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Penas desumanas

Ela não vai comemorar o dia da mulher com sua família. Quem acha justo que uma mãe fique presa, afastada dos filhos pequenos, pelo crime “hediondo” de escrever com batom na estátua da Deusa Têmis, é porque vendeu sua alma ao fanatismo punitivista há muito tempo. Permitir que um tirano como Alexandre de Morais faça justiça conforme o seu humor, sem observar um preceito básico do direito, a proporcionalidade da pena, é jogar fora séculos de avanços civilizatórios. Um socialista verdadeiro não pode aceitar que o poder desmedido de um magistrado não sujeito ao voto esteja acima dos demais.

Pergunto: que tipo de “ato simbólico” – como manchar de batom uma estátua – é tão grave a ponto de fazer uma mãe ser afastada dos filhos e ficar presa, podendo ser condenada a 17 anos de prisão? Essas prisões estapafúrdias, grotescas, insanas e desumanas parecem a selva punitivista americana, na qual ainda existem penas capitais e onde um sujeito pode ser condenado a 10 anos de prisão por roubar um pedaço de pizza. E isso num país com uma população carcerária de quase 2 milhões de apenados.

Ou pior ainda: estas decisões parecem o sistema penal corrupto de Israel, onde lutar pela sua terra e pelo seu povo pode colocá-lo numa masmorra pela vida inteira. Que tipo de sociedade degenerada acredita que a insatisfação crescente do povo pela ocupação do seu país ou pela política das democracias burguesas pode ser solucionada com penas draconianas, pesadas, desumanas – e, portanto, injustas? Pelo contrário: a indignação do povo só aumenta com esse tipo de crueldade. Infelizmente quem se mobiliza até então é a direita fascista, porque a esquerda está inativa, paralisada pela ilusão de que Alexandre está ao lado da “democracia”. Apoiar esta insanidade ainda vai nos levar a uma tragédia.

Muitas manifestações da esquerda carnavalesca e identitária, favoráveis à prisão desta mulher, são copia-e-cola das manifestações da direita sobre a prisão de Lula, Delúbio, Zé Dirceu, Genoíno e José Kobori. Idênticas. “Quando roubou o sítio em Atibaia não pensou na família, né”? Ou seja: a sujeira jurídica do Impeachment, da prisão de Lula e a imundície da Lava Jato não nos ofereceram suficientes lições para desconfiar das sentenças da justiça burguesa e das decisões do supremo (que aceitou o impeachment sem crime de responsabilidade de Dilma e manteve Lula preso de forma ilegal). Continuamos atacando personagens como Bolsonaro sem perceber que ele não é a doença; ele é o sintoma. A doença verdadeira é a tirania e a ditadura da burguesia, muito bem representadas por vampiros como Alexandre de Morais, indicado pelo vampiro-Mor Michel Temer, golpista maior dos nossos tempos.

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Abraço

Monark é um jovem tipicamente paranoico. Sua perspectiva de mundo é perturbada, fanatizada, unívoca e sem materialidade. Ele muito se assemelha a jovens cooptados pelas religiões, cujas ideias circulam em torno de uma crença central e nem a realidade visível é capaz de demovê-los de sua perspectiva. No lugar do demônio, o Estado; no lugar de Jesus, a “liberdade”, e não importa que isso não se perceba no mundo de verdade; a ilusão é mais forte e intensa que o real. Eu sequer acho que Monark seja de “direita”; ele é um anarco capitalista ingênuo, com ideias estapafúrdias, ideações persecutórias e uma visão de mundo ilusória onde o Estado malvadão não deveria ter qualquer importância e o Mercado a tudo deveria direcionar e regular. Conheço alguns adultos assim, e não acho que estas pessoas devam ser censuradas. Entretanto, o Monark era uma figura apenas folclórica antes do ataque insano de personagens malévolos como o Alexandre de Moraes. A perseguição verdadeira pode destruir psiquicamente um sujeito que já é, estruturalmente, paranoico.

