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Ataque americano

Muitos ainda insistem na defesa dos Estados Unidos como se este país fosse um “bastião em defesa da democracia”, mas bem o sabemos que esta postura é fruto de mais de um século de massiva propaganda que, ao mesmo tempo que exalta a democracia burguesa, tenta desumanizar e vilificar seus oponentes. Os árabes – como pode ser visto em “Reel Bad Arabs” – são, de longe, as principais vítimas dessas campanhas de descrédito, em função da importância geopolítica de Israel. Ora, nada poderia estar mais longe da verdade do que colocar os Estados Unidos como defensor dos valores democráticos, mas aqueles que ainda defendem o imperialismo o fazem como que dominados por uma religião irracional, carregando suas palavras de chavões desbotados pelo tempo, relíquias cafonas e empoeiradas da guerra fria. Usam até a retórica do Milei – um Bolsonaro ainda mais aloprado – que não passa de um maluco fracassado que empurrou a Argentina para o fundo do poço, piorando o que Macri já havia feito. Outro detalhe chamativo é a tentativa de atacar o Irã defendendo o “direito das mulheres”, como se houvesse qualquer interesse na defesa de mulheres muçulmanas, mortas de forma genocidária em Gaza há vários meses. Não, nunca foi esse o interesse, mas ele é usado como “peça de propaganda” para aglutinar identitários na causa imperialista.

O paradoxo que vemos agora é testemunhar a direita mais retrógrada cair “como um patinho” na retórica “woke”, o que demonstra que na falta de argumentos a direita aceita apoiar até mesmo o discurso dos identitários. A meu ver, apesar de críticas necessárias às questões de gênero em países do Oriente Médio, quando examinamos a realidade da situação das mulheres do Irã, é evidente que elas têm muito mais liberdade do que as ocidentais, basta ver o acesso delas às faculdades como engenharia e física, que no ocidente são majoritariamente masculinas. Ao lado disso, vemos o quanto as mulheres no ocidente são expostas e objetualizadas ao extremo, mas matar crianças e mulheres usando a desculpa de que, terminada a matança, as mulheres poderão mostrar os cabelos, é o extremo da perversidade, o cúmulo do pensamento assassino que a direita tanto dissemina. Criticar as vestimentas de uma cultura – e mesmo a prática perniciosa de alguns radicais – como forma de analisar a liberdade faz parte da retórica oportunista de quem se nega a olhar para qualquer assunto com a devida profundidade.

Escrevo este texto imediatamente depois do ataque americano às instalações nucleares do Irã, e antes da óbvia retaliação que virá. É importante deixar claro que os próprios especialistas americanos (vide abaixo), passada a fumaça e a poeira das bombas jogadas no deserto, deixaram claro que nada de grave aconteceu, nenhuma estrutura foi destruída e nenhum artefato nuclear danificado (havia sido removido há muito tempo). Enquanto isso, 1/3 de Tel Aviv está severamente danificada, e a tendência é se tornar muito pior. Somente os cegos e fanáticos não conseguem enxergar que o fundamentalismo sionista, racista, supremacista está desaparecendo, derretendo, sendo transformado em pó. O regime extremista e terroristas dos sionistas dará espaço a uma democracia próspera e vibrante depois de um belo espetáculo de destruição do regime racista em Israel. Agora estamos escutando os primeiros vagidos de uma nação palestina plural, democrática, sem muros, sem mortes, sem apartheid, sem racismo, sem supremacismo, sem “povo escolhido” e sem a tirania dos capitalistas e abusadores sexuais de Israel. Em breve veremos palestinos – judeus, cristãos e muçulmanos – livres das amarras totalitárias do sionismo.

Enquanto isso, Trump está correndo risco de vida, e querem nos fazer crer que ele será morto pelos iranianos. Netanyahu, em verdade, disse que isso iria acontecer; ele avisou explicitamente sobre a morte de Trump, e disse que o Irã desejava matá-lo. A verdade é que quem vai tentar isso será o Mossad, pois assim fazendo ganhará duplamente: eliminando um presidente rebelde e conseguindo uma ótima desculpa para a guerra total.

Neste ataque parece mesmo que Trump só bateu o ponto para justificar aos seus patrões sionistas de que algo foi feito contra o Irã. Na verdade, essas ações teatrais deixam cada vez mais claro que Trump está com medo de morrer.

