mas sim saber que tipo de governo e que tipo de nação ele propõe, como pretende acabar com a pobreza, como vai distribuir renda, como vai taxar fortunas, como vai usar impostos, quanto vai colocar de imposto em heranças, como vai proteger mulheres e crianças, como vai defender as populações nativas, como vai proteger o SUS, como vai agir com as estatais e como vai implementar um programa de incentivo à indústria nacional que não destrua o meio ambiente.

O resto é apenas MANIPULAÇÃO e LAVAGEM CEREBRAL da mídia, ou lawfare do judiciário. Anote aí: qualquer pessoa que fale dos problemas do Brasil citando a corrupção como “mal maior” não sabe o que fala e está apenas repetindo tolices de quem deseja lhe manipular

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Venezuela

Pois eu pergunto se a eleição do partido do presidente Maduro, nas repetidas consultas populares, por acaso não é democrática? Qual o sentido em desmerecer os pleitos realizados durante o período que se inicia com Chavez? Nesta última eleição mais de 200 observadores internacionais convidados participaram da fiscalização e garantiram a justeza do resultado. Por que insistimos em questionar a voz das urnas?

Por que não reconhecer o óbvio: os lobos do capitalismo querem o petróleo da Venezuela – a maior reserva do planeta – e que tudo o que está acontecendo é, de um lado, uma tentativa de rapina desse tesouro e, por outro lado, o desejo do povo organizado de defender sua soberania. Acha mesmo que os relatos da imprensa brasileira (a mesma que esta semana esquece Queiroz e põe uma suposta amante de Lula na capa da IstoÉ) e relatos isolados podem nos informar o que está verdadeiramente ocorrendo? Por que nunca chamamos os chefes de Estado da Arábia de “ditadores sanguinários”, mas sim o presidente da Venezuela, o qual foi ELEITO DEMOCRATICAMENTE?

A solução é voltar ao modelo entreguista pré-Chavez? Ou realizar eleições? Quem sabe propor uma constituinte? Opsss, tudo isso a revolução já fez. E o povo organizado votou por manter os ideais da revolução bolivariana. Ou não?

É óbvio que existem erros e excessos na Venezuela, ninguem tem dúvida sobre isso, mas também havia na Inglaterra durante a guerra contra o eixo. As eleições foram abolidas nesse período mas ninguém ousa chamar Churchill de “ditador”, não?

Pois o presidente da Venezuela sofreu um atentado há algumas semanas!! O presidente americano deixou claro que uma solução bélica está sendo estudada. O Brasil acena com uma base americana nessa fronteira e o “nosso” “presidente” diz que fará tudo para derrubar o governo de Maduro. O país está sendo ameaçado interna e externamente. A Venezuela está sob embargo americano, como Cuba. Acha que é hora de republicanismo? Churchill não entrou nessa, por que Maduro entraria?

Por que podemos dizer que o que estamos vendo nas repetidas eleições de Maduro não é exatamente a resistência da sociedade civil contra a ameaça de golpe com a finalidade de se apoderar das reservas de petróleo? Será que os exemplos da Líbia, da Síria e do Iraque não tem NADA A NOS ENSINAR? Não dá para perceber o MESMO ROTEIRO de fomentar uma dissidência interna, desestabilizar o país, criar milícias e guerras campais, manifestações violentas nas ruas e forçar uma queda do governo colocando um testa de ferro pró americano? Olhe como aconteceu no Oriente médio!!!! Só não aconteceu na Síria pela intervenção russa, e o mesmo se desenha agora na Venezuela. A Venezuela resiste a uma invasão!!!!!

A resposta seria como? Sendo republicano e democrático como foi o PT, permitindo o aparelhamento do judiciário pela pior corja de juízes que já tivemos? Aceitando o julgamento falso de Lula que o impediu de ser democraticamente eleito? Ou deveriam os venezuelanos ir às ruas, apoiar o projeto nacionalista de Maduro pela garantia da autonomia do país, mesmo correndo o risco de cometer abusos e exageros?

E o PT? Deveria se associar à Colômbia, Brasil, EUA e Argentina – dominados por governos alinhados aos americanos – ou defender a DEMOCRACIA que elegeu Maduro, a mesma que nos faltou para eleger Lula?