O seu sofrimento é nítido e inquestionável, sua dor é palpável. Os ataques a pessoas com ideias aberrantes, longe de curar seus problemas, acentuam suas radicalidades. A maneira pela qual tratamos Monark, através da censura e agora do deboche, mostra o caráter autoritário tanto dos ministros do supremo quanto, infelizmente, de boa parte da esquerda liberal. Nunca houve, na história da humanidade, uma ideia que tenha sido sepultada pela censura, mas boa parte das ideias – mesmo aquelas aberrantes que nos atormentaram – foram fortalecidas pela tentativa de silenciá-las.

Eu sei o quanto isso soa cafona e piegas, mas o Monark precisa de um abraço, e isso não significa concordar com suas ideias, muito menos deixar de combatê-las com rigor. Se isso não for possível, acredito que interromper as mentiras e os ataques insanos da justiça burguesa sobre ele o ajudariam muito.

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Monark

Vejo muita gente debochando das condições físicas e emocionais do Monark, que durante anos foi o garoto propaganda do liberalismo ingênuo que tomou conta de parte da juventude brasileira. Dizem que sua cabeça fritou devido ao ideário de direita que adotou para si, porém não acredito ser essa a razão de sua decadência espiritual e psíquica. Na minha percepção, sua debacle está relacionada aos ataques recebidos em razão da postura de enfrentamento ao poder abusivo de algumas instituições.

Uma das razões da minha desconfiança sobre as origens do seu mal é que, para atacar o Monark, inventaram muitas mentiras sobre seus pronunciamentos. Sim, o Monark jamais foi a favor da criação de um partido nazista, e basta assistir o famoso podcast para constatar isso. Ele se disse favorável “ao direito de alguém criar isso”, não ele. Sua radicalidade era pela liberdade irrestrita de expressão e de organização em torno de ideias. Entretanto, de forma oportunista, criaram o factoide de que seria, ele próprio, um defensor de ideias nazi. Isso é mentira. O Monark entrou em uma espiral depressiva e autodestrutiva pela perseguição infame realizada por elementos do STF, em especial o ministro Alexandre. Este, em nome de uma postura populista e baseada em mentiras, resolveu subverter a liberdade de expressão criando uma versão personalizada da Constituição. Para os ataques ao jovem comunicador, o ministro do Temer usou o freestyle característico do STF, que faz da Constituição um “boneco de massinha” aquele que as crianças brincam, onde qualquer coisa pode ser criada da massa amorfa na dependência da vontade e dos interesses oportunistas da suprema corte.

O sofrimento do Monark eu já vi no rosto de pessoas atacadas injustamente. Carregam no semblante o sofrimento por não conseguirem enxergar uma saída, em função do gigantismo das estruturas que os perseguem. Ele sofre por saber que seu direito de expor sua perspectiva de mundo – mesmo equivocada e claramente paranoica –  é censurada, proibida e perseguida. Ela sabe que, mesmo que a expressão de sua visão de mundo seja garantida pela constituição, os guardiões da nossa carta magna são os mais interessados em violentá-la em nome de seus interesses obscuros. Monark é um jovem, um filho de papai, um “gamer” e um garoto de classe média, sem estrutura para suportar a perseguição e o exílio. A solidão, a raiva, a cólera contida, o ressentimento e a tristeza do desterro são ácidos que corroem o próprio frasco de carne e ossos que o contém. Ele não tem a estrutura de um Brizola, um Lula, forjados na luta política e proletária e capazes de suportar os ataques, o exílio, a prisão e as acusações injustas.

Sou um comuna raiz e não concordo nem com 1% das ideias liberais do Monark, mas posso entender sua dor e sei o quanto ele está fragilizado e perturbado. Todavia, ver gente da esquerda debochando de seu sofrimento apenas mostra como nossa esquerda liberal é incompetente e ultrapassada, incapaz de se enxergar – num futuro próximo – na própria pele do garoto do Flow.