“Um ato teatral. A grande boca de Trump o colocou em uma encruzilhada. O Irã não jogaria seu jogo. Então ele foi obrigado a bombardear o Irã para salvar a própria imagem. Para isso, bombardeou duas instalações vazias que já tinham sido atacadas por Israel e lançou seis bombas contra uma instalação indestrutível (Firdos), alegando destruição, apesar do contrário ser verdade. É isso; um ataque “controlado”, um fiasco. E este é o homem cujos apoiadores chamam de o maior líder do mundo. Ele é uma vergonha nacional”. (Scott Ritter)

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Tensão e guerra

Escrevo estas notas enquanto o céu de Talabib se ilumina com as bombas que chegam do Irã. Era de se esperar que a República Islâmica do Irã, mais cedo ou mais tarde, iria fazer a sua necessária retaliação aos ataques sionistas. Entretanto, sabemos bem que a agressividade de Israel é a maior demonstração de sua fragilidade. Tanto no plano internacional quanto interno, o país está em frangalhos. É impossível esconder hoje, como foi feito durante quase oito décadas, as atrocidades e os crimes cometidos contra a população da Palestina.

A operação de 7 de outubro destruiu o projeto sionista de uma forma irrecuperável. Não há mais como sustentar a ideia racista e supremacista que se constitui na estrutura central de Israel, sua espinha dorsal. O genocídio, as matanças de crianças, a diretiva Hannibal, o bloqueio de ajuda, a destruição dos hospitais, a mortandade de 10% da população, em sua maioria mulheres e crianças, as torturas denunciadas nos calabouços israelenses, a morte de jornalistas, médicos, enfermeiras e toda a podridão do apartheid foram jogadas nas telas de TVs e celulares do mundo todo. Ao contrário dos massacres cotidianos dos últimos 77 anos, agora a Internet expõe de forma crua o sofrimento do povo palestino e a perversão homicida da sociedade israelense. Não há mais como desver o que testemunhamos, e não há mais como Israel se tornar uma nação entre as nações. Israel é um cadáver que apodrece à vista de todos, mas enquanto o corpo não é enterrado, somos obrigados a ver o horror de sua decomposição, enquanto o mundo inteiro testemunha o horror e o racismo que imperam na sociedade israelense. Ficou claro que esse ataque israelense ao Irã foi puro desespero do Império em decadência. Fica evidente que Israel está morrendo, se desfazendo, e esse ataque revela um corpo em decomposição. Não há mais como sustentar Israel, uma aberração supremacista e genocida, um enclave europeu fascista encravado no Oriente Médio.

A meu ver, esse país não tem mais muitos anos de vida. É sintomático que 10% da população já tenha abandonado o país, voltando para seus lugares de origem, e por certo muitos mais vão trilhar esse caminho. Essa guerra provocada – com a desculpa do enriquecimento de urânio – é o sintoma do fim de Israel. Fica claro que está se comportando como a Argentina dos anos 80, entrando em colapso e nos estertores da ditadura militar, provocando uma guerra contra a Inglaterra para unificar o país em torno de uma ameaça externa. De nada adiantou; o regime caiu de podre.

Este é um sintoma inquestionável do fim de um projeto racista e colonial. É evidente que por trás das decisões agressivas de Israel existe a conivência ou a explícita cooperação americana, basta ver que os mísseis que atingiram Teerã partiram do Iraque, enclave imperialista no Crescente Fértil. A esperança de Israel é que os Estados Unidos mantenham a decisão de bancar o conflito, entrem na “guerra santa” e ajudem seu protegido.

Entretanto, isso não é certo, porque a situação interna dos americanos é caótica, com tropas nas ruas, motins, manifestações populares e um presidente fragilizado. Será difícil convencer a opinião pública americana a fazer sacrifícios e enviar tropas em nome de Israel. Principalmente agora, no momento em que o apoio a este país atingiu seus níveis mais baixos na história americana – sem falar do rechaço internacional. Alguém crê que mais uma vez veremos jovens americanos morrendo em uma guerra estúpida? Colocar os Estados Unidos em guerra contra um país distante, que não ameaçou diretamente os Estados Unidos, e com o risco de colocar o comércio de petróleo do mundo em colapso? Serão eles tolos o suficiente para produzir um novo Vietnã?

