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Bloqueio a Cuba

Os Estados Unidos são prisioneiros do embargo e não podem abandonar esta estratégia. Imaginem o que aconteceria se, findo o bloqueio a Cuba, a pequena ilha caribenha começasse a resplandecer, com investimentos, crescimento econômico, turismo, abertura comercial com o BRICS, etc. “Uma nação socialista “dando certo” a 100 km da costa da Flórida? Não podemos permitir!! Uma nação autônoma, independente e rebelde desafiando o imperialismo, sendo exemplo de educação, segurança e saúde sem baixar a cabeça para os gringos? Jamais!!”

Não, eles não vão aceitar. Entretanto, a maior prova do sucesso do socialismo é o próprio embargo americano. Se o socialismo fosse assim tão ruim e ineficiente, como afirmam os apologistas do capitalismo, bastaria deixá-lo se desmanchar por si mesmo, em Cuba e na Coreia Popular. Não… é necessário estrangular estes países para não dar chance ao poder popular. Porém, como o Império sabe a potencialidade de uma sociedade solidária, fraterna e planejada para o desenvolvimento das nações, sobra como estratégia sufocar a pequena ilha, impedindo-a de cumprir seus altos fins.

A votação da assembleia da ONU em outubro 2024, mais uma vez condenando quase que de forma unânime o embargo a Cuba, apenas confirma o fato de que o mundo inteiro repudia o imperialismo americano e que já não suporta mais sua intervenção no planeta. O voto de Israel, igualmente contrário ao fim do bloqueio, não é senão outra prova de que este país falso, imoral, corrupto e bandido é apenas um apêndice dos interesses dos Estados Unidos no Oriente Médio. Todavia, também nos dá a certeza de que mundo será muito melhor e pacífico sem a existência de Israel e sem as garras do imperialismo sugando as nações. Oxalá, mais cedo do que esperamos, isso será realidade.

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Brits

Quando eu era pequeno, e ainda mais na infância do meu pai, a influência da Inglaterra era enorme na cultura do Brasil. Não foi a toa que minha família paterna saiu de Manchester e veio para cá há 100 anos: o império tinha muita influência por aqui. Dizer que um carro, um casaco ou um produto qualquer era inglês significava garantir sua qualidade. A Inglaterra, no ocaso da era vitoriana, era vista como o centro intelectual do mundo. Entre outras coisas eles, estabeleceram no Brasil uma prática chamada “preço inglês”. Hoje parece muito comum passar na frente de uma loja e olhar os preços de um produto, seja na vitrine ou na etiqueta com código de barras, mas nem sempre esse foi o padrão. Em países de cultura árabe, ainda se negociam os preços diretamente com os vendedores, hábeis artistas na arte da negociação e do desconto. Quando se viaja para alguns lugares – como o Marrocos – a gente percebe que o preço dos artesanatos, calçados, roupas só é definido na conversa com o vendedor. Já vi preços caírem de 100 para 10 nesse tipo de arte.

O problema é que esse tipo de negociação, onde o valor dos produtos varia de acordo com o comprador, exige muito do vendedor, em termos de talento e tempo. Com a evolução do comércio ficou mais fácil colocar uma etiqueta com uma margem variável de lucro e evitar tanta negociação e tanto tempo despendido para cada venda. Meu pai chamava isso de “preço inglês” e dizia que os jornais anunciavam as lojas da cidade garantindo que os produtos tinham essa precificação. Quem saia de casa já sabia o valor que pagaria por qualquer produto, sem precisar negociar com o vendedor.

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Lembrei disso porque países ligados à “British Commonwealth“, como a Índia e a África do Sul, decidiram não participar da reunião convocada pelo Rei Charles e comparecer à reunião dos BRICS, demonstrando a crescente perda de protagonismo britânico no planeta. Hoje em dia a Inglaterra não tem mais a influência de antes, e não passa de um “puxadinho” dos Estados Unidos, um cãozinho velho e banguela carregado na coleira pela política externa americana; os anos de glória da realeza britânica estão agora definitivamente no passado. O que outrora foi um Império sanguinário, poderoso e extenso – onde o sol jamais se punha – hoje não passa de uma nação decadente, com graves problemas internos, subserviente ao poder imperialista e sem a importância geopolítica de outrora.