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Imperador Alexandre

O Imperador do STF Alexandre de Moraes, conhecido como Xandão, disse que quem “comemorar” o 8 de janeiro estará praticando crime. Fico imaginando como ele situa isso no código penal freestyle que ele criou dentro da sua cabeça. Segundo ele disse, essa comemoração significaria “instigar golpe de Estado”. Peço, ao renomado Ministro, que defina o que é “instigar”. Por acaso comemorar o fim da II Guerra Mundial seria instigar ódio aos alemães? As pessoas ainda não entenderam que Alexandre de Morais é da mesma turma dos bolsonaristas, mas de um clã diferente. O ódio de Alexandre é porque ele estava com o nome no caderninho dos matadores contratados por Bolsonaro e sua turma. Não é o amor pela democracia e muito menos pela justiça o que o move: é amor a si, autopreservação, vaidade e desejo de protagonismo.

O ativismo jurídico que ele agora exerce apenas circunstancialmente nos beneficia. Na primeira vez que a esquerda resolver parar o país exigindo mudanças profundas, ele vai se voltar contra a classe trabalhadora e vai interpretar a greve – ou a passeata, manifestação, paralisação, ocupação- como “incitação ao golpe de Estado”. Pronto: prende Lula, prende os parlamentares, prende o trabalhador, encarcera senhoras de idade, e tudo aparentemente para salvaguardar a democracia.

Sabem por quê? Porque ele pode tudo e ninguém diz nada!!! Esse sujeito, apesar de não ter votos, manda no país mais do que o presidente, criando da sua cabeça leis que não existem (como todas as interpretações absurdas da lei do racismo “por inferência”), atropelando a constituição para impedir Lula de concorrer, julgando casos onde ele é (pasmem!!) vítima e juiz ao mesmo tempo, e agindo como um imperador, sem precisar dar satisfações a quem quer que seja.

Quem defende o Ministro Alexandre sofre de “síndrome de Estocolmo”. Criaram a fantasia de que ele “salvou a eleição”, quando, em verdade, ele impediu a eleição de Lula quatro anos antes através do seu golpe no STF, no qual rasgaram a constituição para impedi-lo de concorrer. Anotem aí: muito antes do que se espera haverá um golpe de Alexandre contra alguma manifestação popular da esquerda. O mesmo autoritário que cortava pés de maconha vai atacar a livre manifestação do povo por um governo melhor e mais justo.

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Agora vai?

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Não acredito na possibidade da esquerda fazer festa nas ruas pela possível prisão de Bolsonaro. Não vejo esse clima no país. Aliás, o Brasil, em médio e longo prazo, nada ganha com isso e nós assinamos embaixo de mais uma solução punitivista do STF que não vai ajudar o país a suplantar a chaga da extrema direita fascistoide. Não podemos esquecer que o gado bolsonarista também fez festa com o impeachment de Dilma e a prisão de Lula e hoje Dilma é personagem mundial como dirigente do banco dos BRICS, e Lula é o presidente da República. Temo que a prisão do meliante Bolsonaro seja uma “Vitória de Pirro”, que ainda poderá se voltar contra nós da esquerda. Nenhuma novidade: sempre que o judiciário, braço jurídico da burguesia, ataca setores da direita, não é por amor à justiça, mas por autopreservação. Depois a carga vem com toda a força contra a esquerda.

Estou velho demais para comemorar decisões da justiça burguesa como se fossem vitórias da cidadania, da justiça ou da sociedade. Esse mesmo STF burguês já mandou Olga Benário (mulher de Prestes) para morrer na Alemanha nazista, subscreveu o golpe militar de 1964, aceitou o golpe contra Dilma e determinou a prisão ilegal e inconstitucional de Lula. Por que deveríamos agora, de forma tola e oportunista, considerá-los patriotas e amantes da justiça? Não, eles são personagens ativos na manutenção de todas as desigualdades do país, aceitando conchavos e grandes “esquemas nacionais” para o favorecimento de atores políticos poderosos da burguesia.