A situação é desesperadora para a velha ordem. Enquanto o mundo multipolar não se configura como a força hegemônica no planeta, viveremos a tensão, o medo e as guerras.

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Oportunismo

Caetano Veloso, em recente show, segurou a bandeira da Palestina, numa demonstração de adesão à luta dos palestinos por liberdade e autonomia. Todavia, é importante voltar no tempo um pouco e lembrar que, antes da sua visita a Israel em 2015, numa apresentação para latinos e brasileiros moradores de Israel, os cantores e compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil foram confrontados por Roger Waters para desistir da visita que fariam a Israel, cancelar seus shows e se unirem à causa pela Palestina. Caetano desconsiderou solenemente os pedidos de Roger e outros ativistas, debochou das palavras de Miko Peled, dançou e cantou com os sionistas de Tel Aviv e jamais se desculpou pela sua presença na Palestina ocupada, em concertos regiamente pagos pela nação invasora.

Gilberto Gil fez ainda pior: além de ganhar seu dinheirinho cheio do sangue das crianças palestinas, ainda assinou abaixo-assinado de apoio aos sionistas depois do 7 de outubro. Ambos são gênios da música, talentos indiscutíveis, mas ignorantes e reacionários, a ponto de se colocarem ao lado de uma ideologia nazista e genocida.

O mesmo se pode dizer de Jean Wyllys, figura que ruma celeremente para o mais absoluto esquecimento. Enquanto parlamentar, foi a Israel em um “trenzinho da alegria” e com boca livre, financiado pelas universidades israelenses – situadas em terras palestinas invadidas – com o claro intuito de fazer propaganda do regime de apartheid e reforçar a imagem de Israel como eterna vítima no cenário internacional. Foi escolhido a dedo por ser abertamente gay e ter uma postura francamente identitária, o que auxilia na conhecida estratégia de pinkwashing“, característica da “hasbara” (propaganda estatal de Israel). Esse também jamais pediu perdão por se postar ao lado do apartheid, do supremacismo, do abuso e do racismo mais asqueroso vigente em nossa época.

Sim, Caetano, Gil e Jean Wyllys não foram os únicos a se deixar encantar pelo dinheiro fácil que vem de Israel. No início desse ano ocorreu outro “trenzinho“, desta vez composto de profissionais da imprensa que visitaram Israel – com todas as despesas pagas (jabá) – para limpar a barra do sionismo. Entre eles estavam Pedro Doria, fundador e editor do Canal Meio; Tatiana Vasconcellos, âncora da Rádio CBN; Filipe Figueiredo, criador do podcast Xadrez Verbal; Leila Sterenberg, que atua semanalmente nos programas do canal do IBI; Janaina Figueiredo, repórter especial do jornal O Globo; e Marcos Guterman, diretor de Opinião no jornal O Estado de S. Paulo.

Entretanto, quando essa adesão ao sionismo vem de figuras públicas adoradas pela esquerda, eu acredito que a traição é mais dolorosa. Mesmo quando sabemos que não é justo confundir o autor com a obra, é inevitável a frustração. Caetano Veloso continua sendo um dos maiores gênios da cultura brasileira, um revolucionário da arte, criador do tropicalismo, músico e poeta da maior qualidade. Entretanto, como agente político, é um arrogante, um alienado e alguém que sempre se jogou para o lado que lhe pareceu pessoalmente mais favorável, mesmo que isso significasse apoiar os genocidas e canalhas mais abjetos. Todavia, sua genialidade não pode nos deixar cegos diante do seu oportunismo. Sua adesão tardia à luta pela libertação da Palestina não pode apagar de nossa memória sua posição de adesão franca ao sionismo.

Desculpe, Caetano… eu não sou cachorro, não.

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Porto Alegre e o Sionismo

A Câmara Municipal de Porto Alegre instalou uma Comissão Parlamentar Brasil-Israel por iniciativa da vereadora Fernanda Barth.