Os declínios são da ordem natural das coisas. Primeiro os sumérios, fenícios e egípcios; depois com a Grécia e Roma na idade clássica; mais tarde os franceses, ingleses e agora os americanos. Quando vejo a derrocada da importância da Inglaterra no planeta fica ainda mais claro para mim que nenhum sistema opressivo é eterno, e o consórcio americano israelense, que durante 80 anos nos pareceu sólido, imponente e invencível, será derrubado mais cedo ou mais tarde. O planeta não aceitará por muito tempo a perspectiva supremacista, racista e genocida de Israel. Hoje este país já é um pária internacional, rejeitado por 90% da população do mundo, sendo apoiado apenas pelos governos imperialistas burgueses. Essa situação não pode se manter por muito tempo. Em que época do mundo um exército qualquer procurou as crianças como alvo para suas balas? A barbárie homicida de Israel um dia acabará, e o destino deste país está selado: pode levar mais um ano ou uma década, mas o sionismo será enterrado definitivamente, e o apartheid será apenas uma triste memória para o planeta.

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Violência

Você achou justa a ação do Hamas em 7 de outubro?

Essa é uma das perguntas mais prevalentes nos últimos tempos, mas serve como régua moral para classificar aqueles que se posicionam sobre o drama da Palestina. Em primeiro lugar, nada é “justificável” numa guerra, mas tudo que nas guerras ocorre precisa ser colocado em contexto. Não podemos nos perder em armadilhas lógicas. Os mais de 75 anos de massacres não poderiam ser interrompidos com abaixo-assinados ou ações nos tribunais, até porque Israel sempre desprezou as decisões da ONU. Além disso, é preciso reconhecer que se não fosse pela violência não haveria sequer a revolução francesa burguesa de 1789, que acabou com quase todas as monarquias europeias; sem a tomada violenta dos revolucionários Franceses e hoje seriam ainda súditos do Rei, e a democracia apenas um sonho e uma utopia. Culpar a violência reativa do Hamas e nada dizer sobre o holocausto palestino continuado é a narrativa racista e supremacista do sionismo.

Sim, acho que o combatentes reunidos da resistência palestina agiram de forma justa, mesmo que eu seja um proponente da paz. Achar que o Hamas é um grupo terrorista – como faz a imprensa burguesa – é jogar o jogo do imperialismo. O Hamas lutou com as armas que eram possíveis. Aliás, a sua ação no 7 de outubro será descrita no futuro como uma das maiores ações de guerra da história moderna. Esta ação, apesar das vítimas produzidas pelo exército fajuto de Israel, era o único caminho possível para a paz, pois a libertação de um povo subjugado há mais de 70 anos jamais se faria com tapinhas nas costas. O próprio Nakba – a expulsão forçada de 750 mil palestinos de suas casas – só aconteceu através de ações de terrorismo e de massacres por parte do nascente estado de Israel, as quais se mantém até hoje. Assim sendo, a resposta Palestina só poderia ser violenta, até porque todas as tentativas pacíficas falharam escandalosamente. Todos os acordos tentados com os sionistas foram descumpridos por Israel, porque jamais houve qualquer interesse na paz ou na criação de dois estados independentes e soberanos. Criticar a reação palestina às sete décadas de assassinatos, abusos, torturas, prisões arbitrárias, limpeza étnica e estupros é aceitar a narrativa do Império e o discurso vitimista do sionismo. O Hamas apenas agiu de acordo com as regras de violência que os próprios sionistas estabeleceram ao roubar as terras palestinas.