Mas sim, haverá festa nas redes sociais. Não serei eu o “estraga prazer” que vai impedir que o povo comemore a punição de uma figura nefasta como Bolsonaro e seus asseclas. Haverá, por certo, uma chuva interminável de memes, fotos, embrulhadas com choradeira, festejos, gritos, e ranger de dentes, tudo misturado numa ofegante epidemia mais parecendo um Carnaval – ô Carnaval, ô Carnaval. Mas, vai passar, e o Brasil continuará com a mesma carência de consciência de classe, com os pobres votando nos milionários e as elites sangessugas controlando a todos com seus cordéis dourados. Precisamos mais do que um carnaval para curar o Brasil.

Também tenho fé que as manifestações de apoio ao Mito serão tímidas, aliás como já estavam sendo, cada vez mais minguadas. Pouca gente terá coragem de sair às ruas, a não ser os de sempre: militares da reserva, senhoras de laquê no cabelo alourado, jovens herdeiros, garotos com sonhos de abrir uma startup, pequenos comerciantes, youtubers de direita, a pequena burguesia de médicos e advogados, etc. Todos vestindo a camiseta da seleção brasileira, carregando bandeiras como cachecois, e cartazes pedindo o retorno da ditadura. Só não vai aparecer o famigerado cartaz “Eu autorizo”, pois poderá parecer um recado para o Alexandre de Moraes. Entretanto, desta vez serão muito poucos; as acusações são graves demais; sair na rua para apoiar quem planejou matar tantas pessoas vai também constranger muita gente.

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Aplausos

Quando aplaudimos as arbitrariedades de um mero Ministro do Supremo como Alexandre – cujo poder não é popular, não passa pelo voto e que foi colocado nessa posição por um golpista – estamos aplaudindo o fim das liberdades e da democracia, o poder que emana do povo. O que agora nos parece benéfico (a derrota de um asqueroso e maléfico bilionário fascista como Elon Musk) em um futuro próximo (ali na esquina, podem apostar) será contra a esquerda, com uma canetada, contra Lula ou contra o PT, contra a liberdade de protestar, contra os partidos revolucionários (como sempre ocorre), contra os comunistas e contra a imensa maioria do povo brasileiro. Colocar um poder ilimitado nas mãos de um autoritário como Alexandre de Moraes é uma temeridade inadmissível. Nossa memória recente nos apresenta inúmeras vezes nas quais, diante dos dilemas da interpretação adequada da lei, o Supremo Tribunal Federal se manteve ao lado da burguesia brasileira e contra a escolha legítima do povo por seus representantes. Foi assim também no golpe de 64, na deposição injustificável da presidenta Dilma e na prisão de Lula.

Não esqueçam que Alexandre de Moraes foi o secretário de justiça do Estado de São Paulo que, em um ato de extremo oportunismo e hipocrisia, protagonizou um espetáculo onde cortava pés de maconha vestido como uma variante sem cabelo do Rambo. Esse foi o sujeito que manteve Lula preso para facilitar a vitória da extrema direita, mesmo contra o artigo 5o da Constituição. Foi ele quem tirou os canais do PCO do ar sem qualquer justificativa – a não ser por encontrar neles muitas críticas contundentes à sua atuação. Apostar em Alexandre de Moraes como “protagonista” da democracia ou das liberdades é uma tolice imensa – tão equivocado quanto apostar em Sergio Moro como “guerreiro anticorrupção”, ou acreditar nos paladinos do Ministério Público (Deltan & Cia) como “ilibados defensores da lisura administrativa”. A tarefa dos Ministros do Supremo se restringe apenas a fazer com que se cumpra a lei, não inventar novos regramentos baseados em sua particular visão de mundo ou interpretar as leis já existentes de acordo com interesses pouco republicanos das classes dominantes. Quando a vítima for a esquerda – repito, apenas aguardem – para quem vamos reclamar? Vamos questionar a perda dos nossos direitos para este mesmo poder supremo que inventa leis e espreme a constituição para tirar dela o que lhe interessa? Será que, mais breve do que esperamos, estaremos escutando um sonoro “Eu avisei!!” pela nossa insistência em oferecer poder a quem não pode ser questionado?