Trata-se um fato grave na cena atual: uma representação parlamentar de uma capital brasileira cria um grupo de apoio a Israel, no momento em que este país pratica um genocídio cruel e covarde contra o povo palestino em Gaza e na Cisjordânia. Para dar suporte a esta matança, lançam mão das velhas mentiras repetidamente contadas sobre um suposto antissemitismo, um vitimismo interminável e fantasioso que tornaria justas as medidas desumanas e cruéis contra mulheres e crianças em Gaza. Parece que mais de 50 mil mortos, 70% deles mulheres e crianças, e a nova ofensiva covarde contra palestinos abrigados em tendas – que já matou quase 500 pessoas nas últimas 24h – não mobiliza a alma desses parlamentares representantes da extrema-direita da cidade.

Esta iniciativa parlamentar se ocupa de falsear a verdade sobre Israel. Não é mais possível esconder o verdadeiro caráter desse enclave dos interesses europeus no Oriente Médio. A ideologia sionista, racista e colonial, é financiada pelo imperialismo e pelos Estados Unidos desde o evento do Nakba, em 1948, e sua existência se assenta na opressão insistente e sistemática da população nativa da região. Só podemos imaginar que os responsáveis por esta comissão parlamentar ignoram a história ancestral e recente da região, talvez recebendo financiamento das instituições sionistas como o Mossad ou a CONIB, ou quem sabe apoiados financeiramente pelos empresários sionistas da cidade.

Antes de propor uma comissão de apoio ao massacre sionista, estes vereadores deveriam estudar os escritores judeus que escreveram sobre a realidade dos fatos ocorridos na Palestina. Entre os principais críticos do racismo e do Apartheid estão Shlomo Sand, ex-professor em Tel Aviv; Norman Finkelstein, professor em Princeton, Estados Unidos e Ilan Pappé professor na Universidade de Exeter, Reino Unido. Além deles, Max Blumenthal (jornalista do Greyzone), Gideon Levy (jornalista israelense, colunista do Haaretz), Miko Peled (ativista), Noam Chomsky (escritor) e Gabor Matté (médico e especialista em trauma). No Brasil, o jornalista judeu Breno Altman desenvolve um trabalho essencial de conscientização sobre os crimes do sionismo contra a população palestina. São dignas de nota também duas figuras históricas da ciência e da psicanálise, como Albert Einstein e Sigmund Freud que rejeitaram de forma explícita as propostas racistas, supremacistas e sectárias do sionismo nascente, talvez porque anteviam que esta ideologia fascista acabaria produzindo a limpeza étnica, o Apartheid e o genocídio palestino.

Estes intelectuais condenaram com veemência o massacre, os crimes, o genocídio e a limpeza étnica na Palestina, e são todos judeus. Entre eles cito especialmente Miko Peled, que contradiz todas as mentiras sobre as “guerras de defesa” e é um israelense cujo pai foi general (Matti Peled) na guerra de 67. Essa comissão espúria e imoral, que apoia genocidas e opressores, não conseguirá enganar por muito tempo com sua narrativa fraudulenta!!! Ao fim vai sobressair a verdade: os verdadeiros judeus apoiam a Palestina e Sionismo não é judaísmo. Na verdade, o sionismo racista e supremacista trai os principais valores universalistas do judaísmo.

Faz-se necessário um contraditório urgente dos representantes progressistas da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, e que se crie na Câmara uma Comissão de Apoio à Soberania da Palestina.

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Supremacismo

Toda vez que alguém vem me dizer que o identitarismo é algo bom, que alguém precisa “proteger mulheres, gays, negros, trans, etc”, que ele nasceu para dar voz às populações oprimidas e historicamente perseguidas e que seu objetivo é a equidade e a justiça social eu lembro que esta é a exata definição dada pelos supremacistas sionistas, ao explicar porque a violência destrutiva desproporcional no ataque aos palestinos é justa. Também os sionistas aparentemente tinham um objetivo nobre; após séculos de perseguições, expurgos e pogroms, era justo que desejassem um lugar seguro para si. O problema é que, para esta tarefa, era necessário roubar a terra onde há séculos vivia outra população, e aqueles que se opusessem a este plano. Por esta razão, ainda hoje matam de forma genocidária seus inimigos e depois exigem que seus crimes sejam vistos de forma condescendente por nós. Afinal, “depois de tudo que nos aconteceu”.