Para manter a ocupação de Israel e a brutalidade desumana como sempre foi praticada foi necessário controlar a opinião mundial através do uso da imprensa burguesa. Essa é a razão pela qual os massacres do Nakba só há pouco foram descobertos pelas pessoas do mundo inteiro. Hoje em dia, com a proliferação de smartphones, ficou impossível esconder a realidade do genocídio que está sendo cometido contra as populações oprimidas. Por esta razão, desde o princípio dos massacres Israel procura atingir a imprensa. Eles sabem que é preciso impedir a realidade chegar à todos no planeta. Quando o mundo inteiro puder saber a verdade, o racismo e a essência pútrida do sionismo supremacista acabarão imediatamente. Exterminar o modelo opressor de Israel é uma tarefa de todo o cidadão do mundo. A Palestina somos todos nós. Ao mesmo tempo em que os jornalistas são alvos preferenciais dos genocidas sionistas, canalhas mequetrefes de Hollywood se empenharam para impedir que a jovem e premiada jornalista palestina Bisan Owda concorresse ao Emmy, entre elas Selma Blair e Debra Messing, duas conhecidas sionistas que apoiam o massacre de crianças e a morte indiscriminada de palestinos. Felizmente para a parte saudável do planeta, esses monstros não conseguiram levar adiante seu projeto de silenciamento e It’s Bisan from Gaza and I’m Still Alive, – Aqui é Bisan de Gaza, e ainda estou viva – venceu o Emmy como melhor documentário.

Portanto, essa crítica ao “terrorismo” do Hamas – como se o Estado de Israel não fosse uma entidade ilegal e terrorista por excelência – é tosca e historicamente injusta, além de ser mentirosa, mas apenas sobreviveu por tantos anos porque existe um controle imenso sobre a imprensa internacional. Os mesmos jornais que acusam a Rússia de ser “anti-LGBT”, ter invadido a Ucrânia sem razão, ou que chamam Maduro e Xi Jinping de “ditadores” acusam os guerreiros que lutam pela liberdade da palestina de terroristas, sem mencionar o terror de Estado que é praticado pela potência de ocupação há mais de 7 décadas. Esqueceram de noticiar o que agora é conhecimento oficial: a maior parte das mortes no ataque de 7 de outubro 2023 foram causadas pelos helicópteros israelenses, usando a “Diretiva Aníbal”. E as mortes causadas pelo Hamas – que por certo ocorreram – foram atos de resistência à uma opressão obscena e continuada, violenta e indigna. Agiram a exemplo dos “freedom fighters” da Argélia, da Resistência Francesa, dos Vietcongs, dos russos em Leningrado e dos coreanos na ocupação japonesa e americana. Em verdade, “Terrorismo” é a forma como os opressores chamam aqueles que resistem aos seus abusos, mas eles são os guerreiros da liberdade do seu povo, e usam as ferramentas possíveis para empreender esta luta.

Aqueles que falam das “vidas inocentes” que foram perdidas na ação de resistência do Hamas respondam estas perguntas simples: digam até que ponto aguentariam o abuso dos colonos israelenses, grupos formados pela escumalha da Europa e da América. Depois que seus pais fossem torturados, seus irmãos fossem mortos, sua irmã abusada e seu filho preso, vocês continuariam a pedir “licença” aos invasores? Continuariam a apostar no “amor”? Tentariam, pela milésima vez, uma alternativa pacífica? Ou usariam armas semelhantes àquelas usadas por quem lhes massacra para, pelo menos, manter o que lhes resta de dignidade e para salvar a vida da sua família? Respondam com honestidade: qual seria o limite? Até quando suportariam? Não é aceitável que tenhamos uma postura ingênua sobre as forças materiais e econômicas que produzem os conflitos. Num contexto de agressões e abusos continuados apenas a reação violenta seria capaz de salvar a Palestina. Quem acredita em “legitima defesa” do sujeito precisa aceitar a “legítima defesa do povos”, até porque a própria ONU reconhece o direito de resistência violenta e armada dos povos ocupados!!! A liberdade é uma conquista dos homens, e para isso devem usar as armas que estiverem ao seu alcance.

Hamas e Palestina, neste momento, são a mesma coisa. O Hamas representa o maior, mais armado e mais capacitado grupo de defesa da Palestina. Portanto, defender a Palestina significa dar apoio irrestrito ao Hamas que, pela sua história e pelas próprias eleições realizadas em Gaza, é o legitimo representante das aspirações de liberdade do povo palestino. Qualquer um que tente deslegitimar o Hamas, acusando-os de “oprimir” o povo palestino, estará mentindo.