Estou fazendo perguntas porque não sou venezuelano e não tenho todas as respostas. Apenas acho que a condenação peremptória do governo da revolução bolivariana pelo filtro que recebemos da imprensa golpista – um lixo insuperável no mundo inteiro – não me parece justo.

Quer saber o que é a Venezuela hoje, sob ameaça constante de ataques internos e externos? É o Brasil se Haddad tivesse vencido. Se você fosse venezuelana seria correto condenar o governo do PT e de Haddad se tudo que soubesse do Brasil fosse pelas capas da Veja e da IstoÉ? Pense nisso….

Gostaria que os democratas me dessem soluções para a crise da Venezuela. Com todo o respeito, informes anedóticos não me tocam, em especial de gente da classe média que saiu de lá. Precisa mais consistência e abrangência para me convencer. A crise de lá é terrível, disso não há dúvida alguma, mas alguém me explique por qual via um golpe de Estado patrocinado pelos americanos ávidos por petróleo poderia melhorar a situação. Como? O Iraque melhorou? A Síria melhorou? Como está a Líbia e seu petróleo agora? Nas mãos de quem? Podemos acreditar na imprensa que descrevia Gaddafi – nacionalista – como o diabo sanguinário encarnado? Ou podemos aprender que tudo isto é PROPAGANDA GOLPISTA?

E por último, descrever a “opulência” da vida do ditador – que foi visto num restaurante chique numa visita oficial – é uma estratégia absurda que foi usada contra Castro e contra Lula milhares de vezes. Isso é apenas baixaria e fofoca.

Quero soluções que passem pela democracia e pela proteção da autonomia e da soberania do país. Quem tem?

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A derrota petista de 2016

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Pela lógica racionalista da “destruição do PT“, que se pode ver pela escolha maciça por um candidato da elite em São Paulo, o povo é evangélico, de elite, ladrão, gosta de apanhar da polícia e adora ver a merenda dos filhos ser roubada. Ora… nossas escolhas se dão de forma diversa do que nossa vã consciência determina, tanto na política quanto no amor.

Transformar a política nessa brincadeira racionalista acreditando que voto se dá com a razão, quando em verdade ele vem das tripas, é apenas demonstração de ingenuidade e pouco alcance visual. O voto contra o PT foi dado depois de uma ampla e extensa campanha midiático-jurídica de criminalização das aspirações populares, um avanço sem precedentes de todas as armas de propaganda contra o partido que, apesar de seus inúmeros defeitos e falhas, mudou a cara do Brasil.

Insistir na tese do “partido que dividiu o Brasil” (como se antes reinasse harmonia entre as classes sociais) ou ser o partido do “nós contra eles” é mais do que ingenuidade: é cegueira auto imposta. Esse Brasil SEMPRE teve donos, e a culpa do PT foi provar ao sujeito negro, pobre, miserável e faminto que esse país também lhe pertencia.

Infelizmente, os antigos donos inquestionáveis da nação não suportaram ver aquela “negrada suja” invadindo seus domínios, e o resultado em São Paulo ficou claro: vamos votar nos patrões, na política rasteira, na elite quatrocentona e vamos induzir o pobre e o evangélico – entorpecido pela propaganda – de que se trata de uma cruzada contra o Mal, o demônio e a cisão, e a favor da “paz entre donos e serviçais”.

Como eu disse anteriormente, não reclamo de urna. A vitória da banda podre da política brasileira, da elite empresarial e da impunidade deve servir para um grande aprendizado, em especial das esquerdas. Por muitos anos subestimou-se o poder da mídia de transformar qualquer sujeito social em um fantoche. Não se sabia também o poder imenso de um judiciário parcial em moldar o imaginário do povo. Também o poder da Igrejas em manipular as mentes e manter a população pobre das periferias encabrestada foi negligenciado, mas tudo isso servirá de ensinamento para o futuro, desde que sejamos capazes de aprender com os nossos erros.

Que não foram poucos.

O Brasil não colocou o PT no lixo… colocou o PT de castigo. Não há como destruir o PT, muito menos as utopias da esquerda, pois elas são como ervas daninhas: quanto mais se tira mais elas crescem. Não comemorem muito, antipetistas. Os ideais de equidade e justiça social não vão desaparecer pela onda moralista, fascista e racista que assola o mundo inteiro. Precisa mais do que um golpe para matar nossos sonhos.