O sionismo que massacra crianças na Palestina surge exatamente desse pensamento exclusivista e supremacista. Essa perspectiva é o embrião de inúmeras tragédias como o nazismo, a KKK (Ku Kux Klan) e o sionismo, que nada mais são que o resultado direto de uma visão de mundo onde um grupo – ou uma identidade – exige ter mais direitos do que os outros grupos, seja porque são o “povo escolhido”, por ser este seu “destino manifesto” ou pelo seu sofrimento no passado. Assim floresce entre estes grupos a ideia de que as leis e regras que são aplicadas aos outros não são aplicadas a eles, por serem diferentes, especiais ou superiores, de acordo com sua própria análise. Entretanto, uma das mais importantes conquistas civilizatórias da humanidade foi a compreensão de sermos todos iguais. Assim, a lei e os juízes devem tratar a todos igualmente, independentemente da sua raçagêneroidentidade de gêneroorientação sexualnacionalidadecor da peleetniareligiãodeficiência ou outras características, sem qualquer tipo de privilégio, discriminação ou preconceito. A ideia de grupos ou identidades especiais – inferiores ou superiores – é ilegal e incompatível com os princípios de liberdade e de equidade.

A luta contra os preconceitos só pode ocorrer no lento processo de maturação das sociedades. Uma sociedade igualitária não vai se tornar hegemônica pedindo “mais amor”, criando “diversidade de aparências” ou judicializando preconceitos, mas exterminando a origem dessas distinções. Estas, como bem o sabemos, estão centradas nas iniquidades econômicas brutais construídas pelo processo civilizatório e consolidadas pela sociedade de classes. O combate aos preconceitos todos – raça, gênero, identidade e orientação sexual – é uma necessidade urgente, mas estas chagas planetárias somente serão desmontadas quando nossa sociedade tiver equilíbrio econômico, por meio da distribuição justa das riquezas produzidas. Enquanto tivermos sociedades divididas em classes, onde o trabalho vale menos do que a concentração de capital, nada será modificado. Para mudar esta realidade precisamos menos “amor” e mais luta de classes.

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Interesses conflitantes

Eu sabia há muito tempo que o Antony Blinken era cidadão israelense. Na época que descobri perguntei como podia um sujeito na sua posição – algo como o Ministro de Relações Exteriores – ter cidadania de outro país. É a questão que fica no ar: como um sujeito que serve a dois senhores se situa quando existem conflitos de interesses evidentes. Por exemplo, nas relações com os países árabes ou de inimigos de Israel. Existe um evidente constrangimento, pois um secretário de Estado de uma país não pode ter compromissos com outro, pois as chances de desacordos não são desprezíveis. O mesmo aconteceria se Bolsonaro conseguisse cidadania italiana quando teve essa ideia – e efetivamente tentou – para usar posteriormente como rota de fuga. Felizmente os italianos não caíram no truque. Como ele se posicionaria se houvesse alguma disputa com os italianos – como efetivamente houve há poucos anos no caso Batistti?

Outra questão é o fato de jovens judeus de outros países estarem combatendo no exército de Israel. É o caso do líder sionista no Brasil que atuou como soldado em Israel, André Lajst. Como permitem isso? E se o Brasil tiver um conflito com Israel? Como podemos aceitar um soldado de outro país aqui no Brasil, sendo cidadão brasileiro, com direito ao voto e até com a possibilidade de concorrer como candidato nas eleições, de vereador a presidente?

Por outro lado, a existência de um israelense como secretário de Estado americano, demonstra a força do lobby sionista nos Estados Unidos. Apesar de os judeus serem apenas 2.4% da população americana – por volta de 7,5 milhões de pessoas – seu poder é gigantesco, e se expressa através do dinheiro, capaz de comprar quase todos os parlamentares das duas câmaras americanas. Assim, se você não beijar a mão do AIPAC (o mais poderoso lobby sionista) sua carreira política é exterminada, seja porque não terá recursos para uma campanha milionária, seja porque haverá um empenho brutal na destruição de sua reputação por parte das redes de comunicação ou mesmo da brutal inteligência israelense – o Mossad. E não são poucos os exemplos de sujeitos destruídos por esse lobby.