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Terrorismo

Responda com honestidade: qual a diferença entre um carro bomba arremessado contra um mercado e a explosão de pagers indiscriminadamente em Beirute no Líbano, inclusive atingindo médicos, enfermeiras e crianças? Pois o primeiro era chamado de “terrorismo” há alguns anos, quando se queria acusar os palestinos de ações desesperadas cujo alvo era a população civil. Por outro lado, a explosão de artefatos de comunicação de forma abrangente, atingindo ativistas do Hezbollah – mas também profissionais da saúde e pessoas comuns – agora é chamada pela imprensa ocidental burguesa de “ação de inteligência”. O uso de “dois pesos e duas medidas” para analisar um e outro fato não nos deixa nenhuma dúvida: temos um jornalismo imundo, sionista e imperialista, que tenta cotidianamente mentir, para assim mudar a narrativa em benefício do poder da burguesia. E com todo esse poder concentrado ainda tentam criar a ideia de que o totalitarismo é uma chaga do… socialismo.

Existe totalitarismo maior do que o torniquete de informações aplicado a milhões de pessoas simultaneamente pelas empresas de comunicação no mundo todo? Como podemos entender que a barbárie e o morticínio de milhares de crianças na Palestina não provocaram a devida e necessária indignação no ocidente se não pelo controle midiático aplicado pelo consórcio internacional de telecomunicações? Se é possível comprar toda a imprensa esportiva nacional para se calar sobre a jogatina desenfreada, o roubo escancarado e a falcatrua disseminada das “apostas esportivas“, mais fácil ainda é filtrar o que ocorre no Oriente Médio para tratar os brutais opressores e abusadores sionistas como “vítimas” do ataque palestino, apagando das manchetes os mais de 70 anos de brutal opressão, abuso, fome induzida, encarceramento, assassinatos e limpeza étnica, e criando a falsa ideia de que “tudo começou em 7 de outubro”.

Que existe uma ação genocida intencional na Palestina isso já não é mais passível de debate. Todas as ações de Israel ao longo da história, foram no sentido de boicotar qualquer direito dos palestinos às suas terras e, sempre que possível, “aparar a grama” (mowing the lawn) matando o maior número possível de palestinos nestas iniciativas mortais. Jamais houve qualquer interesse em produzir um acordo, mesmo quando este foi acenado e aceito pelos representantes palestinos. Israel é uma fábrica infinita de mentiras, engodos e falsidades. Misture isso tudo com a total impunidade no plano internacional – pela adesão inconteste do imperialismo aos interesses regionais de Israel – e teremos um país onde a tortura é exaltada, o holocausto palestino celebrado e as bombas caindo sobre o campo de concentração a céu aberto de Gaza um espetáculo aplaudido pelos colonos israelenses dos territórios ocupados – a escumalha fascista do ocidente.

Sem que o mundo tome ações vigorosas de bloqueio total a Israel continuaremos a ver o crescimento vertiginoso dos massacres. Nada para a máquina de morte de Israel, a não ser a força – a única linguagem que os sionistas entendem. Nesta guerra o mundo assistiu estarrecido ao fato de que os alvos israelenses não são apenas os soldados ou batalhões, sequer somente as guarnições ou os longos túneis sob a cidade de Gaza, mas as crianças e mulheres palestinas, pois sabem que elas são as matrizes e cuidadoras dos feridos e dos pequenos, enquanto as crianças representam o futuro da resistência.

O presidente Lula deveria usar do seu prestígio internacional e iniciar uma campanha internacional pela paz, rompendo com Israel e conclamando todas as nações do mundo a se juntem no esforço para um cessar fogo imediato e um bloqueio ao sionismo. Não existirá paz sem bloquear Israel e ameaçar sua integridade através de ações militares e diplomáticas. Se foi possível derrubar o apartheid na África do Sul, por que seria impossível fazer o mesmo com os racistas de Israel?

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Lutas indispensáveis

Não existirá resultado algum na busca pela diminuição das taxas obscenas de cesariana se as preocupações com o tema se mantiverem concentradas em profissionais da saúde – em especial com os médicos que controlam o parto desde a derrocada da parteria na primeira metade do século XX. A experiência de mudar a tendência de nascimentos cirúrgicos “de cima para baixo” ocorreu no Brasil e se mantém um fracasso. Já escrevi muito sobre as “Caravanas da Humanização” e o fato de que elas se assentaram sobre pressupostos idealistas, que não contemplam a materialidade das relações de poder.