O progresso é feito de avanços e retrações. Agora é o momento de recolher os cacos, chorar pelas ilusões perdidas, levantar a cabeça e reerguer o partido. E que as esquerdas tenham a sabedoria de construir um caminho onde as semelhanças sejam mais importantes do que as naturais diferenças.

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Ferocidade

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Ainda sobre a pediatra que negou atendimento a uma criança por ela ser filha de uma militante do PT.

Uma pergunta me ocorreu..

E se a questão não fosse a cor partidária, mas a cor da pele? Se a médica dissesse que não se sente bem por atender negros, orientais ou imigrantes, ainda sim o representante do sindicato da corporação diria que a médica deveria se orgulhar pela sua “sinceridade”? E se a mãe da criança fosse gay? Preconceito racial não pode, mas contra um partido pode? Alguns preconceitos são piores – ou mais aceitáveis – que os outros? É certo focarmos apenas na (necessária) sinceridade da profissional e esquecer o preconceito asqueroso e abjeto que a moveu?

Fiquei rindo sozinho (um sorriso triste, confesso) de imaginar o que diria o mesmo representante da corporação se uma médica petista (existem sim, acreditem) resolvesse escrever a mesma mensagem para uma mãe que veio à consulta com a camiseta da CBF e um adesivo “Fora Dilma” colado ao peito.

Alguém dúvida da ferocidade com a qual ela seria atacada por seus iguais?

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Equívocos

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Não faz sentido comparar os equívocos cometidos pelos governos militares com os de agora. Os erros do governo militar são comprovados: sequestros, mortes, torturas, perseguições, falta de liberdade, mordaças, maquiagens econômicas, endividamento externo e interno, etc. Também não faz sentido achar que a liberdade oferecida por este governo às instituições que combatem a corrupção foram “concessões pela governabilidade”. Não se trata disso: é um projeto claro de cortar a pele a abrir o abscesso da corrupção.

Contra o governo de Lula e Dilma, por enquanto apenas apareceram boatos (no que diz respeito à corrupção). Os erros na questão econômica poderão ser julgados no futuro, quando forem avaliados dentro dos contextos a que pertenceram. O que Dilma fez não foi algo “ao apagar das luzes do seu governo“. NÃO: foi um política clara desde o primeiro dia do seu primeiro mandato de oferecer garantias à Policia Federal e ao Ministério Público para investigarem tudo e a todos. NÃO FOI uma atitude desesperada, e nem uma “saída honrosa”; foi uma atitude do governo de curar a ferida da corrupção acabando com seu principal agente: a IMPUNIDADE. Por esta razão até mesmo José Dirceu foi condenado de forma irregular e SEM PROVAS, num escândalo jurídico (e que ainda não acabou, posto que irá para as cortes superiores da OEA). Mesmo cortando na própria carne este governo GARANTIU a continuidade do projeto de combate incessante à corrupção, e por esta razão, apesar das mentiras e das falsidades de inimigos ideológicos, é o governo mais HONESTO que tivemos neste país.

Que ainda há muito a fazer, não resta dúvida. Mas olhe bem para os partidos que são acusados de corrupção: o PT é o NONO (9º colocado). Tudo isso nos deixa claro que existe uma manipulação extensiva para culpabilizar o PT naquilo que ele faz de BOM, como o combate à corrupção. As críticas falsas, daninhas, sem provas, sem embasamento são usadas pelos mesmos grupos poderosos que agem desde 1954 para que as reformas (como o combate à corrupção hoje, ou a reforma agrária em 64) sejam interrompidas em nome da “moralidade”, ou para punir os “ladrões”.

O que me dói é ver gente pobre ou da classe média trabalhadora servir de massa de manobra para estes mesmos grupos que há séculos comandam os fios invisíveis de onde pendem nossos corpos. Não se trata de obstruir a crítica SEVERA aos erros MÚLTIPLOS que este governo cometeu e ainda vai cometer, mas de perceber que as críticas à HONRA só proliferam quando existe algo mais do que elementos de macroeconomia e políticas estruturais a combater. Nesse caso, o interesse é barrar as investigações, impedir que se chegue ao Cunha, ao Aécio, ao Nardes, à RBS, à cúpula do PP, ao PMDB (o mais corrupto de todos). É essa a luta para derrubar Dilma, que acaba sendo orquestrada pelos tolos da vez, pessoas que acham que atacando o bisturi poderão melhorar o abscesso.

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