Ou seja: a fachada democrática nos Estados Unidos, através de sua democracia liberal, serve para esconder uma evidente ditadura burguesa, um totalitarismo estabelecido pelo dinheiro, deixando o controle do país inteiro para frações minúsculas da sociedade, que comandam a vida de todos. Isso se expressa inclusive na imprensa americana, quase totalmente dominada por sionistas. As grandes redes são grandemente interessadas na manutenção de um entreposto americano no oriente médio, mesmo que às custas de limpeza étnica, colonialismo, apartheid, holocausto palestino e o assassinato sistemático de crianças e mulheres. Os Estados Unidos e Israel acabam produzindo, na prática, um único grande estado sionista, controlado por uma minoria de sionistas judeus e apoiado por cristãos americanos do “cinturão da Bíblia” que aceitam a mitologia supremacista e racista do “povo escolhido de Deus”. Para um país que tinha seu próprio Apartheid até meados dos anos 60 do século XX, isso em nada deveria surpreender.

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Hasbará

A propaganda pró Israel (hasbará) está falhando em disseminar a imagem positiva de um país que assassina crianças, mulheres, médicos e jornalistas todos os dias. Não há como esconder os crimes contra a humanidade cometidos contra a população palestina há mais de 76 anos. Colocar garotas do exército covarde e carniceiro de Israel fazendo dancinhas sensuais de Tiktok não está sendo suficiente, apresentar o trânsito de Tel Aviv e as praias com banhistas também não. Não há mais como mostrar imagens de Israel como se fosse uma nação comum, normalizando sua existência no conjunto das nações e esquecendo que este país está fundado sobre o supremacismo, o racismo institucional, o apartheid e a brutalidade aplicada sobre a população original, que habita a Palestina há milênios. Israel é hoje o que sempre foi: uma colônia europeia recheada de polacos, americanos e russos que se fingem semitas e desprezam os habitantes originais da terra.

Há alguns anos, Miriam Adelson, a viúva de Sheldon Adelson – o bilionário americano que convenceu Trump a mudar a embaixada americana para Jerusalém – fez um poderoso discurso para jovens judeus sobre a função de cada um na proteção de Israel. “Vocês são nossos soldados no exterior“, disse ela. No filme “Israelismo” fica muito claro como os jovens judeus – em especial nos Estados Unidos – sofrem uma poderosa lavagem cerebral para produzir a confusão entre judaísmo – uma religião milenar – e a construção de uma identidade nacional, através da colonização de Israel e às custas da autonomia dos palestinos que ocupam aquelas terras desde tempos imemoriais. O método classicamente usado para isso é através da propaganda, usada de forma violenta, intensa, que inunda todas as plataformas da internet assim como no passado ocupava o cinema, as séries e a literatura. “Hasbara” significa “explicação” em hebraico, mas este termo se tornou conhecido no mundo inteiro para descrever os youtubers pagos pelo governo de Israel para disseminar propaganda massiva com o objetivo de moldar as mentes do ocidente. Com isso se deseja criar defensores da colonização da Palestina pelos imigrantes judeus que chegaram lá desde o início do século XX. Desde Hollywood até a literatura, passando pela mídia brasileira, os formadores de opinião e os youtubers são basicamente comprados para oferecer uma visão positiva do Estado terrorista de Israel.

Diferente de outras campanhas de desinformação estrangeiras, Hasbara não é uma campanha secreta de desinformação. Não pode ser atribuída a uma única pessoa ou organização; ao contrário, é parte integrante do próprio pró-Israelismo. As pessoas que a promovem, desde ministros do governo até mães americanas, são crentes genuínos na causa. Eles veem a demonstração da moralidade do caso de Israel como uma forma de travar a guerra pela opinião pública.

No entanto, não é mais possível esconder a realidade brutal da ocupação e a perversidade dos líderes racistas de Israel. Num tempo de transmissão instantânea de informações, é impossível esconder o horror do nazisionismo do Estado terrorista de Israel. As imagens são claras, definitivas e insofismáveis. Mentir, como sempre fizeram, não está mais funcionando. A opinião pública está se tornando diariamente mais consciente da barbárie produzida pelo colonialismo na região. Mesmo os judeus americanos começam a abandonar Israel, que hoje é o mais importante foco de antissemitismo no mundo. Talvez, não fosse pela existência desse enclave ocidental no mundo árabe, e o preconceito com as comunidades judaicas seria rapidamente extinto. A propaganda sionista está naufragando diante das imagens de Gaza destruída, das crianças mortas, dos adolescentes estudando nas ruínas de suas escolas e dos jovem queimados vivos pela bombas racistas de Israel. Chega. O planeta não aguenta mais Israel e o supremacismo abjeto e nefasto do seu povo. Veja mais sobre o tema aqui. Deste texto destaco:

1- O judaísmo não pode ser separado do projeto sionista, e questionar ou criticar Israel ou o projeto sionista é realmente uma tentativa de negar aos judeus seu direito à autodeterminação, o que é discriminatório. Este é o argumento da Definição de Antissemitismo da IHRA, que foi adotada por 43 países.
2- Israel, como o único “estado judeu”, é mantido em um “padrão duplo” e é “escolhido” para críticas na mídia e no público de uma forma que países muito menos “democráticos” ou “civilizados” não são. Este é o argumento “por que o silêncio sobre a Síria?”.
3- Os palestinos são responsáveis por sua própria opressão porque “eles” não querem a paz – que Israel “não tem parceiro para a paz”. Isso geralmente anda de mãos dadas com o argumento de que “eles educam seus filhos para odiar os judeus” ou que “o Hamas usa os palestinos como escudos humanos”, que retrata os palestinos como um outro desumanizado que “só pode entender a linguagem da força”.
4- A história judaica é definida pela perseguição, e um Israel forte é a única maneira de evitar outro Holocausto. Portanto, Israel tem de alguma forma o direito de (ironicamente, dada a afirmação acima) estar acima do escrutínio. Os judeus, como vítimas de um genocídio, são ontologicamente incapazes de serem os agressores e qualquer afirmação em contrário é apenas “libelo de sangue”. Uma versão desse argumento foi feita recentemente por Aharon Barak, um juiz ad-hoc israelense da Corte Internacional de Justiça, quando acusou o tribunal de “imputar o crime de Caim a Abel” por assumir o caso do genocídio israelense em Gaza.

No que diz respeito às táticas, os hasbaristas raramente se envolverão ou mesmo saberão como refutar os contra-argumentos, provavelmente porque não foram ensinados a sequer considerá-los. As alegações de “apartheid” ou “genocídio” são rapidamente descartadas dizendo que se trata de argumento antissemita e que sequer podem ser consideradas.

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Falsa Democracia

Vejam como funciona a “única democracia do Oriente Médio“. Já pensou se o Irã fizesse isso? Como a imprensa mundial se comportaria se Putin mandasse apagar notícias dos jornais de oposição? Imagine Maduro mandando colocar tarjas pretas nos hospitais de Caracas!! A farsa da democracia liberal ocidental está cada vez mais escancarada. É preciso ultrapassar a ilusão do capitalismo e buscar uma sociedade com mais liberdade e democracia.

FREE PALESTINE!!!

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Vitimismo sionista

O sionismo sempre inventou manobras mentirosas para escapar das críticas. Estamos vendo agora o que sempre aconteceu: “Estamos sendo perseguidos!!”, ou a “estamos testemunhando volta do antissemitismo no mundo”, “essa perseguição mostra a necessidade de uma nação judaica“, e blá, blá, blá. Pura balela. Aqui no Brasil, tanto quanto nos Estados Unidos, não há nenhum caso de ataque significativo de constrangimento ou desprezo pela comunidade judaica, comunidade essa muito rica, poderosa e absolutamente inserida na cultura brasileira. O que existe é uma crítica crescente e consistente ao sionismo, ideologia perversa, supremacista e racista de Israel, condenada pela comunidade internacional de nações e inclusive pelos judeus humanistas do mundo todo. Essa farsa vitimista dos sionistas está ruindo, de forma acelerada após o 7 de outubro, que permitiu a todos comprovarem que a “defesa de Israel” não passa de uma mentira construída com o único objetivo de promover genocídio e limpeza étnica na Palestina.

No sionismo brasileiro só vão sobrar os evangélicos bolsonaristas que estão esperando a “volta do Senhor dos Exércitos“, mas dessa turma não se pode esperar nada. Além disso, existe um novo fenômeno agora: um número recorde de israelenses solicitando emigração para países da Europa. O sonho dourado do apartheid, da escravização e do genocídio palestino aos poucos vai se apagando inclusive entre os próprios judeus que, agora, abandonam a terra santa em busca de…. paz. A destruição de Israel talvez ocorra dessa maneira: silenciosa, como um corpo que vai encolhendo e se deteriorando, até o momento que não tenha mais forças para se erguer. O racismo e o supremacismo sionista são a última carta do colonialismo, que está podre demais para se manter de pé.