É mais do que óbvio que os médicos jamais mudarão um sistema que os beneficia. A obstetrícia cirúrgica, que aliena as “pacientes” de qualquer atuação efetiva na condução de seus partos, é o ápice da transformação das mulheres em contêineres fetais, cuja abertura só compete aos profissionais da intervenção. Desta forma, os médicos jamais poderão liderar um movimento de mudança no cenário do nascimento que, em última análise, provará o erro de oferecer a esta corporação o comando do processo de parto. Quaisquer mudanças que porventura venham a ocorrer só terão sucesso se vierem das próprias mulheres, quando forem devidamente esclarecidas da expropriação do parto produzida pela tecnocracia. Enquanto as mulheres forem doces repositórios do “saber magnânimo” da obstetrícia corporativa, estarão sempre à mercê de interesses (econômicos, profissionais, legais, circunstanciais, sociais, etc.) que não são necessariamente os seus.

Há quase 30 anos eu repito que não haverá uma revolução do conhecimento, com evidências científicas e dados de morbimortalidade, capaz de produzir uma mudança de comportamento, muito menos no que concerne a um fenômeno que ocorre no corpo das mulheres – território de eternas disputas pelos significados amplos para nossa espécie. Tal transformação nunca ocorreu na história humana. Por acaso os Franceses se retiraram da Argélia porque ficou comprovado que o colonialismo é imoral e genocida? Israel vai “se dar conta” da indecência do apartheid e da limpeza étnica e discutir com os palestinos a plena democracia da Terra Santa? O imperialismo acabará pelo amor dos Estados Unidos à paz e à livre determinação dos povos?

A resposta a todas estas perguntas é um sonoro não. A única possibilidade de mudança no modelo intervencionista e alienante da obstetrícia será através da luta. Não existe possibilidade de conciliação; a Medicina tomou as rédeas do nascimento humano retirando esta função das mãos das parteiras em quase todo o mundo ocidental, e não vai entregar este domínio graciosamente. Esta retomada não se dará sem conflito, e as únicas “guerreiras” capazes de vencer a batalha do parto são as próprias mulheres, auxiliadas pelos batalhões de “combatentes auxiliares” como doulas, psicólogas, obstetras, enfermeiras, sociólogas, psicanalistas, gestoras, epidemiologistas etc. Não haverá um consenso internacional capaz de garantir o direito ao parto normal sem que haja uma disputa entre aqueles que apostam na suprema alienação dos corpos grávidos e aqueles que lutam pelas escolhas informadas e pela liberdade de parir.

Espero que alguém além de mim perceba que a luta pelo parto fisiológico não será travada nas academia, mas na arena política das lutas pela liberdade e pela autonomia.

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O Oportunismo dos Sionistas

Que curioso!!! Exatamente quando Israel promove um holocausto palestino, matando mais crianças mulheres por dia do que o próprio Adolf em seus dias de “glória”, surge uma série para glorificar os judeus mortos nos campos de concentração há quase um século atrás. A série, chamada “O Tatuador de Auschwitz”, foi realizada por Tali Shalom-Ezer e tem produção executiva de Claire Mundell. Não há dúvida que a estreia internacional vai coincidir com o maior desastre de relações públicas já ocorrido nos mais de 80 anos de vida de Israel. Universidades pelo mundo inteiro estão sendo ocupadas com estudantes que exigem o fim dos massacres sionistas contra crianças, mulheres e homens palestinos, assim como uma solução para a ocupação e o Apartheid que já perduram por mais de 70 anos. Esta “coincidência” nada mais é do que uma “manobra diversionista” e cumpre duas funções: trazer de volta a ideia gasta de que os judeus são as “eternas vítimas do mundo” – o que os autoriza a realizar todas as atrocidades que testemunhamos desde o Nakba em 1947 – e desviar a atenção da fantástica debacle mundial da imagem de Israel.

Este país falso, roubado da comunidade Palestina que lá vivia há séculos, agora tornou-se mundialmente conhecido como o país do terror, do holocausto palestino, do genocídio, do massacre de crianças, do apartheid e da limpeza étnica. A data de 7 de outubro de 2024 marca um corte fundamental na história da Palestina, expondo as entranhas dos horrores e dos abusos da ocupação sionista e produzindo um estrago irrecuperável na forma como o mundo enxerga esse enclave europeu. Nunca antes a violência e o terrorismo de Israel estiveram tão evidentes quanto depois da ação da resistência armada do Hamas e outros grupos.