A liberdade não desaparece com lágrimas; como um por do sol no Arpoador, ela morre sob aplausos.

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Xandão na berlinda

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Por que cargas d’água (essa é do meu tempo) a esquerda brasileira está em peso atacando Glenn Greenwald e a Folha apenas por revelarem o que nós – a esquerda radical – dizemos há muitos anos: Alexandre de Morais é um golpista, demagogo, representante da burguesia fétida que comanda o Brasil e que cometeu inúmeros desmandos enquanto Ministro do Supremo. Por que razão agora esta esquerda resolve que “Xandão” é um “herói”, e pior ainda, um intocável? Por que criticam a forma e não o conteúdo? Por que não analisam o mérito das acusações graves contra o Ministro? Por acaso alguém deveria se surpreender quando um Ministro do Supremo usa de seu poder para artimanhas e jogadas políticas? Por acaso as ilegalidades e inconstitucionalidades do STF não foram, desde sempre, entendidas como “parte do jogo”? Lembram do “não tenho provas, mas a literatura me permite”? Qual o espanto com a existência de ministros venais?

Esse ministro não teve nenhum problema em colocar Lula na prisão desrespeitando frontalmente a Constituição Brasileira. Depois ele votou pela manutenção de Lula na prisão, quando não havia trânsito em julgado para justificar esta detenção. O mesmo Alexandre que brigou com bolsonaristas e prendeu aqueles mambembes que atacaram os prédios de forma desorganizada, foi quem favoreceu a candidatura de Bolsonaro tirando Lula criminosamente da disputa. Ou seja: Alexandre é um representante dos interesses da elite financeira, da Globo, do agro e de todas as forças reacionárias do país. Quem acredita que esse sujeito tem qualquer compromisso com a esquerda – ou mesmo com a justiça – apenas porque é atacado pelos bolsonaristas esteve em coma profundo nos últimos 10 anos, desde o tempo de sua ascensão à secretaria de segurança de São Paulo – local onde todo candidato a monstro faz seu estágio.

Qual a razão para o espanto? Por acaso deveríamos nos surpreender com atitudes pouco republicanas de integrantes do STF? Essa corte apoiou o golpe de 1964 e o de 2016!! Esteve junto, ratificando e aplaudindo, o impeachment sem crime de responsabilidade de Dilma e a prisão imoral e ilegal de Lula. Aplaudiu (até se tornarem inadequados) os desmandos de um juiz corrupto como Sérgio Moro. Alexandre de Morais esteve à frente de todos os crimes contra a Constituição brasileira dos últimos anos. Por que tanta solidariedade?

Até quando a esquerda cirandeira vai achar que Bolsonaro é o nosso inimigo?? Bolsonaro é o fascista que as elites elegeram e agora estão descartando, como o bagaço de uma laranja chupada. O inimigo das esquerdas são aqueles que puxam os cordéis, os quais movem os marionetes. Os reacionários da vez já foram Collor, FHC, Temer, e tantos outros do passado. O “bolsonarismo” já existia muito antes de Bolsonaro ter sido parido, e nessa corrente liberal Alexandre de Moraes é uma figura notável. Não se deixem enganar!!!

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Quem decide por nós?

No Brasil você é proibido de defender a legalização de um partido nazista; isso está na legislação. Entretanto, a gente sabe que nossa constituição é maleável; ela pode ser suplantada pelo simples desejo de um ministro do STF, bastando para isso que ele sinta ameaçada sua perspectiva burguesa e liberal. E vejam: não se trata sequer de defender um partido nazista ou sua plataforma racista, opressora e excludente, mas simplesmente reconhecer o direito de fascistas aparecerem à luz do dia e saírem do esgoto. Pois isso, para Alexandre de Moraes, já é motivo para perseguições. Monark, o menino ancap, está sendo perseguido por querer bancar o Voltaire em terra de Xandão (*).