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Quem decide por nós?

No Brasil você é proibido de defender a legalização de um partido nazista; isso está na legislação. Entretanto, a gente sabe que nossa constituição é maleável; ela pode ser suplantada pelo simples desejo de um ministro do STF, bastando para isso que ele sinta ameaçada sua perspectiva burguesa e liberal. E vejam: não se trata sequer de defender um partido nazista ou sua plataforma racista, opressora e excludente, mas simplesmente reconhecer o direito de fascistas aparecerem à luz do dia e saírem do esgoto. Pois isso, para Alexandre de Moraes, já é motivo para perseguições. Monark, o menino ancap, está sendo perseguido por querer bancar o Voltaire em terra de Xandão (*).

Por outro lado, você pode criar um partido de inspiração e financiamento sionista no Brasil de forma absolutamente livre. O sionismo é uma ideologia supremacista e colonial que já matou milhões de palestinos, direta ou indiretamente, nos últimos 75 anos. Durante o Nakba, em 1948, expulsou 750 mil palestinos de suas casas e criou um país artificial, roubando a terra dos seus moradores originais. Israel se tornou a última colônia opressora ocidental, onde só uma identidade tem plenos direitos, em detrimento de todas as outras. Estabeleceu um regime explícito de Apartheid, separando os judeus do “resto”, em especial os árabes – a população nativa do local. No último massacre, ainda em vigor, mais de 30 mil pessoas, a maioria de mulheres e crianças foram mortas. Os crimes de guerra – ataque a hospitais, aos campos de refugiados, aos médicos, enfermeiras e jornalistas, etc. – são difundidos abertamente pela Internet e pela TV, crimes escancarados, vistos por milhões de pessoas no mundo inteiro. Cinicamente matam, prendem, humilham e abusam. Apesar disso, as redes de TV e os jornais podem defender abertamente esse regime, sem sofrer qualquer admoestação por parte das instituições jurídicas.

Ou seja, o problema não é a defesa de sistemas de poder fascistas, racistas e opressivos; isso podemos ver como acontece abertamente pela defesa de um país terrorista como Israel. O drama está em quem tem o poder de discriminar o que pode ou não ser proibido. Por certo que não é o povo brasileiro, mas uma elite jurídica que determina o que pode ou não ser visto por nós. No caso brasileiro, os ministros do STF concentram esse poder, atuando por cima de todos os outros poderes; a palavra de um Xandão vale mais do que a do presidente ou mesmo do Congresso Nacional inteiro – que ao contrário daquele, foram escolhidos diretamente pelo povo.

Assim, dá para entender as razões pelas quais a extrema direita autoritária e a extrema esquerda focam no mesmo ponto: o autoritarismo do STF é perigoso. A extrema direita fascista, por certo, por questões oportunistas: eles são as vítimas de hoje, uma vez que seus líderes estão a ponto de serem encarcerados pela ação do STF. Porém, seria uma suprema ingenuidade acreditar que a extrema direita preza valores como a liberdade, se estão sempre à frente das ditaduras que destroçaram a democracia no mundo inteiro. Já para a esquerda radical a questão é mais estrutural; entende que o mesmo Alexandre que deseja “limpar” as redes sociais foi o sujeito que apoiou o golpe contra Dilma, a prisão ilegal de Lula e rasga elogios ao traidor da pátria Michel Temer sempre que pode. Portanto, Xandão está longe de ser um legalista e alguém que defende a democracia e a constituição; ele é de fato um golpista e mais um árduo defensor dos poderes burgueses. Repetindo: é possível denunciar Alexandre de Moraes como um autoritário – um sujeito colocado no poder por um traidor e que abusa do seu poder – sem ser simpático ao bilionário, drogadito, ancap, golpista que estimula e patrocina golpes na América Latina.

(*) sim, eu sei que Voltaire não disse aquela famosa frase, mas se eu colocasse o nome de sua verdadeira autora – Evelyn Beatrice Hall, biógrafa de Voltaire – ninguém iria sacar a analogia.

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