A história não vai retroceder, e o estrago já está feito. Israel, a partir daquele dia nos umbrais de outubro, teve sua real essência mostrada nas redes sociais para cada sujeito que segurava um smartphone no planeta. Nem Barbra, nem Spielberg, nem Seinfeld… nenhum deles será capaz de salvar Israel da maldição que vai se abater sobre os colonizadores brutais e perversos. Os crimes contra a humanidade cometidos até hoje não poderão ser apagados por estas manobras de propaganda descarada. O mundo inteiro acordou para a barbárie racista de Israel.

Apesar da obra ter seu valor, não é possível acreditar que o seu lançamento agora não seja uma clara ação oportunista para tentar limpar a imagem imunda do sionismo genocida de Israel. Os crimes contra a humanidade cometidos desde a brutalidade do Nakba não ficarão impunes. Não vão nos enganar com essa patifaria. Yasser Arafat, onde estiver, sorri para um porvir democrático e de paz em sua terra.

“Aprofundando as informações sobre a nova música que Barbra Streisand gravou para a minissérie “O Tatuador de Auschwitz”, esta será a primeira vez que um tema da diva judaica americana é usado para um programa de TV. Streisand disse que com a música procurou lembrar das vítimas do Holocausto.”

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Imprensa

“Jornalismo é publicar algo que alguém não quer que se publique; o resto é publicidade”.

A frase acima foi erroneamente atribuída a Orwell e até Hearst, mas é mais antiga que ambos. Ela encerra uma grande verdade: o jornalismo serve para expor as entranhas do mundo, mostrar o que não querem que seja mostrado, trazer a luz o que está escondido. Serve para criar desconforto, trazendo à nossa frente o espelho do mundo para que possamos nos angustiar com a imagem refletida. Só a dor de ver nosso reflexo pavoroso pode nos mobilizar em direção à necessária transformação. Já a outra frase, criada pelo jornalista Joseph Pulitzer, que dá nome ao maior prêmio de jornalismo dos Estados Unidos, nos anunciava que o poder de manipular as massas através do controle da informação poderia tornar o cidadão comum em um mísero joguete na mão dos poderosos.

Israel lançou neste domingo (26/maio/2024) mais um ataque violento a Rafah causando a morte de pelo menos 45 pessoas – crianças e mulheres em sua maioria – instantaneamente incineradas; foram queimados vivos pelos chacais de Israel. Ao invés de “câmaras de gás” agora as vítimas do fascismo são torradas a céu aberto. Nenhuma palavra foi escrita sobre sobre esse ataque monstruoso nos jornais do “mainstream”. A grande imprensa, controlada pelo sionismo, silencia diante da barbárie racista e imperialista, e isso deixa claro que as grandes instituições de imprensa não retratam os fatos, mas se ocupam na montagem de uma “narrativa”. O jornalismo imperialista produz uma ficção criada sobre a visão ocidental, imperialista, opressiva, a qual controla a mente de grandes parcelas da população através dos seus inúmeros meios de comunicação.

Isso nos ensina como as gerações do passado foram manipuladas para fazer do nazismo uma proposta sedutora e de Adolf um grande líder. Por isso ele mereceu ser capa da Revista Time, exaltado por multidões, admirado até pela coroa inglesa e imitado até hoje. Essa avalanche de propaganda e lavagem cerebral também mostra como pudemos aceitar Collor, Temer, Deltan, Sérgio Moro e até Bolsonaro como figuras públicas de sucesso – até que seus malfeitos se tornaram deletérios para o próprio sistema.

A imprensa, como nós a concebemos ainda hoje, é uma máquina de conformismo, uma das mais eficientes ferramentas de manipulação da realidade. Seus donos sequer se importam com os balanços negativos do seu negócio, pois que estas instituições funcionam como fantásticas peças de pressão política, escondendo o que não convém mostrar (como o holocausto palestino), criticando banalidades dos inimigos (como o casaco vermelho do Ministro Pimenta) e tratando toda e qualquer nação como “ditadura” ou grupos como “terroristas”, bastando para isso que este país se rebele contra os desmandos do império ou que se organize para combatê-lo.