Por outro lado, você pode criar um partido de inspiração e financiamento sionista no Brasil de forma absolutamente livre. O sionismo é uma ideologia supremacista e colonial que já matou milhões de palestinos, direta ou indiretamente, nos últimos 75 anos. Durante o Nakba, em 1948, expulsou 750 mil palestinos de suas casas e criou um país artificial, roubando a terra dos seus moradores originais. Israel se tornou a última colônia opressora ocidental, onde só uma identidade tem plenos direitos, em detrimento de todas as outras. Estabeleceu um regime explícito de Apartheid, separando os judeus do “resto”, em especial os árabes – a população nativa do local. No último massacre, ainda em vigor, mais de 30 mil pessoas, a maioria de mulheres e crianças foram mortas. Os crimes de guerra – ataque a hospitais, aos campos de refugiados, aos médicos, enfermeiras e jornalistas, etc. – são difundidos abertamente pela Internet e pela TV, crimes escancarados, vistos por milhões de pessoas no mundo inteiro. Cinicamente matam, prendem, humilham e abusam. Apesar disso, as redes de TV e os jornais podem defender abertamente esse regime, sem sofrer qualquer admoestação por parte das instituições jurídicas.

Ou seja, o problema não é a defesa de sistemas de poder fascistas, racistas e opressivos; isso podemos ver como acontece abertamente pela defesa de um país terrorista como Israel. O drama está em quem tem o poder de discriminar o que pode ou não ser proibido. Por certo que não é o povo brasileiro, mas uma elite jurídica que determina o que pode ou não ser visto por nós. No caso brasileiro, os ministros do STF concentram esse poder, atuando por cima de todos os outros poderes; a palavra de um Xandão vale mais do que a do presidente ou mesmo do Congresso Nacional inteiro – que ao contrário daquele, foram escolhidos diretamente pelo povo.

Assim, dá para entender as razões pelas quais a extrema direita autoritária e a extrema esquerda focam no mesmo ponto: o autoritarismo do STF é perigoso. A extrema direita fascista, por certo, por questões oportunistas: eles são as vítimas de hoje, uma vez que seus líderes estão a ponto de serem encarcerados pela ação do STF. Porém, seria uma suprema ingenuidade acreditar que a extrema direita preza valores como a liberdade, se estão sempre à frente das ditaduras que destroçaram a democracia no mundo inteiro. Já para a esquerda radical a questão é mais estrutural; entende que o mesmo Alexandre que deseja “limpar” as redes sociais foi o sujeito que apoiou o golpe contra Dilma, a prisão ilegal de Lula e rasga elogios ao traidor da pátria Michel Temer sempre que pode. Portanto, Xandão está longe de ser um legalista e alguém que defende a democracia e a constituição; ele é de fato um golpista e mais um árduo defensor dos poderes burgueses. Repetindo: é possível denunciar Alexandre de Moraes como um autoritário – um sujeito colocado no poder por um traidor e que abusa do seu poder – sem ser simpático ao bilionário, drogadito, ancap, golpista que estimula e patrocina golpes na América Latina.

(*) sim, eu sei que Voltaire não disse aquela famosa frase, mas se eu colocasse o nome de sua verdadeira autora – Evelyn Beatrice Hall, biógrafa de Voltaire – ninguém iria sacar a analogia.

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Cavalo de Troia

Durante a crise surgida pela emergência da epidemia Covid 19 há alguns anos, ficou claro para mim que o debate havia se tornado politizado desde o primeiro momento. De um lado o presidente Bolsonaro e sua turma, entre os quais se destacavam alguns médicos que acreditavam nas perspectivas heterodoxas para o combate à doença; do outro lado aqueles que tinham as vacinas como a resposta certa, a despeito do pouco tempo para avaliar sua efetividade e segurança. Entre as personalidades mais ferozes contra o presidente Bolsonaro e sua posição “antivacina” estava uma bióloga chamada Natália Pasternak. A esquerda, para se contrapor ao presidente, a acolheu de braços abertos, tratando-a como uma luz de racionalidade científica no meio das trevas bolsonaristas. Pouco tempo depois lançou um livro com seu marido onde se dedica a atacar o que considera “anticiência”, atirando para todos os lados e atingindo especialidades como psicanálise, homeopatia e etc. Esse livro acabou gerando desconforto entre os pensadores que discordavam de sua posição claramente positivista, o que lhe valeu críticas até daqueles que anteriormente haviam aplaudido sua posição pró vacinas.