A democratização imposta pela Internet ameaçou a hegemonia e o monopólio de informação imperialistas. Não fosse pelas redes sociais jamais saberíamos dos crimes contra a humanidade cometidos agora por sionistas na Palestina. Mesmo a Al Jazeera seria boicotada nas redes de TV do Brasil e do mundo, como já ocorreu no passado e como acontece ainda hoje com as redes russas. Teríamos a mesma cobertura hoje que o Nakba teve em 1948: uma rede infinita de mentiras, falsos heróis, apagamento dos massacres, exaltação dos terroristas sionistas e o tratamento acusatório contra as próprias vítimas da limpeza étnica. O fato de ser possível hoje – pelo menos – contrapor-se às fraudes sionistas é um sopro de esperança para quem sonha com a disseminação plural e irrestrita da verdade, mesmo que ela possa, de alguma forma, nos desagradar.

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Queimando dinheiro

É legal ver americanos levando cano ao apoiar os terroristas de Israel. Os heroicos houtis, guerrreiros que combatem usando sandálias, acabam de derrubar o 5º drone MQ-9. Façam as contas: cada um desses drones custa 32 milhões de dólares, pagos pelo contribuinte americano (mas indiretamente também por nós). Se já foram derrubados 5 deles no Yêmen isso equivale a 150 milhões de dólares, ou 750 milhões de reais. Para termos uma comparação, a Arena mais linda do Brasil, a do Grêmio, custou 470 milhões de reais.

Nessa guerra foram queimados só em drones quase duas arenas de futebol. Olhem os custos absurdos que a guerra produz. Estima-se que para eliminar os “sem teto” nos Estados Unidos, que entopem as ruas das grandes cidades gringas, seriam necessários 40 bilhões de dolares. Pois este foi o EXATO valor que foi aprovado esta semana para a Ucrânia, para continuar financiando uma guerra absolutamente perdida que está destruindo o que resta daquele país. Só os fabricantes de armas gostam dessas guerras.

No capitalismo a miséria e as guerras infinitas não são contingências, são o próprio projeto do imperialismo.

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Proposta demagógica

Mais uma vez: retirar recusos do fundo partidário é uma posição reacionária. Descapitalizar as eleições trata a escolha popular como algo menor, como se financiar a democracia fosse algo desprezível e de menor importância. Continuo absolutamente contrário a esta proposta, pelas razões que já expus. Essa proposição fortalece os partidos da direita, os conservadores e obolsonarismo. Equivaleria a usar o dinheiro dos sindicatos para debelar a crise, causando um enfraquecimento das instituições de proteção ao trabalhador. Não faz sentido algum abrir mão de avanços da democracia – como é o fundo partidário – através de propostas populistas para enfrentar a crise. O fundo partidário oferece paridade de armas aos partidos!!! Não se justifica enfraquecer a democracia em nome de uma crise; existem muitas outras formas de capitalizar o governo sem prejudicar as eleições e os partidos de esquerda. Esses fundos foram criados pra dar mais transparência e equidade para as eleições.

Quem sabe tiramos recursos da compra de armas de Israel ou deixamos de financiar a policia assassina? Quem sabe finalmente taxamos os bilionários? Não, a proposta é fazer valer o poder econômico da direita e da burguesia, através do estímulo ao financiamento próprio das campanhas. Quem seria eleito sem dinheiro público? Ora… os empresários, os políticos já eleitos, os milionários, s elite financeira, etc, e não o trabalhador simples, o pedreiro que mora na Lomba do Pinheiro e quer representar sua comunidade ou o funcionario público que deseja uma valorização para o servidor do Estado. Se essa proposta vier a vingar, apenas os ricos terão dinheiro suficiente para financiar suas campanhas; os pobres não terão condições sequer para entregar um santinho. “Proponho a gente cancelar o 13º salário de todos. Não seria uma coisa fixa, apenas um direcionamento pra essa causa, para essa necessidade. Como uma atitude dessas poderia enfraquecer a democracia? Por favor eu queria mesmo entender“.