Sempre olhei para o debate sobre o uso das vacinas com viva curiosidade, porque quando tanto interesses capitalistas estão em jogo jamais se restringe a uma questão meramente científica como se esperaria, mas uma guerra política e econômica. Aliás, até hoje ambos os lados do debate apresentam estudos mostrando a validade dos seus pressupostos, o que, via de regra, torna impossível para um leigo tomar uma decisão informada baseada apenas nestes informes. De qualquer maneira, a alternativa vacinal que ela defendia se tornou vitoriosa, aqueles que defendiam medicamentos como Cloroquina ou Ivermectina foram tratados como hereges, a epidemia terminou e agora resta saber como evitar a próxima. Por certo que muitas dúvidas restam, e em alguns lugares o debate sobre a conveniência e segurança das vacinas se mantém extremamente ativo.

O que agora chamou a atenção de muitos foi o fato de que uma das “heroínas” da esquerda no debate das vacinas assinou uma carta de repúdio à posição do governo Lula de apoiar a ação da África do Sul que acusa de genocídio a mortandade patrocinada por Israel contra a população palestina. Natália Pasternak, por certo, apoia Israel e suas ações contra os palestinos, e se posiciona na contramão da esquerda mundial que repudia o massacre feito em nome do colonialismo europeu no Oriente Médio. Sua posição de agora chocou a muitos, mas outros perceberam desde o princípio onde isto terminaria. Esta talvez seja a mais importante lição: para enfrentar as posições de um presidente fascista como Bolsonaro em função do seu ataque às vacinas, os esquerdistas ingênuos acabaram abraçando personalidades da direita, francamente autoritárias e ligadas ao sionismo como ela. Agora procuram justificar seus elogios pretéritos enquanto tentam se distanciar de alguém que apoia um massacre bárbaro e covarde.

Mas esta não é a primeira e sequer a última das mancadas da esquerda ingênua. O mesmo pode ser dito para as identitárias que abraçaram como uma “irmã” a mitômana Patrícia Lélis – inclusive exaltada pela “Socialista Morena” – apenas por ter feito acusações não comprovadas contra o Pastor Feliciano, e ataques infantis que atingiam a masculinidade do filho do Bolsonaro – igualmente falsas. Ou seja, para uma parte considerável da esquerda, bastaria uma posição contundente contra figuras proeminentes da direita para que fosse tratada como uma heroína ou um bastião da moralidade contra a corrupção e o fascismo. Pois agora a antiga “aliada feminista”, que achincalhou personagens do fascismo bolsonarista, está sendo procurada por uma série de fraudes cometidas nos Estados Unidos. Como ficam agora aqueles que a abraçaram com tanto carinho? Sim, ela foi realmente expulsa do PT há algum tempo, mas ainda assim tem muitas admiradoras e apoiadoras nas hostes da esquerda brasileira.

Que dizer então de quem ainda agora grita o nome do golpista Alexandre “Temer” de Morais como se fosse o paradigma da democracia? Por que boa parte da esquerda continua citando o nome de um golpista, antidemocrático, líder do golpe contra Lula e voz principal nos ataques à liberdade de expressão, tentando nos impor uma sociedade de vigilância onde impera a “censura do bem”? Por que ainda insistimos em tratar Alexandre de Moraes como uma figura positiva para a política brasileira? Quem não sabe reconhecer aliados, merece estes humilhantes “cavalos de Troia”. A esquerda precisa sair da 5a série e entender que nossa luta é contra o capitalismo e sua prática de exclusão; é contra a política burguesa e sua sociedade dividida entre escolhidos e serviçais. Precisamos ser seletivos quando escolhemos nossos líderes e símbolos. Esses personagens da direita infiltrados em nossos domínios não podem jamais receber nosso beneplácito.