Ora, estou sendo irônico; não é da população pobre ou da democracia que devemos tirar recursos!!! Essa proposta enfraquece a política, mas só através da política poderemos resolver a crise, até porque foi ela mesma – e as nossas péssimas escolhas – quem criou todos os males que agora enfrentamos. 

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Quem decide por nós?

No Brasil você é proibido de defender a legalização de um partido nazista; isso está na legislação. Entretanto, a gente sabe que nossa constituição é maleável; ela pode ser suplantada pelo simples desejo de um ministro do STF, bastando para isso que ele sinta ameaçada sua perspectiva burguesa e liberal. E vejam: não se trata sequer de defender um partido nazista ou sua plataforma racista, opressora e excludente, mas simplesmente reconhecer o direito de fascistas aparecerem à luz do dia e saírem do esgoto. Pois isso, para Alexandre de Moraes, já é motivo para perseguições. Monark, o menino ancap, está sendo perseguido por querer bancar o Voltaire em terra de Xandão (*).

Por outro lado, você pode criar um partido de inspiração e financiamento sionista no Brasil de forma absolutamente livre. O sionismo é uma ideologia supremacista e colonial que já matou milhões de palestinos, direta ou indiretamente, nos últimos 75 anos. Durante o Nakba, em 1948, expulsou 750 mil palestinos de suas casas e criou um país artificial, roubando a terra dos seus moradores originais. Israel se tornou a última colônia opressora ocidental, onde só uma identidade tem plenos direitos, em detrimento de todas as outras. Estabeleceu um regime explícito de Apartheid, separando os judeus do “resto”, em especial os árabes – a população nativa do local. No último massacre, ainda em vigor, mais de 30 mil pessoas, a maioria de mulheres e crianças foram mortas. Os crimes de guerra – ataque a hospitais, aos campos de refugiados, aos médicos, enfermeiras e jornalistas, etc. – são difundidos abertamente pela Internet e pela TV, crimes escancarados, vistos por milhões de pessoas no mundo inteiro. Cinicamente matam, prendem, humilham e abusam. Apesar disso, as redes de TV e os jornais podem defender abertamente esse regime, sem sofrer qualquer admoestação por parte das instituições jurídicas.

Ou seja, o problema não é a defesa de sistemas de poder fascistas, racistas e opressivos; isso podemos ver como acontece abertamente pela defesa de um país terrorista como Israel. O drama está em quem tem o poder de discriminar o que pode ou não ser proibido. Por certo que não é o povo brasileiro, mas uma elite jurídica que determina o que pode ou não ser visto por nós. No caso brasileiro, os ministros do STF concentram esse poder, atuando por cima de todos os outros poderes; a palavra de um Xandão vale mais do que a do presidente ou mesmo do Congresso Nacional inteiro – que ao contrário daquele, foram escolhidos diretamente pelo povo.

Assim, dá para entender as razões pelas quais a extrema direita autoritária e a extrema esquerda focam no mesmo ponto: o autoritarismo do STF é perigoso. A extrema direita fascista, por certo, por questões oportunistas: eles são as vítimas de hoje, uma vez que seus líderes estão a ponto de serem encarcerados pela ação do STF. Porém, seria uma suprema ingenuidade acreditar que a extrema direita preza valores como a liberdade, se estão sempre à frente das ditaduras que destroçaram a democracia no mundo inteiro. Já para a esquerda radical a questão é mais estrutural; entende que o mesmo Alexandre que deseja “limpar” as redes sociais foi o sujeito que apoiou o golpe contra Dilma, a prisão ilegal de Lula e rasga elogios ao traidor da pátria Michel Temer sempre que pode. Portanto, Xandão está longe de ser um legalista e alguém que defende a democracia e a constituição; ele é de fato um golpista e mais um árduo defensor dos poderes burgueses. Repetindo: é possível denunciar Alexandre de Moraes como um autoritário – um sujeito colocado no poder por um traidor e que abusa do seu poder – sem ser simpático ao bilionário, drogadito, ancap, golpista que estimula e patrocina golpes na América Latina.

(*) sim, eu sei que Voltaire não disse aquela famosa frase, mas se eu colocasse o nome de sua verdadeira autora – Evelyn Beatrice Hall, biógrafa de Voltaire – ninguém iria sacar a analogia.

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