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Plágio

A presidente de Harvard Claudine Gay foi acusada de “plágio” em sua produção científica, sendo levada a renunciar sua posição na instituição. Primeira mulher negra a assumir a presidência da Universidade mais prestigiosa do mundo, sua retirada ocorreu logo após ter abraçado a defesa da Palestina contra os ataques genocidas de Israel na Faixa de Gaza. É claro que o fato de ser uma mulher negra e apoiar a Palestina não influenciou na investigação que foi feita contra ela. Imagina…

Por outro lado, se você quiser ferrar com alguém do mundo acadêmico, basta investigar sua produção científica. Eu garanto: é impossível não que não encontrem arestas deste tipo na história e na produção pessoal de qualquer um. Acusações de plágio são muito comuns no meio acadêmico, e são coisas fáceis de usar contra desafetos. Nós vimos este tipo de ataque sendo feito há alguns anos aqui mesmo no Brasil em relação ao ex-juiz Moro e sua tese de doutoramento, e até mesmo com o Alexandre de Moraes. Isso porque, se você analisar trabalhos acadêmicos (teses e dissertações) com uma lupa, analisando todos os detalhes e as “letras miúdas” em meio a centenas ou milhares de páginas, poderá encontrar uma falha – intencional ou não – sobre a citação adequada de um autor ou a falta dela nos créditos. Mesmo aqui no Facebook, quem pode garantir que nunca escreveu algo que já havia sido escrito, quase da mesma forma, por outra pessoa?

Assim, com este tipo de acusação sendo utilizada ao sabor dos ventos, qualquer um pode ser vítima de vinganças e ataques violentos. Esses trabalhos são o calcanhar de Aquiles de muita gente no mundo universitário. Como dizia Napoleão Bonaparte, “São tantas as leis que nenhum cidadão está livre de ser enforcado”. Ou seja, são tantas as fissuras inevitáveis na criação do pensamento e da escrita que ninguém pode estar seguro de que não será atacado por alguma falha, dependendo dos interesses que existam para destruir a carreira de um pensador inconveniente. O plágio de Claudine Gay muito provavelmente é o apartamento triplex de Lula no Guarujá; da mesma forma, é possível que em alguns anos ela seja inocentada, mas aí o estrago já terá sido feito.

Moro e Alexandre jamais tiveram suas carreiras prejudicadas pelas acusações que surgiram contra seus trabalhos acadêmicos, exatamente porque serviam – com louvor – ao sistema. Por um minuto apenas, pensem como seria tratado um petista com estas mesmas acusações. Já a presidente de Harvard foi defenestrada porque passou a ser vista como alguém que atrapalhava a tirania sionista da sociedade americana. O que causa escândalo (mas não surpresa) é ver que o mito da “liberdade de expressão” tão celebrada pelos americanos e seus admiradores, está ruindo aos olhos de todos, mostrando que a democracia liberal americana é uma farsa sustentada apenas por propaganda e força bruta. Ou seja: qualquer um que ouse chamar os Estados Unidos de uma democracia onde imperam a liberdade de expressão e o estado democrático de direito está condenado ao ridículo e à humilhação pública.

A direita e a “esquerda” americanas agora se debatem sobre o fato e trocam acusações sobre as “reais razões” para a demissão de Claudine Gay. De um lado os conservadores celebram sua demissão por ser uma mulher representativa da “teoria racial crítica” e, do outro, os identitários acusam a manobra como sendo racista, já que Claudine foi a primeira mulher negra a presidir a mais rica universidade americana. Por trás desse debate, os sionistas – que estão presentes tanto entre os liberais quanto entre os trumpistas – estão dando gargalhadas e comemorando o combate, porque esta é uma vitória do poder econômico para silenciar qualquer crítica ao estado terrorista de Israel.

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